quinta-feira, março 20, 2008

sun kil moon 2


tinha prometido ontem que hoje iria comentar a segunda parte do novo disco dos sun kil moon, "april". pois bem, aqui vai: meus amigos, depois de ouvir intensamente as onze músicas, chego à conclusão que estamos perante uma pequena maravilha, um óasis musical apresentado por um dos melhores compositores, letristas e cantores do nosso tempo, mark kozelek. admirador número um dos red house painters, chegou a altura de abraçar com o mesmo carinho e admiração, sem reservas, os sun kil moon, porque nele está presente o mesmo fio condutor, a mesma inspiração, sonoridade, melancolia e paixão. ouve-se este disco e chega-se à conclusão que só o nome da banda mudou, porque podia ser perfeitamente um disco dos red house painters. kozelek volta a desenhar histórias de despedidas, relações desfeitas, distanciamentos, desespero e amores perdidos ou impossíveis, pinceladas por belíssimos arranjos musicais e uma voz cativante, ternurenta e apaziguadora, com laivos de angústia, sofrimento e melancolia. acho que quem se apaixona por esta voz, apaixona-se para o resto da vida. mark kozelek tem uma daquelas vozes tão perfeitas que até ficava bem a cantar receitas de culinária, os números da lista telefónica da nova zelândia ou os discursos de jorge sampaio. para mim, é a voz! claro que mark eitzel, anthony hegarty, thom yorke e rufus wainwright também são muito bons, e podem crer que os aprecio bastante, mas a voz de kozelek acalma, apaixona e extasia.
voltando a "april", disco que conta com a participação especial de will oldham, se eu ontem já tinha ficado de "barriga cheia", só com as primeiras seis músicas, hoje fiquei empanturrado, tal a qualidade geral do album. as cinco músicas que completam "april" são "harper road", "tonight the sky", "like the river", "blue orchids" e "tonight in bilbao". em "like the river" ouvimos um interessante dueto de kozelek com will oldham, tal como acontece em "unlit hallway". kozelek revelou ao "the hollywood reporter" que a sua parte preferida do disco são precisamente os "back-ups" de oldham em "unlit hallway". "blue orchid" é uma bela balada acústica, só com voz e guitarra, uma das músicas mais intimistas do disco. "tonight the sky", a mais longa do disco, com dez minutos e meio, é um épico polvilhado de guitarras, com um longo solo pelo meio, ao jeito de "make like paper" e "revelation big sur", de "songs for a blue guitar", dos red house painters. "harper road" inscreve-se na mesma linha musical de "blue orchid" e "lucky man", composições simples e acústicas, com apenas kozelek e uma guitarra. o disco encerra com "tonight in bilbao" (9:28), que narra uma história de amor passada em bilbau, espanha. é uma música de despedida, de uma relação que começa com o fim à vista, e fecha de forma magistral o album, com a presença, novamente, de violinos (da responsabilidade de michi aceret).
"many of the songs on this record do deal with a certain relationship, which does give it a certain theme, but i wasn't thinking about it, or constructing it that way. i don't really think about stuff like that when putting a record together, which is probably why many of my records are scattered musically, and subject-wise", referiu um modesto mark kozelek ao site "the hollywood reporter".
concluo este extenso post, que já parece uma música dos sun kil moon, ansiando pela passagem da banda por portugal. por enquanto apenas existem datas de concertos nos estados unidos, mas a banda vai entrar em digressão nos últimos meses de 2008. é uma questão de ir fazendo figas...

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