quinta-feira, dezembro 30, 2010

compilação musical de dezembro

1. ready to start - arcade fire
2. the face - kings of leon
3. sorrow - the national
4. castaways - shearwater
5. marz - john grant
6. third and seneca - sun kil moon
7. the lake - antony and the johnsons
8. road - grand salvo
9. the book i haven't read - lambchop
10. sea - grand salvo
11. spain - blonde redhead
12. caramel - john grant
13. an insular life - shearwater
14. brother - grand salvo
15. the end - kings of leon

quarta-feira, dezembro 29, 2010

megamind


noite de cinema hoje. as meninas preferiram o "entrelaçados" (gostei de ver a apresentação e fiquei bastante entusiasmado), os rapazes optaram por este "megamind". por estes dias, depois de ver também "toy story 3" no cinema, igualmente em 3d, é fácil chegar à conclusão de que a melhor forma de dar umas valentes gargalhadas no cinema é mesmo ir ver um filme de animação. outra conclusão que se pode tirar é que o 3d é realmente fantástico e torna a experiência cinematográfica ainda mais gratificante.
com os chamados actores cómicos a enveredarem cada vez mais pelos papéis mais sérios (jim carrey, robin williams, steve carell, etc.), é nos filmes de animação que procuramos o caminho mais fácil para o riso e a boa disposição. nesse aspecto, "megamind" não defrauda. chega a ser hilariante por vezes. em termos visuais, com o "pequenino" aspecto do 3d, é simplesmente notável. é uma hora e meia de puro deleite visual, em que a personagem principal, o inepto e maléfico (mas com bom coração) megamind, nos vai conquistando pouco a pouco, até acabar em ombros, basicamente, polvilhado com cenas de acção de cortar o fôlego e muitas gargalhadas, garantidamente. a não perder...

p.s. - é absolutamente incrível como ainda há pessoas que não sabem estar numa sala de cinema, falando como se estivessem num café, fazendo comentários impróprios, alto e bom som, a todo o instante, com uma necessidade premente de partilhar todo e qualquer pensamento que lhes passa pela cabeça com o resto das pessoas que estão a assistir (ou a tentar) ao filme. então comigo, é "tiro e queda". apanho sempre um grupo assim. sempre! hoje, eu e o meu filho fomos dos primeiros a entrar na sala. dirigimo-nos ao nosso lugar, sentamo-nos e ficamos à espera do início do filme, sem ninguém à nossa volta. a sala, bastante ampla, com cerca de cento e poucos lugares, não teria mais do que dezena e meia de espectadores. quando começaram as apresentações, entraram 3 rapazes, 19/20 anos, carregados de pipocas. comecei logo a pensar que seria azar a mais eles virem para junto de nós (ainda por cima havia centenas de lugares vazios). eles, de facto, entraram e foram-se afastando de nós, cada vez mais. e eu a suspirar de alívio. continuando a seguir o trajecto deles, reparo que começam a subir. fila g, fila h, fila i... fila j, precisamente a nossa. tinha que ser... mesmo assim, sentaram-se a umas seis cadeiras de nós, mas o barulho era mais do que evidente, já nessa altura. bem, pensei eu, tivemos azar, mas felizmente são só três pessoas, pode ser que a coisa passe. uns dez minutos depois, ainda nas apresentações e nos anúncios (uma eternidade de anúncios...), entra um grupo, da mesma faixa etária, de seis pessoas, também carregados de pipocas. voltei a pensar que seria mesmo muito azar (e repito que a sala tinha montes de lugares vazios) eles virem para perto de nós. pois bem, não só vieram para perto de nós como, ainda por cima, vieram para a nossa fila, a célebre e muito requisitada fila j, e, para cúmulo dos cúmulos, entraram, todos eles, pela nossa extremidade (eu escolho sempre um lugar nas extremidades, com acesso rápido à porta de saída), obrigando-nos a levantar, pegar nos casacos, encolher as nossas cadeiras, etc.. acham que isto já é mau o suficiente? pois enganam-se. este grupo, o mais atrasado (literalmente?), estava com os outros três, apenas chegaram mais tarde à sala. se três já faziam barulho, imaginem nove, a falar constantemente. aguentamos estoicamente a primeira parte, até porque o filme era interessante o suficiente para "eliminarmos" aquele ruído de fundo (ou de lado, neste caso), mas, após o intervalo, decidimos "avançar" umas filas, até à fila e. a deserta fila e. mesmo à distância, ainda se ouviam uns "grunhidos" aqui e acolá. ah, e fizeram questão de regressar do intervalo quando o filme já tinha recomeçado há dez minutos. pergunto: para quê gastar dinheiro nos bilhetes, nos óculos 3d, nas pipocas, etc., quando nem sequer vêem o filme, nem o deixam ver sossegadamente? enfim, ainda há pessoas assim. eu pensei que tinham ficado nos anos 80...

sexta-feira, dezembro 24, 2010

2010 - mais um ano para arrumar


24 de dezembro. o que é que isso significa? pois, falta apenas uma semana para acabar o ano. quer-me parecer que, a partir dos trinta, os anos passam duas vezes mais rápido. lembro-me bem, quando tinha 11 ou 12 anos, de querer que o ano passasse a correr, para voltar a fazer anos novamente. era a pressa de crescer (aliada a uma indesmentível vontade de receber presentes), de ser maior, de chegar depressa à próxima etapa do crescimento. 2010 passou a correr, assim ao género de um usain bolt, quando, nesta fase, pretendíamos que o jamaicano fosse substituído por um fernando mendes. quando dermos por nós, já teremos 63 anos e nem nos apercebemos como é que chegamos lá.
2010 será como aqueles filmes que vemos e arrumamos em seguida no armário, ao lado dos outros trezentos. daqui por uns tempos, já nem nos lembramos dele, será apenas mais um ano na nossa vida, do qual pouca coisa nos recordaremos. eu não me lembro de nada de especial em relação a 1996, por exemplo, ou 2003. os anos passam e o que se vai ganhando em tempo de vida, perde-se com a incapacidade de guardar na memória tudo aquilo por que passamos no passado. o cérebro, lentamente, vai deitando recordações para o lixo, de forma a aliviar o "disco rígido". não sei o que ficará deste 2010 quando, daqui a uns 20 anos, me sentar à frente de um monitor (se ainda existirem) para escrever um texto sobre o passado. será, certamente, ainda mais difícil (alzheimer e tal) do que tentar, agora, dissertar sobre 1990. é que, sinceramente, de 1990 só me lembro que o campeonato mundial de futebol foi disputado em itália e que a alemanha se sagrou campeã mundial, numa das finais mais chatas de sempre, frente à argentina de maradona, decidida com um golo de penalty, apontado por andreas brehme. de resto... muito pouco. se este blogue ainda existir daqui a 20 anos, então terei uma missão muito mais facilitada. posso sempre vir aqui "visitar" 2010, tal como os anos anteriores (a partir de 2006).
o que ficou de 2010? boa música (john grant, blonde redhead, shearwater, sun kil moon, etc), meia dúzia de bons filmes (500 days of summer, greenberg, toy story 3, inception, etc), desilusões atrás de desilusões a nível futebolístico (quem me mandou ser sportinguista?! já para não falar da selecção nacional no mundial...), o aparecimento de algumas pessoas na minha vida, a consolidação de outras, as amizades fortes que se mantiveram (mesmo à distância), a união familiar e a certeza, comprovada pelos "patrões", de que sou reconhecido a desempenhar a minha principal função: ser pai. quando entrar em 2011, vou pedir, apenas, para continuar a ser feliz. e, já agora, se pudessem eliminar do meu sistema o meu "sportinguismo", tanto melhor... era meio caminho andado para a felicidade total...

24 de dezembro. ah, pois é, tinha-me esquecido. pelos vistos, é natal! por isso, e já que toda a gente o faz, aqui vão os meus votos de boas festas e feliz natal a todos os meus leitores (sim, vocês os três!), em perfeita harmonia familiar e sempre com saúde (da boa, claro!).

quinta-feira, dezembro 23, 2010

sea - grand salvo



música inebriante, deliciosamente depressiva, que nos envolve a alma em ambiente confortável e aconchegante. alguém disse desta música, "um dia no céu deveria ter essa música como banda sonora". concordo em absoluto. pertence ao disco "soil creatures", de grand salvo, projecto do "cantautor" australiano paddy mann. um disco a descobrir nestes dias frios.

quarta-feira, dezembro 22, 2010

os "vintes" e os "trintas"

os "trintas" são tramados, não tenham dúvidas. é aquela altura da vida em que se definem as nossas prioridades, em que se faz aquela transição, nem sempre fácil, entre uma vida de solteiro e uma vida de casado. enquanto solteiros, o mais normal é manter durante vários anos as amizades que se foram cimentando durante a vida de estudante, nos liceus, nas universidades, etc.. mesmo quando surge uma namorada na nossa vida, é de certa forma fácil conciliar os dois mundos e, apesar das exigências de ambos os lados, o pensamento que impera nesta fase é o de que a vida deveria ser sempre assim, com os amigos e a namorada sempre "à mão", dependendo do nosso estado de espírito. os "vintes" são, dessa forma, fantásticos, porque há um pouco de tudo na nossa vida: ainda há vida de estudante, com as consequentes loucuras sazonais, há a emoção do primeiro emprego, as borbulhas começam finalmente a desaparecer, decidimos que "look" é que vamos adoptar ao entrar na chamada "vida adulta" (pêra, barba de três dias, bigode à freddie mercury, cabelinho "à fosga-se", risco ao meio), conduzimos o nosso primeiro carro, temos o nosso primeiro acidente de viação, ainda temos energia para parques de campismo, discotecas e batalhas de shot's, ainda há bebidas alcoólicas para experimentar e, sobretudo, já não temos, finalmente, hora para chegar a casa, porque experimentamos pela primeira vez as maravilhas de viver sozinho. basicamente, the world is your oyster, ou seja, estamos a retirar tudo o que queremos da vida, da forma como queremos e quando queremos. nos "vintes", depois de muitos anos a obedecer às regras parentais, nós fazemos as nossas próprias regras. se quisermos ficar a dormir até ao meio dia num sábado, tomar o pequeno-almoço à uma da tarde, dormir mais um bocado, porque a noite foi "puxada", e almoçar apenas às seis, podemos fazê-lo sem recriminações. à noite, estamos novamente fresquinhos para repetir a dose. pois, os "vintes" não têm comparação com mais nenhuma época da nossa vida. os amigos são realmente amigos, aturam-nos tudo, embarcam em todas as nossas loucuras, não desperdiçam vinho nem palavras e são, acima de tudo, mais honestos e francos, sobretudo quando estão embriagados. é nesta altura das nossas vidas que descobrimos que os nossos amigos só dizem determinadas coisas quando estão "tocados", abandonando todas as camadas de timidez e preconceito para dizerem bacoradas como "tu és um tipo muito porreiro", ou "sempre achei que ficavas muito sexy com essas calças", ou ainda "fui eu que atropelei acidentalmente o teu gato". depois, vomitar nos "vintes" é de homem, ou um sinal de que nos estamos a tornar uns homenzinhos; vomitar nos "trintas" é deprimente, para quem vomita e para quem vê. uma noitada nos "trintas" é diferente. já existem horas para chegar a casa, temos sempre que conduzir até casa, o fígado já começa a dar de si e a "controlar" o que bebemos, até os amigos e as conversas são diferentes. nos "trintas" já não queremos dominar o mundo, marcar uma posição, falar mais alto do que os outros para impressionar a sala inteira; só queremos é ser bem atendidos e passar o mais despercebidos possível, sobretudo quando estamos num ambiente... cheio de "vintes". certamente que, quando andava pelos "vintes", pouca importância dava aos "trintas", porque na maior parte das vezes, nas saídas nocturnas, estavam sempre aquela mesa mais silenciosa, só se fazendo notar quando olhavam incredulamente para nós, os "vintes", na maior algazarra e animação. agora, os papéis inverteram-se. os "trintas" já nem querem sair à noite por se sentirem deslocados ou, lá está, por terem assumido outras prioridades na vida. esta transição não é visível a olho nu e muito menos palpável, mas acontece e marca decisivamente o adeus aos "vintes". nos "trintas", o mundo já não é a nossa ostra, no máximo é uma ameijoa, e o grande objectivo passa a ser, essencialmente, a gestão desse grande empreendimento chamado família. a tendência é, quer se queira, quer não, termos outros amigos, com as mesmas prioridades e estilo de vida, pessoas que nos compreendam e respeitem a nossa "missão". agora, em vez de estarmos às 4 da manhã a beber mais um shot, estamos na cozinha a preparar um biberon de leite. os "trintas" demoram um pouco a resignar-se, mas quando se conformam é para o resto da vida. regressar aos "vintes", só num de lorean, como no "regresso ao futuro"...

terça-feira, dezembro 21, 2010

a melhor música de 2010



My love is the rarest jewel
And he grounds me with his love
My love he is rich like caramel
And he moves me from above

He sees me with tiger eyes
And that’s where I make my home
His heart is a shield which protects me from the violent cold
His smiles an elixer which heals the wounds of my darkest years
My love is quiet I consider him and he drives away my fears

My love he reels himself with tenderness and grace
My love has constructed with his arms for me the safest place
His laughter destroys my doubts and he lifts me up so high
His voice it is soothing like a warm breeze on a summer night

When he envelops me I give myself to him and my soul takes flight

("caramel", de john grant, do disco "queen of denmark")

que dizer mais desta música? continua, a cada audição, a arrepiar-me, atingindo a sua expressão máxima a partir dos 2:10, altura em que os sintetizadores tomam conta da música, levando-a até à estratosfera musical, envolvendo a voz de john grant e o som do piano de uma forma perfeita. creio que esta será uma daquelas músicas que ouvirei com satisfação daqui a uns 5, 10, 20 ou 30 anos, nunca saturando. john grant já tinha sido o responsável por dezenas de músicas inesquecíveis quando liderava a banda "the czars". agora, com este seu primeiro disco a solo, voltou a evidenciar todo o seu talento e as suas virtudes vocais. temas como "marz", "where dreams go to die", "outer space", "queen of denmark", "tc and honeybear", "sigourney weaver", "it's easier" e "leopard and lamb" vão direitinhos para a galeria das minhas músicas preferidas. mas, acima de todos esses temas, este "caramel".

domingo, dezembro 19, 2010

padrões e valores morais

serei alguma vez capaz de atingir os meus próprios padrões em termos de personalidade? é complicado estabelecer comparações e juízos de valor sobre uma pessoa quando verificamos que padecemos dos mesmos defeitos. a rita (nome fictício de marta) é intriguista, básica, fútil, hipócrita, tem mau hálito e um hábito terrível de citar fernando pessoa sempre que lhe perguntam o que quer de sobremesa. tudo bem, a rita pode ser isto tudo, mas é fabulosamente agradável em termos visuais. o rafael (igualmente nome fictício de marta, curiosamente) deve sentir-se mal por ser amigo dela? por preferir as virtudes físicas às virtudes morais? por deixar arrastar uma "amizade" que nada de psicologicamente estimulante lhe oferece? se analisarmos estas últimas três pertinentes questões pelo lado masculino, chegamos à conclusão de que o rafael quer, efectivamente, apenas "saltar para a cueca" da rita. ou então nem tanto, tendo em conta o tal problema do mau hálito da rapariga, quer apenas ser visto com ela, ser invejado pelo resto da sua espécie. o rafael criou durante largos anos, baseando-se em revistas, programas nocturnos com bolinha vermelha no canto superior direito e na sua professora de inglês do 8º ano, um consistente ideal de beleza. na sua transição da adolescência para a vida adulta, conheceu centenas de mulheres, umas mais inteligentes, outras mais atraentes, sempre com os mesmos padrões físicos embutidos no cérebro. depois de uma interminável travessia pelo deserto (em sentido figurado, claro, porque ele não conseguiu os mínimos para participar no rally lisboa dakar), rafael conheceu rita. dois segundos depois, a sua libido deu cambalhotas de contentamento. dois minutos depois, a libido foi-se deitar novamente, por manifesto cansaço. meia hora depois, a libido acordou porque alguém estava a bater à porta, mas era engano. ou seja, o estímulo visual criado pela rita foi-se desvanecendo com o tempo e o pobre do rafael começou a ficar dividido. ouvir horas e horas de conversas fúteis e insípidas só porque ela é efectivamente uma "brasa" ou continuar a procurar alguém que reúna as vertentes psicológica e física num só corpo? pepsi ou coca-cola? fifa 2008 ou pro evolution soccer 2008? conan 0'brien ou jon stewart? miguel sousa tavares ou vasco pulido valente? pois, o rafael não sabe o que fazer. chega a sentir-se mal ao lado da rita porque sente que está a atraiçoar os seus próprios valores e padrões. sente que não é aquilo que ele representa. sente que poderia perfeitamente estar a ter conversas muito mais interessantes e estimulantes com outras pessoas, que poderia estar a cultivar-se e a aprender. a rita, por sua vez, gosta muito de estar com o rafael, acha que ele é boa pessoa, com um sentido de humor um bocado esquisito (que ela muitas vezes não entende mas sorri na mesma para mostrar que percebeu a piada) e umas referências musicais e cinematográficas estranhas (cinema europeu? isso existe?). no entanto, ao mesmo tempo também acha que o rafael é intriguista, básico, fútil, hipócrita, tem mau hálito e um hábito terrível de assobiar o refrão da música "the final countdown", dos europe, antes de tomar café.

"desculpe, já não temos vagas"

sim, esta treta de fazer posts só com vídeos do you tube tinha que acabar. senti que vos devia algumas palavras, como "frigorífico", "estendal" e "capacete". a minha vida continua a ser a mesma sucessão de quintas-feiras, sem que nada de particularmente interessante ou especial me aconteça. continuo a cumprimentar as pessoas e a ficar com a sensação de que elas não respondem aos meus "bons dias" e "boas tardes" (já nem digo "boas noites" porque já não saio à noite desde que foi proclamada a república), continuo com a impressão de que sou sempre mal atendido nos cafés e restaurantes onde entro pela primeira vez (por isso tento sempre frequentar os mesmos sítios em viseu - pastelaria lobo e restaurante hilário), continuo a chegar e a sair sempre a horas ao trabalho, embora por vezes o patronato merecesse que eu entrasse às 15h e saísse às 15h30, e continuo à espera que algo de bom me aconteça, todos os dias. acho que toda a gente parte para um novo dia com esse pensamento na cabeça. "e se hoje surgisse uma proposta de emprego aliciante?", "será que me vão pagar hoje?", "conseguirei arranjar estacionamento hoje no centro histórico à hora de almoço?". no fim do dia, antes de preparar mentalmente o dia seguinte (o que não é muito difícil), faz-se o balanço e, se não tiver acontecido nada de relevante, arrumamos as memórias das últimas 24 horas no fundo do cérebro, ao lado do cubo mágico, da bota botilde e do spectrum zx, e ansiamos rapidamente pelo próximo dia. é claro que o meu objectivo nunca foi conhecer uma pessoa nova por dia, embora reconheça que é um excelente objectivo, sobretudo para quem trabalha atrás de um balcão numa repartição pública, mas se calhar, e colocando o dedo na ferida, fazia-me bem conhecer pessoas novas, sobretudo daquele tipo de pessoas que não me irrita automaticamente quando se mexe ou abre a boca. acreditem, já conheci muitas dessas. não me interpretem mal, o problema não são as pessoas que conheço, as que já fazem parte do meu pequeno círculo de amizades, essas são interessantes o suficiente. infelizmente, é muito reduzido o tempo que passo com elas, criando-se um fosso temporal enorme que condiciona e faz estremecer a mais sólida das amizades. quando reencontramos um amigo deste género, ao fim de algum tempo, perde-se sempre uma hora a actualizar as informações, o ambiente é quase sempre de constrangimento, porque nunca sabemos se alguma coisa mudou, se o nosso comportamento é o ideal, se devemos ou não fazer uma graçola fácil quando esse amigo nos está a contar algo desagradável que lhe aconteceu, etc.. gasta-se algum tempo a encontrar o ponto em que tinha ficado o nosso encontro anterior. e geralmente quando isso acontece, a outra pessoa tem que ir embora. segue-se uma inevitável frustração, seguida da previsível resignação. não há mesmo nada a fazer. só aceitar as evidências.
em termos de novos conhecimentos, todavia, também não peço muito, não quero conhecer um astronauta, um prémio nobel ou um cientista, contentar-me-ia com alguém que soubesse, pelo menos, qual é a capital da turquia e da austrália, quem é o vocalista dos radiohead, o realizador de "when harry met sally" e a formação inicial do sporting na final da taça de portugal na época 1994/1995. pronto, nesta última estava a brincar. vou alterá-la para o nome dos 24 jogadores da selecção de el salvador no mundial 82, realizado na espanha.
o meu problema é que as pessoas interessantes parecem já estar ocupadas... com as outras pessoas interessantes. mesmo que tentasse, eu nunca conseguiria entrar. lembro-me sempre da famosa citação de groucho marx, que dizia que não gostaria de pertencer a um clube que o aceitasse como membro...

as terríveis listas de compras

há uma qualquer força cósmica que faz com que eu, sempre que vou sozinho às compras lá para casa, cometa sempre algum erro de palmatória. até em coisas simples, como ir buscar uns raminhos de salsa ao mini-mercado, em que eu, em vez de tirar os ramos por inteiro de um molho atado, parti-os ao meio e trouxe só a parte de cima dos ramos da salsa. quando a minha mulher me pede para ir comprar alguma coisa, porque lhe é de todo impossível ir (só mesmo assim), todo eu tremo de medo, porque já sei que algo vai correr mal. ou trago pacotes de leite mais caros do que o habitual (nem que a diferença seja de cinco cêntimos ela repara sempre), ou em vez de escolher fiambre da pá trago da perna (raios me partam se algum dia vou conseguir distinguir estas variedades), ou escolho dois frangos crus que estão mal depenados (mas alguém se preocupa com isto quando está a escolher dois frangos crus? se estão dentro de um saco é porque estão bons para vender...). o pior mesmo é quando tenho como "missão" comprar fruta. é completamente impossível eu acertar em alguma coisa neste departamento. se compro bananas, estão muito verdes. se escolho tangerinas ou laranjas, não prestam porque são muito ácidas e sempre que alguém mete um gomo à boca faz mais caretas que o jim carrey. maçãs, peras, kiwis, ameixas, diospiros, tudo sempre verde ou, por incrível que pareça, maduro demais.
as mulheres, quando vão às compras, têm um comportamento diferente. enquanto nós procuramos demorar o menor tempo possível, geralmente agarramos no primeiro produto que encontramos, as mulheres, não querendo generalizar, sabem que mesmo uma lista de meia dúzia de items exige pelo menos uma hora, porque têm que analisar e comparar tudo: ingredientes, preço, a relação quantidade/qualidade, as calorias, o dia em que o produto foi embalado, quando acaba a validade do mesmo, onde foi produzido, qual era o nome de cada uma das vacas que deram o leite, apalpam a fruta toda para ver se está madura ou verde (ficam meia hora a apalpar fruta. eu vi e posso comprovar tudo isto), provam as uvas, provam as azeitonas, só não provam o camarão porque os senhores não deixam, dão-se ao cuidado de ver, quando escolhem frango cru, se ele está bem depenado ou não, perguntam sempre na charcutaria qual é o fiambre mais fresco e sabem exactamente a diferença entre o da pá e o da perna. mas o pior mesmo é a secção da roupa, que é sempre percorrida de uma forma minuciosa, ao detalhe, até ao último cinto ou par de meias nos expositores. então a facilidade com que elas se descalçam e experimentam umas sandálias ou sapatos é assustadora. nem quero pensar na quantidade de pessoas que já tinha metido ali os pés naqueles mesmos sapatos. é assustador. aliás, quando vou com a minha mulher, o que felizmente hoje em dia é muito raro (já vão perceber porquê no próximo parágrafo), àquela secção, sinto que sou a única pessoa calçada no meio de uma dúzia de mulheres descalças dispostas a experimentar tudo o que houver para experimentar em matéria de calçado. sinto sempre que não há espelhos suficientes para aquela gente toda. elas até fazem fila para se verem ao espelho. o mais engraçado, e é nisto que a minha mulher é especial neste aspecto, é que ela experimenta, gosta, pede-me opinião, eu aprovo (faço tudo para sair dali o mais rapidamente possível), ela descalça-se, volta a calçar os sapatos que trazia, arruma o calçado que experimentou, gostou e que tinha recebido a minha aprovação e quando eu lhe pergunto por que não os leva (depois de termos perdido largos minutos com aquilo tudo), ela responde, simplesmente, "não, deixa estar", ou então "não levo porque daqui a uns meses começam os saldos e compro-os por metade do preço". pronto, lá reviro eu os olhos mais uma vez, sempre com a sensação de que nunca mais na vida vou conseguir recuperar aqueles 45 minutos.
antigamente, ir às compras com a minha mulher era uma aventura, perdia a conta aos suspiros e à quantidade de revirar de olhos. hoje, sempre que vamos os quatro às compras, felizmente, e realço o felizmente, fico com a minha filha na secção dos livros ou com o meu filho na secção dos brinquedos e deixo-a ir à vontade apalpar fruta durante meia hora. é muito mais reconfortante. primeiro porque tenho total confiança na capacidade de apreciação e no juízo de valor da minha mulher na escolha dos produtos, por todas as razões acima discriminadas; e depois porque, assim, já não vou cometer nenhum erro nas compras. por falar nisso, este texto surgiu porque a minha mulher me telefonou, pedindo-me para passar pelo continente e comprar dois frangos crus. pelo sim, pelo não, vou levar a minha lupa, para ver se os galináceos estão efectivamente bem depenados. não quero arriscar desta vez.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

wikileaks story

para quando um reality show dedicado à política internacional com o wikileaks como pano de fundo? qual seria o segredo de putin? o que esconderia obama? seria sarkozy desmascarado?

terça-feira, dezembro 14, 2010

globos de ouro 2011 - os nomeados

"the king's speech" é o filme com maior número de nomeações para a 68ª edição dos globos de ouro, que serão entregues a 16 de janeiro de 2011, em cerimónia apresentada por ricky gervais. o filme de tom hooper arrecadou 7 nomeações, incluindo as de melhor filme, realizador, actor principal (colin firth), actor secundário (geoffrey rush), actriz secundária (helena bonham carter) e argumento. seguem-se, com 6 nomeações, os filmes "the social network" e "the fighter". com quatro nomeações surgem "black swan", "inception" e "the kids are all right". refira-se ainda que johnny depp tem duas nomeações para o globo de ouro de melhor actor em comédia/musical, com os filmes "alice in wonderland" e "the tourist"; e que o filme "toy story 3" foi praticamente ignorado, recebendo apenas uma nomeação, a de melhor filme de animação.

FILMES

Best Picture — Drama
Black Swan
The Fighter
Inception
The King’s Speech
The Social Network

Best Picture — Musical or Comedy
Alice in Wonderland
Burlesque
The Kids Are All Right
Red
The Tourist

Best Actor — Drama
Jesse Eisenberg, The Social Network
Colin Firth, The King’s Speech
James Franco, 127 Hours
Ryan Gosling, Blue Valentine
Mark Wahlberg, The Fighter

Best Actress — Drama
Halle Berry, Frankie and Alice
Nicole Kidman, Rabbit Hole
Jennifer Lawrence, Winter’s Bone
Natalie Portman, Black Swan
Michelle Williams, Blue Valentine

Best Actor — Musical or Comedy
Johnny Depp, Alice in Wonderland
Johnny Depp, The Tourist
Paul Giamatti, Barney’s Version
Jake Gyllenhaal, Love and Other Drugs
Kevin Spacey, Casino Jack

Best Actress — Musical or Comedy
Annette Bening, The Kids Are All Right
Anne Hathaway, Love and Other Drugs
Angelina Jolie, The Tourist
Julianne Moore, The Kids Are All Right
Emma Stone, Easy A

Best Supporting Actor
Christian Bale, The Fighter
Michael Douglas, Wall Street: Money Never Sleeps
Andrew Garfield, The Social Network
Jeremy Renner, The Town
Geoffrey Rush, The King’s Speech

Best Supporting Actress
Amy Adams, The Fighter
Helena Bonham Carter, The King’s Speech
Mila Kunis, Black Swan
Melissa Leo, The Fighter
Jacki Weaver, Animal Kingdom

Best Director
Darren Aronofsky, Black Swan
David Fincher, The Social Network
Tom Hooper, The King’s Speech
Christopher Nolan, Inception
David O. Russell, The Fighter

Best Screenplay
127 Hours, Simon Beaufoy and Danny Boyle
Inception, Christopher Nolan
The Kids Are All Right, Lisa Cholodenko and Stuart Blumberg
The King’s Speech, David Seidler
The Social Network, Aaron Sorkin

Best Original Song
“Bound to You,” Burlesque (performed by Christina Aguilera; written by Samuel Dixon, Christina Aguilera and Sia Furler)
“Coming Home,” Country Strong (performed by Gwyneth Paltrow; written by Bob PiPiero, Tom Douglas, Hillary Lindsey, Troy Verges)
“I See the Light,” Tangled (performed by Mandy Moore & Zachary Levi; written by Alan Menken & Glenn Slater)
“There’s a Place For Us,” The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader (performed by Carrie Underwood; written by Carrie Underwood, David Hodges, Hillary Lindsey)
“You Haven’t Seen the Last of Me Yet,” Burlesque (performed by Cher; written by Diane Warren)

Best Original Score
Inception, Hans Zimmer
The King’s Speech, Alexandre Desplat
The Social Network, Trent Reznor and Atticus Ross
Alice in Wonderland,
Danny Elfman
127 Hours, A.R. Rahman

Best Foreign Language Film
Biutiful
The Concert
The Edge
I Am Love
In a Better World

Best Animated Feature
Despicable Me
How to Train Your Dragon
The Illusionist
Tangled
Toy Story 3

TELEVISÃO

Best TV Series — Drama
Boardwalk Empire
Dexter
The Good Wife
Mad Men
The Walking Dead

Best TV Series — Musical or Comedy
30 Rock
The Big Bang Theory
The Big C
Glee
Modern Family
Nurse Jackie

Best Miniseries or Made-for-TV Movie
Carlos
The Pacific
The Pillars of the Earth
Temple Grandin
You Don’t Know Jack

Best Actor — Drama
Steve Buscemi, Boardwalk Empire
Bryan Cranston, Breaking Bad
Michael C. Hall, Dexter
Jon Hamm, Mad Men
Hugh Laurie, House M.D.

Best Actress — Drama
Elizabeth Moss, Mad Men
Julianna Margulies, The Good Wife
Piper Perabo, Covert Affairs
Katey Sagal, Sons of Anarchy
Kyra Sedgwick, The Closer

Best Actor — Musical or Comedy
Alec Baldwin, 30 Rock
Steve Carell, The Office
Thomas Jane, Hung
Matthew Morrison, Glee
Jim Parsons, The Big Bang Thoery

Best Actress — Musical or Comedy
Toni Collette, United States of Tara
Edie Falco, Nurse Jackie
Tina Fey, 30 Rock
Laura Linney, The Big C
Lea Michele, Glee

Best Actor — Miniseries or Made-for-TV Movie
Idris Elba, Luther
Ian McShane, Pillars of the Earth
Al Pacino, You Don’t Know Jack
Dennis Quaid, The Special Relationship
Edgar Ramirez, Carlos

Best Actress — Miniseries or Made-for-TV Movie
Hayley Atwell, Pillars of the Earth
Claire Danes, Temple Grandin
Judi Dench, Return to Cranford
Romola Garai, Emma
Jennifer Love Hewitt, The Client List

Best Supporting Actor in TV Series, Mini-Series, or Made-for-TV Movie
Scott Caan, Hawaii Five-0
Chris Colfer, Glee
Chris Noth, The Good Wife
David Strathairn, Temple Grandin
Eric Stonestreet, Modern Family

Best Supporting Actress in TV Series, Mini-Series, or Made-for-TV Movie
Hope Davis, The Special Relationship
Jane Lynch, Glee
Kelly Macdonald, Boardwalk Empire
Julia Stiles, Dexter
Sofia Vergara, Modern Family

terça-feira, dezembro 07, 2010

os melhores discos de 2010


2010 foi um ano sensacional em termos discográficos. se nos outros anos houve alguma dificuldade em conseguir reunir dez discos para elaborar uma lista que fizesse realmente justiça aos meus gostos pessoais em termos musicais, este ano foi muito fácil fazê-lo. depois de alguma ponderação, em termos posicionais, porque não houve problemas em encontrar dez discos para figurarem nesta lista, eis a minha escolha dos melhores discos de 2010:

1. the queen of denmark - john grant
2. the golden archipelago - shearwater
3. penny sparkle - blonde redhead
4. high violet - the national
5. the courage of others - midlake
6. admiral fell promises - sun kil moon
7. swanlights - antony and the johnsons
8. the suburbs - arcade fire
9. infinite arms - band of horses
10. interpol - interpol

sábado, dezembro 04, 2010

a música na sua expressão máxima



The crickets cry tonight
Here comes your girl
The showers fall tonight
It's a rainy world

The shivers on the spine
Could be what we had in mind
Remember all the times we said
We could be we should be in love

On a windy porch tonight
Here comes your girl
Beneath the dull porch light
Your thoughts will curl
Past the women and the men
To where the story ends
The voice from up above says
We could be we should be in love

My disgusting habits end
It's a crazy world
Neither real nor pretend
And there's your girl

My eyes fall from my head
With all the pages read
And i'm so glad you said
We could be we should be in love

("the book i haven´t read - lambchop)