segunda-feira, outubro 29, 2007

as fases do ciúme

numa perspectiva minimalista e algo redutora, os ciúmes nos casamentos, na minha opinião, são divididos em três fases:
1ª fase: é aquela em que a mulher não pode ver o homem a olhar para outra. há ainda um clima de insegurança a pairar sobre o casamento e ver o seu homem olhar para outra mulher não é a melhor maneira de resolver esse problema. o homem, por sua vez, procura inventar desculpas para justificar a sua "curiosidade" nas outras mulheres: "olha lá, estava aqui a olhar para aquela tipa, de calças pretas apertadas, top decotado e cabelos pretos compridos, e a pensar que ela é muito parecida com a tua prima valéria. não achas?". também se dá o caso inverso. o homem fica roído de ciúmes quando vê a mulher a apreciar outro homem. sente-se mal com a situação, mas, por outro lado, é algo que ele vê como futura justificação: "sim, estava a olhar para aquela louraça, mas tu também olhas para outros homens, por isso...". são alguns anos nisto, com o receio de vir a perder o cônjuge (que é certamente a palavra mais estúpida da língua portuguesa e a mais difícil de pronunciar) a dominar a lista de inseguranças;
2ª fase: é a fase em que o casal já aprendeu a lidar com a situação dos ciúmes e até já comenta, um com o outro, o aspecto e as formas da pessoa visada. esta prática, bastante saudável para abater as crises de ciúmes, poderia ser muito mais satisfatória para o casal se não existisse o "termo de comparação". ou seja, podemos estar ambos a apreciar uma bela e espampanante mulher e concordar que "sim senhora, é bastante agradável à vista". o problema é, por vezes, as questões do género "mas achas que é mais gira do que eu?". isto desarma logo qualquer um, retirando algum interesse ao pequeno "jogo" que se estava ali a realizar;
3ª fase: é a fase da despreocupação total. nesta fase, o casal já vive numa atmosfera de confiança sem limites. aqui até é frequente ser a mulher a chamar a atenção do marido para "aquela gaja boa"; ou o marido a apontar alguém como "aquele é do teu género, não é?". como já devia dizer o meu bisavô, "as coisas boas são para se ver". se existir este tipo de cumplicidade entre o casal, tenho a certeza de que nunca haverão ciúmes doentios a corroer o relacionamento.

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