quarta-feira, agosto 26, 2009

filhos de uma liga menor

aprecia-se o esforço, nomeadamente na primeira parte, em que a fiorentina deixou jogar o sporting à vontade, enquanto o meio campo e o ataque tiveram forças, mas o resultado final, em ambos os jogos desta pré-eliminatória, espelha bem a impotência leonina. no final do jogo de hoje, tal como tinha acontecido na semana passada, ficou a sensação que falta algo a esta equipa, mesmo quando os jogadores até demonstram alguma determinação, como foi o caso de hoje. é certo que a fiorentina, em vantagem na eliminatória, ofereceu o comando do jogo ao sporting, deixando o meio campo leonino jogar a seu bel-prazer. por isso, na primeira parte, os italianos nem sequer incomodaram rui patrício, que foi um mero espectador, não realizando qualquer defesa. depois de algumas ameaças, por djaló e matias fernandez, o sporting chegou ao golo, por joão moutinho, golo que a equipa de paulo bento já merecia, pela maior volume de jogo, pela mobilidade constante dos seus dois jogadores da frente, a fugir aos centrais italianos, e pelo acerto do meio campo e defesa, onde andré marques, polga e pedro silva não comprometeram (na primeira parte, porque na segunda o árbitro não assinalou duas grandes penalidades cometidas por estes dois últimos defesas do sporting). mas, se paulo bento esteve bem tacticamente na primeira parte, perdeu nitidamente quinze minutos no balneário ao intervalo. isto porque seria de esperar, obviamente, que os italianos surgissem transfigurados na segunda parte, com outro volume ofensivo e mais unidades na área leonina. das duas uma: ou introduzia tonel no jogo, jogando com três centrais, um para cada avançado italiano; ou metia rochemback, para continuar a dominar o jogo a meio-campo, colocando-o ao lado de miguel veloso, com moutinho, pereirinha e djalóà frente dos dois trincos, e liedson na frente. com mais unidades no meio-campo, o sporting poderia continuar a trocar bem a bola, como o fez na primeira parte, à espera de uma oportunidade para colocar a bola nos pés de liedson ou djaló (em ambas as substituições possíveis saíria sempre matias fernandez, claramente prejudicado pelo estado do relvado, que não se compadecia com o seu estilo refinado de tratar a bola). paulo bento preferiu apostar no mesmo onze para a segunda parte e, nos primeiros quinze minutos da mesma, viu a sua equipa ser cilindrada pelo poderio atacante italiano. só depois do golo da fiorentina é que tentou emendar a mão. mas, nessa altura, voltou a meter os pés pelas mãos... mais uma vez. djaló estava a ser um dos melhores em campo, jogando ao lado de liedson na frente. mas, como costuma acontecer frequentemente, paulo bento tem uma forte apetência para tirar quem está a jogar bem numa posição para o colocar noutra. acontece isso muitas vezes com miguel veloso e até com moutinho. assim, meteu saleiro (não sei se, em trinta minutos, chegou a tocar na bola. eu sinceramente não vi), tirando matias fernandez, prejudicado pelo estado do relvado e em claro sub-rendimento físico na segunda parte, colocando djaló a médio esquerdo. escusado será dizer que djaló "desapareceu" do jogo e, dessa forma, desfez-se a dupla que, na primeira parte, tinha causado alguns embaraços à defesa italiana. a outra substituição (paulo bento só fez duas), tendo em conta o depauperado banco de suplentes do sporting, passou pela entrada de tonel para a posição de ponta de lança, substituindo pedro silva, passando o sporting a jogar apenas com três defesas. justiça lhe seja feita, paulo bento arriscou tudo... mas fê-lo de uma forma errada. o sporting acabou numa espécie de 3-4-3, em que as três unidades ofensivas (liedson, saleiro e tonel) estavam praticamente a ocupar o mesmo espaço no terreno, fazendo a equipa afunilar o jogo e a procurar, a todo o transe, centrar bolas para a área, à procura de tonel. moutinho e veloso não tiveram espaço, nem arte, para servir da melhor forma os atacantes e, nas alas, pereirinha e djaló não conseguiram chegar à linha do fundo uma única vez. ou seja, se na primeira parte as ordens de paulo bento para os dois avançados eram a de fugir aos centrais italianos, fazendo-os descair para as alas, não se dando à marcação, táctica que obteve bons resultados, na segunda parte tudo isso mudou, colocando o técnico os três avançados no meio dos centrais, prejudicando radicalmente a mobilidade da equipa, que tão boa tinha sido na primeira parte. assim, nos últimos 10/15 minutos, jogou-se mais com o coração do que com a cabeça (esse velho chavão) e o sporting não esteve sequer perto de chegar ao segundo golo, controlando a fiorentina, calmamente, as inconsequentes iniciativas ofensivas leoninas.
o sporting eliminou o twente com dois empates e foi eliminado pela fiorentina com dois empates. apesar de tudo, dou a minha mão à palmatória, porque esperava, como escrevi, um desastre igual ao de munique em florença, mas a equipa acabou por me surpreender pela positiva (também já chega de me surpreender pela negativa). podemos não ter, e não temos, equipa para disputar a liga dos campeões, mas o sporting deixou uma boa imagem e saiu (lá vem mais um chavão) de cabeça levantada. a sensação de ter sido eliminado pela fiorentina é precisamente a mesma que tive no final do jogo contra o sp. braga para a liga. aceito ambos os resultados, sem sequer me revoltar um pouco. contra os bracarenses, não merecíamos outro resultado, porque o sp. braga jogou melhor; hoje, já ao intervalo eu dizia aqui em casa que só esperava que o golo do empate da fiorentina não chegasse no último minuto, como é apanágio das equipas italianas. chegou aos 55 minutos, de forma natural, e a partir daí e até ao final do jogo, a resignação foi-se instalando, lentamente, sem estrebuchar, porque ficaram bem evidentes as lacunas deste plantel. bastava olhar para o banco de suplentes e ver, como alternativas, abel, caneira (alguém me explica o cartão amarelo que levou, já nos descontos, e o sorriso estampado na sua cara depois de howard webb o ter admoestado? era para queimar tempo? há jogadores que nem para estarem no banco servem...), adrien silva, rochemback, saleiro e tonel.
josé eduardo bettencourt disse que iam haver mudanças. elas que venham! faltam poucos dias para encerrar o mercado de transferências; a liga dos campeões já se foi; na liga estamos a cinco pontos do primeiro classificado; a equipa ainda não venceu nenhum jogo oficial; existem vários jogadores lesionados (essencialmente avançados), sem as competentes alternativas para os seus lugares. colocar apenas a "cabeça" de pedro barbosa no cêpo é uma perfeita imbecilidade. no sporting, ainda não há muito tempo, fez-se exactamente o mesmo a carlos freitas. vejam onde está carlos freitas agora e os jogadores que ele tem conseguido contratar para o sp. braga, equipa que foi a alvalade vencer, sem mácula, na segunda jornada da liga sagres.
acho que as tais "mudanças" deviam começar pela contenção nas declarações do próprio presidente. bettencourt deu um autêntico "tiro nos pés" com a afirmação, em período de campanha eleitoral, "paulo bento forever". a mensagem que passou para o balneário foi a de que a pressão está toda em cima dos jogadores, porque paulo bento, esse, tem sempre o lugar garantido, independentemente dos resultados. e colocar uma enorme pressão em cima de um plantel com uma média de idade a rondar os 23/24 anos não será, propriamente, uma boa ideia.

1 comentário:

Anónimo disse...

Os sportinguistas têm que meter na cabeça que o Sporting não tinha como objectivo a Liga dos Campeões. A Liga Europa, sim! Essa é para ganhar! Palavras de Rui Patrício!