segunda-feira, junho 04, 2012

o país dos rebanhos

pensei, sinceramente, que já era uma coisa do século passado, mas afinal ainda perdura esta mania "tuga" de querer, a toda a força, aparecer na televisão. creio que, para 80% da população nacional, aparecer na televisão é o principal objectivo a alcançar durante a existência. ter um filho? plantar uma árvore? escrever um livro? escalar o everest? nada disso... o povo quer é os seus 15 minutos de fama, nem que esses 15 minutos se esfumem em 15 segundos de frases incoerentes e gritos ululantes em frente das câmaras televisivas. para tal, o povo desloca-se em massa, qual rebanho, a todo e qualquer evento onde possa haver cobertura televisiva, sempre em transe histérico e, por conseguinte, totalmente elegível para ser escolhido por um qualquer repórter televisivo de microfone em riste.
treinos da selecção? vamos lá. rock in rio? já lá estamos. e reparem que, neste último evento, cuja cobertura televisiva por parte de um canal privado chegou a roçar a pura imbecilidade, tanto em número de directos como em "conteúdo" totalmente estéril por parte das duas dezenas de repórteres presentes, que às tantas já se entrevistavam uns aos outros, o cartaz nem sequer interessava. quer dizer, stevie wonder? bryan adams? isto era o rock in rio 2012 ou rock in rio 1988? e depois, os mesmos de sempre: ivete sangalo, xutos e pontapés (juro que nunca hei-de entender a onda de entusiasmo à volta desta banda), metallica, james (que deve ser a banda internacional que mais vezes já tocou em portugal)... enfim, não percebo. o povo vai sempre atrás, até mesmo se no palco actuassem os modern talking, o chris de burgh, o barry manilow e a maria josé valério.
com a selecção, em vésperas de uma prova importante, o processo é sempre o mesmo. elevar a nossa equipa à condição de favorita a vencer a prova, enaltecendo a qualidade dos nossos jogadores, fazendo o povo acreditar que sim senhor, é desta que vamos "limpar" tudo e trazer o "caneco" para portugal. bandeiras à janela, porque o povo responde sempre a este tipo de apelos, como se uma bandeira na janela de um t3 na rinchoa fizesse o cristiano ronaldo marcar penalties como deve ser ou o hélder postiga acertar na bola uma vez que fosse, chusmas de pessoas nos treinos, no centro de estágio, a ver passar o autocarro, a acompanhar o mesmo ao aeroporto. e lá estão sempre as câmaras e os repórteres televisivos, sempre à procura de alguém para "entrevistarem". o que acontece depois é o mesmo que se passa quando vamos para um jardim e começamos a deitar pão a uma pomba. em dez segundos, aparecem dezenas e dezenas de pombas que também querem comer...

1 comentário:

Anónimo disse...

não podia estar mais de acordo. gostei!