ele não queria ser visto como um santo, uma espécie de anjo na terra. detestava simpatias forçadas e sorrisos amarelos. caminhava de cabeça baixa por não querer chocar com uma conversa banal ou cumprimentos institucionalizados. apenas queria ser ele mesmo, sem tentar agradar a ninguém, nem mesmo a ele próprio. todos os dias tinha que ver a mesma cara de manhã, as mesmas olheiras, os mesmos olhos cansados. os amigos foram passando, uns nem sequer um esforço fizeram para o compreender ou aceitar. não mendigava convites, não falseava atitudes, não aceitava hipocrisias. afastou-se. saiu de cena. sem dar explicações. também ninguém não as pediu. o impacto criado tinha sido insignificante, quase nulo. o rosto foi ficando cada vez mais fechado, o seu interior cada vez mais negro. o que antes era sangue transformou-se em poeira, o que antes era vida transformou-se em morte. amargurou por dentro. enrugou os tecidos que antes abrigavam o seu coração e... escureceu de vez.
será que ele alguma vez voltará?
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