sexta-feira, abril 27, 2007

out of sight




há dias questionei neste espaço o talento da jennifer lopez para cantar. tal como muitas outras "cantoras", ela tem inquestionavelmente uma excelente aparência, tem corpo, tem presença, e os espectáculos ao vivo devem atestar isso mesmo. o que lhe sobra em termos físicos, falta-lhe, no entanto, em termos vocais. e a prova disso é que, enquanto esteve em alta como actriz, os seus discos vendiam como pão quente acabadinho de sair do forno; agora que a carreira está um bocado em baixo, até já se limita a cantar em espanhol e as vendas não andam famosas.
em termos cinematográficos, a jennifer lopez também não se pode gabar muito. entrou em "cagadas" tipo "o comboio do dinheiro", "vamos dançar?" (com o canastrão do richard gere), "uma sogra de fugir", com jane fonda, "gigli", com ben affleck, "anaconda", "a cela", etc.. no entanto, no seu currículo aparece um filme, de 1998, que se destaca sobremaneira de todos os outros. chama-se "out of sight", em português creio que se chama "romance perigoso", realizado por steven soderbergh e produzido por danny de vito e barry sonnenfeld, com um elenco de luxo: george clooney, ving rhames, don cheadle, albert brooks, catherine keener, michael keaton, steve zahn, dennis farina e a própria jennifer lopez. na última cena, conta ainda com uma participação especial de samuel l. jackson. o filme é, de facto, muito bom, pelo argumento, pelas interpretações, pela realização, mas o que me leva a fazer este post, para além de salientar a performance de jennifer lopez (coisa rara em filmes, para ela), é a excelente química existente entre ela e george clooney. a cena em que ambos estão fechados na mala de um carro em andamento e o diálogo que encetam vão ficar para a história. ambos conseguem sair dos seus papéis, ela de polícia, ele de ladrão de bancos, e reagem como se estivessem a tomar café numa esplanada, numa abordagem marcada por muita tensão e atracção física.

neste filme, lopez provou que, de facto, era actriz. pena foi que depois tivesse escolhido sempre papéis fracos em filmes "fáceis" para o box-office, em detrimento de bons papéis que a ajudassem a crescer como actriz. há pouco tempo, a actriz tentou, finalmente, uma incursão pelo cinema mais sério, menos comercial e mais desafiante. rodou em 2005, com robert redford e morgan freeman, o filme "an unfinished life" e até se saiu bem. pode ser que seja uma viragem na sua carreira como actriz. mas mesmo que nunca mais faça nenhum filme de jeito, hei-de recordá-la sempre como a karen sisco do "out of sight".

quinta-feira, abril 26, 2007

filmar a monica







vi ontem "combien tu m'aimes?", em português "quanto me amas?", com monica bellucci e gérard depardieu. como filme, pouco ou nada tem de inovador, a não ser a própria premissa do argumento: um recém vencedor da lotaria "compra" uma prostituta, por 100 mil euros por mês, para ir viver com ele. entre constantes recuos narrativos (ela fica, ela vai...), surgem diálogos por vezes sem nexo, que parecem até de improviso, algumas vezes cómicos, piscando o olho à comédia mais brejeira, outras vezes dramáticos, como um fabuloso monólogo da personagem de jean-pierre darroussin. depardieu parece perdido no filme, interpretando um suposto vilão que não quer "abrir mão" de monica bellucci (quem é que o pode censurar?). mas o seu registo é mais cómico do que sério, embora pareça que devia ser antes... o contrário.
em suma, uma hora e meia perdida, em que, tudo espremido, só resta mesmo... a monica bellucci. até hoje, e já vi vários filmes dela, este é o filme que mais tira proveito da sua presença. está esplendorosa, elegante, bela, fascinante, excitante (esperem que vou ao dicionário ver mais termos...), insinuante, encantadora e deslumbrante. bendito realizador, bertrand blier, que a filmou desta maneira. deve ter ficado tão encantando ao fazê-lo, que até se "desligou" do filme, tendo o produto final saído assim para o fraquito. quem é que te pode censurar ó bertrand?...

jardim sem flores

Alberto João Jardim pretende fazer, no mínimo, uma inauguração por dia, incluindo sábados e domingos, entre investimentos públicos e privados até ao dia das eleições antecipadas, 6 de Maio. Uma "boa data", sublinhou o líder madeirense demissionário, porque não só "dá tempo a fazer o esclarecimento ao eleitorado" como resolve a crise instalada o "mais célere possível", disse. Instado a comentar as advertências de Cavaco Silva de que o Governo Regional se encontra limitado, por imperativos constitucionais e legais, à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos da região, Jardim desvalorizou. "Uma inauguração não é um acto inovador, é o cumprimento do dever constitucional de informar a população dos actos do Governo. É mostrar o que está feito e a lei não se opõe a isso", referiu. Um método também utilizado pelos "governos socialistas quando estão no poder em Lisboa", reiterou - e que está longe de ser original nas vésperas de eleições na Madeira. A oposição não pensa o mesmo. Segundo Jacinto Serrão, líder e candidato do PS/M, "Jardim não pode utilizar as inaugurações para fazer discursos de propaganda eleitoral usando os meios públicos. Nisso a lei é clara. Por alguma razão, Cavaco Silva sentiu-se na obrigação de fazer esta chamada de atenção. Jardim deveria suspender o cargo para, a exemplo de Carlos César, dos Açores, fazer uma campanha eleitoral com elevação", disse ao DN. Paulo Martins (BE), Edgar Silva, (PCP) e José Manuel Rodrigues (CDS/PP), todos reclamam "ética política".

"jardim devia fazer uma campanha eleitoral com elevação", reclama a oposição na madeira. duvido que o homem consiga até tomar o pequeno almoço com elevação, quanto mais uma campanha eleitoral. é certo que o homem vai ganhar as eleições, disso ninguém duvida, mas esta constante pirraça digna de um menino mimado que faz questão de ir mostrar os seus valiosos brinquedos a um bairro de lata já mete nojo. esta história de andar a fazer inaugurações de estradas e obras públicas é uma afronta a toda a gente: ao continente, que motivou os reparos de cavaco silva, no sentido em que "o Governo Regional se encontra limitado, por imperativos constitucionais e legais, à prática dos actos estritamente necessários para assegurar a gestão dos negócios públicos da região", e dos outros partidos envolvidos nas eleições madeirenses.
o homem quer mostrar a toda a gente que ele é que manda. ninguém manda nele, nem pode. a madeira é dele, só dele. por mim, que fique lá muito tempo, desde que não chupe mais verbas ao continente, para pagar reveillons, clubes de futebol e carnavais.
asco é o termo que mais me vem à cabeça quando se fala nesse energúmeno madeirense.

músicas nas nuvens 14

rufus wainwright - natasha

terça-feira, abril 24, 2007

25 de abril!

25 de abril. feriado nacional. quantas memórias... é um dia para recordar sempre, para ter constantemente na minha mente. dia de sol, de calor, de roupa apertada e constrangimento natural. as pessoas andavam agitadas, nervosas, um tanto ou quanto apressadas, para que nada faltasse naquele dia, para que fosse realmente um dia perfeito, para recordar mais tarde. era muita a atenção aos pormenores, a todos os elementos que faziam parte daquele grande passo que ia ser dado, passo esse verdadeiramente ponderado e encarado como um desenlace natural, fruto de muito querer, de muita vontade de mudar o rumo das coisas.
sim, recordo muito bem esse dia: 25 de abril de 1998! foi o dia do meu casamento. o desenlace natural para uma relação que teve início em 1988, há quase 20 anos...
25 de abril sempre!

russo paga dívida americana


jennifer lopez paid 1.2 million for 40-minute concert
Talk about an expensive birthday present: a russian billionaire forked over $2 million for Jennifer Lopez to perform at a joint birthday party for himself and his wife saturday night, sources tell PEOPLE. Lopez's 40-minute set – which included such hits as "Jenny From the Block" – cost 35-year-old Andrei Melnichenko $1.2 million. He paid another $800,000 to fly the singer, her husband Marc Anthony and their entourage from the U.S. to his 27-acre estate in Surrey, England, and put them up at the Mandarin Oriental in London. "I can confirm that a very high-profile American singer performed at a private party in Surrey," Melnichenko's spokesman, Brian MacLaurin, tells PEOPLE. Sixty guests attended the bash for Melnichenko and his 30-year-old wife, former model Aleksandra Nikolic Melnichenko. Melnichenko, who is worth $5 billion, according to his spokesman, made his fortune founding MDM Bank. He's no stranger to lavish spectacle: He paid Christina Aguilera $4 million to sing at his 2005 wedding in the south of France.
MONDAY APRIL 23, 2007 - Courtney Rubin
a questão que se pode colocar é: a jennifer lopez (que pelo apelido ainda deve ser minha prima) arranjou material para encher os quarenta longos minutos do concerto? quarenta minutos em palco... é obra! estes russos bilionários são doidos!... já não bastava comprarem equipas de futebol, agora andam a comprar músicas (se é que se podem apelidar de músicas) ao vivo por uma fortuna.
já agora, como nota de rodapé, fica a informação de que o marido da "lopez", o cantor marc anthony (nome lindo!), foi condenado a pagar 2.5 milhões de dólares nos estados unidos da américa, por fuga ao fisco entre 2000 e 2004, em que apresentou rendimentos superiores a 15 milhões de dólares, nunca declarados às finanças.
estarão as duas notícias relacionadas??? hum... não sei... quantos mais concertos de quarenta minutos terá a minha prima de dar para pagar as burrices do marido?

lilly no grande ecrã


no próximo ano vamos poder ver, finalmente, evangeline lilly no grande ecrã e, sobretudo, ao lado de grandes actores, num projecto sério. isto porque, em 2004, ainda antes da série televisiva "lost", participou num filme chamado "the lost weekend", num papel secundário, ao lado de chris klein e brendan fehr, em mais uma comédia do género "american pie" e sucedâneos. esta canadiana, nascida a 3 de agosto de 1979, que tem feito essencialmente carreira na televisão, em séries como "smalville", "tru calling", "kingdom hospital" e, obviamente, "lost", vai começar a rodar em junho, em nova iorque e montreal, o thriller sobrenatural "afterwards", ao lado de john malkovich e romain duris (excelente actor francês que vimos em "a residência espanhola", "as bonecas russas" e "de tanto bater o meu coração parou"). o filme é uma produção franco-canadiana, realizada pelo francês gilles bourdos. a actriz tem vindo a recusar sucessivos convites para fazer a sua verdadeira estreia no grande ecrã, tal como alguns dos seus colegas de "lost", resolvendo agora aceitar dar corpo ao papel de ex-mulher do personagem de romain duris. espero que seja o início de uma grande carreira na sétima arte.

jessica biel


porque, de vez em quando, sabe bem fazer uma pausa, descansar o cérebro e simplesmente ficar a olhar para algo belo e excitante!

mas mudou alguma coisa?

«Tem esperanças de um dia passar a ser o número um [do PSD]?»
«Não! Nem pensar! Essa perspectiva está completamente fora do meu horizonte.»
«Por que o diz de forma tão determinada?»
«Porque não tenho qualquer tipo de dúvidas. Tenho noção das minhas qualidades e das minhas limitações.»
MARQUES MENDES, então líder parlamentar do PSD. VIP, 20 de Janeiro de 1999

«Engenheiro José Sócrates, vamos vê-lo, um dia, primeiro-ministro?»
«Não! Primeiro, porque não tenho o talento e as qualidades que um primeiro-ministro deve ter. Segundo, porque ser primeiro-ministro é ter uma vida na dependência mais absoluta de tudo, sem ter tempo para mais nada. É uma vida horrível e que eu não desejo. Ministro é o meu limite.»
JOSÉ SÓCRATES, ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território. Dna, 16 de Setembro de 2000

se ao menos eles tivessem seguido os seus próprios vaticínios...

segunda-feira, abril 23, 2007

filmes infantis

depois de tantos anos a ver filmes infantis com o meu filho, acabei por ficar viciado neste género cinematográfico. e tanto assim é que, agora, já ele está um bocado farto e nem me pede para os comprar, como antes, quando saem para venda em dvd, e sou eu que insisto com ele. há dias até fiquei irritado com ele porque eu estava-lhe a oferecer um pack com o "por água abaixo" e o "pular a cerca" e ele, o malandro, rejeitou e preferiu comprar uma treta de bonecos do action man. para além de ser mais caro o que ele escolheu, tem muito menor durabilidade (já deve andar tudo espalhado lá pelo quarto, sem utilidade nenhum), enquanto que um filme é para durar muitos anos (se a irmã não lhe puser as mãos e usar o disco como prato de comida para as bonecas).
o primeiro filme que o "agarrou" completamente foi "monstros e companhia", oferecido pelo padrinho, ainda em vhs. lembro-me de ele ver aquilo duas e três vezes seguidas, rebobinando a cassete sempre que o filme acabava para tornar a ver. eu e a minha mulher já sabíamos o filme de cor e salteado. depois, ainda em vhs, compramos-lhe "pacha e o imperador" (excelente filme!), "lilo e stitch", "toy story" e "a idade do gelo" (um dos meus preferidos! não consigo evitar a lagrimazita no final do filme). com o dvd, foi sempre a "abrir": "stuart little 2" (que viu dezenas de vezes também), "o planeta do tesouro", "vida de insecto", "shrek", "a fuga das galinhas", "el dorado", "toy story 2" (outro caso de paixão a cada visionamento), "space jam" e "à procura de nemo" eram os discos que passavam mais pelo dvd. mais recentemente, "os incríveis", "robots", "shrek 2" e "selvagem" encheram as medidas ao pedro. agora, as últimas aquisições, por ingerência paternal (porque ele está já um bocado desligado dos filmes, está agora mais virado para a playstation e para o computador), são "por água abaixo", "pular a cerca", "o rapaz formiga" e "capuchinho vermelho, a verdadeira história". ao todo, já tem 53 filmes infantis. e a tendência é para aumentar... se depender de mim... e a mariana também já começa a gostar de ver filmes, mas para já prefere o little people, o noddy e "os três porquinhos". mas já está a começar a ficar com o "bichinho" pela sétima arte.

tempo para ter tempo

hoje sentei-me na esplanada para tomar o meu habitual café ao fim de almoço. demasiado calor, demasiada gente, demasiados odores (e não há nada pior do que o cheiro a suor das outras pessoas. com o meu posso eu bem, até podia ser comercializado em frascos). não havendo interlocutor, ou interlocutora, dediquei-me a observar as pessoas que passavam e as outras mesas da esplanada. reparei num jovem casal, ela com uma revista, ele com um jornal, que lia relaxadamente, sem pressas, sem distrações. ocasionalmente, faziam comentários sobre o que estavam a ler, riam um pouco, voltavam a ler, trocavam novamente opiniões e regressavam à leitura. estavam no mundo deles, sem interferências, sem preocupações, sem horários a cumprir, sem pressas.
simples, tão simples, não é? parece algo acessível a toda a gente. no entanto, senti inveja. como parte integrante de um casal, há anos que não disfruto de algo semelhante, daquela morosidade que o calor oferece, que nos faz vegetar pelas esplanadas, bebendo ginger ale's com limão e devorando gelados. aproveitar para ler, comentar, sossegadamente, sem constantes interrupções. inveja, sim, é a palavra certa...
minutos mais tarde, chegou um outro casal, de idade bem mais avançada. sentaram-se, pediram os seus cafés e começaram a dividir a leitura. ela com a revista e ele com o jornal. leram em sossego, calmamente...
quando me levantei, questionei-me se não teria feito uma viagem pelo tempo, entre o meu passado e o meu futuro.

quinta-feira, abril 19, 2007

resolução


cheguei à conclusão, ao chegar à tão falada "crise da meia idade", que quero escrever um livro. a empreitada não será fácil de concretizar, nem por sombras, mas o empenho e a dedicação vão ser totais. para tal, o meu primeiro passo nesse sentido foi o de comprar um computador lá para casa (ou melhor, aqui para casa. estou tão habituado a fazer os textos no trabalho que até me esqueci que estou a escrever isto em casa). sim, este é o primeiro post que faço em casa. neste momento toda a gente dorme, menos eu, que estou enfiado aqui no quarto a escrever e a ouvir, ao mesmo tempo, os the cure. a propósito, raios me partam se o tema "trust" não é das músicas mais belas feitas até hoje… é simplesmente fabulosa! lembro-me perfeitamente de a ouvir, ao vivo, na primeira edição do super bock super rock, na gare de alcântara, em 1995. fechei os olhos e… chorei de emoção. a música sempre carregou uma enorme carga emocional e marcou, também ela, uma importante fase da minha vida. em 1995 soou exactamente como eu a queria ouvir e não consegui evitar o meu colapso emocional. era o fim de um ciclo, de 1990 a 1995, que teve basicamente como banda sonora os the cure e os discos "desintegration" e "wish". sempre que ouço "trust", "to wish impossible things", "the same deep water as you" ou "plainsong" lembro-me do que foram os meus últimos anos de estudante e os primeiros como trabalhador. depois ocuparam o lugar desta banda os american music club e os red house painters, que também já tive o privilégio de ver ao vivo.
mas voltando ao início deste texto: já plantei algumas árvores e tenho dois filhos. portanto, falta o livro. tenho algumas ideias, personagens em construção, cenários por situar, um esboço de argumento, etc.. conheço as minhas limitações, sei perfeitamente que nunca conseguirei escrever, por exemplo, um texto tão brilhante como a última crónica de lobo antunes na visão. mas que diabo, a nossa missão neste mundo é precisamente vencer as nossas próprias limitações, crescer como pessoas e sentirmo-nos, no final, realizados e contentes com o resultado. no meu leito de morte não quero sentir remorsos de nada, por não ter feito algo que devia ter feito, ou por não ter dito às pessoas que amava que gostava delas. não, quero morrer com a consciência tranquila, com a garantia de que tentei fazer tudo aquilo que quis fazer. ninguém faz a mínima ideia de quanto tempo mais vai andar "por cá", vamos caminhando lentamente para a inevitabilidade da morte. e depois? que imagem vamos deixar? que contributo é que nós demos ao mundo? vamos ser lembrados por alguma coisa? provavelmente não…
o que eu escrever, seja de que qualidade for, péssimo, de mau gosto, fraquito ou razoavelzinho, ficará como testemunho da minha passagem "por cá". ficará em testamento para os meus filhos e deles para os meus netos, e assim sucessivamente. é essa a minha vontade. eles depois que entendam qual será o melhor destino a dar-lhe. (curioso que, neste momento, esteja a ouvir "the funeral party", dos the cure). vai também ficar registada a minha própria evolução (ou a falta dela) como "escritor", visto que pretendo escrever, se me deixarem "cá" andar tempo suficiente, um livro de cinco em cinco anos. quem sabe se, aos 80 anos, não sai efectivamente alguma coisa de jeito.
até lá, à sua conclusão, vou tentar divertir-me a escrevê-lo para que, em cada página, venha reflectido o meu enorme prazer por cada noite sem sono passada a escrever, por cada piada parva metida na narrativa, por cada personagem criada para interagir com outra. é isto que eu quero fazer! e é tão bom quando temos objectivos, mesmo irrealizáveis, e pretendemos alcançá-los…

quarta-feira, abril 18, 2007

voltar a escrever


pois é, foi um suplício ficar ausente tanto tempo da vossa companhia. as saudades eram muitas, apesar de tudo. mas sabe bem voltar, o regresso é sempre mais saboroso e mais profícuo. as ideias voltaram todas ao lugar, estão agora bem arrumadinhas (imaginem que fui dar com algumas ideias no calcanhar e outras nos cotovelos. estavam a tentar escapar, as malandras).
quem não gostou muito da ideia de eu voltar a escrever foi a brooke burke, que ainda tem umas costelas portuguesas. ela tem usado sobremaneira aquela mesa que vêem na imagem e ficou muito chateada quando lhe disse isto ontem: "eh pá, ó brooke, sai lá de cima da mesa que eu preciso desse espaço novamente, para colocar o monitor, o teclado e o rato".

afectos envergonhados

desde pequenos que somos "gozados" por mostrarmos sinais de afecto. em casa, fazemos tudo para que os nossos filhos sejam afectuosos, ternurentos e afáveis; mas mal vão para a escola, esquecem rapidamente tudo o que lhes ensinamos. isto porque esse tipo de "comportamento" é frequentemente mal aceite e excomungado pelos colegas de escola. nas meninas ainda se tolera, mas em meninos é... motivo de chacota para o resto do ano lectivo.
sempre me habituei a despedir-me, todos os dias, do meu filho, quando o levava ao jardim de infância e agora à escola, com um beijo na face. ele sempre aceitou e retribuiu esse mesmo gesto de carinho; mas, mais recentemente, só o aceita e pratica quando ninguém está a ver, para não ser alvo de piadas. bem sei que é uma idade ainda muito tenra, 8 anos, mas é nestas idades que são lançadas muitas das bases para o futuro de uma pessoa. um princípio destes, gozar com o afecto e carinho, é sempre errado. no entanto, se esses mesmos miúdos virem o meu filho a partir o vidro de um carro com uma pedra, passa a ser considerado um herói. algo está mal nesta fotografia da actualidade escolar. aliás, actualidade nem é o termo correcto. já no meu tempo era assim... quem mostrasse coragem para fazer asneiras, para desafiar os professores, para gozar com os outros, para não fazer os trabalhos de casa, para bater nos mais fracos, era imediatamente considerado um líder nato pelos seus colegas. uma espécie de james dean, de "rebelde sem calças", mas com calções, fisga e pedras afiadas. o miúdo bem comportado, sossegado, respeitador e educado é corrido a termos como "betinho", "menino da mamã" e "quequezinho".
outro evidente sinal de que a afectividade não é, de forma alguma, bem recebida neste precoce meio escolar é a questão da "namorada". quando é que alguém é mais gozado na escola? quando se desconfia que essa pessoa gosta de outra. "ai o andré gosta da raquel"; "o tiago é o namorado da rita". para o meu filho, por causa deste tipo de reacções, o tema "namorada" é um tema tabu. nem sequer se pode pronunciar a palavra "namorada" lá em casa. tivemos que deitar fora todos os livros do fernando namora por causa disso. curiosamente, apenas uns anos depois, na adolescência, já é extremamente "cool" ter namorada. passamos da "vergonha" dos afectos para a "exposição" dos afectos, em pouco tempo.
a escola ideal seria aquela que ensinasse que nunca se deve ter vergonha de gostar de alguém. devemos ter vergonha de matar, de roubar, de forjar licenciaturas; nunca devemos ter vergonha de amar alguém, de assumir esses sentimentos, sem culpas nem receio de represálias. nem que essas represálias venham em forma de pedra afiada atirada com uma fisga...

o casaco azul



não sei porque é que a minha mulher se irrita tanto por eu andar sempre com o mesmo casaco? diz ela que, qualquer dia, até o atira para o lixo, de tão farta que está de me ver sempre com ele.
é estranha esta sua reacção, na medida em que normalmente o processo de escolha de roupa, todas as manhãs, implica algum tempo e ginástica mental, para conciliar as cores e os estilos, a chamada "moda". pois bem, com esta minha rapidez de escolha, ganhamos todos os dias cinco preciosos minutos, principalmente quando se têm duas crianças para vestir, o pequeno almoço para fazer, preparar o lanche de um, a sopa e o biberon de outra, a mochila super pesada da escola, o saco com fraldas, toalhitas e petit filous... uma canseira! todos os santos dias...
na verdade, em 34 anos de vida, certamente que passei uns 3 a vestir-me. já devem ser aos milhares as peças de roupa que já vesti. casacos, meias, camisolas, camisas, pullovers, cachecóis, gravatas, fatos, t'shirt's, cuecas, camisolas interiores... em média, uma peça de roupa, na minha posse, não tem muitos anos de vida. visto umas vezes e, por algum motivo insignificante, a maior parte das vezes, coloco de lado, para nunca mais vestir. ou é porque tem borbotos, golas chatas que me irritam o pescoço, as mangas alargam, outras não tapam a camisola interior, encolhem, ficam esbranquiçadas, apertadas... são muitos os factores. o mais irónico é que a minha mulher me critica imenso por eu ser assim tão picuinhas com a roupa e, volta e meia, profere a sua sentença: "pronto, mais uma peça de roupa para pôr de lado". ela sabe que é mesmo assim, sou extremamente rápido a vetar uma camisola, veloz a discriminar umas calças, um tgv a ostracizar um casaco.
agora estranho é ela ter esta reacção perante a minha idolatria a este casaco. e digo "este" porque o trago vestido hoje, como é normal. será errado uma pessoa sentir-se confortável com uma peça de roupa? será pecado gostar de o usar (quase) todos os dias? usando-o todos os dias, estou a transmitir ao mundo a minha plenitude em termos de vestuário, que atingi, em termos de estilo, o meu nirvana. não tem borbotos, as golas não irritam, tem um fecho de cima a baixo, que posso apertar até ao pescoço ou posso deixar aberto, dependendo da temperatura. é prático, é simples, é fácil de vestir e de despir. em suma, tem tudo o que podemos esperar de uma peça de roupa. tenho-o há seis anos e não apresenta ainda nenhum sinal de desgaste. mas admito que, ultimamente, não tenho dormido lá muito bem, porque, sempre que a minha mulher se levanta da cama de noite, eu acordo, com receio de que ela vá mesmo colocar o casaco no lixo. ela tem é ciúmes, essa é que é essa!... uma relação destas com uma peça de roupa não é para todos...

quinta-feira, abril 12, 2007

pausa libertadora


há pessoas que sentem necessidade de ter mais do que um blog, porventura porque um apenas não chega para elas escoarem tudo o que têm para dizer. se calhar, são as mesmas pessoas que têm igualmente três ou quatro telemóveis, para poderem estar sempre disponíveis e também, lá está, porque continuam a ter muito para dizer. eu não sou assim, nem quero ser. não sou, nem nunca fui, popular a esse ponto. tenho um telemóvel, que muito raramente tem utilidade, e tenho um blog, este. não preciso de mais nenhum para falar sobre os meus míseros assuntos. mas sinto que estou a ficar sem assunto e não quero transformar isto num cantinho sofrível e banal, se ainda não o é já, onde apenas se evocam os dias internacionais, as sextas feiras 13, os fins de semana prolongados, as épocas festivas, etc. (por falar nisso, no "etc", tenho a sensação de que escrevo "etc" em todos os meus posts. isto tem que acabar!). não quero escrever por escrever, por obrigação, por imperativo, detesto qualquer tipo de pressão e, neste momento, sinto que estou a ser, de certa forma, esmagado pela constante preocupação em ver se tenho comentários, se tenho visitas, se tenho, no fundo, feedback. cansei. saturei.
tal como a imagem colocada, uns passaram por esta "árvore" e ficaram, outros passaram e voaram, outros ainda não chegaram, nem chegarão provavelmente. são muitos blogs, muitas palavras, muitos círculos fechados, muita treta que leio, às vezes apenas uma frase, que tem imediatamente trinta e tal comentários...
vou fazer uma pausa libertadora, até para ver se arranjo assuntos para poder dissecar no futuro. aqui, no nuvens, ou noutro lado qualquer. até um dia destes (28 de setembro, 14 de julho, 9 de maio, 23 de agosto. escolham!).

quarta-feira, abril 11, 2007

ironia

1- em termos futebolísticos, para mim, o campeonato inglês é o campeonato mais aliciante, mais competitivo e com os melhores futebolistas, já para não falar dos árbitros, que deixam jogar, não querem ser os protagonistas do espectáculo e que repudiam, tal como o público, qualquer tentativa de simulação de faltas, de lesões, de queimas de tempo, etc.. em suma, em inglaterra os jogos são sempre interessantes, com poucas faltas, sem perdas de tempo, sem constantes mergulhos à procura de faltas (esta é para o simão) e sem paragens de jogo sucessivas. ah, e em inglaterra o lucílio baptista não arbitra jogos (nem nas ligas amadoras o deixariam arbitrar).
refira-se igualmente que, em inglaterra, para além do campeonato ter 38 jornadas, há ainda mais uma competição, a taça da liga, o que obriga as equipas a jogarem quase sempre ao fim de semana e a meio da semana. portanto, mais jogos, mais cansaço, mais viagens, mais estágios.

2- hoje, o liverpool vai, seguramente, garantir lugar nas meias-finais da liga dos campeões. com chelsea e manchester united, será a terceira equipa inglesa no lote das quatro ainda em prova. equipas como real madrid, barcelona, inter de milão, ficaram para trás. as três equipas inglesas, nomeadamente o chelsea e o manchester united, que ainda estão na taça de inglaterra também, já disputaram mais de meia centena de partidas oficiais. mesmo assim, com todos estes jogos, de três em três dias, mais a tradicional e desgastante época natalícia, em que as equipas fazem 4 jornadas em poucos dias, as equipas inglesas marcam pontos na europa do futebol.

3- o benfica, com 24 jornadas disputadas, liga dos campeões e taça uefa, tem muito menos jogos do que qualquer uma das equipas inglesas. no entanto, o engenheiro fernando santos alega que a equipa está cansada e que, por causa disso, não ganharam ao porto e ao beira mar e perderam com o espanhol, na primeira mão. aliás, sobre o jogo de aveiro, ainda hoje não consigo "engolir" aquele nojo de arbitragem, da (ir)responsabilidade desse autêntico dejecto humano chamado lucílio baptista. mas adiante. em portugal, há desculpas para tudo: cansaço, viagens longas de avião, o mantorras não pode conduzir, o nuno assis está proibido de jogar, o derlei nunca mais adquire ritmo para aguentar dez minutos em campo, o nuno gomes não acerta com a bola nem numa baliza de rugby. (e se não fosse o lucílio tinham menos um ponto). em inglaterra, um treinador que, em abril, corre sérios riscos de vencer quatro (4!!) competições, tem o emprego em risco... isto entende-se?!?!

o marco!

estudamos juntos durante dois anos, no 10º e 11º ano, na escola secundária alves martins. decorriam os anos lectivos de 90/91 e 91/92. na altura ele já tinha uma personalidade bem vincada. sempre a ouvir beatles, the doors, barclay james harvest, earth wind & fire, música de décadas passadas, porque tudo o que era actual ele não gostava. os seus cabelos compridos e o seu caminhar característico eram a sua imagem de marca. lembro-me bem dos seus "devaneios" psicológicos, das mudanças de humor, ora sério e introspectivo, ora brincalhão e estridente. conheci-o melhor no 11º ano, quando morávamos muito perto um do outro. fizémos várias directas a estudar, intercalando o estudo com jogos de match day 2 no spectrum dele, que mais tarde lhe comprei por cinco contos. era uma companhia agradável, sempre no seu mundo alternativo, onde ainda existiam os beatles, o john lennon não tinha morrido e os doors eram sempre o grupo do momento. sempre sincero, nunca hipócrita; sempre disponível para embarcar em uma nova aventura (chegamos a acampar, imaginem, em... viseu!!, no parque de campismo do fontelo. e foi realmente uma aventura!).
quando ambos terminamos o liceu, ele desapareceu... nunca mais ninguém soube dele. em esporádicos encontros com o resto dos meus colegas de liceu, o seu nome era sempre ventilado e a conclusão era sempre a mesma: ninguém fazia a mínima ideia para onde ele tinha ido. chegamos a visitar algumas vezes a terra natal dele, trancoso, para tentar saber do seu paradeiro, mas essas tentativas foram sempre infrutíferas.
ontem, terça-feira, fui almoçar com o meu colega de trabalho, também meu antigo companheiro de turma nesses mesmos anos lectivos. muitas vezes, em conversa, recordamos esses anos de liceu e, inevitavelmente, o nome desse nosso grande amigo de então vem à baila. de entre muitos outros nomes que então faziam parte do nosso quotidiano, o nome dele pontificava sempre ao recordar situações, momentos, etc.. de tanto falar nele, quase que acabamos por assumir interiormente que nunca mais o veríamos o marco. pois bem, ontem, como estava a dizer, fomos almoçar e, no final, quando nos preparávamos para regressar ao trabalho, demos de cara com... o marco. era ele! nem queríamos acreditar... quase 15 anos depois, o marco aparece-nos assim, desta forma, à frente! sem um contacto prévio, sem combinações. e caramba, como soube bem revê-lo. continua magro, usa óculos agora, o cabelo já não é comprido, já tem umas entradas e... está mais velho, como é natural. recordamos aqueles anos de liceu, os colegas de turma, os professores, as viagens de estudo. pareceu mais calmo, mais ponderado, mas continua a ser o marco que a gente conheceu na alves martins: nada materialista, algo deslocado socialmente, sem vaidades estéticas, sem pretensiosismos, sem hipocrisias. talvez tenha sido a pessoa que mais me custou "perder" durante todo este tempo.
actualmente, o marco ainda estuda, é bolseiro universitário. já esteve no brasil, na suécia, na suiça, estudou um ano e meio em paris, já viveu imensas aventuras "à marco". ainda não casou e não tem filhos. curiosamente, durante a nossa conversa, cheguei à conclusão de que era isto mesmo que imaginaria que o marco estivesse a fazer nesta altura. nunca o imaginei casado, nem com dois ou três filhos. ele sempre foi assim, despreocupado, nunca quis ter grandes responsabilidades, preferindo absorver tudo a que tem direito desta vida.
vamos ver se não ficarei mais 15 anos sem o ver. com o marco, o factor da imprevisibilidade está sempre patente. mas espero voltar a vê-lo, certamente!

quinta-feira, abril 05, 2007

steven wright

espectáculo de stand up de steven wright. impunha-se. hilariante, no mínimo. contém pérolas como esta: "i'm writing a short story myself right now. it's a story of a photographer who goes completely insane trying to take a close up photograph of the horizon". ou esta: "and he said to me "have you ever fallen asleep driving?", and i said "no, but i've woken up driving".

bird gerhl

uma das minhas músicas preferidas de todos os tempos!

os marjorie fair de 2007?


o meu ano de 2006 foi fortemente marcado, em termos musicais, pelos marjorie fair e o seu disco "self help serenade", entre outros nomes, como antony and the johnsons, the blue nile, my morning jacket, slowdive, the czars, lambchop, josh rouse, sun kil moon, devics, etc..
este ano de 2007 já destacou, nas minhas preferências, os death cab for cutie e os the shins. agora deparei-me com um disco de uma banda, papercuts, que parece talhada para assumir o rótulo de "marjorie fair" deste ano. o disco chama-se "can't go back" e foi lançado em fevereiro passado pela editora de devendra banhart (gnomonsong). o projecto papercuts, rotulado pelos especialistas de "soft indie pop", está centrado em jason quever, responsável pelas músicas e pelas letras e possuidor de uma voz delicada e tímida, mas tão multifacetada que, em algumas canções, chega a parecer que o cantor tem apenas 14 anos e noutras que é uma mulher que está a cantar. é um disco simples, de afectos e confidências, de músicas inebriantes, sempre com piano como pano de fundo, aliado a guitarras acústicas, violinos, acordeão (às vezes) e bateria. uma coisa vos garanto. "can't go back" sofre do mesmo "problema" que "self help serenade", dos marjorie fair: quanto mais se ouve mais se gosta! no final deste post podem ouvir a faixa 2 do disco, "john brown".
este é o alinhamento do disco:
1. dear employee; 2. john brown; 3. summer long; 4. unavailable; 5. take the 227th exit; 6. outside looking in; 7. sandy; 8. just another thing to dust; 9. found bird; 10. the world i love.

o que se ouve por cá


actualmente no leitor de cd:

air - pocket symphony
1. space maker; 2. once upon a time; 3. one hell of a party; 4. napalm love; 5. mayfair song; 6. left bank; 7. photograph; 8. mer du japon; 9. lost message; 10. somewhere between waking and sleeping; 11. redhead girl; 12. night sight
uma viagem tranquila, a banda sonora indicada para almas inquietas à procura de apaziguamento.


quarta-feira, abril 04, 2007

casos proverbiais

ela era, de facto, imensamente bela, deslumbrante até! cada vislumbre fazia aumentar a curiosidade, a ansiedade de a conhecer, de falar com ela, para confirmar, ou não, se os deuses a tinham abençoado com uma personalidade proporcional à sua beleza exterior. até assustava a ideia de um ser assim tão perfeito, caso ele existisse na realidade. nunca ninguém se sentiria à sua altura, certamente, as pessoas teriam medo de se confrontarem com as suas próprias limitações, fossem elas de índole física ou psicológica. neste caso, ela era praticamente uma amálgama de referências estéticas: os cabelos de catherine zeta jones, o rosto arredondado de charlize theron, os olhos de ashley judd, o nariz perfeito de kate beckinsale, o corpo de josie maran e o posse elegante e sensual de monica bellucci. por vezes chegava a doer interiormente aquela resignação de apenas a poder ver passar e seguir com os olhos, a dolorosa impotência de nada poder fazer, excepto olhar, contemplar e admirar, como se fosse um quadro de renoir ou van gogh.
porém, a curiosidade acaba por consumir interiormente qualquer um, começam a pairar frequentemente na mente músicas como "what if", dos coldplay, com frases como "how can you know it if you don't even try?", e chega-se rapidamente à conclusão de que "não se perde nada se tentarmos". ou seja, enquanto nos sentimos confortáveis a olhar, apenas, não haverá problema; o pior é quando constatamos que queremos mais do que isso.
voltando a este caso específico. "enchi-me de coragem e, numa noite, decidi apresentar-me. ela estranhou, olhou-me com um ar incrédulo, como se nunca na vida tivesse vivido situação semelhante, e por fim, quando eu pensava que seria apenas mais um nome para engrossar a já extensa lista de contactos na sua agenda, acedeu a tomar um café comigo", confessou o meu amigo M. (que raio de amigo é este que nem sequer me revela as outras letras do seu nome?).
no dia seguinte veio ter comigo para relatar o seu encontro na noite anterior. mostrava-se arrependido de ter tido coragem para se apresentar à pessoa que lhe assaltava o pensamento há largos meses. isto porque, antes do tal café, ainda havia a "hipótese" de ela ser, de facto, perfeita, em todos os aspectos; depois do encontro, esfumou-se essa expectativa. e ele estava bastante desanimado: "transportando a sua personalidade para uma música, ela era uma espécie de "you're beautiful" de james blunt; entediava ao fim de dez minutos, porque as palavras que saíam da sua boca enjoavam, causando náuseas e vómitos cerebrais. normalmente, esse era um sinal de que o cérebro se estava a queixar por estar a processar tão mísera informação, por não estar a ser minimamente estimulado; mas, algumas vezes também, era a minha consciência a dar-me estalos, forçando-me a voltar à realidade".
o que é certo é que aquela realidade não era mesmo a dele, não era isto o que ele procurava. nos dias seguintes, o encanto desapareceu por completo e aquela mulher, outrora idolatrada e desejada, era agora evitada a todo o custo.
conclusão em forma de provérbio, embora longo e parvo: "pessoa que agrada à vista e não estimula a mente, é como um careca com um pente".

tributo!

dez anos de "friends", entre 1994 e 2004. depois de ver as 10 séries, apetece sempre ver novamente. agora que já consigo meter estas coisas no blog (obrigado ricardo!), seria injusto não fazer um tributo a essa fabulosa sitcom, que eu simplesmente não consigo pôr de lado. chega a noite, tudo dorme lá em casa, e eu vou para a sala, deito-me no sofá, dois cobertores e três almofadas, algo para comer e beber e... play. a única parte chata é ter que me levantar ao fim de quatro episódios para virar o disco, para ver mais quatro. chega a ser doentio este meu vício. antigamente era a playstation, fazia quase campeonatos inteiros no fifa 2005 e 2006. agora é o friends. faltam-me 4 episódios para completar o segundo visionamento da série completa. depois... recomeço, do início. não enche, nunca.

finalmente!

terça-feira, abril 03, 2007

amélie

a amélie poulain é bem capaz de ser a personagem mais doce, delicada e sensível de sempre na história do cinema, com o seu aspecto frágil de menina que não quer crescer, olhos expressivos e curiosos, de quem quer aprender e compreender tudo o que se passa à sua volta. vive no seu pequeno mundo, como se fosse uma daquelas bailarinas de caixas de música. a sua missão na vida é fazer felizes as pessoas do "seu" mundo, aquelas que têm o privilégio de ter a amélie nas suas vidas. tenho saudades da amélie... um dia destes tenho que voltar a vê-la...

1º sinal do apocalipse


situações um pouco estranhas estão a acontecer por esse mundo fora: na venezuela, chavéz impôs uma rígida lei seca, impedindo a venda de álcool durante o fim de semana da páscoa, no sentido de dimunuir o número de acidentes durante a semana santa; em portugal discute-se se sócrates é engenheiro ou se tem apenas a quarta classe; salazar, que já deixou o mundo dos vivos há muito tempo, é agora mais falado do que nunca; odete santos e maria josé nogueira pinto demitiram-se dos seus cargos por nítida birra; o algarve agora é allgarve; portugal, segundo a lógica de manuel pinho, deveria passar a chamar-se também poortugal; itália, espanha e inglaterra estão "à rasca" para se conseguirem apurar para o euro 2008. mas nada disto é mais surpreendente do que aquilo que aconteceu ontem, no estádio de alvalade. abel, defesa direito do sporting, que nem nos matraquilhos tinha futuro, marcou um golo! é o primeiro sinal evidente do apocalipse. certamente que amanhã vão começar a chover sapos, depois de amanhã os cabelos de pessoas do signo capricórnio vão começar a arder por volta das 15h00, e, na quinta-feira, todas as pessoas nascidas entre 15 de maio e 29 de julho, irão declamar incontrolavelmente toda a poesia de mário cesariny. depois disto, deste golo, que mais poderemos esperar? golos de vitor baía ou, ainda mais estranho, de hélder postiga? a partir de agora, deixa de haver desculpa para pontas de lança como nuno gomes, bueno, alecsandro, mantorras, o já referido hélder postiga, bruno moraes. caramba, se até o abel consegue!?...

sopranos em 7 minutos


desisto! não consigo inserir vídeos do you tube neste blog. desta vez até pensei que ia mesmo conseguir, criei uma série de contas, submeti o vídeo, etc, mas quando chegou a hora h, de carregar no "post blog"... nada! zero. nicles. alguém me pode dar uma luzes sobre o assunto? alguém? ninguém? pronto, sendo assim sou obrigado a colocar apenas o endereço onde podem ver, em apenas sete minutos, um resumo das primeiras seis temporadas da série "sopranos". é verdade, é mesmo possível resumir todas aquelas horas em... sete minutos. e até está bem conseguido, fiquei mesmo impressionado. brevemente, na rtp 2, vai passar a sétima, e última, série dos "sopranos", essa magistral obra prima de televisão.
ora vejam lá se conseguem "apanhar" tudo, já que está narrado da mesma forma que aquela música dos toranja, em que o vocalista consegue enfiar 349 palavras numa frase.

http://www.youtube.com/watch?v=Tz_Ees_-kE4

segunda-feira, abril 02, 2007

águas mil


"em abril, águas mil"! mas porquê? quem é que estipula estas coisas? era só para rimar? então, se é só por causa disso, poderia ser "em abril, bebes sempre pelo funil", ou "em abril, não te esqueças de colocar o cão no canil". "águas mil"... porque raio, se até estamos em plena primavera?!... "em outubro, fica tudo ao rubro"; "em agosto, lava sempre o rosto"; "em maio, vota no jorge sampaio"; "em julho, cuidado com o entulho"; "em janeiro, traz sempre contigo baton do cieiro". a alessandra ambrosio, que é brasileira, é que não deve entender nada disto. tal como eu... "águas mil", sinceramente... até está sol! nabos!

hugh grant


começo por dizer que adoro hugh grant, gostei de o ver em "quatro casamentos e um funeral", "nove meses", "notting hill", "mickey blue eyes", "small time crooks", de woody allen, "o diário de bridget jones", "love actually" e em "about a boy". muitos destes filmes não teriam subido tão alto na minha consideração se neles não entrasse hugh grant. por exemplo, "nove meses" seria uma comédia romântica banal, se no lugar de grant estivesse charlie sheen ou brendan fraser; "o diário de bridget jones" é fraquito e eu detesto a renee zelwegger, mas lá está, entra o hugh grant e o filme até se vê, mesmo com a presença do canastrão do colin firth. "notting hill" só funcionaria com ele, aquela química com julia roberts "é" o filme. "about a boy" é um filme delicioso, muito bem escrito, mas se o papel principal tivesse ido parar às mãos de rob schneider ou stephen baldwin era uma desgraça. hugh grant interpreta-se a si mesmo. é nervoso, gagueja por vezes ("i, i, i, i'm the bastard here", no final de "quatro casamentos e um funeral), é charmoso, infantil, inseguro... e sempre hilariante, naquele seu jeito desengonçado de típico adolescente inglês.
com tudo isto, e para justificar a foto que se anexa a este post, o único senão do hugh grant foi ter deixado escapar a elizabeth hurley... ficavam muito bem juntos. é pena!