quinta-feira, janeiro 14, 2021

deslumbrados e saciados às portas do sol

é extremamente simples criar empatia com uma determinada localidade apenas por dois ou três aspectos em cerca de 30 horas de permanência. em primeiro lugar, e por indicação de um amigo, jorge coelho, depois do almoço (e já lá vamos às questões gastronómicas) eu e a ana fomos visitar um dos ex-libris da cidade: o jardim / miradouro portas do sol. é um espaço perfeito para todos aqueles que procuram um local calmo e relaxante para ouvir o pensamento e, ao mesmo tempo, deslumbrar os olhos. as vistas sobre o rio tejo e as lezírias são de cortar a respiração. 

na parede da casa museu pedro canavarro, historiador escalabitano, podemos ver a inscrição "veja o tejo como garrett o viu..." e entendemos como o escritor se sentiu inspirado por aquele imenso azul a embalar as lezírias numa planície sem fim. já percorremos muitas cidades e imensos locais por este país fora, mas estas portas do sol ficarão por certo na nossa memória por muitos anos.

o segundo aspecto, mais mundano e mais virado para os prazeres gastronómicos, uma paixão que partilhamos desde que viajamos juntos, tem a ver com a forma como fomos acolhidos, servidos e saciados. fizemos três refeições em santarém e a dúvida é escolher aquela de que mais gostamos.

começámos pelo restaurante a grelha, que nas suas paredes ostenta a frase "cozinhar é fazer poesia para ser degustada". a poesia veio em forma de frango à lagareiro, acompanhada do vinho tinto local conde vimioso, de 2017. somos adeptos incondicionais do vinho tinto alentejano, mas em roma... sê romano. 

ao jantar, visitámos o equivalente escalabitano ao viseense cortiço, pela fama e tipicidade, a taberna do quinzena, todo ele decorado com motivos tauromáquicos, com centenas de fotografias espalhadas por meia dezena de salas. a refeição esteve ao nível da simpatia dos funcionários, excelente, e a escolha do vinho não poderia ter sido mais acertada: cabeça de toiro reserva 2014, um vinho que entra, assim, directamente, para o nosso top10 (o único não alentejano).
 
encerramos a nossa viagem gastronómica, depois de mais uma visita às portas do sol, no pigalle, um restaurante com um conceito diferente dos anteriores, mais virado para as tendências e apresentações culinárias da última década, no centro histórico da cidade. a escolha, entre o variado e rico menu, recaiu nas bochechas de porto preto com puré de batata doce (divinal) e nas tranches de frango com amêndoa, com sangria de rosé de frutos vermelhos.
 
saldo bastante agradável para tão pouco tempo disponível!
 









 

1 comentário:

S disse...

bom roteiro! obrigada pela sugestão.
Da forma como descreves até parece que lá estava também...