quarta-feira, junho 28, 2023
ainda bate, afinal...
sexta-feira, junho 23, 2023
scott matthews a fazer de cyrano de bergerac
Hope bears the scars you're forever learning
It's been years since you went away
Not so far away
You disappeared like my voice
Amongst the crashing waves
I call out and call out
The gaslight is fading
Where are you now?
The light is out
Give me something I can dream about
Cause come the middle of the night
When the restless go away
There's never a goodbye
Only heartache when you wake
And I don't know
How much more to take
I've never missed you more
Please come home
Come home, Virginia
Please write and tell us how you are
Are you happy?
Steal your eyes, for a second
Be a part of a dying memory
Be a sight for a mother's failing heart
Make a wish come true
Be a sight for sore eyes
Still I call out and call out
The gaslight is fading
Where are you now?
The light's out
Give me something I can dream about
Cause come the middle of the night
When the restless go away
There's never a goodbye
Only heartache when you wake
And I don't know
How much more to take
I've never missed you more
So glad you're home
Home, Virginia
with a little help from my friends
jantar com os rapazes, voltinha higiénica e digestivo no brooklyn. as boas rotinas são para manter, assim como as amizades! a foto, tirada sem o meu conhecimento prévio, é do barros e teve assistência técnica do fonseca. pena o dom duarte ter ficado despenteado...
terça-feira, junho 20, 2023
o primeiro, o segundo, o décimo e o último...
"se estás a ler esta carta é porque já fui desta para melhor. adiantei-me a ti, será a primeira vez que isso acontece. não tenho nada a escrever que não saibas já.
no dia em que esperei por ti no meu carro, sabia que não regressarias, que era pouco provável que voltasses. foi esse pouco que me impediu de arrancar imediatamente. "ela não vai voltar, não me resta nada".
tive tantas saudades tuas. e aquilo ainda estava a começar. os nossos hotéis, o amor à tarde, tu debaixo dos lençóis... serás para sempre todos os meus amores. o primeiro, o segundo, o décimo e o último.
serás para sempre as minhas recordações mais belas. as minhas grandes esperanças. nunca esquecerei aquelas cidades de província que se tornaram capitais mal tu pisavas os seus passeios. as tuas mãos nos bolsos, o teu perfume, a tua pele, os teus lenços, a minha terra natal.
meu amor.
viste? não te menti, deixei-te um lugar ao meu lado para a eternidade. pergunto a mim mesmo se lá no alto continuarás a tratar-me por você.
não te apresses, eu tenho todo o tempo. aproveita um pouco mais o céu visto de baixo. aproveita sobretudo as últimas neves. até já.
de gabriel prudent para irène fayolle
"changer l'eau des fleurs" - valérie perrin
sábado, junho 17, 2023
quinta-feira, junho 15, 2023
a breve vida das flores
"falta-nos um único ser e tudo se despovoa"
comecei hoje a ler e ainda não consegui colocar o livro de lado. vou na página 150 e parei porque os meus cansados olhos me pediram para parar, porque a fraca luz já os obriga a um esforço tremendo.
há tanto de ti na violette e na irène fayolle. tanto mesmo. tanto, que eu sinto que, de alguma forma, quero continuar agarrado ao livro porque me sinto quase ao teu lado, quase sentindo a tua presença. são múltiplos os pormenores em que te revejo, em duas personagens cativantes, apaixonadas, que prestam atenção aos mais ínfimos pormenores: os gestos, a voz, o caminhar ou os odores. são mulheres meticulosas, apaixonadas também pelo que fazem, pelo seu profissionalismo. a violette e a irène são o teu retrato, as personagens mais próximas de ti e da tua maneira de ser que já encontrei alguma vez num livro. e por isso estou tão agarrado a ele. como sempre estive agarrado a ti, desde o primeiro momento, desde o primeiro beijo...
vou continuar a ler avidamente, até porque não sei ainda o final da história entre a irène e o gabriel.
"- regressarei para lhe contar o fim. se lho contasse agora, deixaria de ter vontade de me ver".
"ao deitar-me, penso que não gostaria de morrer a meio da leitura de um romance de que goste".
segunda-feira, junho 12, 2023
12 de junho
estou habituado a dar-te os parabéns desde 2011. primeiro, através do facebook, em que aproveitava sempre para te dedicar uma música. fazias sempre questão de comentar e de tecer considerações sobre a música. sei que te dediquei músicas como "don't fade away", dos dead can dance, "riding for the feeling", de bill callahan, ou "for annabelle", dos band of horses (esta última com toda a sua lógica).
mais tarde, comecei a dar-te os parabéns frente a frente, a melhor forma, diga-se. e foram vários os anos em que tal aconteceu. no ano passado, neste mesmo dia, fomos comprar os bilhetes para o concerto da diana krall em cascais, no edp cool jazz. comprámos na fnac e os bilhetes foram a tua prenda de aniversário. era um sonho que ambos acalentávamos há anos, porque a cantora, mesmo sem o saber, claro, teve um papel preponderante na madrugada desta relação. as músicas (sempre a música!...) "the look of love", de diana krall, e "somewhere not here", dos alpha, falaram por nós naqueles momentos a sós em que ainda estávamos a absorver tudo o que tinha acontecido naquela hora e meia...
este ano, é tudo diferente. o nosso comboio descarrilou. aquele em que tantas vezes viajámos para lisboa, a falar incessantemente sobre as músicas dos anos 80 ou a ler os nossos livros, sempre juntinhos, com a tua inseparável manta sobre as nossas pernas. invariavelmente, adormecias e encostavas-te a mim. sabias que podias confiar em mim, o tipo que nunca na vida adormeceu em transportes públicos, mesmo com directas em cima. era sempre tudo tão pleno, tão afectuoso, tão cúmplice. a viagem passava a voar, nem dávamos por ela, de tão entretidos que íamos. mas acabou por descarrilar...
mas estamos vivos, ambos. apesar de não partilharmos os mesmos metros quadrados, sei que sentes o mesmo que eu. sei que temos ambos saudades do comboio ("from a late night train"...), de tudo o que vivemos dentro dele, mesmo aquela história hilariante do senhor que não parava de bater com os sapatos um no outro. fez isso durante vários quilómetros e era algo que já nos estava a incomodar, porque era mesmo ao nosso lado. mas quando eu disse "o homem vai deixar de bater com os sapatos um no outro", ele deixou mesmo. e até lisboa, não o voltou a fazer. ou daquela outra vez em que apanhamos um valente susto quando, em lisboa, o nosso comboio, com as nossas malas lá dentro, arrancou da estação de santa apolónia. felizmente, voltou logo a seguir, mas o nosso pânico foi gigantesco até ele voltar à estação. foi pena ter descarrilado...
hoje, é dia de festa! claramente! sei que não te vou ver, mas vou estar contigo em pensamento o dia todo. afinal, nesse aspecto, é um dia como os outros. já te dei os parabéns hoje! fiz questão de tos dar exactamente à meia-noite. quis ser o primeiro! mas provavelmente voltei a perder para a sara. mas isso não me preocupa. é tão bom sentir isso, que as pessoas que gostam de ti, gostam realmente de ti, pela mulher espantosa, a todos os níveis, que és! é também isso que me sossega hoje, saber que vais estar com pessoas que, tal como eu, também te amam e que não te vão deixar faltar nada no teu dia!
é o teu dia! 12 de junho. espero sinceramente que sejas muito feliz nestas, agora, 23 horas, que tenhas direito a tudo o que mereces, que sejas bem tratada, mimada, apaparicada e devidamente acarinhada! tens tudo para seguir em frente, confiante, segura e determinada, tens um grande apoio familiar, tens um rochedo seguro na tua filha, tens amigos preocupados, estás a ser seguida, tens admiração e reconhecimento de toda a gente a nível profissional, és presidente de um grupo de empresários, és requisitada para dezenas de eventos, és a líder de uma empresa que se mantém no mercado há quase 30 anos, criaste uma outra com igual ou mais sucesso ainda, geraste postos de emprego, reinventaste e reformulaste conteúdos, formas de interagir, não ficaste parada, não estagnaste, foste à luta, apostaste na criatividade, na multiplicidade de formas de chegar aos clientes, nunca vacilaste ou limitaste-te a ficar sentadinha à espera dos resultados.
tens tudo isto, hoje, no dia dos teus anos. o comboio pode ter descarrilado, mas tu sobreviveste. novamente. reinventaste-te também, apesar de lutares contra uma diversidade de contrariedades a nível de saúde. admito que, por muito que te admire, por tudo aquilo atrás descrito, tenho a clara noção que não soube acompanhar-te nessa tua evolução. de certa forma, prendia-te, era o teu rochedo, mas pelos piores motivos. era um rochedo porque te impedia de avançares mais depressa ainda, em vez de ser o teu rochedo, a pessoa em quem poderias confiar. prendi-te. se calhar, por demasiado tempo. quis-te só para mim, sem te oferecer quase nada em troca. que tinha eu para te dar se o meu comboio já tinha descarrilado há muito?!...
chego sempre à mesma conclusão: não te mereci. não fui digno de ti. merecias e mereces bem melhor. tu não deverias andar de comboio, apenas de avião. e tu sempre soubeste que eu nunca iria entrar num avião. por isso andava de comboio. mas e se tu tivesses vontade de viajar, como fazias antes?! vês? eu prendia-te. mantinha-te fechada numa cela para te ter só para mim, para fazermos aquilo que eu me sentia seguro ou confortável a fazer. prendi-te. e tu querias voar. o meu comboio já estava descarrilado, mas, mesmo assim, convenci-te a viajar comigo dentro dele. não te censuro, nem nunca o farei, pelos pontos finais. creio que mereci cada um deles. afinal, fui eu que descarrilei o meu comboio e levei-te para outro que também tive o infortúnio de descarrilar...
desejo com todas as minhas forças que sejas muito feliz hoje! hoje e sempre! ficarei, do lado de fora, a torcer por ti, pelas tuas realizações a todos os níveis! sei que vais conseguir!
parabéns!
um beijo enorme!
sábado, junho 10, 2023
as recompensas das sextas-feiras...
hoje é sexta-feira. em condições normais, teríamos usufruído de duas caipirinhas numa esplanada da cidade, para assinalarmos o final de mais uma dura semana de trabalho. era uma das nossas rotinas, tal como jantar em minha casa nesse dia. trabalhasse ou não nesse dia, já estaria tudo preparado: a ementa do jantar, as entradas, a sobremesa e o vinho, alentejano, sempre. a maior parte das vezes era o nosso vinho, o monte velho. como me sabia bem ouvir-te dizer "este é mesmo o nosso vinho!", tão categórico e firme da tua parte, depois de termos brindado, olhos nos olhos, e de trocarmos um beijo nos lábios. era uma rotina doce, enternecedora e religiosa, que sempre fizemos questão de manter.
era assim que começava o nosso fim de semana. andávamos a semana toda a ansiar pelas 18h00 de sexta-feira, porque era a nossa recompensa por termos trabalhado afincadamente a semana toda, por termos resistido vários dias sem nos vermos, porque às vezes as nossas agendas não o permitiam, e pela ansiedade acumulada. sei que tinhas tanta vontade de me ver como eu a ti, era recíproco. e depois desse momento, o do reencontro, só queríamos estar bem coladinhos um ao outro, como que a desforrarmo-nos de tudo aquilo que perdemos, ou não usufruímos, durante a semana. e era sempre bom, especial e intenso! quando se anseia algo durante vários dias e se chega a esse ponto, o do pleno usufruto do momento desejado, é algo fervilhante, que se quer viver com todas as fibras do corpo.
hoje, voltou a não ser uma dessas sextas-feiras. já são dezenas delas assim, sem ti. sem este nosso cerimonial. sem ansiedade pelo reencontro. sem abrir uma garrafa de vinho tinto alentejano para nós. sem ficar encantado, derretido, embevecido a olhar para ti, bem dentro dos teus olhos, onde conseguia ler tudo aquilo que também me passava pela cabeça. entendíamo-nos assim, por vezes, sem necessidade de recorrer às palavras. bastava o olhar, o toque, a voz meiga e sussurrante, a química que nos envolvia.
chega a ser completamente patético e difícil de entender tudo aquilo por que estou a passar nas últimas semanas. depois de ter sido racional o suficiente para escrever o que escrevi e para, pela primeira vez desde que nos conhecemos, ter assumido uma despedida, encontro-me agora profundamente dilacerado, cortado, rasgado e desmembrado interiormente. de todas as vezes que foi decidido colocar um ponto final, sempre mantive acesa a esperança, porfiei, insisti e não desisti de nós. não foi uma, nem duas, nem três, nem quatro vezes... não me conformei, não me resignei, não abdiquei disto que somos juntos. mas desta vez, e sinto-o de forma cristalina, creio que foi diferente. o meu lado racional falou, é certo, e escreveu o que escreveu, mas no meu lado emocional começou a tocar o sinal de alarme, de perigo, de irreversibilidade...
será que de todas as outras vezes ficou sempre uma luz ao fundo do túnel, de esperança, de uma, ínfima que fosse, possibilidade de revertermos as coisas e recomeçarmos? ficou, claro, caso contrário não teríamos recomeçado. mas agora parece tudo diferente, próximo do inapelável mesmo. e talvez seja por isso que estou assim, há várias semanas: inconsolável, depressivo, amargurado e desgostoso. nunca assumi a ideia de que te poderia perder. apesar de todas as despedidas, ambos sabíamos, como ficou comprovado nos recomeços, de quem éramos, o quanto nos queríamos, o quanto nos amávamos, basicamente. mesmo havendo distância, como agora existe também, nada disso se alterou. eu sabia que tu pensavas em mim, e tu sabias que eu pensava em ti. a cada momento do dia. pois, é o que se passa agora também, mas aqui já só posso falar da minha parte. e é isso que me dói...
dói porque estou, pela primeira vez, creio, com dúvidas em relação a isso. dói porque tenho medo que me tenhas diabolizado tanto ao ponto de me odiares e de nunca mais me quereres ver. dói porque eu nunca quis que isto acabasse, NUNCA, mas o que fica, depois de tudo o que tenho lido, é a ideia de que o grande culpado fui eu, porque tinha um plano b, já andava a arquitectar tudo há muito tempo, e os astros é que tinham razão. nunca menti e detesto injustiças.
vivia para ti, acordava a pensar em ti, trabalhava a pensar em ti, almoçava a pensar em ti, voltava a trabalhar a pensar em ti, jantava a pensar em ti e adormecia a pensar em ti. estavas sempre presente. não havia, nem podia haver, espaço para mais ninguém. mas isso não era mau, era assim que eu queria. queria saber se tinhas dormido bem, se tinhas almoçado em condições, se já tinhas chegado à formação ou regressado bem a casa. sabia onde estavas, com quem estavas, o que comias, os teus problemas, tudo, tudo, tudo.
sabia o que te afligia, a forma como procuravas encaixar tudo na tua agenda, como as horas do dia eram insuficientes para tudo aquilo que gostarias de fazer. foi sempre assim até ao final. se tu tinhas horas a menos na tua agenda, eu tinha o meu campo emocional e cerebral totalmente ocupado, sem espaço sequer para uma agulha ou um fio de cabelo. eras tu, tu e tu, 24 horas por dia. precisava da tua mensagem de manhã para começar a trabalhar. precisava de saber se estavas bem. ao almoço, a mesma coisa. quando chegavas a casa. ao jantar. e, ao fim do dia, nunca nos deitávamos sem antes nos despedirmos um do outro. nunca!
havia tudo nesta relação: respeito, amizade, partilha, cumplicidade, amor, consideração, ternura, carinho, admiração... tudo! portanto, por que raio quereria eu trocar-te por outra pessoa? por que raio estaria eu a congeminar um plano para acabar com tudo isto? por que raio me passaria pela cabeça abandonar a mulher que mais amei em 50 anos de vida, a mulher que mais feliz me fez até hoje, a mulher que me fez acreditar novamente nas pessoas, que me fez sonhar e arquitectar planos em conjunto para o futuro, a mulher/pessoa com quem mais queria estar, pela qual ansiava constantemente, a mulher mais bela que já conheci, a todos os níveis. todos! a mulher que mais desejava! mas teria algum sentido eu alguma vez pensar em deixar-te?! em trocar-te por outra pessoa?!
eu respondo: não teria, não tem, nem teve. e é por isso que é tão injusto tudo isto. eu não acabei contigo. como sabes, nunca o fiz. mas então, por que motivo me sinto assim? que mal fiz eu, afinal? respeitei as tuas últimas palavras, e vou respeitar sempre. sempre fui um cavalheiro, e tu sabes isso também, e nunca faria nada que fosse contra aquilo que me pediste e por isso tenho mantido a distância. não sou de me impor às pessoas, nunca fui, mesmo que isso vá contra todos os meus impulsos. mas o meu respeito por ti e por tudo aquilo que tivemos e temos é maior do que qualquer um dos meus impulsos, por muito fortes que eles sejam. respeito-te demasiado e, por isso, vou continuar a dar-te o espaço que me pediste, sem te procurar. mas, ao mesmo tempo, tenho um enorme receio de, com isso, estar pura e simplesmente a cavar a sepultura desta relação.
conheces-me desde 2011. não sou diabólico. tenho problemas em lidar com os meus sentimentos e por vezes consigo atraiçoar-me a mim mesmo, enveredando por um registo sarcástico que chega a roçar, porventura, algum desprendimento emocional. consigo reconhecer isso. não é arrogância, não é petulância, é um mecanismo de auto-defesa. estúpido, sim, mas um mecanismo. eu sei que já deveria ter mudado neste aspecto. mudei tantas coisas em mim com a tua presença na minha vida, mas ainda não consegui resolver ou evitar este tipo de comportamento.
não quero que penses que eu deixei de lutar por nós. nunca o farei. hoje, em nossa homenagem, abri uma garrafa de vinho tinto alentejano. não tem piada nenhuma beber sozinho. faltas-me tanto, meu deus! como dói não te ver, não te tocar, não te ouvir, não te sentir...
continuo a acreditar em nós! neste "nós" que construímos juntos. sou e serei sempre teu! nunca te esqueças disso...
quinta-feira, junho 08, 2023
a playlist dos 76
os velhos hábitos. não os consigo largar. este é um dos mais antigos e tem-me acompanhado desde que criei este blogue. é interessante observar que, ciclicamente, aqui venho colocar playlists reveladoras dos meus estados de espírito, plasmando aquilo que ouvia em determinado ciclo da minha vida e agrafando músicas a momentos marcantes. nos momentos mais felizes da minha vida, sempre procurei associar-lhes uma música. sempre foi assim. até em situações pontuais, como adormecer os meus filhos ao colo. com o pedro, a música que me ficou foi "thalheim", de david sylvian; já a da mariana foi a "lullaby 6000", dos the czars.
o casamento do meu melhor amigo tem uma música agrafada, assim como a madrugada da relação sentimental mais forte que tive até hoje. aliás, neste último caso, são às dezenas as músicas que eu quis associar aos múltiplos momentos de felicidade e cumplicidade vividos. ainda hoje, quando as ouço sou imediatamente transportado para essas situações, para os locais onde estivemos, o que dissemos, como nos entregamos um ao outro, a intensidade que colocamos nos nossos gestos, nas palavras, nas atitudes. e fico nostálgico, melancólico, inerte, saudosista... entro em modo economizador de bateria, não quero funcionar, não quero produzir, não quero fazer mais nada. apenas ouvir as músicas e deixar-me levar pelas memórias. apenas isso.
fui abençoado com uma memória bastante capaz, facilmente me lembro dos locais onde estivemos, o que fizemos, o que comemos, o que bebemos, das fotos que tirámos, das gargalhadas, das caminhadas, dos passeios de mãos dadas, das descobertas, das viagens, da forma como cantávamos em dueto no carro, como ensaiávamos a "we've got tonight" para um dia qualquer cantarmos num bar de karaoke, dos beijos que te roubava por não conseguir controlar os meus impulsos. nunca consegui. só te queria tocar, mexer, estar agarrado a ti. foi assim no dia do nosso primeiro beijo. foi assim sempre. nunca te quis deixar ir, quis sempre estar agarrado a ti.
foi com este pensamento que decidi fazer esta playlist. dou muita importância às letras das músicas, como os meus 3 leitores já devem saber a esta hora, 17 anos depois, e foi a ouvir a "i would never", dos the blue nile, e de absorver e apropriar-me da sua letra, que decidi fazer esta playlist, porque, de facto, "i would never turn my back on your love". nunca o fiz. nunca o faria. como seria possível? que se lixem as previsões dos astros, as suposições e os enredos cinematográficos. de nada valem perante isto, esta convicção inabalável. eu nunca te deixaria. eu nunca acabaria contigo. nunca foi sequer uma opção. sei a quem pertence o meu coração, sei-o desde 2015, e hoje, 8 de junho de 2023, ele ainda pertence à mesma pessoa.
hoje, em que se completam 76 dias sem te ver... creio que nunca estive tanto tempo sem te ver desde que te conheço. e por isso é que estas músicas se ajustam tão bem ao que sinto. é uma playlist de dor, sofrimento, saudade e nostalgia. adaptam-se lindamente ao farrapo humano em que me tornei, à dor lancinante provocada pelas saudades que tenho de ti, à amargura de te "ver" em todo o lado, mesmo sem seres tu, de ficar parado na rua a certificar-me se estarei ou não a ficar louco ou se és mesmo tu que estás a passar do outro lado da estrada... mas não, nunca és tu, na realidade. nem eu sei o que faria se fosses mesmo tu. mas sei bem qual é a minha vontade e eu, como já referi anteriormente, já não tenho idade para refrear os meus impulsos, para contrariar os ditames do meu organismo, ele que está tão fartinho de me aturar assim, sem vida, sem norte e sem aconchego emocional.
a minha companhia têm sido estas músicas e tem sido assim, desta forma, que eu tenho lidado com o excruciante desgosto em que estou mergulhado e com a dor de não te ter ou ver. vou deixar que elas falem por mim...
1. i would never - the blue nile
2. on fire on a tightrope - JBM (jesse marchant)
3. to wish impossible things - the cure
4. no widows - the antlers
5. adrift - jesse marchant
6. the same deep water as you - the cure
7. true love waits - radiohead
8. lost with you - patrick watson
9. damage - david sylvian
10. infinite arms - band of horses
11. here comes the river - patrick watson
12. from a late night train - the blue nile
quarta-feira, junho 07, 2023
irremediavelmente encharcado e com o coração aos pulos
acabei de jantar, peguei na máquina fotográfica e saí de casa, em direção ao verão no parque, iniciativa municipal realizada no parque aquilino ribeiro. como tinha trovejado horas antes, pensei, inocentemente, que talvez não tivessem adiado o concerto dos expresso cool. e como eu gosto de sair à rua logo após ter chovido. menos gente, o reflexo das luzes na estrada, as nuvens aperaltadas, o tempo mais fresco... chegado ao parque, logo vi que o evento tinha sido adiado. mesmo assim, não dei o tempo por perdido. sentei-me na esplanada, era a única pessoa, tomei um café, segafredo zanetti, logo um dos meus preferidos, e comecei a calcorrear de máquina em riste. saiu isto. ah, resta dizer que apanhei uma valente molha, porque mal saí do parque, começou a chover. e bem.
quando cheguei à praça de d. duarte, já totalmente encharcado até aos ossos, pareceu-me ter visto uma miragem. não foi muito perto de mim e como já não vejo muito bem ao longe, não posso jurar. estaria, inicialmente, a uns 30 metros. como normalmente caminho a olhar para o chão, lembro-me apenas de ter olhado uma vez para a frente e ver alguém muito parecida com ela. reparei no cabelo, claramente de uma pessoa que hoje foi ao cabeleireiro. sempre a caminhar, continuei a olhar em frente, mas o guarda-chuva e o facto de ela não vir na minha direcção, mas sim na perpendicular, não me permitiu reconhecê-la de imediato. tentei olhar para a roupa. uma saia comprida, de ganga, blazer preto, guarda-chuva preto também. não estava ainda convencido de que seria ela. já estava praticamente a começar a chegar à estátua do rei d. duarte, quando ela entrou no restaurante porta 64. ela já estava de costas quando olhei para o calçado, que eu sempre conheci muito bem. infelizmente, não consegui a prova de que necessitava através deles, porque não reconheci o calçado. ela entrou, perguntou algo a um empregado, que lhe indicou uma mesa do lado esquerdo da entrada no restaurante. entretanto, eu parecia um maluquinho a fazer umas figuras um tanto estranhas. todo molhado, parei, estiquei o pescoço, vi que ela se afastou da entrada em direcção à mesa ou ao local indicado. embrenhei-me pela esplanada. tentei na primeira janela à direita ver se a via novamente. do lado de dentro, os clientes fitavam-me, perplexos, a questionar o que raio queria um tipo todo molhado ao espreitar para dentro do restaurante. se a primeira janela não me permitiu visualizar nada, e era a que tinha mais ângulo, já sabia que a segunda ainda seria mais infrutífera, mas, mesmo assim, e sem ligar a todas as pessoas que me estavam a ver fazer aquelas figuras, olhei, tentei. nada feito. não consegui saciar a curiosidade.
em todo o caso, fosse ela ou não, não deixa de ser incrível. andei basicamente a fazer tempo no parque, a tirar fotos, sem pressas, sem horários. quando saio do parque, começa a chover. caminho em direcção a casa no meu passo normal, sem acelerar, até porque gosto sinceramente de andar à chuva, embora me preocupasse a máquina fotográfica. segui o meu caminho normal: rossio, rua do comércio, praça de d. duarte. e quando vou a passar à frente do restaurante, ela, se era ela, surge-me à frente. não foi mesmo mesmo à frente, porque aí eu teria tido certezas e teria dito algo, sabendo que era ela. à distância que foi, não deu nem para aferir se era ela, nem para a chamar. se era ela, também não me viu, certamente. sei como ela é. é como eu nesta matéria. caminhamos da mesma forma, sem olhar à volta, sem procurar contacto visual com ninguém, até nos gabávamos disso mesmo. mas por pouco não esbarrámos um no outro, de uma forma totalmente acidental.
ficarei sempre com esta dúvida. mas admito que tive uma vontade incrível, apesar do meu aspecto, todo encharcado de cabeça aos pés, de entrar no restaurante e de ir ter com essa pessoa. se não fosse ela, obviamente que pediria desculpas pela inusitada cena. se fosse ela, não sei o que faria, independentemente da pessoa ou pessoas que estivessem com ela. talvez deixasse, como sugeri noutro texto, que os nossos olhos falassem uns com os outros. ou os nossos corações.
se não era ela, até entendo. tem sido recorrente esta minha apetência para a ver em todo o lado, todos os dias. não é uma ou duas vezes por dia, são muitas mais. e em todas essas vezes fico com o coração aos pulos, como fiquei hoje. é da vontade de a ver, certamente, é a ansiedade a falar.
se era ela, e é estranho eu não ter esta certeza, e não nos cruzámos por meros cinco ou dez metros, é uma valente partida do destino, equivalente a uma valente joelhada no queixo.
mas até para mim é estranho chegar a esta idade e ainda ter este tipo de reacções, mas ao mesmo tempo a não ter receio dos meus impulsos e a equacionar mesmo entrar no restaurante. confesso que foi bom voltar a sentir o sangue a fervilhar nas veias, o coração a bater descompassado e a imaginação a correr desenfreada e selvagem. porque se isto foi apenas a minha imaginação, então é um gigante atestado de "irremediavelmente apaixonado". e eu mereço esse atestado, embora merecesse ser castigado por ter saído do parque 20 segundos atrasado...
domingo, junho 04, 2023
não é para todos...
caritel (a vaca que queria proteger o seu vitelinho de dois estranhos; e a nossa casa). ecopista do dão (farminhão). o gato rufus, da casa do steve (foz do arelho). praia da barra (com o jogo de trivial pursuit mais hilariante de sempre - flamingos que comem lagosta e aquela localidade, carcavil, próxima de lisboa). tomar (uma cidade linda!). ecopista do dão (num almoço idílico, em nagozela, em que só faltou o vinho tinto alentejano). são pedro de moel. chaves (uma das cidades que mais prazer nos deu conhecer). cascais (onde cumprimos um dos nossos mais ansiados sonhos, ver a diana krall ao vivo). fragas de são simão. ria de aveiro. foz do arelho (e a sua habitação mais conhecida). a lagoa de óbidos (sempre fascinante!). proença a nova (e o receio dos incêndios muito perto de nosso hotel). praia de lavadores, em vila nova de gaia (caipirinha e mojito). passadiços do sistelo (e o local do nosso mais do que merecido lanchinho, já no final dos 22 quilómetros efetuados). ponte da barca (e o verde mais verde que há, o do minho). e duas super bock na ecopista do dão (em canas de santa maria).
20 de muitos (mas muitos mesmo!) momentos vividos a dois, em franca cumplicidade, ternura, amizade, carinho, companheirismo, respeito, admiração mútua e amor. ficou para o final, mas foi o mais importante. sempre foi. o título do post é uma "inside joke", algo que nos saía da boca muito frequentemente, mas tem todo o cabimento. creio mesmo que tudo isto que nós conseguimos, a forma como o fizemos, não é mesmo para todos. felizmente, tivemos estes momentos, como tantos outros, mas admito que foi complicado escolher estes 20, podiam ser outros, noutros locais, de outras viagens. foi complicado também por outro factor: com a máquina fotográfica nas minhas mãos, eu só a queria fotografar, nada mais interessava. sentia-me como uma criança numa loja de brinquedos e o que mais desejava era capturar aquela beleza de todas as formas. portanto, nas nossas viagens, a proporção sempre foi à volta disto: 90% de fotos dela e 10% para o resto. daí a minha dificuldade...
faltam aqui muitos momentos, nomeadamente de lisboa ou porto, onde fomos muitas e muitas vezes, mas tentei ser o mais sintético possível nesta homenagem, se lhe posso chamar assim, ao que fomos num passado muito recente. quer dizer, estão aqui plasmados dois momentos de fevereiro.
sempre dissemos um ao outro que não conhecíamos ninguém como nós. sempre elogiámos tudo aquilo que construímos juntos. tínhamos orgulho nisso. na forma como nos conhecemos. dos anos que demorámos, com paciência e maturidade, a sentar-nos frente a frente (ainda não sabíamos que lado a lado era bem melhor!). da maneira como ficámos ambos enfeitiçados e completamente rendidos. era aquilo! era mesmo aquilo! a nossa mais do que merecida recompensa por tudo aquilo que passámos nas nossas vidas anteriores. fizemos por merecê-la, algo que fica bem provado no número de brindes que fizemos ao longo dos anos, olhos nos olhos, seguido de um beijo. uma das nossas deliciosas rotinas.
um brinde a nós, porque tudo isto aqui relatado, de facto, não é para todos...
o pináculo da felicidade no caritel
quinta-feira, junho 01, 2023
o amor, às vezes, é mesmo como nos filmes
- Jesse: I feel like this is, uh, some dream world we're in, y'know.
- Celine: Yeah, it's so weird. It's like our time together is just ours. It's our own creation. It must be like I'm in your dream, and you in mine, or something.
- Jesse: And what's so cool is that this whole evening, all our time together, shouldn't officially be happening.
- Celine: Yeah, I know. Maybe that's why this feels so otherworldly.
- Jesse: Oh, God, why didn't we exchange phone numbers and stuff? Why didn't we do that?
- Celine: Because we were young and stupid.
- Jesse: Do you think we still are?
- Celine: I guess when you're young, you just believe there'll be many people with whom you'll connect with. Later in life, you realize it only happens a few times.
- Jesse: And you can screw it up, you know, misconnect.
- Jesse: You're just like the little girls and everybody else. You wanna live inside some fairy tale. I'm just trying to make things better. I tell you that I love you unconditionally, I tell you that you're beautiful, I tell you that your ass looks great when you're 80. I try to make you laugh.
- Celine: Ok.
- Jesse: All right, I put up with plenty of your shit. And if you think I'm just some dog who's gonna keep coming back, then you're wrong. But if you want true love, then this is it. This is real life. It's not perfect, but it's real. And if you can't see it, then you're blind, all right, and I give up.
- Jesse: I am giving you my whole life ok? I got nothing larger to give, I'm not giving it to anybody else. If you're looking for permission to disqualify me, I'm not gonna give it to you. Ok? I love you. And I'm not in conflict about it. Okay? But if what you want is like a laundry list of all the things that piss me off, I can give it to you.
- Celine: Yeah, I want to hear.
- Jesse: Okay well, number 1, you're fucking nuts! You are. Good luck! Find somebody else to put up with your shit for more than like 6 months okay? But I, accept the whole package, the crazy and the brilliant. I know you're not gonna change and I don't want you to. It's called accepting you for being you.