domingo, março 27, 2022
festejos a dobrar no dia 27 de março
quinta-feira, março 24, 2022
the falling leaf that never tries to hold on to what keeps it alive
há algo de reconfortante no vislumbre de uma meteorologia perfeita para os nossos estados de espírito. noite cerrada, o prazo do jantar já prescreveu há muito mas é substituído pela confiança no dever cumprido.
fecho a porta com as quatro voltas habituais, desço as escadas e vou preparando o telemóvel e os phones para a caminhada que me levará até casa. a rotina ensinou-me que haverá sempre lugar a duas músicas no trajecto, mas gosto de escolher a função aleatória da apresentação das músicas. no meio da minha tão intrínseca rotina, também deverá haver espaço para algum resquício de surpresa.
saio do prédio, detenho-me à beira do passeio enquanto o telemóvel, na sua lentidão exasperante, rasteja até à aplicação que utilizo. coloco os phones nos ouvidos, aperto o casaco e ajeito o cachecol, que se detém no último patamar antes do asfixiamento.
olho em volta antes de começar a caminhar. pavimento molhado a reflectir as luzes dos carros e das lojas, frio suportável e ruas semi-desertas. tenho direito àquela "chuva molha tolos", miudinha, suave, que sempre me soube bem. a música começa e inicio a minha caminhada, mãos nos bolsos das calças, mochila às costas.
"salty seas", dos devics, num daqueles momentos perfeitos e de simbiose entre música, meteorologia, estado de espírito, luzes, noite, estradas e passeios molhados. ouvi uma vez. fixei o verso "the falling leaf that never tries to hold on to what keeps it alive". tinha tempo para mais uma música. carreguei em "repeat"...
sexta-feira, março 18, 2022
segunda actuação ao vivo das vansick, o mesmo sucesso!
domingo, março 06, 2022
aprender a andar de bicicleta sem rodinhas...
para um indivíduo claustrofóbico como eu, as escadas são sempre a melhor solução. os elevadores nunca foram opção, porque aquela sensação de estar preso dentro de quatro paredes, num espaço minúsculo, sem que dependa de mim a resolução do problema, caso este se manifeste (falta de electricidade, avaria, etc.), não se coaduna com a minha superlativa ansiedade. ou seja, venham de lá essas escadas, sem receio algum. aliás, a partir do momento em que, na minha alta hospitalar, em setembro do ano passado, após cinco dias de internamento e com claras debilidades físicas, decidi ir pelas escadas do sétimo andar para o rés-do-chão... creio que não será preciso mais nada para reforçar este aspecto.
os degraus que tenho vindo a subir desde agosto, no sentido de um completo restabelecimento de uma insuspeita e repentina falência renal, conheceram na última semana importantes desenvolvimentos. aquilo que colocaram dentro do meu corpo, mais concretamente nos rins, para estabilizar a minha situação, ou seja, um duplo jota, foi-me retirado no passado dia 3 de março. foi colocado em coimbra, no dia 28 de agosto, e foi retirado agora, em viseu. seis meses e 3 dias depois...
enquanto o tive dentro de mim, e só no dia em que o tiraram fui capaz de ver a sua extensão (não estava à espera de algo tão extenso...), porque a primeira cirurgia, em coimbra, foi com anestesia geral, não consegui esconder o desconforto que me provocava, as dores, as constantes impressões na bexiga, o peso, o facto de não conseguir caminhar mais de 10 minutos sem me cansar como se tivesse acabado de correr uma maratona. apesar disso tudo, sabia que era para o meu bem, porque o duplo jota estava a impedir que os meus rins bloqueassem novamente, esse "pequeno" pormenor que me levou a ser intervencionado de urgência em coimbra.
olhando para essa curiosa "ferramenta", o citado duplo jota, e depois das lancinantes dores que a intervenção me provocou, desta vez com anestesia local, concluí que seria impossível não ter os sintomas que tive durante seis meses. quando me falaram do duplo jota, pensei que seria algo com uns 10 centímetros no máximo. mas tinha o triplo do tamanho que eu pensava. mas, verdade seja dita, cumpriu a sua função. isso, aliado à forte medicação que tomei durante seis meses para destruir as pedras que me bloqueavam os dois rins, resolveram, para já, o problema. sofri a bom sofrer, mais agora, até, do que em agosto, porque aquela intervenção para retirar o duplo jota não teve, até hoje, qualquer paralelo em termos de intensidade de dores e da mais dilacerante agonia. mas está feito!
esta nova fase, que agora começa, será semelhante àquela em que começamos a aprender a andar de bicicleta sem rodinhas. após três dias em casa, já fiz uma caminhada. primeira diferença: não tenho nenhum daqueles sintomas provocados pelo duplo jota que citei acima. mas vou andar mais preocupado, porque, agora, os rins podem voltar a bloquear novamente. já não há as tais rodinhas...
mas é um processo e uma nova escadaria para subir, sem receios, com redobrado prazer pela vida e com renovada vontade de viver bem e sem dores!
certeza inabalável
devo ter feito alguma coisa bem, quando confirmei ontem estes mesmos sorrisos doze anos depois desta fotografia. posso ter feito muita coisa mal, posso ter errado centenas de vezes, tomado más decisões, optado pelo caminho/postura/comportamento errado, mas tenho a certeza de que, em relação a estes dois doces seres, posso ficar de consciência tranquila. dei-lhes aquilo que tenho de melhor e estou convicto de que eles estão a utilizar o que receberam de mim da melhor forma, nos seus percursos individuais. espero nunca lhes falhar, nunca lhes faltar e que nunca se sintam defraudados comigo, nem sequer em relação às minhas proezas gastronómicas. continuem a ostentar esse sorriso. sempre!