quinta-feira, outubro 19, 2006

escuridão total

ele não queria ser visto como um santo, uma espécie de anjo na terra. detestava simpatias forçadas e sorrisos amarelos. caminhava de cabeça baixa por não querer chocar com uma conversa banal ou cumprimentos institucionalizados. apenas queria ser ele mesmo, sem tentar agradar a ninguém, nem mesmo a ele próprio. todos os dias tinha que ver a mesma cara de manhã, as mesmas olheiras, os mesmos olhos cansados. os amigos foram passando, uns nem sequer um esforço fizeram para o compreender ou aceitar. não mendigava convites, não falseava atitudes, não aceitava hipocrisias. afastou-se. saiu de cena. sem dar explicações. também ninguém não as pediu. o impacto criado tinha sido insignificante, quase nulo. o rosto foi ficando cada vez mais fechado, o seu interior cada vez mais negro. o que antes era sangue transformou-se em poeira, o que antes era vida transformou-se em morte. amargurou por dentro. enrugou os tecidos que antes abrigavam o seu coração e... escureceu de vez.
será que ele alguma vez voltará?

terça-feira, outubro 17, 2006

disco da semana 2

Grandaddy
"Just like the fambly cat"
último disco dos grandaddy, banda californiana formada em 1992. da sua discografia constam "a pretty mess by this one band" (1996), "under the western freeway" (1997), "the sophtware slump" (2000) e "sumday" (2003). antes de lançar este novo disco, a banda anunciou o final da carreira, fazendo de "just like the fambly cat" o seu epitáfio. apontados como "the next big thing" em 2000, depois do magnífico "the sophtware slump", e muitas vezes comparados com bandas como the flaming lips, radiohead e mercury rev, os grandaddy saem agora de cena com um disco que potencia as virtudes do grupo, no seu estilo electro/pop/rock, fundindo arranjos electrónicos e sintetizadores com sons pungentes de guitarra, acompanhados da voz meiga e doce de jason lytle. os pontos altos do disco são "the animal world", "rear view mirror", "guide down tonight", "campershell dreams", "elevate myself" e "summer... it's gone" (tal como eles, infelizmente). vão deixar saudades...

disco da semana 1


richard hawley
"coles corner"
em termos vocais é uma espécie de paul buchanan (the blue nile) misturado com kurt wagner (lambchop), com laivos de nick cave, aqui e ali. nomeado com este album para os mercury prize deste ano, prémio vencido pelos arctic monkeys, richard hawley atinge finalmente o merecido reconhecimento, com canções introspectivas e sentimentais, envoltas num ambiente romântico suave e intimista. a voz do cantor domina completamente as atenções, cativando imediatamente com o seu timbre carregado e grave. no entanto, os arranjos de violino, presentes em todas as músicas, merecem igualmente destaque, criando uma simbiose perfeita, num puro deleite auditivo. em termos de canções, o destaque vai para "coles corner" (que dá nome ao disco), "the ocean", "tonight", "wait for me" e "born under a bad sign".

segunda-feira, outubro 16, 2006

esquecer...

esquecer... como se pode efectivamente esquecer alguém? afastamo-nos propositadamente dessa pessoa? pedimos um tempo? solicitamos uma deslocalização lá na empresa? comemos queijo desalmadamente durante uma semana?
tentamos enganar-nos prometendo a nós próprios que nunca mais vamos ligar a essa pessoa, quando interiormente desconfiamos que, ao mais insignificante motivo, lá cedemos e quebramos essa promessa. se essa pessoa faz parte da nossa vida, seja ela emocional ou profissional, ainda mais difícil se torna, porque esquecer uma pessoa que sabemos que não voltaremos a ver durante um largo período de tempo é substancialmente fácil (vejam o que sucedeu no psd, onde já ninguém se lembra do santana lopes, por exemplo). o mais difícil é mantermos as nossas convicções e resoluções. queremos esquecer uma pessoa mas não lhe queremos dar a entender que a queremos esquecer, porque isso seria a prova de como essa pessoa está a influenciar a nossa vida, ocupando quase metade do nosso cérebro e protagonizando 50% dos nossos pensamentos diários. entenderam? está confuso, admito.
o problema de tentar esquecer alguém de uma forma rápida e definitiva (como pretendemos) é que essa pessoa pode ficar-nos para sempre. porque um corte unilateral é sempre motivo de constantes perguntas do género: "estás chateado comigo?", "porque raio deixaste de me convidar para almoçar?", "porque não respondes aos meus sms?". teremos, então, de fazer algo que queremos evitar a todo o custo: dar uma explicação. porque na maior parte das vezes a outra pessoa não faz a mínima ideia do que se está a passar connosco e nem desconfia que a estamos a tentar esquecer. e explicar isso a alguém é uma tarefa quase impossível.
primeiro é preciso interiorizar que temos que sofrer para esquecer, reconhecer a doença é sempre a primeira parte de qualquer cura. é preciso esquecer devagar. não se pode esquecer alguém antes de terminar de a lembrar. não adianta forçar. para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, de momento em momento, na esperança de ele se cansar. quando conseguirmos passar, depois, um dia inteiro, sem pensar nessa pessoa, estamos no caminho certo. há-de haver recaídas, elas existem sempre, especialmente quando estivermos sós, a precisar de uma palavra, de um conselho, de conforto emocional. é nessas alturas que temos que pensar e aceitar que há lembranças e amores que necessitam do afastamento para poderem perpetuar-se. os grandes amores vencem o afastamento e a distância. há grandeza no sofrimento. sofrer é respeitar o tamanho e o significado que tem o amor que se vive. quando sabemos que não nos podemos continuar a enganar a nós próprios ao viver uma determinada relação, resta-nos aceitar a dor, enfrentando a mágoa que nos despedaça o coração, libertando-nos e libertando a outra pessoa.

sexta-feira, outubro 13, 2006

naquele lugar só nosso


conheço um lugar onde tudo parecerá certo. queria ter a possibilidade de te levar lá. lá contornaríamos a impossibilidade das coisas, poderíamos vencer a inevitabilidade do tempo, rir sem tapar a boca e abafar o som. lá estaríamos apenas nós a contemplar o pôr do sol, deitados a olhar o infinito em cima da relva fresca. o tempo vai-nos deixar ficar lá, para sempre, vamos alimentar-nos de palavras e olhares cúmplices, encher a alma e nascer de novo, nos braços um do outro. lá poderia estar sempre perto de ti para garantir que as únicas lágrimas que chorasses fossem de felicidade, nunca deixando que as nuvens habitassem a tua alma, escurecendo a tua natural incandescência. seríamos apenas nós. eu e tu! num cantinho só nosso, inacessível ao resto dos mortais.
vem cá ter... espero por ti!

sonhos

sonhos! quem não tem sonhos? e não estou a falar daqueles sonhos no sentido de aspirações, desejos (o chamado sonhar acordado). nesse género de sonhos eu hoje já ganhei o jackpot do euromilhões, fundei uma revista, tornei-me director dela, comprei um clube de video, uma casa nova para a minha familia, mais dois carros, uma lata de atum e um pacote de batatas fritas. estou a falar dos outros, os "inconscientes". uma pessoa deita-se, fecha os olhos, adormece e lá vêm eles. estranhos, esquisitos, sem qualquer vislumbre de lógica.
há quem diga que os sonhos são desejos reprimidos, recalcamentos, motivo pelo qual lhes dão inusitada importância. essas pessoas tendem a analisar os seus sonhos, têm um bloco de notas na mesinha de cabeceira para, quando acordarem, apontarem tudo para não se esquecerem, para no dia seguinte terem motivo de conversa no trabalho ou mesmo na consulta de psiquiatria. também há quem defenda que, enquanto se dorme, a alma sai do corpo e vai passear para outro mundo, regressando de madrugada a cheirar a tabaco e licor beirão. outra corrente de pensamento interessante defende que, num acto de machismo comovente e tocante, um homem que sonhe que a mulher é adúltera pode devolvê-la ao sogro na manhã seguinte.
mas, no fundo, o que são os sonhos? são puros disparates sem sentido (como os filmes recentes de david lynch). são poucos os sonhos que me lembro de ter tido. num deles sonhei com a mulher do jardel (a karen ribeiro ou metzenbacher ou lá o que é) e o que é que isso quer dizer? nunca vi a mulher ao vivo, mas já sonhei com ela. quer dizer que lhe quero saltar para a espinha? bem... talvez. outra vez sonhei que um vizinho meu queria à força estacionar o carro dele na minha garagem, oferecendo-me em troca uma robusta abóbora. num outro sonho, os meus pais estavam a chegar a minha casa para almoçar e ainda estava toda a gente a dormir lá em casa, a almoço por fazer, a mesa não estava posta, e eu levantei-me com o som da campaínha e... fui-me esconder na despensa até eles irem embora. enfim, tudo numa lógica acima da média.
um sonho é uma espécie de "chichi" cerebral. sonhar é um alívio. o cérebro fica com aquilo que precisa para pensar, lembrar, desejar, imaginar e organizar-se; o resto deita fora em forma de sonhos. admito que um sonho, tal como o citado "chichi", se possa analisar, mas daí a tirar as grandes ilações que por vezes se tiram, vai uma grande distância.
sonhos a sério são aqueles que se perseguem e constroem, como aquele de que tanto falava o martin luther king quando dizia "I have a dream". os outros são balelas psicológicas que o nosso cérebro nos impinge, enquanto vai passear fora do nosso corpo.

quinta-feira, outubro 12, 2006

irmão gémeo?


ontem, dia 11 de outubro, a minha irmã fez 31 anos. a minha família reuniu-se, como é tradição, para festejar, com um jantar, a passagem de mais um aniversário. a coisa correu bem, como sempre, bacalhau com natas, casal garcia, tinto alentejano... a minha irmã não toca em bebidas alcoólicas, de forma que ela e os miúdos (que já são quatro, sendo 2 filhos para cada irmão) beberam sumos e néctares. numa rápida consulta, a meio da noite, pelos canais nacionais, na sic estava a passar a novela "cobras e lagartos" (uma das quinhentas novelas brasileiras que aquele canal é obrigado a transmitir, à luz do contrato que tem com a rede globo). pois bem, repararam certamente na informação preciosa que eu dei há momentos, sobre a minha irmã não beber bebidos alcoólicas, que até parecia gratuita e supérflua à primeira vista mas que passa a fazer sentido nos próximos segundos: espectadora assídua desta novela, a minha irmã acha que eu sou extremamente parecido com o tipo da fotografia agrafada a este post. o actor chama-se henri castelli e na novela, pelos vistos, interpreta a personagem "estevão". detivemo-nos por mais uns minutos a ver o programa e, passados uns minutos, também a minha mulher começa a ver algumas semelhanças faciais, nomeadamente do nariz para cima (olhos, testa, entradas, cabelo), considerando, todavia, que tenho uma boca e uns lábios muito mais sexy's do que o actor (lá está, a minha mulher, no que toca a bebidas, não é nada parecida com a minha irmã).
como ela fazia anos, dei-lhe um desconto. estava animada e feliz por fazer anos (e ainda por cima fazia também aniversário de casamento - 9 anos). de certeza que amanhã, quando regressar à normalidade e estiver a ver o "um contra todos" na rtp, me vai achar parecido com o josé carlos malato...

quarta-feira, outubro 11, 2006

perguntas

perguntas sem resposta (aparente):
(em jeito de homenagem ao blog "perguntar não ofende")

- quantos mais homens vão ser "o homem da vida" de elsa raposo?
- a floribella terá fim ou só quando os seus actores aprenderem a representar?
- o santana lopes ainda terá lata para voltar a aparecer no meio político?
- os criadores da telenovela "jura" não sabiam que era preciso escrever um argumento?
- o valentim loureiro é verdadeiramente o tony soprano português?
- o caso "casa pia" só terá fim quando os acusados morrerem de velhice?
- alberto joão jardim proferirá, algum dia, qualquer coisa inteligente e ponderada?
- quando é que começa a passar na rtp a terceira série do "lost"?
- porque é que não convidam a catarina furtado para ser concorrente no "dança comigo"?
- haverá alguém em portugal que nutra alguma simpatia pela júlia pinheiro?
- o desfile de aniversário da sic era uma tentativa de realizar o evento mais patético de sempre em televisão?

ser pai

não há como ser pai para finalmente podermos ver os nossos próprios defeitos. os meus filhos estão bem divididos em termos genéticos. o rapaz sai ao pai, a menina sai à mãe, tanto fisicamente (como convém), como psicologicamente. o pedro é, como diz a mãe, tal e qual o pai e, como tal, torna-se difícil repreender ou reprimir um comportamento que eu entendo e pratico, mesmo inconscientemente. e ele sabe isso, aproveitando-se deste meu "calcanhar de aquiles" para "usar e abusar" da minha paciência. reage mal ou não reage de todo quando confrontado com alguma autoridade mais evidente. gosta de fazer as coisas no timing dele, sem pressões, sem constantes apelos à rapidez. gosta é de jogar playstation (quem é que o pode recriminar?), ver televisão, os filmes que lhe estou contantemente a comprar (há dias comprei os dois "toy story" em dvd, que acho essenciais naquele género cinematográfico), de andar de bicicleta, de brincar com as centenas de brinquedos que tem no quarto. raramente quer sair de casa ao fim de semana, prefere sempre ficar em casa (mais uma vez, ninguém o pode censurar). cede neste aspecto quando lhe dizemos que vamos comprar alguma coisa para ele ou para a mariana. sim, o materialismo está bem vincado já na sua personalidade. o natal está a chegar e ele já anda a consultar catálogos e folhetos dos hipermercados e toys are us.

a escola começou há um mês. nas breves conversas que tenho com a professora dele, ela entende que o pedro é muito brincalhão e distraído, que está sempre na brincadeira, em vez de se aplicar a fundo nas aulas. em casa, fazer os trabalhos é sempre uma maçada e qualquer coisinha insignificante serve para o distrair do que está a fazer, como uma mota a passar na rua ou o camião que vem recolher o lixo. nós "apertamos" com ele, fazemos-lhe ver que já tem responsabilidades, que tem de ser mais aplicado e atento. ele entende e aceita, mas no dia seguinte faz precisamente os mesmos erros e tem a mesma atitude. é um castigo para nós e para ele os trabalhos de casa. apenas posso imaginar como será o seu comportamento na sala de aula e o que "sofre" a professora (mas também é a profissão dela e está lá para isso mesmo; certamente que haverá alunos mais problemáticos do que o meu filho).

não posso deixar de me sentir "culpado" por ele ser assim. são os meus genes a interferir. ele tem as suas prioridades, próprias da sua idade. quer brincar, ver televisão, jogar, andar de bicicleta. sabemos que não poderemos forçar demasiado o seu sentido de responsabilidade, sob pena de ele se revoltar e agir precisamente ao contrário do que nós queremos. vamos confiar nele e nas linhas orientadoras que lhe incutimos até agora. sabemos que ele não nos vai decepcionar; apenas está a devorar a vida, a saborear o facto de ser uma criança. e isso é saudáve!
quero chegar a casa e brincar ou jogar playstation com ele, ver um filme ou televisão com ele. não tenho personalidade nem postura para ser um pai severo e castigador. já tentei mas ele não me leva a sério. sabe que sou feito do mesmo material que ele...

terça-feira, outubro 10, 2006

o sexo

ja alguém me disse que este blog é giro (ainda bem que não utilizaram termos com "fofo" ou "querido"), que cobre algumas áreas culturais e tal, tem alguma opinião, alguma ironia às vezes. no entanto, essa mesma pessoa queixou-se que existem poucas referências a... sexo. facilmente chegamos à conclusão que a pessoa que me disse tudo isto é um homem. é um factor sempre presente nas nossas vidas. os homens ficam loucos com decotes, mini saias, calças de ganga apertadas a realçar o rabo, etc.. as mulheres até podem pensar da mesma forma em relação aos homens, mas essas sensações são facilmente postas de lado se virem uma montra de uma sapataria ou de um pronto a vestir. o corpo masculino não é, vamos lá ser sinceros, nada de especial. não temos seios salientes, rabos espetados ou que encham umas calças de ganga, temos pelos no peito, etc. e tal. o corpo feminino é, por outro lado, simplesmente inebriante. claro que as mulheres podem sempre contradizer-me e dizer exactamente o contrário. mas a questão é que cada homem deve pensar em sexo cerca de 50 vezes por dia, enquanto as mulheres devem pensar apenas umas 3. como disse jerry seinfeld, num dos episódios de "seinfeld":
"o conflito básico entre homens e mulheres, do ponto de vista sexual, é que os homens são como os bombeiros: para nós o sexo é uma emergência e independentemente do que estivermos a fazer conseguimos estar prontos em dois minutos. as mulheres, por seu turno, são como o fogo. são muito excitáveis, mas têm de estar reunidas as condições exactas para que aconteça".

basta compararmos igualmente o comportamento de homens e mulheres numa discoteca, por exemplo, num sábado à noite. os homens solteiros andam em grupos grandes, aos encontrões, aos grunhidos a maior parte das vezes, todos desorganizados, sem saberem para onde ir, geralmente com copos na mão e um aspecto miserável. as mulheres solteiras andam em grupos pequenos, o guarda roupa mantém-se impecável a noite toda, a maquilhagem idem, são observadoras, sabem esperar, ponderadamente, pelo momento certo, caso encontrem algo de que gostem. no fundo, comportam-se ambos como as nossas células sexuais. os homens são os espermatozóides, aos encontrões, desorganizados, numa corrida louca em busca de algo; as mulheres são o óvulo, ficam à espera, calmamente. quando os espermatozóides chegam dizem:
- "bem, qual destes é que vai ser? tenho mesmo que escolher? posso esperar mais um mês. é melhor esperar. há tempo".
pronto, já abordei o tema "sexo" no blog. agora sim, isto vai avançar. oh se vai!

I see a darkness
















"I see a darkness" - bonnie "prince" billy

Well, you're my friend
And can you see
Many times we've been out drinking
Many times we've shared our thoughts
But did you ever, ever notice, the kind of thoughts I got
Well you know I have a love, a love for everyone I know
And you know I have a drive to live I won't let go
But can you see this opposition, comes rising up sometimes
That dreadfull imposition, comes blacking in my mind

And then I see a darkness
And then I see a darkness
And then I see a darkness
And then I see a darkness
Did you know how much I love you
Is there hope that somehow you
Can save me from this darkness

Well I hope that someday buddy
We'll have peace in our lives
Together or apart
Alone or with our wives
And we can stop our whoring
And pull the smiles inside
And light it up forever
And never go to sleep
My best unbeaten brother
This isn't all I see

I know, I see a darkness
I know, I see a darkness
I know, I see a darkness
I know, I see a darkness
Did you know how much I love you
Is there hope that somehow you
Can save me from this darkness

o video, ao vivo, desta música, pode ser visto em:
http://www.youtube.com/watch?v=OzF09GHuDt0

a versão ao vivo perde um bocado para o original, portanto, se puderem, tentem ouvir o original. e já que estão com a "mão na massa", há músicas muito interessantes de bonnie "prince" billy para ouvir, como "you will miss me when I burn", "gulf shores", "beast for thee", "bed is for sleeping", "hard life", "wolf among wolves", "madeleine-mary", etc..

segunda-feira, outubro 09, 2006

bonnie "prince" billy


se este blog fosse uma espécie de magazine cultural, ao estilo do "acontece", e eu uma versão do carlos pinto coelho, por hoje já teríamos enchido o programa. televisão, cinema e agora música. o disco recomendado esta semana (caramba, parece mesmo um programa de televisão!) é este:

"the letting go", de bonnie "prince" billy.

(agora vem a parte em que se debitam algumas palavras sobre o artista)

bonnie "prince" billy é, basicamente, will oldham, músico que também já editou trabalhos com o nome de "palace", "palace songs" e "palace brothers". confusos? é mesmo para estarem. nascido em louisville (e.u.a.), will oldham trabalhou na década de 80 e inícios da de 90 como actor. em 1992 decide tentar a música, estreando-se como "palace songs", com o single "ohio river boat song"; no ano seguinte editou o seu primeiro album, "there is no-one what will take care of you", já como "palace brothers". em 1995, novo album, "viva last blues", já sob o nome de "palace music". em 1997 lançou "joya", um disco privilegiado porque foi o primeiro e único a levar o verdadeiro nome do artista na capa. todavia, a partir de 1998, todo o trabalho e as várias colaborações do cantor começaram a ser creditadas ao nome bonnie "prince" billy. albuns como "black dissimulation", "I see a darkness", "ease down the road" e "master and everyone" foram cimentando a carreira do artista, sempre com excelentes avaliações por parte da crítica especializada, rendida já ao seu potencial. em 2004 surgiu uma espécie de colectânea, "bonnie "prince" billy sings greatest palace music", em que regravou músicas antigas do seu repertório, para, em janeiro de 2005, lançar "superwolf", um dos seus discos mais aclamados pela crítica, que se referiu ao mesmo como "reflective, bittersweet, and achingly melodic, it was praised as one of the year's first truly strong albums". finalmente, em setembro deste ano, apareceu este "the letting go", disco que me levou a escrever tudo isto.

bonnie "prince" billy vai crescendo dentro de nós, não é daqueles sons imediatos, que se consomem imediatamente mas que também enchem rapidamente. vai-se gostando mais de cada vez que se ouve. recomendo!

"o filme"


revi "cyrano de bergerac" no fim de semana.
voltei a ficar com a sensação de que é este "o filme". dezasseis anos depois, continua a despertar as mesmas emoções, a comover e a apaixonar... gérard depardieu é assombroso como cyrano, a realização é eficiente, a fotografia excelente. já dissertei bastante sobre este filme neste blog. o post serve apenas para confirmar, em absoluto, que este é mesmo o meu filme preferido de todos os tempos!

novo vício


NIP/TUCK

comprei a primeira série em dvd. lá em casa ficamos rendidos e "despachamos" os 13 episódios em 4 dias! entra directamente para o top ten das minhas séries preferidas, onde já estão lost, 24, sopranos, friends, seinfeld, curb your enthusiasm, six feet under, house e family guy.

quarta-feira, outubro 04, 2006

as praxes académicas

"Ex-caloira pede 70 mil € de indemnização ao Instituto Piaget
- Uma ex-caloira do Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros que se queixou de abusos nas praxes em 2002 pede uma indemnização de quase 70 mil euros ao estabelecimento de ensino, anunciou a aluna. Em declarações à Lusa, Ana Sofia Damião disse sentir-se "lesada" pela forma como a direcção do Instituto Piaget de Macedo de Cavaleiros conduziu o caso e quer ser ressarcida por alegados "danos morais e patrimoniais". A ex-aluna do Piaget, que se encontra a concluir um curso de Farmácia noutra instituição, decidiu avançar com um pedido de indemnização no valor de quase 70 mil euros num processo cível que começa a ser julgado amanhã no Tribunal de Macedo de Cavaleiros. Esta é a segunda vez que Ana Sofia Damião recorre à justiça, depois de o mesmo tribunal ter decidido, em Novembro de 2004, não levar a julgamento um processo-crime por entender "não haver matéria para levar adiante as acusações" aos dez alunos investigados. A antiga caloira acusou colegas dos segundo e terceiro anos do curso de Fisioterapia de, durante a recepção ao caloiro em Outubro de 2002, a terem obrigado a praticar "actos humilhantes" como a "simulação de actos sexuais e nudez em público". O caso motivou a intervenção da Inspecção-Geral de Educação, que enviou um relatório à Procuradoria-Geral da República, e um processo interno de averiguações no Piaget, que culminou em repreensões escritas aos alunos identificados. A própria caloira foi também repreendida pela exposição pública que fez dos factos. A repreensão de que foi alvo é uma das razões que Ana Sofia Damião alega para avançar com o pedido de indemnização, por entender que "a escola não teve uma postura correcta, o que criou um ambiente hostil na escola e fez com que tivesse desistido do curso". Na sequência deste caso, o Instituto Jean Piaget abriu um debate nacional sobre a problemática das praxes, que levou à elaboração de uma carta de princípios reguladores destes rituais académicos nos seus estabelecimentos de ensino superior".
- notícia de 4 de outubro 2006.

vergonhoso! as praxes são meros pretextos para que pessoas com mentalidade perversa e tortuosa, devidamente autorizados pela sociedade e pelas instâncias universitárias, que "fecham os olhos" a tudo em nome do espírito académico, perpetuem e instiguem actos vergonhosos, censuráveis e condenatórios. humilhar alguém em praça pública é algo que deve dar algum gozo a esse género de pessoas, sobretudo quando no ano passado foram eles os humilhados. é um ciclo vicioso: quem foi humilhado, humilha nos anos seguintes. pura parvoíce, idiotice e, acima de tudo, reveladora do espírito infantil, irresponsável e depravado de muitos desses estudantes. podem dizer que é tradição, que é o espírito académico... para mim, tudo isto leva a excessos, as praxes resultam em casos como o relatado neste post, as latadas e os desfiles académicos não passam de centenas de jovens com latas de cerveja na mão, a caírem de bêbedos, a conspurcar tudo o que encontram pela frente, as semanas académicas idem...
andamos a criar os nossos filhos para depois os vermos a fazer estas figuras, com o beneplácito das escolas e das universidades?
felizmente, o último parágrafo da notícia transcrita em cima leva-nos a ter alguma esperança. acho bem que regularizem estes actos. afinal, a época medieval já lá vai...

revistas femininas


há dias acompanhei um amigo a um laboratório de análises clínicas. ainda estivemos por lá uma meia hora, espaço de tempo que eu aproveitei para folhear algumas revistas expostas na sala de espera. a predominância literária ia claramente para as revistas femininas e cor de rosa. as revistas femininas, activa, máxima, cosmopolitan, vogue, etc., são o género jornalístico com mais "certezas" e "verdades inquestionáveis" por metro quadrado. elas dão conselhos de beleza, dicas sobre os melhores acessórios, a lingerie mais adequada para qualquer situação. enfim, todas as mulheres (sim, mesmo a teresa guilherme e a odete santos) podem ser belas e charmosas se seguirem os conselhos da revista sobre os cuidados de beleza feminina. é fácil ser bonita, perder a celulite em duas semanas, as rugas em dois meses, etc.. curiosamente, quase sempre os editoriais destas revistas apregoam que só os homens insensíveis acham que as mulheres precisam de ser bonitas...

depois lá estão sempre as mesmas rubricas em todas: os editoriais desprovidos de conteúdo, que se acabam de ler e cinco minutos depois já não nos lembramos de nada (se os editoriais servem para marcar uma posição redactorial, para assumir ideias, para quê este esmero com que nas revistas femininas se produzem editoriais sobre coisa nenhuma, verdadeiro pudim de banalidades a demonstrar como a escrita pode ser uma coisa rigorosamente inútil?); a secção "mulheres que se destacam" ou "mulheres que são notícia", como se elas fossem uma raça inferior e seja necessário realçar quando efectivamente conseguem algum protagonismo; os artigos de opinião de cerca de meia dúzia de indefectíveis, com tempo de antena em todas as revistas do género: rita ferro, margarida e clara pinto correia, margarida martins, margarida rebelo pinto (e já vou na terceira "margarida"!); as "reportagens" sobre temas da sociedade que afectam as mulheres, do género "recomeçar aos 40", "sexo no emprego", "apaixonei-me pelo meu melhor amigo", "como combater a rotina", etc., tudo baseado em "testemunhos" palpitantes e espontâneos, dum realismo impressionante, de pessoas como a "maria, 36 anos, enfermeira", "ana, 44 anos, veterinária" ou a "justina, 31 anos, secretária" (será que estas pessoas existem mesmo ou são apenas alter egos da redactora do texto?). a receita consiste em pôr na boca das imaginárias fontes o que as leitoras gostariam de dizer, sem se atreverem a tal.

outro tema sempre presente é o sexo. não pode faltar. a eterna questão do prazer feminino continua a ser a inspiração para milhares de textos. dá a impressão que esta gente quer transformar o sexo numa ciência exacta, com laivos de tese de doutoramento. no futuro teremos uma geração de mulheres que vai para a cama com o código dos direitos sexuais femininos e anuncia, logo de entrada: "fica sabendo que as minhas zonas erógenas são aqui, ali e acolá, o vocabulário que me excita é este e não aquele, o meu orgasmo é do tipo clitoridiano e, segundo o meu médico assistente, o meu tempo médio de aquecimento é de 11 minutos e quarenta".

terça-feira, outubro 03, 2006

a musica mais triste

"mysteries of love", uma versão de antony and the johnsons do clássico da banda sonora de "blue velvet", cantada originalmente por julee cruise, com letra de david lynch, realizador do filme, e música do compositor angelo badalamenti. a música, não na sua totalidade, pode ser ouvida aqui:
http://www.theworldofadam.com/mystery.html
site do artista adam shecter, que criou animação em flash para várias músicas de antony and the johnsons.
"mysteries of love" é pura emoção, um sentimento pungente que nos atravessa o corpo como um raio de luz. fala de um amor vivido num mundo à parte, entre duas pessoas conscientes de que têm tudo na outra pessoa e que isso é suficiente para voarem bem alto, como se tivessem asas, passando acima das nuvens e enfrentando juntos o desconhecido e o... mistério do amor.

Mysteries of Love
(Lyrics by David Lynch, Music by Angelo Badalamenti)

Sometimes
A wind blows
And you and I
Float
In love
And kiss forever
In a darkness
And the mysteries of love
Come clear
And dance
In light
In you
In me
And show
That we
Are Love

Sometimes
A wind blows
And you and I
Float
In love
And kiss forever
In a darkness
And the mysteries of love
Come clear
And dance
In light
In you
In me
And show
That we
Are Love