segunda-feira, setembro 04, 2006

o tigre e a neve


roberto benigni é... um grande actor! tanto nos consegue fazer rir desalmadamente, em filmes como "johnny palito" e "monstro", como consegue enternecer-nos e comover-nos, como em "a vida é bela". em itália quiseram fazer dele o "novo tótó", apresentando-lhe comédias atrás de comédias, mas ele conseguiu fugir do estereotipo e provou que, como actor, era capaz de muito mais.
"a vida é bela" granjeou-lhe enorme sucesso, que extravasou mesmo as fronteiras da europa. conquistou o "mercado" chauvinista americano, vencendo, na edição de 1998 dos óscares, o óscar de melhor actor e o de melhor filme estrangeiro, sendo igualmente nomeado para melhor realizador e melhor filme, que viria a perder para o insípido "shakespeare in love". na categoria de melhor actor, benigni "roubou" a tom hanks a hipótese da sua terceira estatueta (depois de "forrest gump" e "filadélfia", hanks estava nomeado por "saving private ryan"). na categoria de melhor realizador, o italiano perdeu para steven spielberg, pelo já citado "saving private ryan". roberto benigni passou a ter outro estatuto e a ter muitos mais holofotes a incidir sobre o seu trabalho. o seu projecto seguinte, apenas três anos depois, chamou-se "pinóquio", um filme sem sorte desde o início da sua rodagem, quando se criticou duramente o seu orçamento megalómano, impróprio para um filme europeu. "pinóquio" foi um flop, um passo errado de benigni. daí que tenha voltado a cair no esquecimento. a memória das pessoas é muito curta e há sempre blockbusters fresquinhos, todos os anos, a sair dos grandes estúdios norte-americanos.
no ano passado, roberto benigni apresentou "o tigre e a neve", mais uma vez com a sua esposa nicoletta braschi no elenco. não houve grande alarido da imprensa na altura, o filme foi posto de lado pela maioria dos críticos, apenas salientando que o mesmo tinha sido rodado parcialmente em bagdad. pois bem, deviam ter visto bem o filme! sem nunca ser lamechas, pedante ou cabotino, benigni constrói uma história apaixonante, de entrega, de abnegação, de devoção, de ternura. no filme, ele é um professor de poesia/escritor, separado, com duas filhas gémeas. conquista-nos com o seu ar trapalhão e desengonçado; prende-nos com a sua eloquência quando fala de poesia; mas, sobretudo, consegue fazer passar para o espectador toda a paixão que sente pela personagem de nicoletta braschi. e é essa paixão que o vai levar ao iraque e a colocar a vida em risco inúmeras vezes, com alguns momentos de humor "à benigni" pelo meio.
em suma, é um filme poético e apaixonado, incompreensivelmente ignorado.

1 comentário:

marta r disse...

Ok, convenceste-me. Vou alugar este filme. Parece-me que vou gostar.