era tão grande e sistemática a necessidade de te tocar que era muito raro andarmos lado a lado na rua sem ser de mãos dadas. nos cafés, nos restaurantes ou no cinema era igual. ficávamos lado a lado para ser mais fácil o toque, mais imediato, mais perto. até a conduzir isso acontecia, a minha mão direita procurava-te constantemente, tal era a necessidade de te sentir e tocar. e estavas ali ao meu lado... mas se não te tocasse era como se estivesses a 200 quilómetros de distância...
foi assim sempre, desde o primeiro beijo, altura em que todas as barreiras desabaram e ficámos finalmente à vontade para o fazermos. mesmo assim, e como é nosso apanágio, ainda aguentámos quase duas semanas... afinal, esperámos mais de quatro anos para nos conhecermos frente a frente, o que já por si indiciaria que nada iria ser imediato ou feito em cima do joelho. fomos sensatos, maduros, cautelosos e racionais nas duas situações.
no dia do primeiro beijo, estivemos juntos, bem juntos, quase duas horas antes desse momento inesquecível, naquele local que mais tarde homenagearíamos nas nossas caminhadas. a vontade estava lá, já lá estava desde o dia 18, mas soubemos conter os nossos impulsos. o que se passou na hora seguinte a esse referido momento reflecte bem o que sempre fomos como casal. estivemos sempre juntinhos, agarrados um ao outro, como se, de repente, tudo fizesse sentido. até creio que já fazia sentido desde 2011, quando os nossos blogues nos colocaram virtualmente à frente um do outro.
andar de mão dada contigo era uma das bandeiras desta união. admirava aqueles casais de idade mais avançada que o faziam e sempre foi a minha intenção pertencer a um casal assim, sem receio de evidenciar ao mundo a felicidade que vive. e como me sentia bem, orgulhoso, inchado e privilegiado por andar contigo de mão dada. fosse onde fosse. estivesse ou não estivesse alguém. era um dos prazeres supremos, um de muitos. tinha de te tocar. tinha de te sentir. era uma necessidade mais forte do que eu e nunca me consegui deter.
é assim que nos vejo, como na foto, de mão dada, a passear pelos milhares de quilómetros de passadiços espalhados por este país fora, a olhar para a frente sem receio do que possa vir a acontecer, porque o pior cenário, o mais negro de todos, nós já sabemos qual é: retirar da foto um de nós.
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