como um tipo que "acordou" verdadeiramente para a música nos anos 80, sinto especial ternura por quase tudo que tenha saído dessa década, mesmo pelas mais pirosas músicas de que há memória. tenho ouvido músicas que já não ouvia há vinte e tal anos e as sensações que agora tenho são de uma nostalgia vívida, de tempos irrecuperáveis, em que andava quase 18 horas por dia com os walkman ligados. ricos tempos, sem preocupações nenhumas, a não ser as notas e a contagem de faltas que poderíamos dar a determinada aula. por norma, chegava mesmo ao limite em quase todas elas. nessa altura, o meu tempo livre dividia-se entre o spectrum, a bicicleta e a televisão, com algumas actividades curriculares pelo meio, como futebol (iniciados, juvenis e juniores), teatro (fui actor amador) e as aulas de música. quando os meus pais me compraram o walkman desatei a gravar cassetes com tudo o que tinha lá em casa em vinil e fazia inúmeras "colectâneas" com as minhas músicas preferidas. ouvia duran duran, a-ha, wham, nik kershaw, rod stewart, sting, europe, enfim, tudo aquilo que naqueles tempos se ouvia.
depois, na década de 90, comecei a achar tudo uma valente "xaropada", quando comecei a enveredar por outros caminhos musicais, como cocteau twins, the cure, this mortal coil, peter murphy, faith no more, radiohead, etc. muitos anos passaram entretanto e a nostalgia começou a apertar. temas como "save a prayer", dos duran duran, "purple rain", de prince, ou "every breath you take", dos the police, figuram ainda nas nossas listas de músicas preferidas de todos os tempos, mas agora, ao ouvir algumas preciosidades que o tempo tinha apagado da minha memória, estou a apreciar devidamente este revivalismo dos anos 80. temas tão pirosos como "Carrie", dos Europe, ou "I´ve been in love before", dos cutting crew", encaixam agora como uma luva neste meu jardim de memórias. (uma luva num jardim? muito kafkiano). mas há mais: "It´s over", dos Level 42, "Hunting high and low", dos A-ha, "windswept", de bryan ferry, "more than this", dos roxy music, "the promise you made", de cock robin", "A question of lust", dos depeche mode, "Marliese", dos fischer z, "broken wings", dos mr. mister, "holding back the years", dos simply red, "one more try", de george michael, etc. caramba, que saudades, que memórias, tanto saudosismo! e tantas colectâneas que eu vou voltar a fazer...
quarta-feira, abril 26, 2006
um dia virtual
por vezes alguns silêncios dizem mais do que cem palavras. para mim, um longo silêncio partilhado com a pessoa certa pode fazer milagres. os silêncios nem sempre são sinal de que os tópicos de conversa se esgotaram, ou de enfado e tédio. há momentos em que apenas nos apetece contemplar, olhar e sentir. confesso que a minha timidez não me permite ter uma conversa com alguém, frente a frente, olhando essa mesma pessoa nos olhos o tempo todo. tenho sempre medo que as pessoas possam ver no meu olhar o que eu estou a sentir (não se costuma dizer que os olhos são a janela para a nossa alma?!...). nessa altura o meu olhar vai correndo, sem sentido ou rumo predefinido, as paredes, o tecto, o chão, a mesa, a chávena do café, etc.. já várias pessoas me apontaram esse "defeito", que resulta muito mais da minha já confessada timidez do que propriamente de má educação ou desconsideração da minha parte pela pessoa com quem dialogo. mas os silêncios permitem-nos processar as ideias devidamente, reflectir, pensar, sentir a presença da outra pessoa. e há olhares que dizem tudo enquanto estamos calados. de vez em quando consigo colocar de lado a minha timidez e olho, não mais de cinco segundos certamente, para a pessoa à minha frente, e consigo "ler" o que lhe vai na alma. é certo que nem todas as pessoas são iguais, há algumas em que uma pessoa não consegue mesmo ler nada, de tão triviais e banais que são, mas há outras por quem vale a pena fazer esse "esforço". felizmente conheço mais pessoas neste último caso, pessoas ricas interiormente que lutam desesperadamente por se "encaixarem" devidamente nesta amálgama urbana.
por uma delas nutro especial carinho, de tão sensível e delicada que é. a minha solução para os seus problemas, na última vez que estive com ela, em que parecia que tinha 300 kilos sobre os ombros, foi recebida com agrado. e era tão simples, tão eficaz, tão... impossível... e eu queria tanto assumir esse papel, de apaziguador da sua mente, de estabilizador emocional, mas apesar de ser apenas uma questão de tempo e disponibilidade, tal não foi, nem será, certamente, possível. a ideia era muito simples, extremamente simples: retira-la da "selva urbana" durante um dia e leva-la para uma aldeiazinha muito perto de viseu, toda remodelada, para turismo rural, e ficar um dia inteiro numa esplanada a conversar, apenas com o som dos pássaros e do rio como pano de fundo. isto porque sempre que estamos juntos vemos o tempo escoar-se rapidamente, como areia a escapar-se por entre os nossos dedos, a ineroxável marcha do tempo... teríamos, nesse virtual dia, hipótese de falar sem pressa, de partilhar silêncios e emoções. com tempo, sem nenhuma obrigatoriedade de horários. e foi tudo isto que eu senti no seu olhar naquele dia, senti que ela queria tempo, mais disponibilidade, mais atenção. e eu não pude dar-lhe isso. e senti-me mal, frustrado, porque eu queria proporcionar-lhe isso tudo. e se ela olhou bem nos meus olhos "viu" isso também. e assim ficamos os dois, impotentes, a ver o tempo passar enquanto imaginávamos outro cenário, outro ruído, outros ambientes. e esse silêncio disse tudo. mesmo tudo.
nesse silêncio residiu a impossibilidade das coisas, quando as queremos, como as queremos e com quem as queremos. despedi-me dela, entristecido por não ter conseguido abrir-lhe a porta da gaiola, para que ela conseguisse voar.
por uma delas nutro especial carinho, de tão sensível e delicada que é. a minha solução para os seus problemas, na última vez que estive com ela, em que parecia que tinha 300 kilos sobre os ombros, foi recebida com agrado. e era tão simples, tão eficaz, tão... impossível... e eu queria tanto assumir esse papel, de apaziguador da sua mente, de estabilizador emocional, mas apesar de ser apenas uma questão de tempo e disponibilidade, tal não foi, nem será, certamente, possível. a ideia era muito simples, extremamente simples: retira-la da "selva urbana" durante um dia e leva-la para uma aldeiazinha muito perto de viseu, toda remodelada, para turismo rural, e ficar um dia inteiro numa esplanada a conversar, apenas com o som dos pássaros e do rio como pano de fundo. isto porque sempre que estamos juntos vemos o tempo escoar-se rapidamente, como areia a escapar-se por entre os nossos dedos, a ineroxável marcha do tempo... teríamos, nesse virtual dia, hipótese de falar sem pressa, de partilhar silêncios e emoções. com tempo, sem nenhuma obrigatoriedade de horários. e foi tudo isto que eu senti no seu olhar naquele dia, senti que ela queria tempo, mais disponibilidade, mais atenção. e eu não pude dar-lhe isso. e senti-me mal, frustrado, porque eu queria proporcionar-lhe isso tudo. e se ela olhou bem nos meus olhos "viu" isso também. e assim ficamos os dois, impotentes, a ver o tempo passar enquanto imaginávamos outro cenário, outro ruído, outros ambientes. e esse silêncio disse tudo. mesmo tudo.
nesse silêncio residiu a impossibilidade das coisas, quando as queremos, como as queremos e com quem as queremos. despedi-me dela, entristecido por não ter conseguido abrir-lhe a porta da gaiola, para que ela conseguisse voar.
sexta-feira, abril 07, 2006
olá outra vez e adeus, até sempre
foi longo o silêncio. pc avariado, trabalho em demasia, etc.. não interessa agora dissecar o tempo que passou, as palavras que ficaram por dizer, os poemas pensados que se perderam nalgum guardanapo de café...
interessa agora apenas o futuro, não o passado, nem o presente. isto porque vou estar de férias uma semana e este espaço vai ficar mais uma vez sem actualização assídua. vai ser uma semana inteirinha sem olhar para um raio de um monitor, esse "bicho" que me está diariamente a "comer" os olhos...
peço paciência ao meu séquito de admiradores (que são para aí, sem exagero, uns 2...), mas prometo voltar cheio de energia, no dia 17 de Abril, com novas depressões, neuras acabadinhas de criar e aquele tipo de humor que ja granjeou fama por toda a zona leste da despensa de minha casa.
convido-os a visitarem amiúde o blog da minha parceira de blog, esse autêntico diamante por talhar e polir, desde que um verdadeiro admirador de pedras preciosas a encontre; caso contrário, o diamante pode partir-se...
confesso que, agora que comecei a escrever, até me apetecia continuar aqui mais um bocado, a tentar recuperar o tempo perdido. ultimamente a minha vida tem sido bastante interessante: os meus filhos fizeram anos, no mesmo dia (27 de Março), mas não são gémeos (têm 6 anos de diferença); estive com amigos de longe, que só vejo uma ou duas vezes por ano, e foi muito bom aferir que as coisas continuam bastante sólidas e que a amizade está mais forte do que nunca; entretanto novas amizades continuam a construir-se, outras foram-se desvanecendo, etc.. é este o ciclo da vida... people come and people go, resta-nos ter o discernimento necessário para escolhermos bem as que queremos que fiquem e, por outro lado, escolher devidamente as palavras para dizer àquelas que, definitivamente, não nos interessam. é a verdade nua e crua, sem rodeios. é isto mesmo. talvez por isso não tenha assim tantos amigos, mas considero que tenho os suficientes. e tendo poucos, posso dedicar-lhes mais atenção. nomeadamente a um, a quem eu acho que estou a dever algum reconhecimento e gratidão. e ele, se ler isto, saberá perfeitamente que tou a falar dele. pronto, se não chegar lá, eu dou uma pista (grão mestre bar - atenção, não ler as duas últimas palavras muito rápido).
e é isto, acho que estava a dever algo a este espaço, um pouco de mim, e assim alimentei um bocadito este verdadeiro "monstro" de blog, extremamente lido na Mongólia e no Tibete (só que eles não sabem escrever em português para deixarem comentários), muito mais do que o blog do Pacheco Pereira. os tipos da NASA também não paravam de me chatear para eu escrever. há coisas de que eles sentem mesmo falta quando saem deste planeta...
interessa agora apenas o futuro, não o passado, nem o presente. isto porque vou estar de férias uma semana e este espaço vai ficar mais uma vez sem actualização assídua. vai ser uma semana inteirinha sem olhar para um raio de um monitor, esse "bicho" que me está diariamente a "comer" os olhos...
peço paciência ao meu séquito de admiradores (que são para aí, sem exagero, uns 2...), mas prometo voltar cheio de energia, no dia 17 de Abril, com novas depressões, neuras acabadinhas de criar e aquele tipo de humor que ja granjeou fama por toda a zona leste da despensa de minha casa.
convido-os a visitarem amiúde o blog da minha parceira de blog, esse autêntico diamante por talhar e polir, desde que um verdadeiro admirador de pedras preciosas a encontre; caso contrário, o diamante pode partir-se...
confesso que, agora que comecei a escrever, até me apetecia continuar aqui mais um bocado, a tentar recuperar o tempo perdido. ultimamente a minha vida tem sido bastante interessante: os meus filhos fizeram anos, no mesmo dia (27 de Março), mas não são gémeos (têm 6 anos de diferença); estive com amigos de longe, que só vejo uma ou duas vezes por ano, e foi muito bom aferir que as coisas continuam bastante sólidas e que a amizade está mais forte do que nunca; entretanto novas amizades continuam a construir-se, outras foram-se desvanecendo, etc.. é este o ciclo da vida... people come and people go, resta-nos ter o discernimento necessário para escolhermos bem as que queremos que fiquem e, por outro lado, escolher devidamente as palavras para dizer àquelas que, definitivamente, não nos interessam. é a verdade nua e crua, sem rodeios. é isto mesmo. talvez por isso não tenha assim tantos amigos, mas considero que tenho os suficientes. e tendo poucos, posso dedicar-lhes mais atenção. nomeadamente a um, a quem eu acho que estou a dever algum reconhecimento e gratidão. e ele, se ler isto, saberá perfeitamente que tou a falar dele. pronto, se não chegar lá, eu dou uma pista (grão mestre bar - atenção, não ler as duas últimas palavras muito rápido).
e é isto, acho que estava a dever algo a este espaço, um pouco de mim, e assim alimentei um bocadito este verdadeiro "monstro" de blog, extremamente lido na Mongólia e no Tibete (só que eles não sabem escrever em português para deixarem comentários), muito mais do que o blog do Pacheco Pereira. os tipos da NASA também não paravam de me chatear para eu escrever. há coisas de que eles sentem mesmo falta quando saem deste planeta...
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