tendo em conta a visível preocupação da asae, nos últimos anos, com tudo o que se relaciona com a higiene, não deveria preocupar-se igualmente com esse obsoleto acto de, na páscoa, se levar uma imagem de jesus cristo na cruz a casa das pessoas para ser beijada por toda a gente que nela reside? imaginem a quantidade de casas numa localidade e multipliquem esse valor por cinco/seis beijos em média na dita cruz (mais ou menos a quantidade de pessoas por habitação visitada por padres/sacerdotes/acólitos/escuteiros/qualquer pessoa que tenha ido, pelo menos, duas vezes à missa no último mês). agora, tentem imaginar a quantidade de saliva que a dita cruz traz agarrada a si quando chega à sua habitação. sim, é capaz de ser uma quantidade interessante, tendo em conta que as pessoas, ainda hoje, especialmente nos meios mais pequenos, dão tremenda importância a esse acto, esperando horas pelo toque da sineta que anuncia a chegada da dita imagem às suas casas. mais: o padre/sacerdote/diácono/acólito/escuteiro/seja lá o que for, tem sempre, à sua espera, a chamada "mesa bem posta", que consiste sempre de um folar da páscoa, amêndoas, vinho tinto, bolo pôdre e outras coisas típicas da época, e ainda leva consigo o chamado "envelope", que pode conter quantias de vão desde os 5 euros aos 1000 euros. é como nos casamentos, quando os convidados nos cumprimentam e nos metem os envelopes com a prenda nos bolsos do casaco (normalmente um cheque). portanto, resumindo toda esta história, a coisa passa-se da seguinte forma: pega-se na imagem de jesus cristo na cruz e numa sineta, reúne-se uma "equipa" de 4/5 pessoas e dá-se a volta a uma determinada zona. dá-se a cruz a beijar ao povinho, que até faz fila para isso, come-se, bebe-se e, no final do dia, contam-se os valores dos cheques (que, a julgar pelo que vi hoje, não deve ser pouco). a páscoa é isto! ficar à espera do padre para cumprir (deve ser assim que as pessoas entendem) o seu dever de beijar jesus cristo na cruz (não sei por que raio o fazem mas deve ser por algum motivo, quanto mais não seja para tentarem apanhar doenças venéreas), tentar impressionar o dito padre com a tal "mesa bem posta" e, sobretudo, com o valor do citado cheque. quem der mais dinheiro tem, certamente, uma entrada no céu muito mais facilitada... no fundo, é como puxar de uma nota de 50 euros e entregá-la a um porteiro de uma discoteca para conseguirmos entrar. e nem temos que o beijar...
p.s. - caso estejam a pensar se eu beijei ou não a dita cruz, depois deste relatório todo, informo-vos que, mal a comitiva eclesiástica entrou na sala da casa da minha irmã, eu saí pela porta da cozinha. os beijos, para mim, têm que significar alguma coisa. não beijo cruzes no primeiro encontro. depois de um jantar e de um cineminha talvez pensasse nisso...
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