quarta-feira, março 15, 2006

neura

Desfaço-me em dúvidas,
multiplico-me em conjecturas.
Suavemente escureço.
Conscientemente, entrego-me,
cansado de pensar luas cheias,
farto de porejar ocasos solares,
fatigado de brotar tulipas e girassóis.
Recolho agora os mil pedaços
desta fragmentado ser,
esmigalhado na sua pequenez,
absorvido pelo pensamento reinante
ao qual a minha voz não se sobrepôs.
Quero que a noite caia depressa
e me proteja na sua escuridão;
hoje o meu espírito só espalha trevas,
as sombras invadiram o meu corpo,
sinto uma leveza inerte,
uma indolência gritante,
como se uma faca me rasgasse o peito
e em vez de dor, sangue e lágrimas
dele saísse apenas... poeira.
Suavemente escureço...

3 comentários:

Anónimo disse...

suavemente escureço na esperança que amanheça de novo, mais um dia mas com outros reflexos...

Cláudia Faro Santos disse...

"Somos só sobreviventes com carimbos falsos nas credênciais...

Vamos enganar o tempo,
Saltar para o primeiro comboio
Que arrancar da mais próxima estação...

Para quê fazer projectos,
Quando sai tudo ao contrário...

Pode ser que por milagre...
Troquemos as voltas aos deuses..."
(Jorge Palma)

É na sombra da luz que te encontro...As mesmas razões, as mesmas dúvidas que cansam...Que fustigam.

Se unissemos forças, hoje, a noite cairia mais depressa....(e as pessoas correriam para a rua gritando: "É o fim do mundo!")

Beijo...
(amanhã é um novo dia...esperemos.)

Miriam5 disse...

Quantas e quantas vezes, escureço na esperança de vã de me voltar a iluminar