os mecânicos são provavelmente a classe operária menos solidária com os seus semelhantes. quando chegamos à oficina com o carro, seja para reparar um retrovisor, mudar um pneu ou substituir os amortecedores, eles sentem sempre necessidade de fazer mais do que lhes pedimos. dessa forma, inspeccionam o carro de alto a baixo e no espaço de tempo em que "trabalham" o carro chegam sempre à mesma conclusão, que fazem questão de dizer alto e bom som quando chegamos para levantar o carro: "isto é que estava aqui um serviço bem feito. tivemos que bla, bla, bla, bla, bla e ainda tivemos que colocar os bla, bla, bla e os bla, bla, bla, porque quem vos mexeu no carro deve ter sido cá um artista que nem sequer reparou que os bla, bla, bla não estavam bem alinhados com os bla, bla, bla. foi uma trabalheira para colocar o carro em condições. quer dizer, ele bem ainda não está, para isso tinha que ficar cá mais uns dias, mas foi o que se pode arranjar para levaram o carro ainda hoje". os clientes de uma oficina de automóveis têm sempre que ficar com a sensação de que têm o carro mais defeituoso de todos os tempos, isso é essencial para o "negócio". por isso é que, quando acabamos de pagar a conta, obviamente extrapolada, ainda ouvimos o mecânico dizer "mas olhe que temos que ver aquele problema do bla, bla, bla, porque o carro agora ainda aguenta uns tempitos, mas nunca se sabe... traga-me cá depois o carro para eu ver essa questão do bla, bla, bla com mais tempo".
daqui a uns tempos, se levarmos o mesmo carro a um outro mecânico, repete-se a história, mas nesse caso o "guru da oficina" de hoje passará a "artista"...
p.s. - todos os "bla, bla, bla" deste texto são obviamente termos técnicos proferidos por profissionais do sector. achei que não vos deveria maçar com eles. se a minha reacção directa aos mesmos, e eu era parte interessada, foi uma passagem pelo cérebro tão fugaz como a carreira cinematográfica da mariah carey, imagino como seria para vocês...
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