as músicas que nos deixam nas nuvens:
portishead - roads
sexta-feira, novembro 24, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
défice de realismo
vivemos hoje em portugal com um tremendo défice de realismo. é este o mais perigoso de todos os défices actuais. as famílias afogam-se em dívidas, compram tudo a crédito, sempre com a sensação de que vão conseguir pagar tudo, nem que seja aos poucos. mas as mensalidades acumulam-se, misturam-se com outras antigas, há sempre imprevistos financeiros e despesas com que não contávamos que lixam sempre tudo. viver em portugal é viver sempre acima das possibilidades. isto porque o vizinho tem tv cabo, carro novo, mobílias novas e, curiosamente, também comprou tudo a crédito. se ele pode, porque raio não haveremos nós de poder também? de mês para mês, aparece uma nova "financeira", para além das antigas cofidis, credifin, etc.. a crise aperta mas a tentação de comprar é irresistível e supera a fraca capacidade financeira. sobretudo se nos impingirem aquela treta do "comece a pagar apenas no próximo ano", como se isso suprimisse alguma prestação. e geralmente o "próximo ano" é... dentro de dois meses.
a expressão "estar em crise" só se aplica aos portugueses naquelas conversas de treta que acontecem diariamente, no emprego, no café. continua a ser um bom desbloqueador de conversas, dá pano para mangas em conversas de dez, quinze minutos. porque uma pessoa vai ao continente (para tomar café e comprar o jornal), aos sábados ou domingos, quando não se trabalha, e vê milhares de pessoas às compras. ora, todos sabemos que existem vários locais de compras com preços muito mais baixos que a referida superfície comercial. meia dúzia de produtos no carrinho chegam para se desembolsar 50 euros na caixa. mas não importa. o que interessa é o estatuto, o poder de compra que se transmite aos outros. se forem às compras ao mini preço ou ao lidl não impressionam ninguém. este é apenas um exemplo, mas há muitos mais: brinquedos, roupa, calçado...
o estatuto é o que realmente interessa. não interessa ter algo, o que interessa é mostrar a toda a gente que temos esse algo, nem que tenhamos que fazer um sacrifício enorme para conseguir pagar todos os meses as mensalidades.
é este o défice que urge combater em portugal. convencer as pessoas a descer à terra, a viverem mediante as suas capacidades financeiras e nunca acima disso. porque, mais tarde, quem vai acabar por pagar os nossos erros são... os nossos filhos.
a expressão "estar em crise" só se aplica aos portugueses naquelas conversas de treta que acontecem diariamente, no emprego, no café. continua a ser um bom desbloqueador de conversas, dá pano para mangas em conversas de dez, quinze minutos. porque uma pessoa vai ao continente (para tomar café e comprar o jornal), aos sábados ou domingos, quando não se trabalha, e vê milhares de pessoas às compras. ora, todos sabemos que existem vários locais de compras com preços muito mais baixos que a referida superfície comercial. meia dúzia de produtos no carrinho chegam para se desembolsar 50 euros na caixa. mas não importa. o que interessa é o estatuto, o poder de compra que se transmite aos outros. se forem às compras ao mini preço ou ao lidl não impressionam ninguém. este é apenas um exemplo, mas há muitos mais: brinquedos, roupa, calçado...
o estatuto é o que realmente interessa. não interessa ter algo, o que interessa é mostrar a toda a gente que temos esse algo, nem que tenhamos que fazer um sacrifício enorme para conseguir pagar todos os meses as mensalidades.
é este o défice que urge combater em portugal. convencer as pessoas a descer à terra, a viverem mediante as suas capacidades financeiras e nunca acima disso. porque, mais tarde, quem vai acabar por pagar os nossos erros são... os nossos filhos.
a bonança
como previram várias vozes, a seguir a uma fase menos boa... vem sempre uma fase agradável. pois bem, cá venho eu comprovar isso mesmo. em casa voltou tudo à normalidade, carro de novo operacional, enfim, parece que tudo vai voltar a entrar nos eixos.
a bonança, como o nome do post sugere, chegou hoje...
admirador confesso da beleza das mulheres italianas, como é o caso de monica bellucci, maria grazia cucinotta, sabrina ferilli (não é a sabrina do "boys, boys, boys". é outra), giorgia palmas, pamela camassa, e muitas outras, vou ter o prazer, a partir de amanhã e durante alguns meses, de trabalhar com uma estagiária... italiana. chama-se francesca.
vá, roam-se lá de inveja (os homens, claro). hoje esteve aqui na redacção apenas uns minutos, mas os suficientes para causar alguns transtornos evidentes na comunidade masculina. não admira que o jornal esta semana saia com os títulos na diagonal, as fotos todas trocadas, os óbitos e a ficha técnica na primeira página, etc..
vamos ver se o tal período de "bonança" continua a surpreender-me pela positiva, como neste caso.
a bonança, como o nome do post sugere, chegou hoje...
admirador confesso da beleza das mulheres italianas, como é o caso de monica bellucci, maria grazia cucinotta, sabrina ferilli (não é a sabrina do "boys, boys, boys". é outra), giorgia palmas, pamela camassa, e muitas outras, vou ter o prazer, a partir de amanhã e durante alguns meses, de trabalhar com uma estagiária... italiana. chama-se francesca.
vá, roam-se lá de inveja (os homens, claro). hoje esteve aqui na redacção apenas uns minutos, mas os suficientes para causar alguns transtornos evidentes na comunidade masculina. não admira que o jornal esta semana saia com os títulos na diagonal, as fotos todas trocadas, os óbitos e a ficha técnica na primeira página, etc..
vamos ver se o tal período de "bonança" continua a surpreender-me pela positiva, como neste caso.
a vida não pode esperar
as pessoas estão mesmo habituadas a apressar tudo. é assim desde o início da nossa vida, desde o berço. querem que tudo evolua rapidamente e não aceitam nunca um "não" como resposta. nos primeiros anos de vida de uma pessoa, as perguntas são invariavelmente as mesmas, sempre tentando aferir se está tudo a evoluir depressa: "já gatinha?", "já fala?", "já caminha?". voltando só um pouco atrás, portanto antes mesmo do nascimento, sempre achei muito irritante e parva aquela mania que toda a gente tem de, quando encontra uma grávida conhecida, palpitar sempre sobre o sexo do bebé, como se fossem doutoradas no assunto. perdi a conta às pessoas que atiraram com palpites quando a minha mulher esteve grávida. elas sabem que têm 50% de hipóteses de acertarem, portanto dizem sempre qualquer coisa. ficaria impressionado era se alguém afirmasse categoricamente que a minha mulher iria dar à luz um koala.
mas voltando à minha linha de pensamento, a nossa pessoa virtual cresceu, já caminha e já fala. próximo passo: "já aprendeste a andar de bicicleta?", "já andas na escola?", "já tens namorada?" (esta é infalível!), "já sabes ler?", "já sabes escrever?". sempre a queimar etapas, rapidamente.
a seguir a esta fase, que termina na escola e percorre todo o liceu, a curiosidade das pessoas acalma sempre. entra-se na adolescência e essa é considerada uma fase chata, em que a nossa pessoa virtual fica automaticamente antipática, aversa a diálogos chatos com os "adultos", vive praticamente no seu quarto, o seu refúgio quando está em casa. nesta fase a pressa das outras pessoas (e reparem bem na maravilha que vai ser esta frase!) é que esta fase passe depressa (brilhante! faz lá melhor ó lobo antunes!). depois voltamos ao normal: "já estás na universidade?", "em que curso estás?", "já tens emprego?", "já tens carro?", "já tens namorada?" (eu sei, esta é repetida. no primeiro caso é uma pergunta inocente. neste caso, é mais uma pergunta no sentido de se saber se haverá casamento para breve). a nossa pessoa virtual está agora numa idade adulta. e o que é que as outras pessoas esperam de um adulto? isso mesmo. que se case. então começa a pressão. no meu caso, ouvi a frase que vou colocar a seguir entre aspas uma centena de vezes (também é certo que namorei 10 anos antes de me casar...): "então quando é que te casas?".
chega o casamento, mas isso não impede que comecem logo a seguir mais perguntas, sendo a mais comum a célebre "quando é que têm filhos?". as pessoas acabaram de ficar satisfeitas com o casamento, mas já têm nova "preocupação". tem que ser sempre a evoluir. outras perguntas fatais nesta altura são "já têm casa?" e "já têm carro?", mas estas são de índole mais materialista. chega um filho e recomeça o ciclo, agora com a criança da nossa pessoa virtual. mas as pessoas querem mais. "já é tempo de terem outro filho, não acham?".
depois de ter tido o número de filhos que a sociedade entende como normal, a nossa pessoa virtual... tem o merecido descanso, sendo as perguntas direccionadas para a evolução dos seus filhos. só anos mais tarde é que surgem questões como "quando é que te reformas?", "vais morar com o teu filho ou a tua filha?", "para qual lar da terceira idade vais?".
com tantas perguntas sobre a sua natural evolução, a nossa pessoa virtual acabou por fazer tudo o que a sociedade lhe "exigiu". agora resta-lhe esperar que ninguém lhe pergunte "então quando é que morres?".
mas voltando à minha linha de pensamento, a nossa pessoa virtual cresceu, já caminha e já fala. próximo passo: "já aprendeste a andar de bicicleta?", "já andas na escola?", "já tens namorada?" (esta é infalível!), "já sabes ler?", "já sabes escrever?". sempre a queimar etapas, rapidamente.
a seguir a esta fase, que termina na escola e percorre todo o liceu, a curiosidade das pessoas acalma sempre. entra-se na adolescência e essa é considerada uma fase chata, em que a nossa pessoa virtual fica automaticamente antipática, aversa a diálogos chatos com os "adultos", vive praticamente no seu quarto, o seu refúgio quando está em casa. nesta fase a pressa das outras pessoas (e reparem bem na maravilha que vai ser esta frase!) é que esta fase passe depressa (brilhante! faz lá melhor ó lobo antunes!). depois voltamos ao normal: "já estás na universidade?", "em que curso estás?", "já tens emprego?", "já tens carro?", "já tens namorada?" (eu sei, esta é repetida. no primeiro caso é uma pergunta inocente. neste caso, é mais uma pergunta no sentido de se saber se haverá casamento para breve). a nossa pessoa virtual está agora numa idade adulta. e o que é que as outras pessoas esperam de um adulto? isso mesmo. que se case. então começa a pressão. no meu caso, ouvi a frase que vou colocar a seguir entre aspas uma centena de vezes (também é certo que namorei 10 anos antes de me casar...): "então quando é que te casas?".
chega o casamento, mas isso não impede que comecem logo a seguir mais perguntas, sendo a mais comum a célebre "quando é que têm filhos?". as pessoas acabaram de ficar satisfeitas com o casamento, mas já têm nova "preocupação". tem que ser sempre a evoluir. outras perguntas fatais nesta altura são "já têm casa?" e "já têm carro?", mas estas são de índole mais materialista. chega um filho e recomeça o ciclo, agora com a criança da nossa pessoa virtual. mas as pessoas querem mais. "já é tempo de terem outro filho, não acham?".
depois de ter tido o número de filhos que a sociedade entende como normal, a nossa pessoa virtual... tem o merecido descanso, sendo as perguntas direccionadas para a evolução dos seus filhos. só anos mais tarde é que surgem questões como "quando é que te reformas?", "vais morar com o teu filho ou a tua filha?", "para qual lar da terceira idade vais?".
com tantas perguntas sobre a sua natural evolução, a nossa pessoa virtual acabou por fazer tudo o que a sociedade lhe "exigiu". agora resta-lhe esperar que ninguém lhe pergunte "então quando é que morres?".
quarta-feira, novembro 22, 2006
penso, logo não resisto
o que é que as dietas têm em comum com o euro milhões? em ambos os casos, quando inicio uma dieta e quando acabo de jogar no euro milhões, mentalizo-me de que vou conseguir realmente alguma coisa. durante uns dias, faço um esforço e mantenho longe de mim as bebidas com gás, as batatas fritas, o álcool, os fritos, etc.. como apenas batatas cozidas, arroz seco, carne grelhada, peixe, legumes, fruta. na mesma medida, conforme se vai aproximando a hora da extracção do euro milhões, eu vivo na ilusão de que posso ser o vencedor. até saírem os número, ninguém nos diz que os nossos não são os correctos. (por falar nisso, temos que levar todas as sextas feiras, em que há jackpot no euro milhões, com aqueles directos insuportáveis, com os repórteres a perguntarem a toda a gente que encontram o que fariam com o dinheiro caso ganhassem?).
no final, o grau de resignação acaba por ser o mesmo. sai o número 8 (eu tenho o 4), lá vai um jantar com batatas fritas, ovo estrelado e salsichas; sai o número 14 (eu tenho o 18), bebo coca-cola como se não houvesse amanhã; sai o 25 (eu tenho o 23), manda-se vir umas pizzas; sai o 34 (tenho o 39), "porque não irmos lanchar ao mac donald's?"; sai o 45 (tenho o 42), "tenho a impressão que estas calças já não me servem...".
em pouco tempo, voltamos ao normal.
euro milhões? "eu nunca tive sorte nenhuma ao jogo. aliás, deviam dar-me um prémio por colocar sempre números que nunca saem". não raras vezes, lá vem o cliché da praxe: "azar ao jogo, sorte no amor" - se eu apanho o tipo que inventou esta parvoíce... em que raio se terá baseado? era feio como tudo mas ganhava sempre na sueca? namorava com a sophia loren mas perdia sempre nas corridas de cavalos?
dieta? "é melhor não contrariar o nosso próprio organismo". aqui também pode entrar outro cliché: "nunca ouviram dizer que gordura é formosura!?". e depois, também não quero colocar em risco os empregos dos funcionários da pizza hut, do mac donald's, das pizzarias em geral. que raio de ser humano seria eu afinal?
nunca tive força de vontade para seguir à risca uma dieta. acabo sempre por ceder perante algo que sei que me faz mal, ou engorda. na porcaria do euro milhões, digo sempre a mesma coisa todas as semanas: "nunca mais jogo, tou farto de perder dinheiro". mas na semana seguinte, perante a perspectiva de vencer uma batelada de dinheiro de uma vez só, sem trabalhar, não resisto e jogo outra vez.
explicações? não há. não adianta contrariar o nosso próprio organismo. eh, eh, eh...
no final, o grau de resignação acaba por ser o mesmo. sai o número 8 (eu tenho o 4), lá vai um jantar com batatas fritas, ovo estrelado e salsichas; sai o número 14 (eu tenho o 18), bebo coca-cola como se não houvesse amanhã; sai o 25 (eu tenho o 23), manda-se vir umas pizzas; sai o 34 (tenho o 39), "porque não irmos lanchar ao mac donald's?"; sai o 45 (tenho o 42), "tenho a impressão que estas calças já não me servem...".
em pouco tempo, voltamos ao normal.
euro milhões? "eu nunca tive sorte nenhuma ao jogo. aliás, deviam dar-me um prémio por colocar sempre números que nunca saem". não raras vezes, lá vem o cliché da praxe: "azar ao jogo, sorte no amor" - se eu apanho o tipo que inventou esta parvoíce... em que raio se terá baseado? era feio como tudo mas ganhava sempre na sueca? namorava com a sophia loren mas perdia sempre nas corridas de cavalos?
dieta? "é melhor não contrariar o nosso próprio organismo". aqui também pode entrar outro cliché: "nunca ouviram dizer que gordura é formosura!?". e depois, também não quero colocar em risco os empregos dos funcionários da pizza hut, do mac donald's, das pizzarias em geral. que raio de ser humano seria eu afinal?
nunca tive força de vontade para seguir à risca uma dieta. acabo sempre por ceder perante algo que sei que me faz mal, ou engorda. na porcaria do euro milhões, digo sempre a mesma coisa todas as semanas: "nunca mais jogo, tou farto de perder dinheiro". mas na semana seguinte, perante a perspectiva de vencer uma batelada de dinheiro de uma vez só, sem trabalhar, não resisto e jogo outra vez.
explicações? não há. não adianta contrariar o nosso próprio organismo. eh, eh, eh...
terça-feira, novembro 21, 2006
sucessão negativa
há alturas em que parece que a vida se resume basicamente a uma sucessão de coisas más, alternadas com alguma coisita menos má e outras ainda consideradas boas. estou numa daquelas fases "más". a filha adoece, o filho adoece, tiram-se dias para ficar com eles em casa, corta-se no ordenado ao fim do mês, os electrodomésticos avariam, o carro fica sem bateria, as lâmpadas fundem-se, o guarda chuva desaparece, a nota de liquidação do irs ainda está nas finanças e nunca há tempo para lá ir buscá-la, a playstation que mandamos compor nunca mais regressa, o subsídio de natal que nunca mais chega, etc.. é uma sucessão negativa, quase um jackpot, que parece nunca mais acabar. quando acaba uma coisa, começa imediatamente outra. por isso, estou já a mentalizar-me para a próxima coisa má que irá acontecer.
pessimismo e resignação é comigo.
pessimismo e resignação é comigo.
sexta-feira, novembro 17, 2006
lambchop
até pode parecer que não, à primeira vista, mas a foto que agrafo neste post é mesmo de um grupo musical. é mentira que seja uma foto de um grupo de adeptos do portimonense, quando acompanharam recentemente a equipa de futebol na deslocação ao terreno do desportivo de chaves. curiosamente, na foto estão 12 (até lá está o leonardo di caprio; reparem bem no quarto homem a contar da esquerda. ah, e a mulher que está ao lado dele não é a irmã lúcia) mas creio que ainda faltam membros da banda na mesma. chamam-se lambchop e produzem um estilo musical inclassificável, um híbrido de jazz, country e soul, à sombra da potente e inconfundível voz do vocalista kurt wagner. conheci-os com o disco "is a woman" e fiquei rendido. é daqueles discos intemporais, que se ouvem sempre com agrado, pela serenidade que transmite. depois comprei o duplo "aw c'mon" e "no you c'mon" e reforcei a já excelente opinião que tinha deles.
os lambchop vão estar em lisboa, no próximo dia 10 de dezembro, na aula magna (ainda bem que o concerto não é no santiago alquimista, porque não caberiam os membros todos da banda). se tiverem oportunidade de ir ver, podem crer que não vão sair desapontados.
série completa
pronto, já tenho a série completa do "friends". 10 caixas, 10 temporadas de uma série que começou a ser exibida em 1994, tendo o último episódio ido para o ar em maio de 2004.
são cerca de 240 episódios, cada um com 22 minutos, o que corresponde a 5.280 minutos de boa disposição, com o chandler, o joey, o ross, a monica, a rachel e a phoebe. é uma das séries "padrão" da televisão, marcou uma época, vai ser sempre falada e utilizada como termo de comparação em relação a novos produtos, tal como sucedeu com outras séries de sucesso, como "seinfeld" ou "frasier".
estou a acabar de ver a décima série e, à medida que vou devorando os episódios finais, vou sentindo cada vez mais apertado o "nó na garganta" que marca qualquer despedida. resta o conforto de poder visitar estes amigos sempre que me apetecer. eles lá estarão na minha prateleira dos dvd's, ao lado de "seinfeld", "everybody loves raymond", "mad about you", "family guy", "nip/tuck", "lost", "24"...
são cerca de 240 episódios, cada um com 22 minutos, o que corresponde a 5.280 minutos de boa disposição, com o chandler, o joey, o ross, a monica, a rachel e a phoebe. é uma das séries "padrão" da televisão, marcou uma época, vai ser sempre falada e utilizada como termo de comparação em relação a novos produtos, tal como sucedeu com outras séries de sucesso, como "seinfeld" ou "frasier".
estou a acabar de ver a décima série e, à medida que vou devorando os episódios finais, vou sentindo cada vez mais apertado o "nó na garganta" que marca qualquer despedida. resta o conforto de poder visitar estes amigos sempre que me apetecer. eles lá estarão na minha prateleira dos dvd's, ao lado de "seinfeld", "everybody loves raymond", "mad about you", "family guy", "nip/tuck", "lost", "24"...
quinta-feira, novembro 16, 2006
borat
estou mortinho para ver este filme. já vi vários trailers e em todos me escangalho a rir. já acontecia o mesmo com a anterior personna de sascha baron cohen, o ali g. o filme tem sido um estrondoso êxito de bilheteira nos estados unidos da américa, contra todas as expectativas, considerando o seu baixo orçamento, o facto de parecer mais um documentário do que um filme, de não ter actores americanos conhecidos e de "gozar" bastante com o povo americano e o seu estilo de vida. mas também ninguém pensaria que a série "the office" algum dia poderia ter tanto êxito nos estados unidos, ao ponto de fazerem uma versão americana da mesma. parece que os americanos estão a descobrir, finalmente, a europa...
estreia em portugal no dia 30 de Novembro.
não vou perder!
não vou perder!
regresso ao... passado
Às vezes sinto que há situações pelas quais não passarei jamais. é uma sensação... estranha, no mínimo. pode até ser meio caminho andado para a tão apregoada crise de meia idade. olha-se para trás, para o que se fez, e sente-se um certo vazio. o que é que eu poderia ter feito mais? o que é que poderia ter feito de forma diferente? enfim, se todos nós tivéssemos um "DeLorean" (sim, eu fui ao google ver como se escreve), como o michael j. fox nos filmes "regresso ao futuro", certamente que voltaríamos atrás e tentaríamos rectificar e melhorar alguns pontos da nossa existência. como isso não é possível, resta-nos a resignação do presente, a inexorável marcha do tempo, que outrora considerávamos lenta demais, quando queríamos crescer, e implacável e dolorosa quando sentimos que esse mesmo tempo está a escorregar rápido demais por entre os nossos dedos.
Nunca mais vou viver a emoção de um primeiro beijo; o turbilhão de sentimentos de uma paixão; aqueles desgostos provocados geralmente por ciúmes cegos na fase do namoro, que nos "atiravam" para o quarto a ouvir música romântica durante horas, com a porta fechada; os encontros no jardim à hora marcada; as sempre dolorosas despedidas; enfim, todo o encanto de uma relação. como sei que tenho um excelente casamento, sei perfeitamente que nunca mais irei passar por tudo isto. hoje, quando ouço pessoas mais novas do que eu, solteiras, a falar sobre uma relação ou uma paixão, não posso deixar de sentir alguma nostalgia, porque penso que gostaria de estar novamente a passar também por isso, nem que fosse apenas por uma semana. mas esse tempo passou, tenho consciência disso. resta-me agora ouvir e aconselhar quem me pede conselhos (por falar nisso, sabem quem é que estava sempre a pedir conselhos ao jorge sampaio? - o povo de canas de senhorim. eu sei, é uma piada parva. já estou arrependido de ter escrito isto. onde está o delete?).
também há aspectos bons no meio disto tudo. não vou voltar a passar por um casamento, por exemplo. ir a um casamento é muito mau, é constrangedor, as roupas são apertadas, os sapatos fazem doer os pés e, geralmente, quando nos estamos a começar a divertir é quando a coisa acaba. mas é muito pior quando é o nosso casamento. uma pessoa tem que beijar 59 mulheres, apertar a mão a 67 homens, beijar criancinhas, oferecer charutos e flores com um sorriso amarelo nos lábios e agradecer a vinda de uma data de pessoas que nunca vimos na vida e que provavelemente não veremos mais. já para não falar na seca que é a cerimónia religiosa, aquela encenação toda, os pais nossos e avé marias, etc.. enfim, estou livre disto tudo, graças a... bem, à minha mulher, no fundo.
se pudesse voltar atrás, mudaria alguns comportamentos e actos, algumas opções, mas uma coisa não mudaria, de certeza: a pessoa que escolhi (ou foi ela que me escolheu?!) para encetar uma vida a dois e para ser a mãe dos meus filhos. nesse aspecto, tenho a certeza de que não encontraria melhor. é esta garantia que me faz sentir bem no presente e confiante no futuro (catano, isto parece mesmo um daqueles discursos dos políticos na noite de eleições!), embora não recusasse o tal "DeLorean"...
terça-feira, novembro 14, 2006
devaneios
sentir... ansiar... sofrer...
ausência... vazio... angústia...
(é verdade, são palavras que podem encontrar no dicionário!)
já a monica bellucci será mais difícil de encontrar. é pena. até podíamos ter um futuro juntos,
se ela não desse muita importância a esse pequeno pormenor chamado beleza.
quem sabe se um dia destes ela não precisará de colocar um anúncio num jornal, a pedir emprego, coitada, que isto de ser actriz não dura para sempre... e aí sim, vou ter a minha oportunidade de... a matar de tédio...
- vá lá rapaz, acorda! escreve lá algo com sentido, pelo menos uma vez.
(isto foi o meu alter ego a intervir e a interromper a minha linha de pensamento, que consistia em conquistar a monica bellucci com os meus dotes de paginação, deixando-a em êxtase com os meus títulos em georgia, bold, tamanho 26).
- ó alter ego, vai lá ler um bocado de proust ou lobo antunes, que eu agora estou ocupado.
catano, nem se pode sonhar em paz. também tenho direito à minha futilidadezita, de vez em quando. ou ao contrário, todo o blog até agora foi fútil e insípido e este é o meu post mais inspirado e com mais significado. será? talvez a monica bellucci o leia.
conhecem algum tradutor de italiano?
sexta-feira, novembro 10, 2006
as desilusões
pequenas desilusões ensombram frequentemente o nosso dia a dia. pode tudo estar a correr terrivelmente bem, o emprego, a vida lá em casa, os filhos na escola, tudo, mas há-de haver sempre um pequeno grão de areia a emperrar a roldana que nos vai mantendo activos. nada nos prepara para elas, mas quando acontecem deitam-nos mesmo abaixo. não totalmente abaixo, porque tenho um mecanismo de defesa que consiste em imaginar-me numa daquelas situações cinematográficas onde tenho direito a um desejo antes de morrer, antes da execução propriamente dita. se estivesse numa situações destas, que será uma daquelas situações limite, irreversíveis, escolheria sempre o desejo de ver a minha família uma última vez. posto isto, a desilusão de que vou falar pode até parecer ridícula, face à importância que dou à minha família em relação a tudo o resto...
como já referi noutros posts, não sou uma pessoa fácil, de acesso imediato e fácil. quem estiver somente comigo uns 20 ou 30 minutos deve ficar com a impressão de que sou a pessoa mais arrogante, emproada, convencida e antipática do mundo. e acreditem que colecciono primeiras opiniões deste género há muitos anos. acabei por me habituar a elas, sem mudar nada no meu comportamento para as evitar. no entanto, há pessoas que, ultrapassado esse período de tempo (os tais 20/30 minutos), acabam por entrar na nossa vida e fazer parte do quotidiano normal. alguns desses casos resultam de convivência profissional diária e, com o tempo, acabam por se desenvolver relações de amizade que julgamos consistentes. momentos houve em que até me senti contente por estar a construir uma amizade nova, eu que nunca fui muito dado a essas coisas. arranjar novos amigos e mantê-los nunca foi uma das minhas especialidades. como nota de rodapé para ilustrar esta minha inépcia, basta referir que perdi a totalidade dos amigos que angariei na minha época estudantil, ou seja, naquela idade em que se constroem amizades. durante dez anos da minha vida partilhei confidências, desabafos, sentimentos, gargalhadas, bebedeiras, jantaradas, momentos, etc., com pessoas que, agora, se passar por elas na rua, nem sequer um olá somos capazes de trocar. aqui, neste caso, bastou-me chatear com uma das pessoas desse grupo para logo todo o restante grupo me passar a ignorar também. é o que dá chatearmo-nos com a "abelha raínha"... a vida levou-nos para caminhos diferentes, certamente.
mas voltando ao caso que me levou a escrever este post... pois, relações de amizade "forçadas" por uma convivência diária, por motivos profissionais. sentimo-nos especiais por receber tanta atenção por parte de uma pessoa que até consideramos atraente, mas, no fundo, se observarmos bem, quando nos libertamos de toda aquela ilusão que não nos deixa ver as coisas claramente, chegamos à conclusão de que aquela atenção toda poderia ser atribuída perfeitamente a uma qualquer pessoa, desde que trabalhasse no mesmo sítio. ou seja, não havendo mais ninguém, ficamos nós com ela. foi o caso, precisamente. enquanto trabalhei nesse local, em part-time, sempre senti que estava envolvido numa relação de amizade com alguma solidez, com respeito e apoio mútuo. até estava a resultar bem, mas o meu passado apanhou-me... quando terminou esse part-time, a sensação esfumou-se. novamente os tais caminhos diferentes... que raio de amizade era esta que não conseguiu resistir à separação, mesmo que momentânea? e onde é que está escrito que duas pessoas, quando não trabalham juntas, não podem ir tomar um café ou almoçar? será assim tão complicado? não se arranjará tempo para tomar um café com uma pessoa que durante um ano e meio esteve todos os dias ao nosso lado, a ouvir os nossos desabafos, a dar-nos conselhos?
pois, eu já me cansei de tentar responder a estas perguntas. sinceramente, pensei que ainda era capaz de construir uma amizade com alguém, mesmo que a partir de uma convivência profissional. pelos vistos, não sou. é a tal desilusão de que falava no início deste post. foi mais uma. têm sido algumas ultimamente. mas o que interessa é manter os verdadeiros amigos. e esses, apesar de serem apenas uns três ou quatro, conto manter, por muitos anos.
o lado bom, ou menos mau, destas pequenas desilusões é que transferimos tudo o que temos de bom para oferecer, em termos emocionais e sentimentais, para as pessoas que realmente interessam, acabando por dar realmente muito valor, muito mesmo, ao que temos lá em casa, ao pequeno núcleo familiar que ajudamos a fortelecer diariamente. isto sim, são laços verdadeiramente fortes e indestrutíveis.
como já referi noutros posts, não sou uma pessoa fácil, de acesso imediato e fácil. quem estiver somente comigo uns 20 ou 30 minutos deve ficar com a impressão de que sou a pessoa mais arrogante, emproada, convencida e antipática do mundo. e acreditem que colecciono primeiras opiniões deste género há muitos anos. acabei por me habituar a elas, sem mudar nada no meu comportamento para as evitar. no entanto, há pessoas que, ultrapassado esse período de tempo (os tais 20/30 minutos), acabam por entrar na nossa vida e fazer parte do quotidiano normal. alguns desses casos resultam de convivência profissional diária e, com o tempo, acabam por se desenvolver relações de amizade que julgamos consistentes. momentos houve em que até me senti contente por estar a construir uma amizade nova, eu que nunca fui muito dado a essas coisas. arranjar novos amigos e mantê-los nunca foi uma das minhas especialidades. como nota de rodapé para ilustrar esta minha inépcia, basta referir que perdi a totalidade dos amigos que angariei na minha época estudantil, ou seja, naquela idade em que se constroem amizades. durante dez anos da minha vida partilhei confidências, desabafos, sentimentos, gargalhadas, bebedeiras, jantaradas, momentos, etc., com pessoas que, agora, se passar por elas na rua, nem sequer um olá somos capazes de trocar. aqui, neste caso, bastou-me chatear com uma das pessoas desse grupo para logo todo o restante grupo me passar a ignorar também. é o que dá chatearmo-nos com a "abelha raínha"... a vida levou-nos para caminhos diferentes, certamente.
mas voltando ao caso que me levou a escrever este post... pois, relações de amizade "forçadas" por uma convivência diária, por motivos profissionais. sentimo-nos especiais por receber tanta atenção por parte de uma pessoa que até consideramos atraente, mas, no fundo, se observarmos bem, quando nos libertamos de toda aquela ilusão que não nos deixa ver as coisas claramente, chegamos à conclusão de que aquela atenção toda poderia ser atribuída perfeitamente a uma qualquer pessoa, desde que trabalhasse no mesmo sítio. ou seja, não havendo mais ninguém, ficamos nós com ela. foi o caso, precisamente. enquanto trabalhei nesse local, em part-time, sempre senti que estava envolvido numa relação de amizade com alguma solidez, com respeito e apoio mútuo. até estava a resultar bem, mas o meu passado apanhou-me... quando terminou esse part-time, a sensação esfumou-se. novamente os tais caminhos diferentes... que raio de amizade era esta que não conseguiu resistir à separação, mesmo que momentânea? e onde é que está escrito que duas pessoas, quando não trabalham juntas, não podem ir tomar um café ou almoçar? será assim tão complicado? não se arranjará tempo para tomar um café com uma pessoa que durante um ano e meio esteve todos os dias ao nosso lado, a ouvir os nossos desabafos, a dar-nos conselhos?
pois, eu já me cansei de tentar responder a estas perguntas. sinceramente, pensei que ainda era capaz de construir uma amizade com alguém, mesmo que a partir de uma convivência profissional. pelos vistos, não sou. é a tal desilusão de que falava no início deste post. foi mais uma. têm sido algumas ultimamente. mas o que interessa é manter os verdadeiros amigos. e esses, apesar de serem apenas uns três ou quatro, conto manter, por muitos anos.
o lado bom, ou menos mau, destas pequenas desilusões é que transferimos tudo o que temos de bom para oferecer, em termos emocionais e sentimentais, para as pessoas que realmente interessam, acabando por dar realmente muito valor, muito mesmo, ao que temos lá em casa, ao pequeno núcleo familiar que ajudamos a fortelecer diariamente. isto sim, são laços verdadeiramente fortes e indestrutíveis.
quinta-feira, novembro 09, 2006
interior
sempre vivi no interior. estive apenas uns meses a residir em coimbra (já é mais litoral que interior), em virtude de lá ter conseguido entrar na universidade. sinceramente, não gostei, senti-me deslocado e voltei imediatamente para o meu "cantinho". não foi por causa da cidade, que até adorava antigamente quando lá ia passar uns fins de semana com a minha então namorada, hoje mulher, que lá estudava na altura. senti-me sozinho, desamparado e inadaptado. o meu hedonismo sempre me levou a evitar tudo o que é desagradável, dando clara predominância a tudo o que dê prazer. e foi nessa altura que causei aos meus pais um desgosto enorme, ao desistir do curso, voltando para "debaixo das saias da minha mãe". reconheço que posso ter perdido "os melhores anos da minha vida", como é frequente ouvirmos dizer aos estudantes universitários. festas, noitadas de copos, etc.. atirei para o ar tudo isto, anos de farra e de despreocupação, se excluirmos os próprios estudos, obviamente. queria que a minha vida começasse o mais rapidamente possível, e isso passava por viver com a mulher que amava, casar, ter filhos... dessa forma, comecei a trabalhar para que o meu futuro chegasse rapidamente. não chegou... eu tinha acabado de renunciar a coimbra e a minha namorada foi chamada para faro (faro, meu deus, longe como tudo!), aceitando imediatamente o emprego que já ansiava há anos. ou seja, voltava tudo à estaca zero e a oportunidade coimbra tinha-se esfumado. só meia década depois (parece muito mais tempo do que "cinco anos depois") se consumaria o ansiado desiderato.
este episódio acabou por ser, de certa forma, irónico. de vez em quando sinto que aqueles anos em coimbra me fizeram falta, pela "bagagem" que me poderiam ter dado, pelo fortelecimento de carácter que me dariam, pela "viagem" espiritual que não cheguei a fazer, pelo corte do cordão umbilical que se impunha já na altura, pelas pessoas que não conheci... se calhar, hoje seria uma pessoa diferente... mas preferi o "quentinho", o aconchego do lar e a companhia das pessoas de que gostava (e ainda gosto). no interior (lá está! interior!), ainda se travam algumas lutas entre o "eu" extrovertido que não teve oportunidade de se soltar devidamente, na altura certa, e o "eu" certinho e introvertido, que foi privilegiado e convocado um pouco cedo demais.
este episódio acabou por ser, de certa forma, irónico. de vez em quando sinto que aqueles anos em coimbra me fizeram falta, pela "bagagem" que me poderiam ter dado, pelo fortelecimento de carácter que me dariam, pela "viagem" espiritual que não cheguei a fazer, pelo corte do cordão umbilical que se impunha já na altura, pelas pessoas que não conheci... se calhar, hoje seria uma pessoa diferente... mas preferi o "quentinho", o aconchego do lar e a companhia das pessoas de que gostava (e ainda gosto). no interior (lá está! interior!), ainda se travam algumas lutas entre o "eu" extrovertido que não teve oportunidade de se soltar devidamente, na altura certa, e o "eu" certinho e introvertido, que foi privilegiado e convocado um pouco cedo demais.
musicas nas nuvens 3
as musicas que nos deixam nas nuvens:
elizabeth fraser & craig armstrong - this love
elizabeth fraser & craig armstrong - this love
terça-feira, novembro 07, 2006
brilho nos olhos
este ano de 2006 caminha rapidamente para o seu término. a febre das compras de natal vai começar. vamos novamente ser bombardeados com anúncios alusivos à época, incitando ao consumismo desenfreado. fazem-se listas, contam-se os trocos para tentar ficar ainda com algum dinheiro do subsídio de natal para o início do ano, quando se prevê que tudo vá subir vertiginosamente (luz, água, gás, taxas de juro, combustível, etc). é também por esta altura que começam os "balanços" do ano, as tradicionais retrospectivas, com o melhor e o pior, as revelações e a desilusões do ano que termina. mas quanto a este aspecto falaremos mais tarde.
hoje quero falar essencialmente da atmosfera natalícia, daquela magia que nos invadia quando éramos crianças e sentíamos o natal cada vez mais perto. é claro que não vou começar para aqui com balelas e sermões sobre o facto de o natal ser cada vez mais mercantilista e comercial, isso já toda a gente sabe. em minha casa, por esta altura, ou seja, a um mês e pouco do natal, vem sempre a mesma conversa: "este ano não vão haver prendas para ninguém, temos que poupar". e o mais engraçado é que sabemos perfeitamente que nos estamos a tentar enganar a nós próprios. as crianças falam umas com as outras, depois chegam a casa e, como quem não quer a coisa, lá dizem que gostavam de ter o novo "action man advogado", que nunca perde um caso, porque o andré também vai ter um no natal, os pais da joana vão-lhe comprar uma boneca que consegue dactilografar 120 palavras em 30 segundos, os padrinhos do leonardo já mandaram vir uma psp, os do bruno uns gnr, etc.. e quem são os pais com coragem para dizer aos filhos, nestas circunstâncias, "tu não vais ter nada porque temos que poupar, o banco central europeu anunciou que as taxas de juro vão subir, aumentando as prestações e, consequentemente, provocando um déficit no nosso superavit financeiro".
os anúncios televisivos vão desfilando, as crianças vão criando listas mentais de prioridades. os pais vão registando, distribuindo posteriormente os brinquedos desejados pelos compradores interessados em oferecer algo que realmente eles queiram, em vez de um par de meias ou de um livro da margarida rebelo pinto. assim, os pais oferecem o brinquedo que aparece no anúncio a que ele reage mais energicamente, os avós o brinquedo imediatamente a seguir, os tios, os padrinhos, etc, etc.. acontece isto todos os anos, uma joint venture para proporcionar às nossas crianças o mais cintilante brilho nos olhos, o mais rasgado sorriso, o mais apertado abraço e o mais sentido beijo de agradecimento. para mim, é isto o natal, dar uma enorme alegria às crianças, mesmo que três dias depois o brinquedo que lhes demos esteja já a um canto, avariado ou partido.
até ao nível das prendas de natal estamos sempre em constante evolução em termos geracionais. os meus pais provavelmente nem teriam direito a prendas no natal, dadas as dificuldades com que se debateriam os meus avós. a geração seguinte, a minha, também se debateu com muitas dificuldades financeiras, mas os meus pais nunca deixaram passar esta época sem uma lembrança, por mais insignificante que fosse. e nós também sabíamos que não podíamos almejar muito alto. na minha altura, não passavam nem 10% dos anúncios a brinquedos que hoje inundam os canais de televisão, lembro-me dos carrinhos majorette e matchbox, das garagens com andares de estacionamento de carrinhos, com elevador, do cubo mágico, mais tarde do spectrum (o saudoso spectrum), dos walkman, etc.. hoje, por estes dias, a geração dos meus filhos tem aquilo que nós, quando éramos da idade deles, queríamos ter. tentamos sempre fazer mais do que os nossos pais fizeram, ou puderam fazer... obviamente, também espero que o mesmo aconteça com os meus netos, quando chegar a altura dos meus filhos se debaterem com a lista de "exigências" no natal. era bom sinal...
hoje quero falar essencialmente da atmosfera natalícia, daquela magia que nos invadia quando éramos crianças e sentíamos o natal cada vez mais perto. é claro que não vou começar para aqui com balelas e sermões sobre o facto de o natal ser cada vez mais mercantilista e comercial, isso já toda a gente sabe. em minha casa, por esta altura, ou seja, a um mês e pouco do natal, vem sempre a mesma conversa: "este ano não vão haver prendas para ninguém, temos que poupar". e o mais engraçado é que sabemos perfeitamente que nos estamos a tentar enganar a nós próprios. as crianças falam umas com as outras, depois chegam a casa e, como quem não quer a coisa, lá dizem que gostavam de ter o novo "action man advogado", que nunca perde um caso, porque o andré também vai ter um no natal, os pais da joana vão-lhe comprar uma boneca que consegue dactilografar 120 palavras em 30 segundos, os padrinhos do leonardo já mandaram vir uma psp, os do bruno uns gnr, etc.. e quem são os pais com coragem para dizer aos filhos, nestas circunstâncias, "tu não vais ter nada porque temos que poupar, o banco central europeu anunciou que as taxas de juro vão subir, aumentando as prestações e, consequentemente, provocando um déficit no nosso superavit financeiro".
os anúncios televisivos vão desfilando, as crianças vão criando listas mentais de prioridades. os pais vão registando, distribuindo posteriormente os brinquedos desejados pelos compradores interessados em oferecer algo que realmente eles queiram, em vez de um par de meias ou de um livro da margarida rebelo pinto. assim, os pais oferecem o brinquedo que aparece no anúncio a que ele reage mais energicamente, os avós o brinquedo imediatamente a seguir, os tios, os padrinhos, etc, etc.. acontece isto todos os anos, uma joint venture para proporcionar às nossas crianças o mais cintilante brilho nos olhos, o mais rasgado sorriso, o mais apertado abraço e o mais sentido beijo de agradecimento. para mim, é isto o natal, dar uma enorme alegria às crianças, mesmo que três dias depois o brinquedo que lhes demos esteja já a um canto, avariado ou partido.
até ao nível das prendas de natal estamos sempre em constante evolução em termos geracionais. os meus pais provavelmente nem teriam direito a prendas no natal, dadas as dificuldades com que se debateriam os meus avós. a geração seguinte, a minha, também se debateu com muitas dificuldades financeiras, mas os meus pais nunca deixaram passar esta época sem uma lembrança, por mais insignificante que fosse. e nós também sabíamos que não podíamos almejar muito alto. na minha altura, não passavam nem 10% dos anúncios a brinquedos que hoje inundam os canais de televisão, lembro-me dos carrinhos majorette e matchbox, das garagens com andares de estacionamento de carrinhos, com elevador, do cubo mágico, mais tarde do spectrum (o saudoso spectrum), dos walkman, etc.. hoje, por estes dias, a geração dos meus filhos tem aquilo que nós, quando éramos da idade deles, queríamos ter. tentamos sempre fazer mais do que os nossos pais fizeram, ou puderam fazer... obviamente, também espero que o mesmo aconteça com os meus netos, quando chegar a altura dos meus filhos se debaterem com a lista de "exigências" no natal. era bom sinal...
segunda-feira, novembro 06, 2006
o sentido da vida
encontraremos, ao longo da nossa curta existência, tudo aquilo que procuramos? porventura nem as chaves do sótão conseguiremos encontrar, ou a chupeta da filha quando estamos à porta de casa, cheios de tralha, preparados para sair e só falta mesmo essa pequenina coisa para encurtarmos o nosso atraso de uma hora para 56 minutos.
amor? realização profissional? dinheiro? casa de praia? carro de alta cilindrada? amigos? um excelente spread no crédito à habitação? um empregado de café que nos traga realmente um café curto quando pedimos um café curto? acho que é colocar a faixa muito alta. deviamos contentar-nos apenas com o café curto. o amor é sobrevalorizado, com o tempo transforma-se apenas em respeito e consideração; o emprego é sempre mal pago; o dinheiro gasta-se em meia hora; a casa de praia no inverno fica inundada e exige reparações anuais caríssimas; o carro de alta cilindrada gasta muito combustível e basta um risco na porta para perder metade do valor comercial; ter amigos é sempre chato, porque os convidamos para ir jantar lá a casa e ficamos à espera três ou quatro anos que eles nos convidem para o mesmo. ou seja, nunca há retribuição à altura. e outra coisa, os amigos só estão de facto presentes quando sentem que precisam de nós para alguma coisa. logo que esse pequenito aspecto se esfume, deixamos de ter qualquer ponta de interesse; quanto ao spread bancário, tenho 34 anos e nunca entendi patavina sobre isso, deve ser apenas para pessoas inteligentes.
qual é o maior problema das pessoas hoje em dia? não terem tempo. nunca há tempo para nada. têm que chegar aos seus empregos a tempo, sair a tempo para almoçar, entrar novamente a tempo, sair a tempo de não apanhar trânsito, chegar a casa a tempo de fazer o jantar, arrumar a casa a tempo para ir dar banho aos filhos, deitar os filhos a tempo. uff... que canseira. chega o fim de semana e quando pensamos que vamos descansar... enganamo-nos redondamente. é ainda pior. porque há a casa para arrumar, aspirar, temos que cozinhar, limpar o chão, lavar a louça, etc.. no domingo então há sempre visitas de familiares, há que ser bom anfitrião, não deixar faltar nada na mesa, encher sempre os copos, ir buscar pão... em suma, uma grande estafa, ficamos ainda mais cansados do que se estivessemos a trabalhar.
na prática, quando é que uma pessoa tem algum tempo? no meu caso, com tudo isto que referi no parágrafo anterior, só tenho algum tempo quando toda a gente lá em casa está a dormir. é nessa altura que aproveito para ter algum tempo de qualidade. normalmente vejo séries como o seinfeld ou o friends, ou jogo playstation até cair para o lado, literalmente, com sono.
portanto, com tudo isto, o que restará procurar ou extrair mais desta vida se não há tempo para o fazer? amigos tenho os suficientes, não ando à procura; emprego tenho e gosto do que faço; dinheiro vai-se ganhando todos os meses, se tivesse mais também gastava mais, por isso...; casa de praia e carro de alta cilindrada dispenso, tenho a minha casita na cidade que gosto e dois carritos velhitos que ainda cumprem; amor? sim. saúde? sim.
agora, se me pudessem trazer o tal cafezito curto... se não for pedir muito...
amor? realização profissional? dinheiro? casa de praia? carro de alta cilindrada? amigos? um excelente spread no crédito à habitação? um empregado de café que nos traga realmente um café curto quando pedimos um café curto? acho que é colocar a faixa muito alta. deviamos contentar-nos apenas com o café curto. o amor é sobrevalorizado, com o tempo transforma-se apenas em respeito e consideração; o emprego é sempre mal pago; o dinheiro gasta-se em meia hora; a casa de praia no inverno fica inundada e exige reparações anuais caríssimas; o carro de alta cilindrada gasta muito combustível e basta um risco na porta para perder metade do valor comercial; ter amigos é sempre chato, porque os convidamos para ir jantar lá a casa e ficamos à espera três ou quatro anos que eles nos convidem para o mesmo. ou seja, nunca há retribuição à altura. e outra coisa, os amigos só estão de facto presentes quando sentem que precisam de nós para alguma coisa. logo que esse pequenito aspecto se esfume, deixamos de ter qualquer ponta de interesse; quanto ao spread bancário, tenho 34 anos e nunca entendi patavina sobre isso, deve ser apenas para pessoas inteligentes.
qual é o maior problema das pessoas hoje em dia? não terem tempo. nunca há tempo para nada. têm que chegar aos seus empregos a tempo, sair a tempo para almoçar, entrar novamente a tempo, sair a tempo de não apanhar trânsito, chegar a casa a tempo de fazer o jantar, arrumar a casa a tempo para ir dar banho aos filhos, deitar os filhos a tempo. uff... que canseira. chega o fim de semana e quando pensamos que vamos descansar... enganamo-nos redondamente. é ainda pior. porque há a casa para arrumar, aspirar, temos que cozinhar, limpar o chão, lavar a louça, etc.. no domingo então há sempre visitas de familiares, há que ser bom anfitrião, não deixar faltar nada na mesa, encher sempre os copos, ir buscar pão... em suma, uma grande estafa, ficamos ainda mais cansados do que se estivessemos a trabalhar.
na prática, quando é que uma pessoa tem algum tempo? no meu caso, com tudo isto que referi no parágrafo anterior, só tenho algum tempo quando toda a gente lá em casa está a dormir. é nessa altura que aproveito para ter algum tempo de qualidade. normalmente vejo séries como o seinfeld ou o friends, ou jogo playstation até cair para o lado, literalmente, com sono.
portanto, com tudo isto, o que restará procurar ou extrair mais desta vida se não há tempo para o fazer? amigos tenho os suficientes, não ando à procura; emprego tenho e gosto do que faço; dinheiro vai-se ganhando todos os meses, se tivesse mais também gastava mais, por isso...; casa de praia e carro de alta cilindrada dispenso, tenho a minha casita na cidade que gosto e dois carritos velhitos que ainda cumprem; amor? sim. saúde? sim.
agora, se me pudessem trazer o tal cafezito curto... se não for pedir muito...
sexta-feira, novembro 03, 2006
misantropia
- mas o que é que ele tem?
- são parvoíces, não ligues.
- que raio de comportamento, não fala a ninguém...
- diz que a partir de agora vai ser apenas misantropo.
- vai-se dedicar à solidariedade e a ajudar os desfavorecidos?
- não pá. isso é filantropo. ele não quer ter nenhuma convivência social.
- ó diabo, isso é mau. para a semana vai haver o jogo de solteiros contra casados a seguir ao magusto. e ele até joga umas coisas.
- pois, mas podes esquecer. ele entrou naquilo a que ele chama de "disposição sombria do espírito".
- mas o jogo até vai ser disputado de noite. vai haver uma data de sombras...
- irra que és parvo, chiça! deixa lá o homem em paz. também acho uma parvoíce mas, como amigo, respeito as decisões dele.
- ele também sempre foi esquisito. cada vez que me lembro do tipo, no liceu, sempre de walkman nos ouvidos. ou no grupo de teatro e na escola de música. que paneleirices...
- pois, mas por qualquer motivo acabamos por nos tornar amigos dele. já o aceitamos como ele é há algum tempo. não adianta fingir agora que não o conhecemos.
- pois, mas a equipa dos casados vai ficar desfalcada...
- tens razão nisso. e temos que vingar a derrota do ano passado. vamos falar com o artur, que é bastante menos problemático. jogou no ano passado no cabanas de viriato. até é um tipo fixe.
- podes crer. na semana passada emprestou-me cd's dos iron maiden e um filme do steven seagal.
- ah grande artur! se jogar por nós ganhamos sem dificuldade. vamos lá a casa dele.
- dizemos alguma coisa antes de ir embora?
- não, deixa lá. ele nem vai dar conta que a gente cá esteve.
- são parvoíces, não ligues.
- que raio de comportamento, não fala a ninguém...
- diz que a partir de agora vai ser apenas misantropo.
- vai-se dedicar à solidariedade e a ajudar os desfavorecidos?
- não pá. isso é filantropo. ele não quer ter nenhuma convivência social.
- ó diabo, isso é mau. para a semana vai haver o jogo de solteiros contra casados a seguir ao magusto. e ele até joga umas coisas.
- pois, mas podes esquecer. ele entrou naquilo a que ele chama de "disposição sombria do espírito".
- mas o jogo até vai ser disputado de noite. vai haver uma data de sombras...
- irra que és parvo, chiça! deixa lá o homem em paz. também acho uma parvoíce mas, como amigo, respeito as decisões dele.
- ele também sempre foi esquisito. cada vez que me lembro do tipo, no liceu, sempre de walkman nos ouvidos. ou no grupo de teatro e na escola de música. que paneleirices...
- pois, mas por qualquer motivo acabamos por nos tornar amigos dele. já o aceitamos como ele é há algum tempo. não adianta fingir agora que não o conhecemos.
- pois, mas a equipa dos casados vai ficar desfalcada...
- tens razão nisso. e temos que vingar a derrota do ano passado. vamos falar com o artur, que é bastante menos problemático. jogou no ano passado no cabanas de viriato. até é um tipo fixe.
- podes crer. na semana passada emprestou-me cd's dos iron maiden e um filme do steven seagal.
- ah grande artur! se jogar por nós ganhamos sem dificuldade. vamos lá a casa dele.
- dizemos alguma coisa antes de ir embora?
- não, deixa lá. ele nem vai dar conta que a gente cá esteve.
fade out again
Street Spirit (Fade Out)
Rows of houses all bearing down on me
I can feel their blue hands touching me
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out
This machine will not communicate
These thoughts and the strain I am under
Be a world child, form a circle
Before we all go under
And fade out again and fade out again
Cracked eggs, dead birds
Scream as they fight for life
I can feel death, can see it's beady eyes
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out again
Immerse your soul in love
Immerse your soul in love.
Rows of houses all bearing down on me
I can feel their blue hands touching me
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out
This machine will not communicate
These thoughts and the strain I am under
Be a world child, form a circle
Before we all go under
And fade out again and fade out again
Cracked eggs, dead birds
Scream as they fight for life
I can feel death, can see it's beady eyes
All these things into position
All these things we'll one day swallow whole
And fade out again and fade out again
Immerse your soul in love
Immerse your soul in love.
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