sexta-feira, fevereiro 25, 2022

e puff... de repente está um homem!


o rapaz que protagonizou, aos 13 anos, uma das cenas mais divertidas que já tive oportunidade de viver e que deu origem a este texto...

"certamente uma das situações mais trágico-cómicas que assisti na vida: os meus filhos sempre quiseram ter um puf. hoje fez-se a vontade aos dois. chegados a casa, foi cada um para o seu quarto com o seu puf, ambos eufóricos (vá-se lá perceber porquê...). cerca de 2 minutos depois, ouve-se um estrondo vindo do quarto do meu filho. fui dar com ele no meio de um enorme manto de esferovite, que se alastrou pelo quarto todo, com o ar mais incrédulo que alguma vez ostentou. o puf durou 2 minutos... a limpeza do quarto durou 45... o desgosto do meu filho ainda continua (apesar de o puf já estar novamente cozido)... mas aquela imagem que encontrei quando cheguei ao quarto depois do estrondo é para o resto da vida".

... deu-me hoje uma enorme alegria e encheu-me de orgulho através de um simples telefonema de um minuto. o meu filho está à beira de fazer 23 anos. esperou algum tempo por uma oportunidade profissional, algo a que se agarrar com unhas e dentes. alguém com bom senso, inteligência e perspicácia deu-lhe essa chance e apostou nele. em boa hora o fez e não deve estar arrependido de o ter feito. o meu filho mostrou aquilo de que é feito, o seu empenho, responsabilidade, compromisso, inteligência e dedicação, abraçando desde o primeiro dia esta oportunidade como aquela que poderia ser definitiva para mudar a sua vida. os atributos que evidenciou valeram-lhe, apenas três meses depois, a devida recompensa. e mal aconteceu, ele ligou-me!
este ar de conquistador que ostenta na foto em baixo contrasta, em muito, com aquele ar incrédulo que ficou gravado na minha memória aquando do incidente com o puff, mas é a mesma pessoa, um menino doce com um coração grande, um sentido de humor desarmante e uma inteligência emocional acima da média! está a trilhar o seu caminho da uma forma convicta e determinada! espero que a vida lhe continue a sorrir e que continue a afastar-se de puffs...

terça-feira, fevereiro 22, 2022

qual a minha melhor versão? será que ela existe?





é uma versão, mas uma excelente versão! simon e garfunkel escreveram e lançaram o tema directamente para a história da música. mas esta é uma versão, tal como todos nós somos uma versão. temos estados de espírito moldáveis a todo o tipo de situações.
hoje, tive mais um flagrante exemplo que atesta a última frase. o que era em termos de agonia, miserabilidade e do mais mórbido derrotismo, e no que me transformei, após uma breve consulta de 10 minutos, num ser esfuziante e com menos 300 quilos de preocupações coladas às minhas costas. e, agora, qual destas versões é o verdadeiro "eu"? onde é que me encaixo? sou depressivo, sorumbático e triste, ou sou, ao contrário, extrovertido, expansivo e apalhaçado?
creio que somos aquilo que vivemos. nos últimos seis meses, vivi os mais retorcidos e dilacerantes períodos da minha existência. nunca tinha perdido ninguém muito próximo de mim. perdi. nunca tinha tido graves problemas de saúde. tive-os. nunca tinha sentido um dos meus filhos a fugir-me. senti. nunca tinha visto a minha mãe tão vulnerável. mas vi. no meio de tudo isto, perdi a minha âncora, o maior apoio que tinha. mas, como diz a música, um rochedo não sente dor e uma ilha nunca chora.
agarrei-me ao trabalho, cheguei ainda mais cedo, comecei a sair ainda mais tarde, trabalhei nas folgas, nos fins-de-semana, o que fosse preciso. e quando chegava a casa, à minha infinita solidão, permitia-me pensar cinco minutos em tudo o que se estava a passar comigo. e via tudo negro, um futuro sombrio decorado com as mais refinadas cores de malvadez e crueldade. nessa altura, o tal rochedo transformava-se em finas areias, daquelas que se escapam pelos dedos da nossa ampulheta interior, aquela que marca o tempo que ainda vamos permanecer dentro do nosso corpo.
mas esta versão desaparecia no primeiro minuto do dia seguinte, porque era urgente recomeçar tudo: horários, deadlines, fechos de edição, compras, almoço, jantar, tudo preparado previamente para não se perder tempo. e tudo funcionava, apesar das constantes revoluções de dor provocadas no interior, as tais que não deveria sentir, porque era um rochedo, e os rochedos não sentem dor. mas elas apareciam, não raras vezes, e conspiravam contra a minha mais férrea e determinada vontade de não lhes ligar, tentando afastar o negrume que pairava em cima de mim como luzes de néon a indicar o bar mais próximo numa qualquer avenida frequentada por aqueles que já desistiram da vida.
e assim andei, vários meses, nesta condição de principal opositor das traições do meu próprio cérebro, de super-herói da marvel a utilizar a sua velocidade supersónica para obstruir todo e qualquer pensamento nocivo de chegar às minhas funções motoras.
o que era mesmo importante e vital era continuar, sem olhar a meios. continuar, de sorriso nos lábios. persistir, sem pensar em tudo o que estava a acontecer. és uma ilha, ou não és? és um rochedo, ou não és?
não sei se passei no teste. sei que sobrevivi e que estou aqui. hoje tive excelentes notícias, transformei-me completamente em 10 minutos. agarrei-me ao rochedo. respirei fundo, pensei em tudo o que perdi nestes últimos seis meses, suspirei, disse o que tinha a dizer, por ser a mais elementar verdade, peguei no telemóvel e liguei à minha mãe e aos meus filhos. e fiquei extremamente contente com as reacções que obtive da parte deles!
suspirámos todos de alívio e felicidade. afinal, não sou um rochedo, não sou uma ilha. sou alguém que tem sentimentos, que não tem receio de os demonstrar, seja onde, como e quando for, e que está pronto para enfrentar o resto do tempo que ainda terá pela frente. sejam 10, 20, 30 ou 40 anos, não importa o tempo que for, eu sei que vou tentar ser a melhor versão de mim próprio.
assim a encontre...

domingo, fevereiro 13, 2022

o primeiro concerto




a primeira actuação ao vivo da banda vansick, cuja vocalista é a minha filha, mariana lopes, foi um completo sucesso! foram as últimas a actuar e interpretaram os temas "sweater weather", dos neighbourhood, e "boys don't cry", dos the cure. no final dos dois temas, o público, rendido, pediu mais uma, mas não houve disponibilidade de tempo. a mariana esteve solta, completamente à vontade, engolindo os nervos com que estava uma hora e meia antes da actuação e libertando-se totalmente em palco, tendo inclusivamente tempo para apresentar a banda e fazer um pequeno discurso no final, a pedir apoio para a sua banda e para o projecto dos finalistas do conservatório de música de viseu.




quando a banda subiu ao palco, confesso que já me tinha rendido por completo à manifestação de puro virtuosismo de todos os executantes que a precederam. belas vozes, músicos exímios e uma qualidade e destrezas irrepreensíveis em palco.
o fecho foi, assim, com "chave de ouro", na primeira vez que vi a minha filha actuar num projecto musical. em 2019, já me tinha deslumbrado na feira de são mateus, com o seu projecto de dança. em ambas as situações, o mesmo desfecho: o mais rasgado sorriso de orgulho de um pai totalmente embevecido perante as capacidades desta menina, que me recordo de ver com o comando da tv na mão, aos 3 anos, a cantar o "hips don´t lie", da shakira. ela, que se considera tímida e introvertida, hoje voltou a surpreender-me e a deixar-me estarrecido perante o seu talento. que seja, pois, para continuar e que este tenha sido apenas o primeiro de muitos concertos.
uma palavra ainda para as suas colegas de banda, joana barros, maria marta e francisca reis, que foram de uma extrema competência também!