terça-feira, abril 08, 2008

luzes, câmaras, acção...

irrita-me esta cadência diária, esta rotina, a falta de novidades, de emoção. sinto que me faltam aventuras, bombas para desactivar no último segundo, conduzir um autocarro que não pode baixar dos 80 km/h no meio do trânsito, ajudar uma velhinha a atravessar a estrada... para quem vive num mundo de fantasia, de cinema e séries de televisão, como a minha mulher me acusa, é muito ingrato passar pelos dias sem acontecer nada de verdadeiramente excitante. casa, trabalho, almoço, trabalho e casa. onde estão as mulheres para conquistar, as meg ryan's, as michelle pfeiffer's, as kate beckinsale's? e o road movie com o meu melhor amigo, ao estilo de "sideways"? e a minha conversa interessante, espirituosa, estimulante e insinuante com uma mulher no alpendre, enquanto se saboreia um requintado vinho tinto, como acontece igualmente em "sideways", entre paul giamatti (que grande actor!!) e virginia madsen? onde estão os judeus para eu salvar do holocausto? por onde anda a alma errante e perdida para eu salvar, como em "the fisher king"? e a minha dança com a uma thurman no jack rabbit slims? e a minha cena no restaurante com a meg ryan a simular um orgasmo? e também será que nunca vou ter uma michelle pfeiffer, de vestido vermelho, a cantar o "feelings", enquanto eu toco ao piano, mantendo o ar mais cool do mundo, como em "the fabulous baker boys"? ou menos dêem-me uma andie mac dowell no próximo casamento a que seja obrigado a ir, para eu poder reviver de alguma forma as peripécias de hugh grant em "quatro casamentos e um funeral". uma adolescente de 17 anos? como em "manhattan"? porque não? nunca se sabe quando o "click" vai aparecer. quando ele acontece, a idade é irrelevante. nunca podemos é enganar a nossa vontade, como daniel day lewis e michelle pfeiffer fizeram em "the age of innocence". se pelo menos eu tivesse metade da eloquência e destreza de "cyrano de bergerac", tudo seria mais fácil. ou se fosse tão meticuloso e persistente como tim robbins em "the shawshank redemption". um quarto da inteligência e ponderação de morgan freeman em "seven", com uma pitada da irreverência de jack nicholson em "as good as it gets" e uma grande dose de altruísmo, como roberto benigni em "a vida é bela", tudo misturado com o forte carisma de sean connery em "the untouchables", a verve e sentido de humor de billy crystal em "when harry met sally...", a imaginação prodigiosa de woody allen em "annie hall", a "pinta" de jeff bridges em "the fabulous baker boys" e o sex-appeal de george clooney em "out of sight". será que com tudo isto a minha vida seria mais emocionante? podia salvar o mundo de manhã, pela fresquinha; à tarde impedia um ataque de uma rede terrorista, pode ser a eta, não sou esquisito; e à noite ainda tinha tempo para colocar em prática todos os atributos há pouco referidos, "despachando" algumas monica bellucci's, charlize theron's e kate beckinsale's. ah, e podia sempre brilhar quando pedisse o meu martini "shaken, not stirred"...

- sim querida, vou já para a cama... estou só a desligar o computador.

1 comentário:

Jerri Dias disse...

Ah, os dilmeas do nerd moderno...

Mas uma dica: experimente editar um ano de sua vida em 2 horas de filme e vc provavalemente terá um filme com conflito, drama, romance, humor e tudo o mais... E não esqueça de colocar uma boa trilha sonora!