2008 caminha rapidamente para o seu término, mas antes da chegada de um novo e fresquinho ano ainda teremos que sobreviver a mais uma aventura chamada natal. a meio de novembro já vieram os primeiros sinais, os primeiros anúncios televisivos, a medo. uma semana depois, duplicaram, para, na semana seguinte, triplicarem. agora cerca de 90% da publicidade visual, sonora e escrita é sobre o natal, porque a febre das compras de natal vai começar. vamos novamente ser bombardeados com anúncios alusivos à época, incitando ao consumismo desenfreado. fazem-se listas, contam-se os trocos para tentar ficar ainda com algum dinheiro do subsídio de natal para o início do ano, quando se prevê que a crise e a recessão económica se instale de vez em portugal. é também por esta altura que começam os "balanços" do ano, as tradicionais retrospectivas, com o melhor e o pior, as revelações e a desilusões do ano que termina. mas quanto a este aspecto falaremos noutra altura.
hoje quero falar essencialmente da atmosfera natalícia, daquela magia que nos invadia quando éramos crianças e sentíamos o natal cada vez mais perto. é claro que não vou começar para aqui com balelas e sermões sobre o facto de o natal ser cada vez mais mercantilista e comercial, isso já toda a gente sabe. em minha casa, por esta altura, ou seja, a um mês e pouco do natal, vem sempre a mesma conversa: "este ano não vão haver prendas para ninguém, temos que poupar". e o mais engraçado é que sabemos perfeitamente que nos estamos a tentar enganar a nós próprios. as crianças falam umas com as outras, depois chegam a casa e, como quem não quer a coisa, lá dizem que gostavam de ter o novo "action man advogado", que nunca perde um caso, porque o andré também vai ter um no natal, os pais da joana vão-lhe comprar uma boneca que consegue dactilografar 120 palavras em 30 segundos, os padrinhos do leonardo já mandaram vir uma psp, os do bruno uns gnr, etc.. e quem são os pais com coragem para dizer aos filhos, nestas circunstâncias, "tu não vais ter nada porque temos que poupar, o banco central europeu anunciou que as taxas de juro vão subir, aumentando as prestações e, consequentemente, provocando um déficit no nosso superavit financeiro".
os anúncios televisivos vão desfilando, as crianças vão criando listas mentais de prioridades. os pais vão registando, distribuindo posteriormente os brinquedos desejados pelos compradores interessados em oferecer algo que realmente eles queiram, em vez de um par de meias ou de um livro da margarida rebelo pinto. assim, os pais oferecem o brinquedo que aparece no anúncio a que ele reage mais energicamente, os avós o brinquedo imediatamente a seguir, os tios, os padrinhos, etc, etc.. acontece isto todos os anos, uma "joint venture" para proporcionar às nossas crianças o mais cintilante brilho nos olhos, o mais rasgado sorriso, o mais apertado abraço e o mais sentido beijo de agradecimento. para mim, é isto o natal, dar uma enorme alegria às crianças, mesmo que três dias depois o brinquedo que lhes demos esteja já a um canto, avariado ou partido.
até ao nível das prendas de natal estamos sempre em constante evolução em termos geracionais. os meus pais provavelmente nem teriam direito a prendas no natal, dadas as dificuldades com que se debateriam os meus avós. a geração seguinte, a minha, também se debateu com muitas dificuldades financeiras, mas os meus pais nunca deixaram passar esta época sem uma lembrança, por mais insignificante que fosse. e nós também sabíamos que não podíamos almejar muito alto. na minha altura, não passavam nem 10% dos anúncios a brinquedos que hoje inundam os canais de televisão, lembro-me dos carrinhos majorette e matchbox, das garagens com andares de estacionamento de carrinhos, com elevador, do cubo mágico, mais tarde do spectrum (o saudoso spectrum), dos walkman, etc.. hoje, por estes dias, a geração dos meus filhos tem aquilo que nós, quando éramos da idade deles, queríamos ter. tentamos sempre fazer mais do que os nossos pais fizeram, ou puderam fazer... obviamente, também espero que o mesmo aconteça com os meus netos, quando chegar a altura de os meus filhos se debaterem com a lista de "exigências" no natal. era bom sinal...
2 comentários:
revi-me neste teu post e, apesar de não ter filhos, sei que faria exactamente o mesmo que vocês...
bjs
Pois, concordo com tudo...
Mas lá terá que ser, é inegável, arranjam-se sempre uns Euros mágicos para que o sapatinho tenha sempre qualquer coisa!
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