terça-feira, setembro 09, 2008

olha que escaparate

cristina caras lindas. fátima lopes. júlio magalhães. josé veiga. vasco uva. gustavo santos. carolina salgado. octávio machado.
caramba, eu até queria ser escritor... mas, pela amostra, quer-me parecer que, se algum dia lá chegar, esse estatuto já estará ao nível de um empregado de limpeza num matadouro. hoje em dia toda a gente lança livros. com as recentes incidências dos jogos olímpicos devem estar já na calha livros de marco fortes, vicente moura, vanessa fernandes, naide gomes e nélson évora. o povo quer ler, esse é um facto, de ano para ano são vendidos mais livros. mas o que é que o povo quer ler? quer ler livros de gente que vê na televisão, seja na política, no futebol, na moda ou, no caso de octávio machado, na agricultura maníaco-depressiva como forma de camuflar recalcamentos desportivos. uma modelo vai ao big brother famosos, lança um livro quando sai. um ex-jogador de futebol vai ao preço certo, lança um livro. uma tipa vai ao estádio da luz com uma tarja a dizer "estou aqui orelhas", lança um livro. um tipo vai ao campeonato de mundo de rugby cantar o hino nacional aos berros e com a lágrima no canto do olho, lança um livro (e o irmão dele ainda saca a carolina patrocínio... portanto, isto dá para a família toda). qualquer dona de casa que queira oferecer um livro à sua filha pelo aniversário, a ter de escolher entre fátima lopes e agustina bessa luís, escolhe a primeira, porque lhe entra em casa todos os dias de manhã. entre nuno eiró e josé eduardo agualusa, está-se mesmo a ver. entre carolina salgado e isabel alçada, escolhe aquela que até já foi recebida pelo papa. fabricam-se escritores de um dia para o outro. é simples. basta "comentar" a vida dos outros todos os dias da semana na televisão, consultando fontes fidedignas como são as revistas cor-de-rosa; basta ter tido uma relação mediática com alguém conhecido (de preferência um jogador de futebol); basta cair nas boas graças de um qualquer lobby, especialmente o gay, onde se arranjam rapidamente bons padrinhos; basta de melgas e mosquitos...
hoje em dia, quando há algo que suscita alguma curiosidade à opinião pública (caso maddie, apitos dourados, crimes violentos, casa pia, saco azul, felgueiras, camarate, a conquista de ceuta...) e há elementos novos para revelar, ou segredos, pistas, tabus, não se desperdiça tudo numa rápida conferência de imprensa, ou em press releases e comunicados. nem pensar. a solução é lançar um livro. com a adequada campanha de marketing, até inspectores da polícia judiciária ineptos passam por escritores.

Sem comentários: