quinta-feira, setembro 03, 2020

a primeira introspecção dos 48


 

não há dúvida nenhuma de que somos, para a maior parte das pessoas, apenas o reflexo daquilo que aparentamos ser. é fácil colocarem-nos um rótulo, após meia dúzia de interacções, e desistirem de nós, porque se assume que já nos conhecem e que, infelizmente, pensam elas, não somos capazes de mais.

quando optamos por uma postura mais tranquila e introvertida, somos automaticamente catalogados de antipáticos, arrogantes e altivos; mas quando decidimos ser extrovertidos e espontâneos somos atacados da mesma forma (nomeadamente com alusões ao álcool ou substâncias de efeitos análogos). conclusão: seja de que forma nos apresentarmos, haverá sempre alguém que não goste; seja qual for a roupagem por que optamos, ela esbarrará constantemente naquele juízo prévio a que fomos condenados.


esta dualidade, ou desenquadramento social, leva muitas vezes ao inevitável descarte por parte daqueles que não querem ter o trabalho de nos entender. é como ter um livro com 550 páginas e nunca pegar nele para o ler, porque se antecipa logo muito trabalho e compromisso. mas os melhores livros que já li têm precisamente esse número de páginas, ou até mais.


em conclusão: podemos não criar marcas indeléveis nas pessoas, ao ponto de toda a gente com quem trabalhámos durante 3 anos se esquecer do nosso aniversário, por exemplo, mas não nos vergamos à sombra daquilo que as pessoas querem que nós sejamos, apenas porque lhes facilita a vida.

e sim, se eu fosse um livro, teria mais de 800 páginas...

5 comentários:

S disse...

Como te entendo.... sendo uma faca de dois gumes, o melhor é sermos sempre simplesmente nós mesmos... e cumprir isso está longe de se cingir ao reflexo que os outros vêem de nós. Aliás, as pessoas autênticas raramente reagem da mesma forma em diferentes contextos, ou até em idênticos! Temos pena... quem não quiser, que “assobie para o lado “! :)

S disse...

Só não entendi: porquê este tema como primeira reflexão dos teus 48??

josé alberto lopes disse...

podia ser esta como outra qualquer. foi a que surgiu quando comecei a escrever.
obrigado pela presença e, lá está, por ainda não teres ido embora, como os outros.

miau com pintas disse...

Esse descarte de q falas é um favor q fazem: fica separado imediatamente grande parte do joio. Depois, ainda vais ter q andar à pesca dos melhores grãos de trigo. Vezes há q não se apanha nem 1 em condições, e contentamo-nos com fazer pão com farinha medíocre.
Mas as melhores aprendizagens q levamos desta vida (histórias? memórias?) provavelmente começaram com as sandes mais duvidosas... não com as mais tradicionais.
tb não pode ser tudo mau.
Como vês, o meu livro anda com os capítulos todos baralhados: não digo coisa com coisa...

josé alberto lopes disse...

junta-te ao clube! eheh