domingo, janeiro 10, 2016

dez anos de nuvens da alma (2006-2016)


10 de janeiro de 2006: depois de muitas voltas à cabeça, a designação "nuvens da alma" é escolhida para intitular o blogue, superando pérolas como "o meu reino por um guarda-chuva", "centro de baixas depressões" ou "está um tempo bom para estender uma máquina de roupa". despretensioso e modesto, aqui e ali leviano, acolá assertivo, lá adiante, atrás daquela macieira, não, não, a outra, do lado direito, pertinente, o blogue conseguiu encontrar o seu espaço na blogosfera, algures entre uma bola de cotão e um cotonete usado. foi crescendo devagarinho, tentando sempre trilhar os caminhos certos, ser diferente, uma espécie de espelho das idiossincrasias, misantropia e, por que não dizê-lo, alguma imbecilidade do seu autor. os leitores foram surgindo, alguns até ficaram por um longo período de tempo; outros, porventura mais sensatos, passaram, deram uma vista de olhos e seguiram viagem. tentei aliciar os visitantes, oferecendo um queque de laranja da dan cake e um capri-sonne de pêssego a quem ficasse mais de meia hora no blogue. em vão. aconteceu precisamente o mesmo com os vouchers de fim de semana em carrazeda de ansiães. mesmo assim, não esmoreci. escrevi textos atrás de textos, sobre tudo e mais alguma coisa, e até tive a sorte de ver um dos meus textos escolhidos pelo suplemento p2 do jornal "público". o tema foi a fuga de fátima felgueiras para o brasil. portanto, a partir daqui só poderia ser sempre a descer. e foi mesmo. sobretudo naquele extenso relato da minha viagem ao piódão, em que, obviamente, para não sair da personagem, escolhi o caminho mais difícil para lá chegar. mas valeu pela paisagem e pelos quatro mini-avc's que tive.
a rotina da vida caseira, o quotidiano familiar, as peripécias dos filhos, os aniversários, vida escolar, etc., tudo serviu para um post, um desabafo para memória futura. e, dez anos depois, acreditem que sabe mesmo bem reler esses textos, relembrar esses momentos todos com um sorriso nos lábios.
como é evidente, sendo este um blogue pessoal, os meus gostos foram fáceis de soltar. música, cinema, televisão, humoristas, futebol (e esse grande desgosto de o sporting nunca ter sido campeão ao longo destes dez anos). aqui coube sempre tudo o que eu quis partilhar com os meus leitores, até as minhas irritações sociais, a antipatia que gero em desconhecidos e a recorrente incapacidade de me servirem um café realmente curto quando o peço. mais as péssimas primeiras impressões que coleciono, a rapidez com que perco amigos (quase tão rápido como perco guarda-chuvas) e a falta de jeito para construir novas amizades. digamos que o meu jackpot neurótico está e fica bem evidente nestas páginas. pelo meio, ainda tentei dar largas à minha veia poética, com uma dúzia de poemas mal amanhados, e dei início a um livro que ainda está a meio (chegou aos dez capítulos). até que surgiu uma nova paixão: a fotografia. fui colocando vários instantâneos fotográficos por aqui, até surgir a ideia de criar um blogue específico para essa actividade (o http://photoblografia.blogs.sapo.pt/).
em suma, são dez anos que não me envergonham, não me deslustram, antes pelo contrário. fico naturalmente satisfeito por aqui ter chegado e prometo fazer tudo o que estiver ao meu alcance para estar cá daqui a outros dez a escrever um texto igualmente parvo.
a todos os que me ajudaram nesta odisseia (sim, estou-me a referir a vocês os seis...), fica o meu agradecimento sincero, o meu respeito e a minha vénia. se tivesse chapéu (o que seria uma enorme estupidez, uma vez que estou de pijama e chinelos), tirava-o agora mesmo para vos saudar. o blogue também é vosso... portanto, se me quiserem aliviar a carga e escrever um textito de vez em quando, eu agradecia.
obrigado!

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