GF esmiúça os sufrágios

ricardo araújo pereira não é jon stewart, mas, em portugal, é o que temos de mais parecido. o programa segue exactamente a mesma linha orientadora de "the daily show", incluindo a entrevista na segunda parte do programa, ricardo araújo pereira e os restantes "gatos" foram igualmente apanhar alguns tiques ao programa de jon stewart, como os silêncios constrangedores e os ares incrédulos (seguidos dos tais silêncios) sempre que algo mais disparatado ou fora do contexto é dito. o programa de estreia foi melhor do que o de hoje, até pelo facto de o programa de ontem ter sido mais parecido com o "the daily show", de jon stewart. hoje, as rubricas estiveram mais próximas de um "diz que é uma espécie de magazine", sobretudo a participação de tiago dores, num segmento sobre o tempo de antena do ptp, a fazer lembrar, claramente, os "tesourinhos deprimentes". em relação às entrevistas, ricardo araújo pereira pareceu menos nervoso com josé sócrates do que com manuela ferreira leite e, não apenas por isso, mas também, a entrevista com o primeiro-ministro foi mais divertida, mais espontânea e mais informal. hoje, manuela ferreira leite parecia que pesava todas as palavras antes de as proferir, sempre com medo de proferir gaffes, contando com a conivência (reverência?) do entrevistador, que nunca ousou provocar em demasia a candidata do psd, como o fez, no dia anterior, com josé sócrates.
apesar da sua curta existência, em virtude de o programa acabar a 23 de outubro, acredito que o seu impacto vai ser maior, junto do eleitorado, do que os entediantes debates entre os líderes dos cinco maiores partidos nacionais. e, claro, sabe sempre bem ver regressar os "gato fedorento" ao terreno que eles melhor dominam, mesmo que seja num programa cujo conceito é "roubado", descaradamente, a "the daily show", de jon stewart. mas, lá está, a copiar... que se copiem os melhores.