sábado, janeiro 28, 2006

dr. gregory house

como complemento ao post anterior a este, e porque também há a televisão a considerar (apesar da pobreza da programação dos canais nacionais, com as excepções de algumas séries da 2:, como Sopranos, 24, as britcom), deixo mais uma sugestão, para seguir no canal FOX: "House", com Hugh Laurie, Robert Sean Leonard, Omar Epps e Jennifer Morrison. é uma espécie de "ER - Serviço de Urgência" mas em tom sarcástico, irónico, que vive sobretudo da personagem principal, o dr. gregory house, magistralmente interpretado por Hugh Laurie (sim, o mesmo que fazia de pai do Stuart Little nos primeiros dois filmes com o mesmo nome), um homem rezingão, mal disposto, antipático, arrogante, sempre com uma tirada sarcástica engatilhada e quase sempre de menosprezo pela opinião dos outros, sempre amargo e azedo na sua relação com os seus pacientes. pese embora tudo isto, aprendemos a "gostar" dele e a compreender as suas atitudes e opções, à medida que vamos sabendo mais alguma coisa sobre o seu passado, a sua deficiência fisica, que lhe causa tremendas dores e o obriga a tomar comprimidos constantemente para as mesmas, o seu divórcio e a consequente incapacidade de se relacionar com alguém sentimentalmente. o homem está "in constant pain", em todos os níveis, e o que o motiva é a paixão pela medicina, a procura de soluções para casos considerados terminais, a luta incessante pelo tratamento mais adequado, mas sempre por respeito à própria medicina, porque os pacientes, esses, são meros portadores de doenças e vírus, "cobaias" perfeitas para o desenvolvimento dos seus conhecimentos e teorias. recomendo vivamente esta série, mas reconheço que sem o dr. gregory house provavelmente não a veria, ele é realmente a "alma" do programa. uma espécie de tony soprano, nos "Sopranos" (como seria a série sem ele?), ou mesmo de Jack Bauer, em "24".
resta dizer que "House" vai para o ar hoje, sábado, dia 28 Janeiro, pelas 23h30, no canal FOX, dois episódios, que são os mesmos que foram emitidos na passada terça-feira. Na próxima terça-feira, pelas 21h30, passarão mais dois novos episódios.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

sons e imagens para combater o frio

na antecâmara de mais um fim de semana, este por sinal será bastante frio, vou cometer o descaramento (grande lata esta de recomendar algo a alguém que não se conhece!) de deixar algumas recomendações para um serão ou uma tarde mais agradável em casa, junto à lareira (se existir), com muitos cobertores à mistura, café bem quente, o pijama felpudo, as pantufas confortáveis, enfim, a total serenidade.
dessa forma, e vou começar pelos sons, o último album dos Sigur Rós (Takk) propicia um tipo de ambiente realmente acolhedor, suave, calmo, com 11 faixas da mais pura essência musical, arrancadas de uma intensa carga dramática e pungente. quando mergulhamos decididos neste album deixamos o nosso espírito vaguear solto pelas mais longínquas paisagens celestiais, vivemos apaixonadamente cada climax feroz, que parecem ondas a esbarrar nos pontões, mas também cada momento mais solene de piano apenas, que nos embalam e aconchegam. experimentem ouvir a musica nº 10 do album. acho que não tenho capacidade mental para suportar, entender, perceber, uma musica assim tão bela, tão intensa. ouçam e depois digam-me o que pensam. eu fico sem palavras para a descrever. só me lembro de ter ficado assim uma vez, pelo menos nos últimos tempos: foi com um tema do Antony and the Johnsons ("Bird Guhl").
mas também poderei recomendar algo menos intenso, como The Czars (o album "Goodbye", por exemplo), é uma boa banda sonora para uma noite intimista, assim como Mark Eitzel ("60 watt silver lining") ou Lambchop ("Is a woman").
como sugestões cinematográficas, recomendo vivamente o filme "Sideways", com Paul Giamatti e Thomas Hadden Church, lançado para aluguer há pouco mais de 5 meses, portanto ainda o devem apanhar nos escaparates do vosso clube. relata a viagem de dois amigos, um deles divorciado, apreciador de vinho e pretendente a escritor; o outro tem casamento marcado para a semana seguinte, de modo que a viagem acaba por ser uma espécie de despedida de solteiro. Mas basicamente é a história de Miles Raymond (Paul Giamatti, brilhante aqui!), que não consegue encontrar um rumo para a sua vida, nem a nível profissional nem sentimental. o desenlace é gratificante e certamente vão desejar ver novamente o filme quando o mesmo acabar.
bom fim de semana. e não saiam do quentinho!...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

manhattan

em jeito de homenagem a essa grande arte da ilusão que é o cinema, todas as semanas irei mudar o nome do meu profile. a ideia é relevar variadíssimas personagens cinematográficas que me marcaram, pela sua grandiosidade de espírito, sensibilidade, humor, ironia, sarcasmo, inteligência, etc.. em suma, o cinema é uma das minhas grandes paixões e esta é uma forma de o exaltar, ao mesmo tempo que vou partilhando os meus gostos, as minhas personagens e filmes preferidos. pareceu-me uma rica ideia no início, agora nem por isso... mas... espera aí... bem, já me parece uma boa ideia outra vez (que diabo, a esquizofrenia é mesmo a mais estupida das doenças!). para a primeira semana, o nome escolhido foi "isaac davis", personagem do filme "Manhattan", interpretada por woody allen, igualmente o realizador da película. se não viram este filme de 1979 aqui fica a dica. é uma deliciosa teia de encontros e desencontros passionais, em que Isaac Davis vive um autêntico turbilhão sentimental, mas sempre com um sofisticado toque irónico, dividido entre o ódio pela ex-mulher (Meryl Streep), que entretanto se tornou lésbica e quer escrever um livro sobre o casamento falhado; a relação com uma universitária de 17 anos (Mariel Hemingway) que o adora mas por quem ele não está apaixonado; e a amante do seu melhor amigo, interpretada por Diane Keaton. ultrapassados os naturais choques iniciais, provocados por um desmedida necessidade de se impressionarem mutuamente, Isaac começa a aperceber-se que ela "é" e "tem" precisamente aquilo que lhe falta na relação com a universitária. quem vir o filme entende isto perfeitamente, aqueles momentos de comunhão de ideias, as piadas parvas para ela se rir, o café na esplanada, a chuvada que apanham, as conversas estimulantes, a vontade intrínseca de estarem sempre juntos ou à espera de estarem juntos... o final acaba por ser surpreendente mas não o vou contar. espero que esta breve sinopse vos faça ver "Manhattan", porque é um dos meus filmes preferidos e também porque é escrito, realizado e interpretado por um dos maiores génios vivos deste planeta: woody allen.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

deslumbre silencioso

acabou de acontecer!
o momento tão ansiado acabou de passar!
tantas palavras, tantos pensamentos, tantas conjecturas imaginei
enquanto contava os minutos, os segundos, para te voltar a ver;
nada foi aproveitado, nada foi proferido,
o silêncio uniu-se ao deslumbramento.
apenas os meus olhos falaram.
se ao menos os tivesses escutado...
sinto-me novamente vazio e oco
ao encetar novamente a contagem decrescente
para o momento seguinte.
são segundos, milésimos de segundos,
meras migalhas com que me vou alimentando,
sugando até ao meu mais profundo âmago
aquele instante em que os nossos olhos se uniram!
forças transcendentais me impedem
de proferir um simples "olá",
ou de aspirar a algo mais do que esta contemplação diária;
sou uma mera nota numa sinfonia,
uma mísera letra num soneto,
entre a multidão que te venera, que segue os teus passos
e se encanta com tanta perfeição!
és a minha musa e o meu veneno,
a minha florescência e o meu ocaso,
em ti respiro e contigo morro!
mas nem mil exércitos me impedirão
de te voltar a admirar com o meu pensamento!

quinta-feira, janeiro 19, 2006

ilusão e pantufas

a questão que trago hoje é esta: porque raio nos havemos de sentir mal por gostarmos de uma pessoa? sim, que diabo, amar alguém, apaixonarmo-nos por uma pessoa, não é nenhum crime e, no entanto, por vezes agimos como se fosse a maior obscenidade à face da terra. todos aqueles que não acreditam em amores impossíveis deviam ser obrigados a ver 22 vezes seguidas um filme chamado "Cyrano de Bergerac", no qual Gérard Depardieu interpreta o mais eloquente dos homens, em actos e em palavras, mas que carrega consigo esse estorvo físico que é o tamanho descomunal do seu nariz, facto que o impede de declarar a sua paixão à mulher amada. é uma lição de vida o rumo que a história segue, desaguando na verdade reprimida durante anos. o troféu estava e sempre esteve no mesmo sítio, não houve foi coragem para o arrebatar; nem o mais corajoso e audaz dos espadachins, capaz de derrotar cem homens numa emboscada, foi capaz de ir à procura da sua felicidade, escudando-se atrás da sombra do seu nariz.
amanhã poderá ser qualquer um de nós a perder o momento, a oportunidade, e quem sabe, o amor da nossa vida! e porquê? "porque nem vale a pena tentar, é impossível"! não se está é disposto a cometer loucuras e a dar espaço à ilusão, sobretudo quando as pessoas cada vez mais hoje em dia se acomodam ao que já têm. é a chamada "era da pantufa", um estado de espírito confortável, sedentário, mas que retira qualquer veleidade ilusória a essas pessoas. e a ilusão é necessária, como a imaginação, a ousadia, a cortesia... quando se ama, seja em que idade for, volta-se à idade do clerasil (creme para borbulhas), como disse Miguel Esteves Cardoso. de repente sentimo-nos novamente adolescentes e até nos apetece andar na rua com walkman's, de skate, calças rasgadas, etc. e depois, haverá desafio maior do que o de conquistar uma mulher? ou pelo menos tentar... é tempo de sonhar. a vida é uma coisa, a realidade também, mas o amor é outra completamente diferente, está sempre acima de tudo. a realidade pode matar a ilusão mas o sonho é mais bonito que a vida. basta um olhar, um sorriso, para o coração os apanhar para sempre. ele conserva aquilo que nos escapa como areia fina das mãos. e isto é amar, por muito longe, por muito impossivel, por mais desesperante que seja. alojamos essa sensação no cérebro e usamo-la quando precisamos de escapar, entrando nesse mundo ilusório onde tudo parece mais aliciante. sim, é um escape também, uma tentativa de nos agarrarmos a um passado não tão distante quanto isso e ficarmos por lá algum tempo, alimentando a alma, fortalecendo o ego, desatando sensações que pareciam perdidas e, quem sabe, encontrarmo-nos a nós próprios! a ilusão permite-nos tudo isso.
amanhã recomeça tudo. a realidade é incontornável e respeitamo-la. Sempre! mas a ilusão da conquista será sempre mais forte do que aquelas confortáveis pantufas e, certamente, amanhã terei novamente tempo para me dedicar a ela. sim, ela também é mais forte... do que eu...

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Nas Nuvens

como é bom andar nas nuvens!
elevar espiritualmente a minha trivialidade
e transcender-me para além desta singela essência
que me nega o ar que eu necessito para respirar.
é ter asas em vez de acabrunhada timidez;
subir ao convés e apreciar cada uma das ondas
em vez de me fechar nos oceanos da minha mente;
é poder contemplar o sol quando antes feria a vista,
afastar as cortinas e encher de cor esta minha escuridão.
se eu agora resplandeço, aqui nas nuvens,
foi porque me deixaste partilhar da tua luz
e me apresentaste o teu mundo de letras apaixonadas.
se agora me sinto assim, tão revigorado interiormente,
devo-o ao despertar que as tuas palavras surtiram
e ao aconchego emocional que me ofereceste.
como é bom andar nas nuvens!

sexta-feira, janeiro 13, 2006

"There´s always another girl"

Quem seria capaz de viver sem música? Momentos há em que nos sentimos com necessidade de "sofrer", de ficar pasmados a olhar o vazio, uma paisagem, a chuva, enquanto ouvimos "aquela" música, a tal que nos põe num estado nostálgico, a pensar em alguém, num passado não muito distante. Quase que até apetece fumar, para carregar simbolicamente a cena, juntando a isto tudo um copo de baileys com muito gelo, um ambiente acolhedor, uma lareira acesa, a chuva a bater nos vidros. Está criado o cenário perfeito, tudo emoldurado pelos sons que nos aquecem a alma e nos reavivam a memória. A postura e o olhar para o infinito são sempre baseados numa cena marcante do filme "Os Fabulosos Irmãos Baker", em que o fabuloso Jeff Bridges, de cigarro na boca e copo de whisky na mão (lá está, tem mesmo que ser!), ouve a despedida comovente de Michelle Pfeiffer, corroído de dor por dentro mas aparentando uma frieza quase gélida que o leva a dizer a célebre frase: "There's always another girl"... A "nossa" Michelle Pfeiffer está no nosso pensamento, não está ao nosso lado a despedir-se, a colocar um fim numa relação errante. A música, por esta altura, seria bem suave, talvez a voz de John Grant, dos The Czars, soasse divinalmente aos nossos ouvidos. Ouviamos "Concentrate": I hope you're not talkin' 'bout yesterday, 'cause I can't live, I can't live that way it's all gone now and you don't know the truth so you must go now and find the door I hope I'm not disturbing you". Uma das musicas ideais para uma despedida, o som depressivo mais adequado para a nossa sensação ser ainda mais forte. Talvez ainda nos lembrássemos de ouvir Mark Eitzel, esse trovador apaixonado, cantar "It's time for me to go away, i'll get a new nem maybe i'll get a new face, it's time for me to go away, no i don't belong in this place, but i'm not going to ask you why you think the parade as passed us by, or if everything good as gones into the western sky", da musica "Western Sky", dos American Music Club. Ou Mark Kozelek, dos Red House Painters, em "Song for a Blue Guitar": "in the room all i feel is the cold that you left, through the air all i see is your face full of blame; what's left to see? what's there to see?". Mas outras vozes e outras musicas encaixariam perfeitamente neste nosso estado letárgico, de contemplação interior. O momento é nosso, mais ninguém poderá invadir esse espaço. Estamos "desligados" deste mundo, estamos agora a viver num outro, apenas de recordações, de momentos passados, a tentar imaginar como teria sido diferente a nossa vida se tivéssemos dado um determinado passo, de tivéssemos dado "aquele" beijo, se tivéssemos dito as palavras que nos enchiam a mente na altura certa... "What If", dos Coldplay, também se poderia incluir na banda sonora deste momento. O "nosso" momento, desprendido do mundo real. Como escreveu uma grande amiga minha, uma pessoa cheia de qualidades e virtudes, "se me encontrares por aí perdida nas estrelas, não me devolvas à realidade!". Brilhante Cláudia! O final perfeito! Obrigado pela inspiração!

quarta-feira, janeiro 11, 2006

nascente das minhas ilusões

A nascente das minhas ilusões

Tinhamos a inocência na alma, retratada nos rostos

sem uma ruga de enfado, um esgar de cansaço!
Fervíamos na imaculidade da paixão
que não comportava a hipocrisia do interesse
ou intenções duvidosas de instintos perversos.

Ficávamos contentes só de nos vermos,

estarmos juntos, mesmo calados a contemplar a natureza,
a escutar o murmúrio dos pássaros,
das árvores e da água das fontes que saltitava dos veios rochosos,
felizes porque só conhecíamos o encanto
e nada nos matava a certeza do dia seguinte!

Tinhas a frescura da Primavera, a beleza do nascer do sol

e a elegância de um cisne altivo!
Os teus olhos reflectiam candura e pureza,
envoltos nesse oceano castanho de longos cabelos,
em cujas águas me perdi!

Deitados na relva, contemplávamos o majestoso céu

que parecia sorrir para nós, ordenando a Van Gogh idílicas pinturas,
a Rimbaud que declamasse um poema
e a John Lennon que escrevesse a mais bonita das músicas!

Foste a nascente das minhas ilusões,

o lapso de tempo que queria imutável
e a sensação intensa que desejava insuprível!

Agarrado aos fiapos da tua imagem,

acordei diante da minha solidão.
Perdi-te como se perdem todas as quimeras:

sem perceber os fios das teias
que me enredaram na tua imagem.

Neste sonho foste memória viva!
Agora, acompanhado por uma sombra vitalícia de tristeza,
só esta saudade de ti me alimenta o tempo...
Amei-te! Amei-te tanto que ainda julgo que nunca te perdi!


J.A.L.
Junho 2004

terça-feira, janeiro 10, 2006

apresentação

"nuvens da alma" resulta da inspiração, criatividade, sensibilidade que eu possa ter em determinado momento. não deixem que o nome do blog vos engane, não serei fatalista, derrotista ou demasiado depressivo. dias haverá em que as nuvens estarão com um semblante mais carregado e em que só me apetecerá ficar a contemplar a chuva; mas também existirão dias radiantes e quentes, em que as nuvens... se dissiparão. serão sempre os meus estados de espírito a controlar e a gerir este blog, não haverá nehuma linha de orientação rígida. aqui terão sempre lugar todas as formas de arte, as opiniões, as críticas, tudo o que as minhas nuvens queiram fazer chover.