sexta-feira, junho 30, 2006

blogs que visito

após seis meses de actividade bloguistica e por manifesta incapacidade de colocar os respectivos links neste blog, aqui vão os nomes dos blogs que visito frequentemente, sem qualquer ordem de preferência, ou alfabética, ou lá o que seja.

http://perguntarnaofende.blogspot.com - do meu amigo ricardo. todos os dias (excepto fim de semana) lá vou ver a sua pergunta, sempre com pertinácia, sarcasmo, ironia, imaginação, piada e muita genialidade. é um blog ao nível da pessoa que o inventou: brilhante!
http://partesinfinitesimais.blogspot.com - da br. gosto da sua capacidade de observação e do sentido de humor que emprega em cada relato que faz. para além disso, tem muito bons gostos musicais.
http://astroqueflameja.blogspot.com - da marta r. outro blog que me suscita a atenção diária. comentários inteligentes e aprofundados. sentido de humor q.b. em prosa actual e pertinente.
http://na-ponta-dos-dedos.blogspot.com - da cereja no bolo. o primado do bom gosto reflectido em palavras certeiras, com humor e sensibilidade.
http://39mais1.blogspot.com - da maria vinagre. gosto de ler os seus comentários e desabafos ácidos àcerca da vida e das peripécias de uma mulher que acabou de entrar nos "entas". o seu blog faz-me lembrar a série "sex and the city".
http://um-nome-qualquer.blogspot.com - da tulipa negra. mais um blog que merece uma visita diária, por falar de temas da actualidade, sempre com a sua observação e cunho pessoal.
http://palavrasamais.blogspot.com - da catarina. este blog descobri há pouco tempo, ainda o estou a "descobrir", mas para já estou a gostar, sobretudo da referência à música dos anos 80.
http://luaporquementes.blogspot.com - da lu@. palavras apaixonadas de amores perdidos e as suas naturais amarguras e remorsos. revejo-me muito neste blog e por isso o visito frequentemente.
http://straight-up-no-ice.blogspot.com - da stratega. um blog parecido com o que citei em cima, da lu@. textos bem escritos, onde fica bem patente a emoção e a paixão de quem os escreve.
http://bloarght.blogspot.com - da tovarich gina. amiga angela, boa escolha dos temas tratados e sobretudo excelente crítica social e actual do nosso país. corrosiva q.b. e certeira. muito certeira.
http://witchspellworld.blogspot.com - da Karla. outro blog que descobri há pouco tempo. poemas sentidos, com palavras que reflectem ansiedade, calor e desejo! a seguir com atenção.
http://osdiasuteis.blogspot.com - do pedro ribeiro. que dizer? é o pedro ribeiro, da comercial, da sporttv, do saudoso homem que mordeu o cão. é quase da minha idade, temos as mesmas referências (musica, spectrum, futebol) e sempre gostei do seu sentido de humor.
http://gamvis.blogspot.com - blog centrado na minha cidade: viseu.
http://daquivisoeu.blogspot.com - outro blog sobre viseu.
http://arioplano.blogspot.com. - montagens e comentários bastante cómicos sobre a actualidade.
http://sound--vision.blogspot.com - para me manter informado sobre a actualidade musical.

quinta-feira, junho 29, 2006

piada parva II

dois proprietários de dois estabelecimentos ópticos conversam no café:
- então e que tal o mundial?
- tá a correr bem, até estamos a jogar bem.
- e o jogo do próximo sábado?
- pois, portugal - inglaterra. vai ser um jogão!
- na tua óptica quem achas que vai ganhar?

a letra L

cenas da série "L Word", que atestam bem a criatividade e irreverência das suas escritoras:
um casal de lésbicas, bette e tina (jennifer beals e laurel holloman), quer engravidar. de entre os amigos que têm, escolhem um pintor. vão ter com ele ao seu estúdio, convencem-no a "ajudá-las" e levam-lhe o respectivo recipiente. a cena seguinte, em câmara fixa, mostra-nos o casal a vaguear pelo estúdio do pintor, contemplando os seus trabalhos, enquanto ao fundo, no meio da imagem, em silhueta, nos aparece o pintor a "despachar o pedido" para o citado recipiente.
na cena seguinte, elas estão já a caminho do laboratório, para aferirem da qualidade do esperma angariado e da sua viabilidade para uma desejada gravidez. tina leva o recipiente no meio das pernas, para o manter a uma temperatura ambiente. bette, que vai a conduzir, pede-lhe o recipiente. ela olha com um ar meio enojado para ele e diz: "que aspecto repugnante isto tem. nem acredito que antigamente costumava engolir isto!".
DE SEGUNDA A SEXTA, NA 2:, ÀS 00H25.

outra piada parva

dois amigos, em animada conversa de café.
- e então? como foi ontem à noite com a rita? vocês estavam animados com as caipirinhas e às tantas saíram juntos, nunca mais vos vi. o que aconteceu?
- a tipa é fenomenal pá. fomos até minha casa e tivemos sexo ardente a noite toda.
- foi assim tão bom?
- foi pá. ela é fantástica na cama, faz tudo.
- até bacalhau com natas?

o que serei daqui a 30 anos

sou uma pessoa de rotinas. tenho rotinas para tudo. para quando me levanto, ao pequeno almoço, ao almoço, no café, ao jantar, etc. não sou de maneira nenhuma uma pessoa muito dada a surpresas. tento evitar ao máximo lugares estranhos, onde me sinta desconfortável e desintegrado. não confio no meu sistema nervoso, porque por diversas vezes ele me atraiçoou, impelindo-me a abandonar esses mesmos lugares estranhos. são palpitações, suores frios, nervos, que levam a uma postura inquietante e sôfrega. daí que, por norma, eu frequente sempre os mesmos sítios e tenha a mesma rotina diária para tomar o pequeno almoço, almoçar e tomar café. ora, no local onde tomo café todos os dias, há já uns quatro anos, um sítio amplo, fresco, costumo escolher sempre a mesa encostada às paredes, ou que esteja numa extremidade, não gosto nunca de ficar no meio ou de costas para a porta. há dias, não havendo mesa livre dentro dessas minhas preferências, fiquei numa outra. por norma, até me poderia sentir deslocado, mas como já frequento há muito esse café, isso não aconteceu. mas até a empregada que todos os dias me atende, geralmente muito compenetrada e eficiente, pouca dada a small talk e confianças, deu conta do sucedido e comentou comigo, com um ligeiro sorriso, que eu estava muito fora dos meus locais habituais.
mas tudo isto serviu como preâmbulo para o que quero contar. nesse mesmo café, todos os dias, à mesma hora, entra um senhor, dos seus 75/80 anos, vai quase sempre para a mesma mesa (excepto se estiver ocupada). senta-se, não precisa pedir porque a empregada já sabe que ele toma todos os dias a sua cevada. ali fica cerca de vinte minutos, a beber a sua cevada, sem olhar para ninguém, apenas olhares vagos para a rua. nota-se que não está ali para observar ou ser observado. está ali porque aqueles vinte minutos fazem parte da sua rotina.
já o observei por diversas vezes e o homem não altera nada na sua postura. a cena parece repetir-se todos os dias, sempre da mesma forma.
de certa forma, vejo todos os dias o que serei daqui a 30 anos. os meus filhos terão as suas famílias, espero que tenham bons empregos e excelente estabilidade financeira, estarei certamente já divorciado, porque a minha mulher tem muitas qualidades mas não vai aguentar as minhas idiossincrasias e medos por muito mais tempo (espero estar enganado a este respeito), e sem amigos (pelos mesmos motivos atrás citados). a minha rotina será a mesma de hoje (excluindo a parte profissional). tenho a certeza que aqueles 20 minutos para a cevada, todos os dias, serão o meu único contacto diário com o mundo exterior. e a empregada do café receberá todos os dias as minhas únicas palavras a esse mundo exterior: "boa tarde!", "obrigado!" e "até amanhã"!...

piada parva

um repórter chega ao pé de um jovem agricultor:
- boa tarde, o que é que o senhor cria aqui na sua quinta?
- eu queria um subsídio, ou dois.
- não me entendeu, o que eu quis perguntar era o que o senhor cria, de criar, aqui na quinta?
- bem, com os apoios que o governo tem dado a este sector, limito-me a criar expectativas.

quarta-feira, junho 28, 2006

calar o corpo

que sensações viveria nos teus braços?!
que pensamentos me assolariam?!
entregar-me-ia ingenuamente indefeso
ou solicitaria uma engenhosa escapatória?!

que emoções desencadearia em ti?!
que sabor deixaria eu nos teus lábios?!
deixar-te-ia um agradável aroma a volúpia
ou antes um amargo paladar de luxúria?!

que segredos te pediria para guardares?!
quantos perdões te rogaria pelo meu desejo?!
atrofiar-me-ia nas teias da minha vergonha
ou atrever-me-ia a confessar a minha veleidade?!

como te encontrarei no nosso epílogo?
saberei eu contornar as inevitáveis dúvidas?!
como poderei então prender as mãos ao meu corpo
quando elas insistem em te tocar e acariciar?!

terça-feira, junho 27, 2006

when harry met sally


apetece-me frequentemente rever "when harry met sally"!... voltar a ver aquelas situações que toda a gente gostaria de viver, dos encontros, das saídas para jantar, os telefonemas pela noite dentro, as conversas sobre filmes e música; o florescer de uma amizade depois de duas más primeiras impressões; a criação de uma ténue linha entre uma sólida relação de amizade e uma atracção física dissimulada e evitada a todo o custo, em nome dessa mesma amizade.
o filme gira em torno desta questão: pode realmente haver amizade entre duas pessoas que se atraem fisicamente? já lá vão 17 anos, desde o aparecimento do filme, e essa pergunta continua por responder. mas certamente já houve quem o tenha tentado... tanto responder como fazer parte de uma relação desse género.
a pergunta não implica que qualquer relação de amizade entre um homem e uma mulher só possa funcionar se ambos forem extremamente feios ou fisicamente repugnáveis. ou pelo menos uma das partes. há outra variante a ponderar: se um deles for comprometido (casado, noivo, padre, etc.). mas mesmo assim pode existir a tal "atracção física", que pode levar, como levou Billy Crystal e Meg Ryan no filme, a uma relação de outro género, mais consistente. há ainda mais variantes: se ambos forem muito escrupulosos e cientes das suas responsabilidades, conseguindo dessa forma ultrapassar o desejo; se ambos respeitarem a própria relação de amizade e não a queiram "estragar" por causa de um impulso ou luxúria. enfim, toda uma série de "estradas mentais" que o nosso cérebro cria no sentido de nos levar a alguma conclusão.
e se essa conclusão não aparece? e se o desejo se instalou de tal maneira que já é quase impossível ir tomar um simples café com essa amiga (ou amigo, no caso delas) sem aparecerem os tais pensamentos lascivos? o que fazer nestas circunstâncias? esconder da melhor maneira possível a crescente atracção física por essa amiga/o? confessar o que se está a sentir? acabar a relação de amizade com essa pessoa? continuo sem respostas...
no filme tudo se passou de uma forma "natural". eles conhecem-se numa viagem de carro para new york, conversam durante oito horas seguidas, não "clicam", antes chocam psicologicamente. encontram-se novamente quatro anos depois. voltam a "chocar", não alterando a primeira impressão que tinham um do outro. novamente quatro anos depois voltam a encontrar-se. e começam verdadeiramente a "falar", sobre os relacionamentos de ambos, ele está a divorciar-se, ela acabou uma relação de anos com o namorado. conseguem encontrar pontos em comum e afinidades e constroem daí uma relação de amizade. almoços, jantares, exposições, etc. tentam "impingir-se" um ao outro aos seus melhores amigos, no sentido de se "ajudarem" mutuamente a esquecer os antigos parceiros e seguirem as suas vidas com outras pessoas. até que acontece o "tal" impulso! ela liga-lhe a chorar, contando-lhe que o seu antigo namorado se vai casar. ele vai ter com ela a casa, encontrando-a chorosa e deprimida. muitos lenços de papel depois, acabam por se beijar... e o resto... adivinha-se. nos dias seguintes, ambos tentam "apagar" essa noite das suas vidas e continuar a ser o que eram antes disso: simples amigos. mas é impossível! e a relação de amizade ressente-se e torna-se periclitante.
nesta altura do filme só poderia haver duas saídas: ou eles acabavam de vez a amizade, por não terem chegado a um consenso sobre o real significado da tal noite; ou um deles cederia, finalmente, concluindo que aquela noite tinha sido o início de algo muito forte. (para quem não viu ainda o filme, e pretende ver, não vou revelar qual dos finais é o verdadeiro).
pois é. nos filmes é assim. no mundo real, convivemos com dezenas de pessoas todos os dias. umas são mais apelativas que outras. umas dizem-nos mais do que outras. umas nós nem sequer queremos encontrar mas, que diabo, temos que as aturar. umas fazem de nós melhores pessoas e ajudam-nos a evoluir, estimulando-nos a inteligência. outras ainda de quem tentamos esconder e dissimular os tais "impulsos"... até não conseguirmos...

detesto o cristiano ronaldo

porque detesto pessoas como o cristiano ronaldo?
vive para as máquinas fotográficas; tenta imitar o beckham em termos de namorada/mulher conhecida, dá mesmo a impressão que só começou a namorar com a merche romero por ser parecida com a victoria beckham, por ser conhecida e por saber que todas as revistas os iam perseguir; todos os seus gestos parecem premeditados e preparados ao pormenor, para ficarem bem numa revista ou na televisão; como jogador tem feito um Mundial miserável, mas mesmo assim lá faz a "fitinha" de sempre em todos os jogos (porque ele tem que ser o centro do universo): nos jogos de preparação ninguém lhe podia tocar sequer que ele partia logo para a agressão, num vedetismo sem limites; agora, no Mundial, parece que anda sempre a procurar a câmara de televisão que melhor lhe capte o físico, o penteado, os maneirismos. ah, e não se esquece de mostrar o seu lado sensível para as câmaras, quando é substituído. lá vem sempre a lagrimazinha para as câmaras, para as fãs desmaiarem em casa ao verem o seu herói em agonia e dor.
cristiano ronaldo é um jovem madeirense com jeito para jogar futebol. jogou no sporting e eu sou um admirador das suas potencialidades futebolísticas. foi a jogar futebol que enriqueceu e se tornou famoso. então porque raio não se limita a jogar futebol? e de preferência ainda neste Mundial. o que vimos até agora foi um simples desfile de moda, só faltando mesmo no final dos jogos alguém lhe oferecer um ramo de flores...

miserável televisão

vivemos um tempo de um mau gosto intragável, em que, desgraçadamente, se enterram princípios e deuses. é a hora de todos os facilitismos e mediatizações. a estes se imolam os exibicionismos e audições apressadas, vale mais o parecer do que o ser. dir-se-ia que a humanidade ensandeceu, quer tudo já de qualquer modo, perdeu a paciência de amealhar e esperar. utilizam-se as palavras como se fossem bombas de carnaval e os comportamentos como se a vida durasse só hoje. já não há passado e o respeito e a solidariedade são inconsistências perdidas no esquecimento; não há saudade nem memória, apenas o imediato, o rapidamente consumível, o razoável em vez do excelente, o fútil em vez do complexo mas muito mais rico.
o povinho vai consumindo tudo o que lhe dão, sobretudo se for de graça.
e o que é de graça e é acessível a toda a gente?
pois é, a televisão! vejam-se as audiências e os programas mais vistos para se chegar a uma conclusão rápida. o povinho não quer pensar, quer é chegar a casa, por volta das 20h00, jantar e vegetar em frente ao televisor, desligando o cérebro, cansado das filas de trânsito, das contas para pagar, do emprego precário e mal pago, etc.. às tantas lá se adormece e está feito o dia... novelas, novelas, mais novelas, reality shows e mais novelas. é isto.
para se chegar a esta situação muito contribuiram as chamadas estações privadas de televisão. concordo que trouxeram muito de positivo ao panorama televisivo e constituiram finalmente alternativa ao cinzentismo do canal estatal, em determinada altura. mas eu cresci com "outra televisão", com regras, com civismo, com horários respeitados. o telejornal nunca demorava mais de 30 minutos, a novela (apenas uma, sim, era verdade!) ocupava apenas 30 ou 40 minutos, davam filmes a horas decentes (e de tanto ver filmes fui aperfeiçoando o meu inglês), concursos a horas decentes, desenhos animados a horas decentes. enfim, havia respeito, ao menos, pelo espectador.
agora é como mais convenha, tendo em conta a programação do "vizinho". se a SIC transmite futebol, tomem lá "Morangos" até ao final do jogo. se não transmite futebol, então coloca-se no ar a nova novela, para ver se pega. a SIC mete a Floribella a qualquer hora, dependendo do que está a passar na RTP e na TVI... é um verdadeiro mercado da degenerescência! a mim, sinceramente, mete-me nojo. mas o que me dá ainda mais asco é o povinho engolir tudo isto, porque vamos ver a tabela dos programas mais vistos e estão lá estes todos de que falei.
confesso que não vejo nenhum dos programas em questão, abomino a TVI, desprezo a SIC por querer imitar a TVI. a RTP e a 2: ainda são os que mais vejo, por causa de séries como as que já citei noutro post. mas ao menos estes dois últimos respeitam o espectador. o "Gato Fedorento" manteve o mesmo horário e o mesmo dia em toda a série, as séries no segundo canal também são sempre fiáveis em termos de horário; portanto, não andam constantemente a alterar os programas de acordo com a concorrência. e isso, em si, já é um sinal de respeito pelo espectador.
de resto, há sempre os canais por cabo e o dvd.

quinta-feira, junho 22, 2006

The L Word


recomendo esta série americana, que começou a passar no canal 2:, de segunda a sexta, a partir das 00h25. hoje, quinta feira, vai para o ar o quarto episódio da primeira série (que no total tem 14 episódios). nos Estados Unidos a série já vai na quarta série.
chama-se "The L Word", já venceu vários prémios de televisão nos Estados Unidos (Emmy, GLAAD Media Award, Image Awards e Satellite Awards) e tem como protagonistas Jennifer Beals (que protagonizou "Flashdance"), Mia Kirshner (que entrou em "Exotica" e mais recentemente na quarta série de "24"), Laurel Holloman, Karin Lombard, Katherine Moennig e Leisha Hailey. como convidadas, na primeira série aparece Pam Grier (de "Jackie Brown", de Quentin Tarantino), e nas seguintes actrizes como Ossie Davis, Cybil Sheppard e Marlee Matlin (de "Filhos de um Deus Menor").
na senda de "Donas de Casa Desesperadas", como produto de qualidade da "nova televisão americana", da qual fazem parte séries como "Lost", "Sopranos", "House", "Six Feet Under", etc., esta série distingue-se pelo seu campo de acção, que reside no mundo gay feminino e em toda a sua complexidade (tabus, flirts, ciumes). criada por Ilene Chaiken, a série segue a vida e os amores de um pequeno grupo de lésbicas a viver em Los Angeles. o humor está dentro do que vemos em Sex and the city e em Donas de Casa Desesperadas. as peripécias amorosas são a "pedra de toque", pela sua originalidade e criatividade.
depois de ter recomendado "House" e "Lost", ambas imperdíveis, bem como "Curb your Enthusiasm", que também passa no canal 2:, às sextas à noite, e "Friends", também na 2:, todos os dias, às 20h45, recomendo agora "The L Word". vão ver que também ficam logo "agarrados", como eu...

the blue nile


Os The Blue Nile surgiram em 1984, com o disco "A walk across the rooftops". a banda escocesa, formada por Paul Buchanan (voz), Robert Bell (baixo) e Paul Moore (piano), ainda hoje mantém a formação original. em 1989 lançaram "Hats", um trabalho notável em termos de atmosfera romântica e melancolia, no qual estão incluídas músicas inesquecíveis como "Headlights on a parade", "Downtown lights", "Over the hillside", "Let's go out tonight" e "From a late night train". estas duas últimas músicas constarão sempre de qualquer alinhamento ou colectânea de musicas preferidas de todos os tempos.

Depois do brilhante "Hats" (1989), a banda escocesa The Blue Nile lançou, em 1996, o disco "Peace at last", que contém essas verdadeiras pérolas musicais chamadas "Family Life" e "Tomorrow morning". oito anos separam esses dois trabalhos. em 2004, novamente oito anos depois, chegou a vez de "High" ser editado. neste trabalho a banda regressa aos ambientes de "Hats" e Paul Buchanan volta a escrever músicas apaixonantes como "Stay close", "I would never", "Because of Toledo" e "Soul boy".

em relação ao longo período de tempo entre os seus trabalhos, o letrista e vocalista Paul Buchanan é pragmático: "é o tempo que demora a fazer algo assim tão bom. é inacreditavelmente difícil escrever grandes músicas, mas quando se consegue... elas ficam para sempre! entende que pode ser bastante frustrante, nesse aspecto, ser fã dos Blue Nile, mas nós tentamos fazer a melhor música possível".

sobre "High": "acho que regressamos com um excelente disco. musicalmente, fizemos algo irrefutavelmente bom". a BBC disse isto sobre o disco: "The first album for eight years, and only the fourth in 21 years, High manages to maintain the Blue Nile's impeccably tasteful standards while soaring blissfully over the rattle and hum of most contemporary music. Paul Buchanan still sings his songs of faded love affairs, broken dreams and squandered ambitions with almost painful emotional candor, while the musical backings are as lush and flowing as ever". (vou poupar-vos à tradução, vocês chegam lá)

os The Blue Nile já há muito ganharam o respeito dos seus colegas de indústria, tendo mesmo algumas músicas deles sido gravadas por Rod Stewart e Annie Lennox. a legenda da soul music Isaac Hayes fez também uma versão de "Let's go out tonight", o que encheu Paul Buchanan de orgulho: "ele é o paradigma da música negra nos Estados Unidos, portanto foi um grande orgulho quando ele gravou uma música feita por um artista escocês. é sempre gratificante quando pessoas daquela estatura reconhecem o nosso trabalho". em relação a "Let's go out tonight", também craig armstrong, recentemente, no album "the space between us", remisturou o tema, tendo paul buchanan "emprestado" a voz a esta nova versão.

Paul Buchanan: "acho que a minha voz reflecte a minha vida. ela foi-se tornando mais rica com o passar dos anos. mas eu não me considero realmente um cantor, nas minhas músicas só estou a tentar expressar os sentimentos das letras. não tenho a certeza de que isso resultaria se tivesse que cantar todas as noites num bar. a minha voz não é um brinquedo e não a quero pôr ao serviço de algo não sincero. gosto de me expressar através das minhas músicas. quando tocamos as nossas músicas e recebemos algum amor de volta, esse é o nosso pagamento". meio a brincar, Buchanan afirma: "a minha voz é como um sniper. musicalmente eu escolho os meus alvos".

quarta-feira, junho 21, 2006

renovem lá as perguntas

será que ainda há algum português que ainda não tenha respondido às constantes e repetidas perguntas dos directos dos vários canais nacionais? "até onde acha que portugal vai chegar?"; "podemos ser campeões?"; "por quantos é que vamos ganhar?"; "quem é que prefere nos oitavos de final, holanda ou argentina?".
chega a ser constrangedor para os repórteres, entrar em directo só para se virar para os lados para fazer sempre as mesmas perguntas, ouvir sempre as mesmas baboseiras, levar com uns emplastros aos saltos e aos berros. será que não podiam variar um bocado as perguntas? podiam perguntar a esses fanáticos, que acham que portugal vai ser campeão mundial, o que acham da constante subida das taxas de juro, do crescente número de desempregados, da obra literária de Norman Mailer, da cinematografia húngara da década de 60, etc.
mas sobretudo podiam perguntar-lhes em que mundo virtual é que a nossa selecção algum dia ganha à argentina, à alemanha, à itália, ao Brasil. é que assim, por vencermos os pernetas dos angolanos e os nabos do irão, parece que já ganhamos o Mundial. tenham juízo!...

terça-feira, junho 20, 2006

homenagem a woody allen


homenagem a esse grande génio, responsável por muitos dos meus filmes preferidos: "Bananas", "Inimigo Público", "O Grande Conquistador", "Nem Guerra nem Paz", "Annie Hall", "Manhattan", "Zelig", "Heroi do Ano 2000", "Ana e suas Irmãs", "Crimes e Escapadelas", "Manhattan Murder Mistery", "Mighty Aphrodite", "Deconstructing Harry", "Celebrity", "Everyone says I love you", "Hollywood Ending", "Anything Else", "Match Point".
em "Manhattan", woody allen interpreta uma personagem chamada... Isaac Davis.
seguem-se alguns excertos de livros do realizador/escritor:
"o verdadeiro teste de maturidade não é a idade de uma pessoa mas sim o modo como reage ao acordar em cuecas no meio da cidade".
"o que é preciso lembrar é que cada época da vida tem as suas compensações próprias, ao passo que quando se está morto é difícil encontrar o interruptor da luz".
"o problema principal da morte é o medo de que não existe outra vida. há também o medo de que exista outra vida para além da morte, mas que ninguém venha a saber onde".
"no seu aspecto positivo, a morte é uma das poucas coisas que se podem fazer facilmente mesmo deitado".
"em resumo, o melhor que há a fazer é comportarmo-nos de acordo com a nossa idade. se tens quinze anos ou menos tenta não ficar careca. se tens mais de oitenta, é de muito bom tom descer a rua a arrastar os pés agarrando um saco de papel castanho e a murmurar: "O Kaiser vai-me roubar o cordel".

"é melhor ser o amante ou o amado? nenhuma das coisas, se o colesterol passar dos seiscentos.
é preciso não esquecer também que, para o amante, a amada é sempre a coisa mais bela que se pode imaginar, mesmo que um estranho a não possa distinguir de uma qualquer variedade de salmonídeos".

terça-feira, junho 13, 2006

e que tal o Dia Nacional do Cão?

desemprego a subir, crise na agricultura e nas pescas, empresas a fechar diariamente, praga dos incêndios à porta, apito dourado, casa pia, casa do gaiato, etc.. tanta coisa, tanta matéria por onde "pegar". o que terá passado pelas cabeças dos deputados parlamentares do PSD, na Assembleia da República, para surgirem com essa ideia peregrina de se instituir em Portugal o Dia Nacional do Cão? terá sido uma daquelas pausas silenciosas desconfortáveis em que nem dá para falar do tempo, porque já se tinha falado disso logo no início da reunião parlamentar?
grandes políticos estes que temos! se a oposição é assim... o governo pode estar descansado!

nick drake


Nicholas Rodney Drake nasceu no dia 19 de Junho de 1948. faleceu com 26 anos, em 25 de Novembro de 1974. estreou-se com 21 anos, com o disco "Five leaves left". um ano mais tarde lançou "Bryter layter". em 1972 foi editado o seu último trabalho, "Pink moon".
Nick Drake foi uma espécie de Van Gogh da música. o seu trabalho só veio a ter o merecido reconhecimento depois da sua morte. mergulhado em constantes crises depressivas, em parte provocadas pelo pouco impacto dos seus discos, o músico pereceu sem glória, numa década dominada por outras correntes musicais. mas músicas como "northern sky", "at the chime of a city clock", "fruit tree" ou "magic" perpetuarão o seu nome e imagem para sempre. a imagem de um "trovador" introvertido e sensível, com uma capacidade inata para tecer pequenas maravilhas musicais, tão simples como intrincadas, alicerçadas em ambientes bucólicos, com recurso a uma panóplia de instrumentos musicais, como flauta, violino, trompete, saxofone.
hoje, o nome nick drake é habitualmente citado como referência e inspiração musical em várias revistas e sites da especialidade. descobri-o por isso mesmo! quando ia procurar informação sobre as minhas bandas preferidas, o seu nome aparecia sempre, como "similar artist" ou "influenced by". quando ouço damien jurado, ed harcourt, mark kozelek, mark eitzel, damien rice, andrew bird, marjorie fair, entre outros, é fácil chegar à conclusão que nick drake foi, efectivamente, uma influência.
na próxima segunda feira nick drake faria 58 anos... quantas músicas perdemos nestes 32 anos de "silêncio"!... fica para a posteridade a letra de "Northern sky", a música que o New Musical Express considerou "the greatest english love song of modern times":

I never felt magic crazy as this
I never saw moons knew the meaning of the sea
I never held emotion in the palm of my hand
Or felt sweet breezes in the top of a tree
But now you're here
Brighten my northern sky.
I've been a long time that I'm waiting
Been a long that I'm blown
I've been a long time that I've wandered
Through the people I have known
Oh, if you would and you could
Straighten my new mind's eye.
Would you love me for my money
Would you love me for my head
Would you love me through the winter
Would you love me 'til I'm dead
Oh, if you would and you could
Come blow your horn on high.
I never felt magic crazy as this
I never saw moons knew the meaning of the sea
I never held emotion in the palm of my hand
Or felt sweet breezes in the top of a tree
But now you're here
Brighten my northern sky.

sexta-feira, junho 09, 2006

violência? onde?

só em portugal...
um jornalista vai à Casa do Gaiato entrevistar um responsável daquela instituição sobre alegados casos de abuso de autoridade e maus tratos lá verificados. o padre que se disponibilizou a falar com o jornalista negou que isso alguma vez tenha acontecido naquela instituição. enquanto dizia isto, com a maior das naturalidades, "enfia" uma estalada numa criança de 6 anos que, não sei porque motivo, por ali passava. voltou à entrevista, exibindo a mesma compostura com que tinha negado veementemente que tenham existido casos de violência na Casa do Gaiato. ainda por cima, depois do relato deste incidente nos telejornais desse dia, o padre "defendeu-se" dizendo que o rapaz nem sequer pertencia à Casa do Gaiato. é obra!
se fosse um sketch do "Gato Fedorento"... entendia-se.

quinta-feira, junho 08, 2006

grow old with me

I
realmente, a interacção social não é das tarefas mais fáceis do nosso dia-a-dia. e eu sei do que estou a falar, até já me disseram que sou parecido, não fisicamente, com o Larry David, na série "Curb Your Enthusiasm", que passa actualmente na 2:, com o nome parvo de "Acalma-te Larry". mas há momentos em que tudo "encaixa", tudo sai bem e se conjuga. para que isso aconteça tem que existir muita cumplicidade, igual percepção da personalidade da outra pessoa e reciprocidade natural, não forçada. confesso que não foram muitas as pessoas com quem atingi este patamar, provavelmente por causa da minha personalidade "larry davidiana".

II
no Olimpo, conscientes deste meu handicap social, reuniram de urgência Zeus, Apolo, Afrodite, Hermes, Ártemis e Atenéia (Poseidon não pode comparecer por não terem conseguido contacta-lo a tempo via telemóvel). analisaram, discutiram, viram um jogo de xadrez pelo meio, voltaram a tocar no assunto no dia seguinte (ainda sem o Poseidon que, confirmou-se mais tarde, não tinha pago a mensalidade e tinha o telemóvel desligado) e chegaram à conclusão de que deviam enviar alguém, uma pessoa dotada das mais excelsas qualidades humanas, doce, ternurenta, incapaz de fazer mal a uma abelha. além disso, fizeram questão que essa pessoa partilhasse os meus gostos musicais e cinematográficos, as mesmas ideologias. capricharam no sentido de humor, ao ponto de inclusivamente ela entender as minhas piadas parvas. atribuiram-lhe um forte cunho artístico, aliado a uma simpatia contagiante e a um sorriso luminoso! tudo isto numa só pessoa! parece impossível à primeira vista, mas como eu referi, nessa introdução perfeitamente credível, ela foi realmente "criada" no Olimpo, por todos esses Deuses. só assim se justifica que tenha aparecido na minha vida uma pessoa assim. foi pena, mas também nem os Deuses são perfeitos, que a tenham "enviado" com uns anitos de atraso...

III
Damien Jurado - "A jealous heart is a heavy heart"
a música acaba com damien jurado a repetir uma frase que considero ser uma das melhores declarações que se podem fazer a alguém:
"grow old with me".
é isto que eu lhe quero dizer!

keep them coming

entendo que, em relação à música, temos que ir sempre à procura de algo novo. podemos gostar muito de uma banda, comprar toda a sua discografia, vê-la ao vivo e decorar as letras das músicas todas (como fiz com os Red House Painters e American Music Club), mas isso não se compara à sensação de estar a "descobrir" e a "interiorizar" uma nova banda, uma nova voz, novas letras...
há cerca de ano e meio que tenho vindo a alargar consideravelmente o meu leque de preferências musicais. tudo começou com uma remessa de cd's que me emprestaram, onde fiquei a conhecer e a adorar The Czars e, em menor escala, Blonde Redhead, Turin Brakes e Kings of Leon. depois veio a fixação pelos Ilya, e esse fenomenal disco chamado "they died for beauty". mais tarde, através de colectâneas gravadas por um amigo, "descobri" bandas como The Dears, Wedding Present, The Killers, Andrew Bird, Patrick Wolf, The National, Magnetic Fields. por intermédio desse mesmo amigo, veio parar-me às mãos um dos discos mais intensos que tive o prazer de ouvir até hoje, tanto assim que na primeira vez que o ouvi, na última música (a minha preferida!) não consegui evitar umas sentidas lágrimas: o disco chama-se "I am a bird now", de Antony and the Johnsons.
apreciador do primeiro disco da banda, os Sigur Rós, não dei a devida atenção aos discos seguintes da sua discografia. até que, pelas mãos de uma amiga, ouvi o último, "Takk", e voltei a render-me aos ambientes angelicais e inebriantes desse inconfundível grupo islandês. e continuo a afirmar-me "apaixonado" pela música 10 desse disco. causa-me exactamente o mesmo efeito que a música 10 (coincidência!) do album dos Antony and the Johnsons.
há cerca de uns meses, rendi-me definitivamente a um grupo americano chamado Marjorie Fair, quando fiquei a conhecer o disco "self help serenade". já aqui coloquei um post neste blog dedicado aos Marjorie Fair e, meses depois, continuo a dizer o mesmo que disse na altura. se eu fosse músico ou tivesse alguma capacidade para compor canções, seria este o tipo de disco que faria. continuo ansioso pelo próximo album da banda.
mais ou menos na mesma altura, surgiram os My Morning Jacket, igualmente americanos, conotados amiúde com Neil Young. gostei tanto que a música que aparece no meu profile é deles: "Bermuda Highway".
mais recentemente, virei-me para uma banda que "nasceu" nos anos 80, mas que ainda recentemente lançou um novo trabalho: The Blue Nile. só recentemente fiquei a conhecer um disco deles, de 1989, "Hats", uma verdadeira obra prima, mas mais vale tarde do que nunca, porque o esse trabalho tem músicas inesquecíveis como "From a late night train", "Let´s go out tonight" e "Tomorrow morning". em 22 anos de carreira, esta banda só lançou 4 discos, o último dos quais em 2004, intitulado "High", que tem excelentes músicas como "I would never", "Because of Toledo" e "Broken loves". a atmosfera romântica que envolve as músicas dos The Blue Nile é contagiante e fiquei admirador e seguidor da banda, nem que o próximo disco só chegue em 2010...
na senda de nomes como Rufus Wainwright, Pete Yorn e dos já citados Andrew Bird e Patrick Wolf, tenho escutado e estou a adorar "interiorizar" outros dois nomes a reter: Ed Harcourt e Damien Jurado. ambos já possuem uma vasta discografia e Jurado até já chegou a ser citado como "o próximo Bob Dylan". actualmente ouço, de Ed Harcourt, músicas dos albuns "Here be monsters", "Maplewood", "From every sphere" e "Strangers". neles há músicas verdadeiramente deliciosas como "Bleed a river deep", "Beneath the heart of darkness", "This one's for you" ou "Something in my eye". Ed Harcourt tem previsto para este ano o lançamento do seu mais recente trabalho, "Beautiful lie" e vai estar no próximo dia 11 de Junho, Domingo, no Santiago Alquimista, em Lisboa.
de Damien Jurado ouço actualmente músicas dos discos "Rehearsals for departure", "I break chairs" e "On my way to absence". este "trovador" iniciou em 1997 a sua carreira e tem já oito discos na sua discografia. as músicas que me "alertaram" para este cantor foram providenciadas por um amigo, o mesmo das colectâneas. enviou-me duas músicas, "Sucker" e "Lottery". gostei de ambas e parti à descoberta de mais. encontrei pérolas como "A jealous heart is a heavy heart", "Never ending tide", "Inevitable" e "Night out for the downer".
pronto, é isto tudo. adoro música e o que ouço é muito importante para mim. ainda bem que tenho amigos fantásticos que me vão apontando nomes frequentemente para descobrir. para eles, o meu muito obrigado. keep them coming...

quarta-feira, junho 07, 2006

momentos inolvidáveis 4

Filme: "Sideways"
Actores: Paul Giamatti e Virginia Madsen
sinopse: dois grandes amigos partem numa viagem pela região vitivinicola da california, uma semana antes do casamento de um deles (actor de soap operas). essa viagem é vista por ambos como uma espécie de despedida de solteiro. a personagem de paul giamatti, divorciado, professor resignado e aspirante a escritor, é um profundo conhecedor e apreciador de vinhos. num restaurante conhece maya (virginia madsen), que partilha com ele o gosto pela apreciação e degustação vinícola, enquanto o seu amigo (thomas hadden church) se perde de amores por uma funcionária de uma casa de vinhos. saem os quatro, para jantar, muito bem "regado" em termos de vinhos, seguindo depois para casa de maya.
cena: depois do jantar e do seu amigo se ter "enfiado" num dos quartos da casa com a sua recente paixão, num alpendre, o protagonista (Paul Giamatti) conversa apaixonadamente sobre vinhos com virginia madsen, de tal forma que a "agarra"; ela deixa-se envolver, fascinada pelo tema e pela eloquência demonstrada. cria-se um ambiente de cumplicidade, motivado por um gosto comum, que se vai arrastando para uma atracção física evidente. há uma fracção de segundos em que a conversa pára e eles ficam a olhar um para o outro, à espera de algo, de um movimento, de uma aproximação. em silêncio constrangedor, o protagonista não consegue articular mais nada para além de um "vou à casa de banho". chegado lá, ele sente nitidamente que "perdeu o momento", que não teve coragem para dar o passo decisivo, quando todo o ambiente estava criado e "pedia" essa crucial medida. ele sai da casa de banho e encontra-a na cozinha. desesperado, chega ao pé dela e tenta beijá-la, tentando "remediar" a situação. ela afasta-o, delicadamente. já não havia "ambiente", o fascínio estava agora quebrado, the mood was gone.
adorei o filme, a personagem principal é contagiante, acabamos por sentir por ele um misto de compaixão e de admiração. numa situação idêntica à relatada, custa sempre fazer essa transição entre uma conversa agradável, um fascínio e atracção mútua, para algo... mais.

terça-feira, junho 06, 2006

momentos inolvidáveis 3

Filme: Cyrano de Bergerac
Actores: Gerard Depardieu e Anne Brochet
sinopse: depois de ter conhecimento de que a prima roxanne (anne brochet) se apaixonou por um cadete (christian) da sua academia, cyrano decide "esconder" os seus verdadeiros sentimentos por ela, ao mesmo tempo que ajuda o "limitado" cadete a conquistar o coração dela, através de poesia e prosa romântica. envergonhado do seu aspecto, cyrano nunca ousou abrir o seu coração a roxanne, escudando-se na sombra do físico perfeito do amado dela. as suas palavras conquistavam o seu coração, mas era christian que "recolhia" os louros. durante anos, mesmo depois da morte, em combate, do seu amado, roxanne acredita fielmente que as palavras apaixonadas e intensas que leu pertenciam ao seu cadete. nomeadamente uma carta, a última, que ela guardava religiosamente no peito, por baixo da roupa.
cena: muitos anos passaram. roxanne está num convento. cyrano visita a prima todos os sábados. num deles, quando se dirigia para lá, é atingido cobardemente por uma viga de madeira, que o deixa combalido e a sangrar. no entanto, o seu chapéu cobre-lhe os ferimentos na cabeça e ele surge, naturalmente, perante a prima, como se nada tivesse acontecido. ele pede-lhe para lhe deixar ver a última carta e começa a ler, enquanto a noite começa a roubar a claridade ao dia. ela ouve as suas palavras e vira-se para ele, encontrando-o de olhos fechados, já sem luz para conseguir visualizar as letras da carta. no entanto, continua a ler, sabedor de todas as palavras que ela continha. nesse momento, ela consciencializa-se de que as cartas, os poemas e a paixão eram dele e aproxima-se, para o ver... a desfalecer. assegura-lhe então que o seu aspecto físico não era relevante e que ela tinha sido conquistada pelas suas palavras e não pela beleza de christian. ele levanta-se, muito combalido e a sangrar da cabeça, e enfrenta a morte, empunhando a sua espada na escuridão, prometendo fazer frente aos espíritos que lhe apareçam pela frente. ele que havia disputado e vencido centenas de duelos, que havia granjeado dezenas de inimigos por causa do seu feitio intrépido e destemido, baqueava assim de uma forma cobarde, pelas costas. e é nesta altura que diz a uma das frases mais sentidas da história do cinema:
"Falhei em tudo, até na minha morte!"
Para além de este ser o meu filme preferido de todos os tempos, esta cena é a todos os títulos notável, de tão bem interpretada e pela carga emocional que encerra.

momentos inolvidáveis 2

filme: "As Pontes de Madison County"
Actores: Clint Eastwood e Meryl Streep
sinopse: a personagem de meryl streep, casada, envolve-se sentimentalmente com um fotógrafo recém chegado à cidade, com o intuito de fotografar as pontes de Madison County. aproveitando o facto de o marido e os filhos se terem ausentado da cidade, ela vai mostrando as belezas naturais do local, passando muito tempo a conversar e a encontrar afinidades com o "forasteiro". a relação de ambos, dada a cumplicidade e reciprocidade existente, acaba por desembocar num envolvimento carnal, pese embora toda a força de vontade de streep em evitar que tal acontecesse. no entanto, ambos sabem que aquela relação não vai ter futuro, por muito que tenham noção da intensidade e da paixão que viveram.
cena: chove intensamente. eastwood prepara-se para abandonar a cidade. o semáforo fica vermelho e pára o seu carro. pelo retrovisor, vê a carrinha do marido de streep. no veículo estão o mesmo marido e streep. ela tinha-lhe oferecido um fio, que ele colocou à volta daquele retrovisor, por onde ele agora via, pela última vez, a face da pessoa com quem tinha partilhado tantas emoções, tantos momentos inesquecíveis. ela vê-o, sente o mesmo que ele, tem noção que é aquele o momento das decisões. ele já lhe tinha dito para ela ir com ele, sair dali, mas sempre lhe faltou coragem para assumir aquela paixão. no curto espaço de tempo em que o sinal está vermelho, vemos a angústia estampada nas faces dos dois amantes. ela agarra a porta, preparando-se para a abrir, lutando contra si mesma, contra os seus instintos, por respeito ao marido. ele desespera a olhar para o retrovisor, à espera que ela siga os seus desejos e vá ter com ele, para que possam sair dali e iniciar uma vida a dois.
o sinal fica verde. renitente, ele não avança imediatamente. ela larga a mão da porta, rendendo-se finalmente, abandonando as dúvidas, resignando-se. finalmente, ele parte. ela chora silenciosamente, para o marido não dar conta. na face dela, a expressão de uma pessoa que tem a perfeita noção de que acabou de perder o amor da sua vida, irremediavelmente.

momentos inolvidáveis

filme: "As good as it gets" - em português "Melhor é impossível"
Actores: jack nicholson e helen hunt
cena: os dois protagonistas vão pela primeira vez jantar juntos, depois de muitas peripécias e cenas caricatas envolvendo as idiossincrasias de nicholson, a paciência de hunt e uma muito prestimosa ajuda do primeiro à segunda, em relação à saúde do filho desta. ele, nervoso por estar tão próximo da mulher amada, começa a portar-se de uma forma infantil e irracional, gozando inclusivamente com a roupa que helen hunt veste. ela, cansada e irritada, ameaça sair da mesa. ele diz que lhe vai fazer um elogio. ela, curiosa, fica na mesa e solicita-lhe rapidamente o elogio, caso contrário vai embora. nicholson começa a falar das suas idiossincrasias, de uns comprimidos que o ajudam a suportar psicologicamente o quotidiano, que ele não gosta nem costumava tomar, porque não acredita em fármacos.
é então que lhe diz que os recomeçou a tomar... por causa dela. e depois tem esta fabulosa deixa:
"tu fazes com que eu queira ser uma pessoa melhor!".
simplesmente genial!