alberto joão jardim e paulo portas conseguiram nos últimos tempos criar à volta das suas imagens a tal vaga de fundo necessária para enfrentar uma eleição. soares franco fez o mesmo há uns tempos, afirmando repetidamente que não era candidato ao lugar de presidente do sporting, mas tantas vezes o disse que... acabou por o ser, partindo para as eleições com a vitória no papo praticamente. o processo é simples: esperar que a concorrência se aniquile a ela própria, queimando e desgastando a imagem com os repetidos tiros nos pés. depois, anunciam uma candidatura que, comparada com todas as restantes, é claramente a "menos má" e, nesse sentido, a que vai ter mais votos.
alberto joão jardim fez nitidamente "birra". sabe que ganha claramente qualquer eleição na madeira, mas quis mostrar ao continente que tem o povo madeirense na mão e que o mesmo o seguirá em qualquer decisão que tomar. quando for a eleições vencerá com larga maioria, claramente, porque os madeirenses querem continuar a sugar montanhas de dinheiro ao continente, para o esbanjar em fogo de artifício para o guiness, mas querem, ao mesmo tempo, continuar a apregoar a sua lírica independência económica e social. outro factor relevante na madeira é a inexistência de oposição à altura. digamos que, em termos de liderança, alberto joão jardim está para a madeira como pinto da costa está para o futebol clube do porto.
paulo portas vem emergindo aos poucos à superfície política. saiu de cena, bronzeou-se, tornou os seus dentes ainda mais brancos, foi a festas do jet set nacional, arranjou um programita na sic notícias e foi-se intrometendo, lentamente, na vida política nacional. por sua vez, santana lopes tentou um comeback com o mesmo tacto e sensibilidade que um elefante numa loja de porcelanas. escreveu um livro, disse mal de toda a gente, voltou a fazer-se de vítima e a falar em cabala e... nada. foi novamente gozado por toda a gente e voltou para o seu natural e merecido obscurantismo. agora, já nem as eleições para presidente do sporting ganharia. paulo portas bronzeou-se; santana lopes queimou-se.
voltando a paulo portas. é perfeitamente visível que ribeiro e castro não tem postura nem carisma de líder de um partido. nobre guedes muito menos. e o cds acabou de levar uma tareia no referendo sobre a despenalização do aborto. portas esperou pelos resultados e avançou, na melhor altura. e vai chegar novamente à liderança do partido, é óbvio. a vaga de fundo foi criada... pelos seus adversários directos, que guindaram o cds ao quinto posto da hierarquia política nacional, atrás do pcp e do bloco de esquerda. paulo portas aproveitou também outro importante timing: a crise na câmara de lisboa, a quebra do acordo psd/cds, que fragilizou os dois partidos e os seus respectivos líderes. luís filipe menezes foi outro que tentou obter dividendos desta crise, atacando de imediato marques mendes. mas, para já, a sua vaga de fundo ainda não é suficientemente forte.
paulo portas assumir-se-á em breve como o rosto da oposição nacional, passando por cima de marques mendes, jerónimo de sousa, francisco louçã e... marcelo rebelo de sousa, muito mais mansinho desde que o seu programa se transferiu para a rtp. é que um bom governo precisa sempre de uma boa oposição.
1 comentário:
é doloroso reconhecer que tens toda a razão...
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