terça-feira, abril 14, 2009

um verdadeiro jogo de futebol


14 de abril de 2009. quartos-de-final da liga dos campeões. na primeira mão o chelsea tinha ido vencer a anfield road o liverpool por 1-3. hoje, em stanford bridge, o resultado foi 4-4, num jogo memorável, daqueles que vão ser recordados durante muitos anos.
se algum dia alguém me perguntar por que raio é que eu gosto tanto de futebol, por que é que vibro tanto, me enervo, dou saltos, berros, chamo nomes ao árbitro, reclamo faltas, penaltys, cantos e foras de jogo, festejo os golos como se estivesse dentro do campo e fico tão contente com as vitórias dos clubes que admiro, apontarei este jogo como um exemplo paradigmático. a forma como o liverpool se apresentou em stanford bridge, sabendo que seria muito difícil, mas não impossível, virar a eliminatória, mesmo sem steven gerard, o capitão e "homem do leme" da equipa de rafael benitez, é de louvar, dominando os primeiros 45 minutos, encostando o chelsea "às cordas" praticamente. ao intervalo o 0-2 não escandalizava. aliás, o liverpool ainda teve hipóteses de chegar ao terceiro golo na primeira parte. mas, como com as equipas inglesas os jogos nunca são entediantes ou previsíveis, a segunda parte foi totalmente diferente. o chelsea "entrou" no jogo, embora que à custa de um erro incrível de pepe reina no seu primeiro golo, e acalmou os seus adeptos quando chegou, a meio da segunda parte, aos 3-2. a eliminatória parecia, então, resolvida. até rafael benitez parecia acreditar nisso mesmo, quando retirou do relvado fernando torres. lembro-me de pensar, nessa altura, que o técnico espanhol ainda iria arrepender-se dessa decisão. o certo é que, em poucos minutos, o liverpool marcou dois golos, colocando o resultado em 3-4, portanto a um golo apenas do apuramento. o liverpool carregou, sempre exemplarmente apoiado e incentivado pelos seus adeptos, também eles incansáveis, tentando chegar ao quinto golo. o chelsea, entretanto, tremia, especialmente na defesa, onde esteve hoje um irreconhecível petr cech; mas, num contra-ataque, drogba arrastou consigo três jogadores do liverpool e serviu primorosamente um isolado lampard (que grande jogador!), que fez o seu segundo golo e restabeleceu a igualdade. aqui sim, parecia que a eliminatória estava, finalmente, resolvida; mas logo na jogada seguinte riera centrou da esquerda, cech aliviou a bola para a sua frente, babel rematou e essien salvou, em cima da linha, o quinto golo do liverpool. isto a quatro minutos do fim. se a bola tivesse entrado, os três minutos de desconto atribuídos pelo árbitro seriam escaldantes. no mínimo...
no final do jogo foi bem visível que, apesar da eliminação de uma das equipas, o público aplaudiu vigorosamente os intervenientes do jogo, satisfeitos pelo espectáculo a que tinham acabado de assistir, com oito golos, incerteza na eliminatória até aos últimos minutos e constantes reviravoltas no marcador. é verdade que, perante os 7-5 no conjunto das duas mãos, em dois excelentes jogos, nenhuma das equipas merecia ficar pelo caminho. ficou o liverpool. não merecia. mas se tivesse ficado o chelsea pelo caminho o sentimento seria igual. o que ficou e ficará na memória é a recordação de um verdadeiro jogo de futebol, jogado sem truques, sem mergulhos para a piscina, sem casos de arbitragem, sem anti-jogo, com jogadores de grande qualidade (faltou um dos melhores do mundo, para mim: steven gerard), treinadores competentes e um árbitro que não quis colocar-se em bicos de pés e ser ele próprio a estrela do jogo. respeitou os jogadores e estes respeitaram-no. assim vale a pena ver futebol!...

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