gosto disto, é verdade. é muito raro gostar de um programa de ficção nacional, basicamente porque a representação roça quase sempre o nível de teatro amador, os cenários são artesanais, o som e a imagem são péssimos, etc. neste caso, gosto de quase tudo, mas enalteço, e de que maneira, as interpretações de miguel guilherme e rita blanco. facilmente se cria uma relação de empatia com o casal lopes, ao assistirmos às suas dificuldades para sustentar a família naqueles tempos de crise e adversidade. o papel do filho mais novo, que narra a história em adulto, também está muito bem entregue a luís ganito. este tipo de papel, caindo nas mãos erradas, ou seja, num actor sem nenhuma habilidade e pouco credível, poderia deitar por terra as aspirações dos produtores. depois, é de enaltecer a preocupação com os pormenores, com cada detalhe, os jornais, a televisão, as mobílias, as roupas, os cafés, tudo muito bem integrado, respeitando a época em que se desenrola a acção. a rtp conseguiu atingir o seu objectivo de retratar de uma forma bem-humorada o ambiente sócio-económico de portugal no final dos anos 60. e digam lá, se viram os episódios de ontem à noite, se também não esboçaram um grande sorriso de cumplicidade e ternura quando viram o casal lopes a dançar na rua; ou quando os miúdos tentam brincar com as meninas. bons momentos televisivos, sem dúvida.
aos domingos à noite, temos finalmente um serão decente de televisão, com o "diz que é uma espécie de magazine" e "conta-me como foi".
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