4 anos de "nuvens da alma"

o dia 10 de janeiro de 2006 vai ficar, para sempre, registado na história por causa disto. em todo o caso, não querendo de forma alguma beliscar a importância de tal evento, esse mesmo dia marca igualmente o arranque deste blogue, por volta da hora do lanche. quatro anos e 1465 posts depois, sinto que já escrevi tudo o que tinha a escrever, embora nunca tenha escrito a palavra "açafrão", encontrando-me agora numa espécie de desleixo consentido, por vezes até encorajado. talvez isso explique que, este ano, ao contrário de 2008 e 2009, não tenha sequer direito a uma entrevista, nem o "dica da semana" se mostrou interessado. o "nuvens da alma" entra, assim, no seu quinto ano de existência como um jogador que entra no terreno de jogo, no último minuto de compensação, quando a sua equipa perde por 4-0. pretensões de alterar o resultado? nenhumas. eventualmente, a sua maior pretensão é a de ainda conseguir tocar na bola... este blogue nunca ousou ser mais do que aquilo que sempre foi, uma bolinha de borboto, um mero emaranhamento das fibras salientes da superfície do tecido que é a blogosfera. e quem diz um mero emaranhamento também diz aglomerado arredondado de fibras. se não conseguirem dizer as duas recomendo vivamente uma terapeuta da fala. já passaram por cá muitas pessoas, admito, algumas até permaneceram durante um considerável período de tempo, não sei à espera de quê, provavelmente dessa coisa sobrevalorizada a que chamam "criatividade". seja como for, são quatro anos que ficam registados, para a posteridade. o que gostei, o que vi, ouvi, joguei, senti, vivi, amei, detestei, exultei, denegri, etc.. mais: ficaram aqui registados muitos momentos relacionados com os meus filhos, até hilariantes diálogos e situações que vão dar muito gozo mais tarde, daqui a uns anos, quando reler os textos. uma das pessoas que costumava visitar com frequência este blogue, uma brasileira chamada gabriela scussiato, que eu nunca conheci pessoalmente, escreveu uma vez, num comentário, que este blogue era uma espécie de "diário". apesar de estar muito longe das minhas pretensões quando decidi criar este espaço, o que é certo é que, no fundo, isto acaba por ser mesmo um "diário", um confidente sempre disponível a "ouvir" os meus lamentos. e, diga-se, um confidente com uma excelente capacidade de memória. ainda há pouco estive a reler confidências de 2006... isto já vai longo, caro diário (se eu tivesse mesmo que escrever aqui diariamente já tinha cortado os pulsos há muito tempo, porque a pressão daria cabo de mim), resta-me agradecer a quem ainda está desse lado, à meia dúzia de pessoas que ainda se dá ao trabalho de clicar no meu link para me "visitar". eu sei que as relações virtuais são tão complicadas como as pessoais, ora se detestam, ora nos agarramos a elas como se fossem os últimos fiapos sociais da nossa existência, mas é de alguma forma reconfortante saber que, nem que seja por 10 segundos, somos lembrados por alguém. a todos esses "alguém", o meu muito obrigado!

p.s. - lembrei-me agora mesmo que também nunca escrevi a palavra "gânglios"...