sexta-feira, fevereiro 04, 2011

a despedida de liedson



nunca assisti a nada parecido com o que se passou hoje em alvalade. já passaram muitos jogadores pelo sporting, grandes jogadores como balakov, figo, schmeichel, joão vieira pinto, jardel, etc., mas nenhum teve direito a uma despedida tão sentida como liedson. a exibição frente à naval tinha sido francamente má (valeram os golos de... liedson), o sporting até merecia perder o jogo, mas, no final, o povo ergueu-se e, colocando de lado as questões desportivas, homenageou o homem. foi arrepiante ver tantas pessoas nas bancadas a chorar e ver liedson a ser abraçado por todos os seus colegas e a tentar conter as lágrimas. não haja dúvidas que o "levezinho" merecia tudo isto, por tudo o que deu ao clube, pelos 173 golos que marcou, pela entrega, pela raça, pela abnegação e disponibilidade total para ajudar o clube. os adeptos souberam reconhecer tudo isso na homenagem final, depois de um jogo, mais um, sofrível do sporting, em que se conquistou um ponto, em casa, frente ao último classificado da liga. alvalade assobiou quando tinha que assobiar, assistiu a erros infantis de evaldo, no primeiro golo da naval, de carriço, no segundo, e de rui patrício, no terceiro; viu paulo sérgio tardar imenso a mexer na equipa na segunda parte, apenas introduzindo cristiano a cinco (!) minutos do fim, "sacrificando" o desastrado abel (aliás, a defesa, hoje, toda ela foi uma nódoa e o segundo golo da naval é bem exemplo disso); viram um meio campo incapaz de processar futebol ofensivo e uma quantidade inacreditável, a este nível, de passes errados. com tudo isto, seria impossível não assobiar. a naval, obviamente, foi ganhando confiança. o sporting tem esse condão, o de "agigantar" as equipas adversárias em alvalade. e hoje a naval deve ter feito a melhor exibição da época, custa a crer que estão na última posição.
o sporting, por sua vez, até acabou por ter sorte. o primeiro golo de liedson surge numa altura em que a naval já estava por cima. o penalty "caiu do céu", permitindo a postiga voltar a empatar o jogo; e, finalmente, o segundo golo de liedson resulta de uma "carambola" à entrada da área, tendo a bola ressaltado para o "levezinho", que, isolado, bateu o guarda-redes da naval. sejamos francos, a haver um vencedor, tinha que ser a naval. repetiram-se os mesmos erros cometidos em alvalade frente ao vitória de guimarães e paços de ferreira. os adeptos, eu incluído, já sabem quando a equipa vai quebrar psicologicamente e começa a cair a pique em termos exibicionais. geralmente, quando isso acontece, não há retorno, não há uma voz de comando capaz de acabar com a letargia reinante. não há essa voz em campo e muito menos no banco de suplentes. quem olha para o semblante de paulo sérgio, durante os jogos do sporting, vê um homem constantemente "à rasca", a prever a derrocada a qualquer instante. e depois, lá está, falta-lhe o resto, a sabedoria, o "know-how", o jeito para a profissão. custa a crer que, depois de sete meses, o homem ainda não tenha acertado num meio campo fiável, que defenda e ataque; custa a crer que não se vislumbre, depois de sete meses, mecanismos defensivos e ofensivos, um fio de jogo e um sistema táctico devidamente implantado, como têm o fc porto e o benfica. no final dos jogos, lá vem o homem dizer que tem confiança nos jogadores, que é preciso continuar a trabalhar, etc., etc., mas caramba, de jogo para jogo, os defeitos são quase sempre os mesmos. afinal, é preciso continuar a trabalhar para quê, se o homem não consegue resolver os mesmos problemas de sempre?! mas adiante, o treinador está a prazo, como se sabe. que venha o próximo presidente, limpe a porcaria que há para limpar, nomeadamente no balneário, e traga para alvalade uma equipa técnica realmente capaz.
voltando a liedson, que é quem interessa hoje enaltecer. fez um jogo "à liedson", correu que se fartou, veio à defesa recuperar bolas, deambulou na frente de ataque, pela esquerda, pela direita, nunca esteve estático, assistiu os colegas, teve três oportunidades e marcou dois golos. junta à mágoa de nunca ter sido campeão nacional a mágoa de se ter despedido dos adeptos com um empate, frente ao último classificado. enquanto via o jogo, mais consistente ia ficando a ideia de que o sporting, este sporting, não merece um jogador como liedson. a sua saída surge, em termos desportivos, na altura certa. a época acabou, basicamente, para o sporting. ficar em terceiro ou quarto é igual, a taça de portugal já foi, a taça da liga passa por uma visita ao estádio da luz e a liga europa é... para clubes de outra envergadura, que claramente o sporting não tem. admirador, como sempre me confessei, de liedson, embora me custe mesmo muito vê-lo sair do sporting, percebo perfeitamente este seu regresso ao brasil nesta altura. o sporting nunca esteve tão mal em termos directivos e em termos técnicos, o presidente demitiu-se, não houve reforços para equilibrar qualitativamente um plantel "manco" desde a sua nascença e, como cereja em cima do bolo, a equipa está a 19 pontos do líder e a 11 do segundo classificado. não aproveitar esta "saída" proporcionada pelo corinthians seria, por muito que liedson goste do sporting, um pecado.
ficam os golos, as exibições e os records alcançados ao serviço do sporting, que o levaram inclusivamente à selecção nacional portuguesa e ao mundial 2010, onde marcou um golo. fica igualmente a recordação inesquecível do que se assistiu hoje em alvalade, no final do jogo. são momentos que não se esquecem, numa cumplicidade de emoções vivida dentro e fora do relvado. como sportinguista, sinto um orgulho enorme daqueles adeptos que estiveram hoje em alvalade e que souberam despedir-se condignamente de liedson. como sportinguista, também, sinto um tremendo orgulho por liedson ter representado o meu clube. boa sorte "31"!

Sem comentários: