sexta-feira, março 06, 2009

jackpot

com um jackpot de cem milhões de euros no euromilhões uma pessoa é mesmo obrigada a jogar, por descargo de consciência. desperdiçar uma oportunidade de ganhar, num só dia, muito mais do que aquilo que se vai ganhar numa vida inteira a trabalhar é uma parvoíce. sobretudo se pensarmos como é simples habilitarmo-nos a todo esse dinheiro: um tipo dirige-se ao balcão de um café, pede uma bica curta (pedido que nunca é respeitado, trazem sempre um balde de café) e uma caneta para preencher o boletim que está ali mesmo ao lado, à mão de semear. é só colocar lá umas cruzes, pagar e já está, estamos habilitados. não é preciso ir para filas, ficar meia hora à espera para meter o boletim, a aturar o cheiro a suor das outras pessoas, os constantes empurrões de pessoas para quem conquistar dois centímetros na fila é uma vitória pessoal e um objectivo de vida, pessoas essas que praticamente estão a respirar para cima do nosso pescoço e que, vá-se lá saber porquê, estão sempre com uma tosse desgraçada (calha-me sempre um assim, ou uma, que as mulheres também são tramadas quando estão nas filas, sempre à procura de uma nesga para nos conseguirem passar à frente). gosto particularmente quando entram depois de mim e em vez de se colocarem atrás de mim, põe-se ao meu lado. depois sinto-os a olhar de lado para mim, como se me estivessem a estudar ou a ver se tenho cara de lorpa suficiente para eles me passarem à frente. a fila vai andando e lá permanece a pessoa ao meu lado. depois surge sempre a tal questão dos vinte centímetros, fazem sempre os possíveis para se adiantarem, porque, dessa forma, ficam com a sensação de que estão à frente e que vão ser atendidos primeiro do que eu. quando a pessoa que está à minha frente (ou à nossa frente) acaba de ser atendida, lá vem a inevitável pergunta do balconista: "quem está a seguir?". é nessa altura que a pessoa que fez questão de ficar ao meu lado, em vez de ficar atrás, como costuma acontecer quando se formam filas, "atira o barro à parede" e, como tem os tais vinte centímetros de avanço, que são vitais nestas coisas, julga que será atendida primeiro do que eu e "chega-se à frente". geralmente são pessoas idosas, é um facto, que sabem perfeitamente que entraram depois de mim, mas apelam ao sentimentalismo dos mais novos, ou à paciência. geralmente, deixo-os atingir o seu objectivo, sem reclamar, cedendo naturalmente a vez. já quando são "chico-espertos", da minha faixa etária ou mais novos, fico piurso e aí vem ao de cima o pior de mim, usando e abusando do sarcasmo e da ironia. só me acalmo quando recebo um pedido de desculpa. uma vez, num clube de vídeo, "explodi" mesmo.
mas voltando ao euromilhões. como não faço a mínima ideia qual seria a minha reacção a uma possível vitória, logo eu que nunca acerto um número sequer, sempre gostaria de ficar a saber. seria assim uma espécie de experiência, só naquela de experimentar, vá. pronto, se puder ser hoje à noite, tanto melhor. único totalista? 100 milhões de euros? como é que eu vim parar ao hospital? e por que raio estou a soro?

4 comentários:

saltarica2002 disse...

Ups, tanto me lembrei, que acabei por esquecer: não joguei!!!

Mas posso ficar descansada, se calhar aí por casa, vão decerto querer partilhar com a afilhada. Afinal prometeram ser os segundos pais, certo?! Foram votos perante Deus, e não aconselho irritarem o Big Boss!!!

josé alberto lopes disse...

é pena, tal como costuma acontecer, não acertei nada. aliás, acertei sim, quase sempre no número anterior ou posterior ao que saiu. por isso, ainda não é desta que vamos comprar o apartamento no algarve à leonor, infelizmente.

saltarica2002 disse...

Ora bolas, e eu a pensar que a catraia tinha já um seguro de vida garantido...Sim, porque se estiver à minha espera...pobre coitada!!

josé alberto lopes disse...

também não há-de ser através de jogos de sorte (ou azar) que nós lhe vamos poder providenciar esse seguro de vida. eu nunca acerto em nada, nunca ganho nada, é mesmo assim. provavelmente, só a vender bolas de berlim na praia é que posso ter alguma hipótese de lhe arrendar um T0 no algarve por 15 dias. e não tem casa de banho.
o verdadeiro seguro de vida dela é ter uma mãe tão preocupada com o futuro dela e que tudo irá fazer para lhe poder proporcionar todos os seus desejos. isso sim, é um seguro de vida.