sexta-feira, outubro 13, 2006

sonhos

sonhos! quem não tem sonhos? e não estou a falar daqueles sonhos no sentido de aspirações, desejos (o chamado sonhar acordado). nesse género de sonhos eu hoje já ganhei o jackpot do euromilhões, fundei uma revista, tornei-me director dela, comprei um clube de video, uma casa nova para a minha familia, mais dois carros, uma lata de atum e um pacote de batatas fritas. estou a falar dos outros, os "inconscientes". uma pessoa deita-se, fecha os olhos, adormece e lá vêm eles. estranhos, esquisitos, sem qualquer vislumbre de lógica.
há quem diga que os sonhos são desejos reprimidos, recalcamentos, motivo pelo qual lhes dão inusitada importância. essas pessoas tendem a analisar os seus sonhos, têm um bloco de notas na mesinha de cabeceira para, quando acordarem, apontarem tudo para não se esquecerem, para no dia seguinte terem motivo de conversa no trabalho ou mesmo na consulta de psiquiatria. também há quem defenda que, enquanto se dorme, a alma sai do corpo e vai passear para outro mundo, regressando de madrugada a cheirar a tabaco e licor beirão. outra corrente de pensamento interessante defende que, num acto de machismo comovente e tocante, um homem que sonhe que a mulher é adúltera pode devolvê-la ao sogro na manhã seguinte.
mas, no fundo, o que são os sonhos? são puros disparates sem sentido (como os filmes recentes de david lynch). são poucos os sonhos que me lembro de ter tido. num deles sonhei com a mulher do jardel (a karen ribeiro ou metzenbacher ou lá o que é) e o que é que isso quer dizer? nunca vi a mulher ao vivo, mas já sonhei com ela. quer dizer que lhe quero saltar para a espinha? bem... talvez. outra vez sonhei que um vizinho meu queria à força estacionar o carro dele na minha garagem, oferecendo-me em troca uma robusta abóbora. num outro sonho, os meus pais estavam a chegar a minha casa para almoçar e ainda estava toda a gente a dormir lá em casa, a almoço por fazer, a mesa não estava posta, e eu levantei-me com o som da campaínha e... fui-me esconder na despensa até eles irem embora. enfim, tudo numa lógica acima da média.
um sonho é uma espécie de "chichi" cerebral. sonhar é um alívio. o cérebro fica com aquilo que precisa para pensar, lembrar, desejar, imaginar e organizar-se; o resto deita fora em forma de sonhos. admito que um sonho, tal como o citado "chichi", se possa analisar, mas daí a tirar as grandes ilações que por vezes se tiram, vai uma grande distância.
sonhos a sério são aqueles que se perseguem e constroem, como aquele de que tanto falava o martin luther king quando dizia "I have a dream". os outros são balelas psicológicas que o nosso cérebro nos impinge, enquanto vai passear fora do nosso corpo.

1 comentário:

tulipa_negra disse...

finalmente percebi!
"enquanto se dorme, a alma sai do corpo e vai passear para outro mundo, regressando de madrugada a cheirar a tabaco e licor beirão"
por isso é que acordo estoirada sempre que tenho aqueles sonhos estranhíssimos, que não lembram a ninguém!!!