hoje, fiz aquilo a que chamam de "histórias", no Facebook, para ilustrar a minha manhã desportiva e saudável. nelas, falava dos quilómetros que já tinha feito, em apenas uma manhã, referindo que tinha estabelecido como meta os 15 quilómetros. só depois me lembrei que hoje, pelos vistos, é o chamado "dia das mentiras", seja lá o que isso for.
para os descrentes que me enviaram mensagens por terem associado as minhas "histórias" ao dia 1 de abril, um dos dias mais estúpidos do calendário nacional, logo a seguir ao carnaval e ao dia dos namorados, aqui ficam as provas.
hoje, foram três horas, sem parar, de caminhada intercalada com corrida, com saída do centro histórico, passagem de uma hora e meia pelo parque de santiago e outro tanto no fontelo, no meu circuito habitual, onde fiz ainda três das quatro voltas habituais que fazia aos domingos de manhã. 15 km foi o objectivo que tracei. pelos vistos, fiquei a 400 metros. mas o dia ainda só vai a meio...
esta semana, em quatro dias e meio, já vou em 44 km e 56.125 passos. realço o facto de alguns destes 44 km terem sido efectuados em corrida, algo que já não acontecia há algum tempo, devido a problemas de saúde. e que saudades eu tinha de correr!
a ouvir, nos phones, o último disco dos band of horses, "things are great", que ouvi duas vezes. o disco tem 42 minutos, ouvi-o duas vezes, de casa, no centro histórico de viseu, até ao parque da radial de santiago, um local com condições excelsas para a prática desportiva, e no tempo todo que lá fiquei. portanto, cerca de 85 minutos.
segui, depois, para o parque do fontelo, calcorreando também parte da circunvalação. ali, no pulmão natural da cidade, estabeleci outra meta: fazer pelo menos três voltas no circuito que idealizei no passado para fazer acompanhado, circundando todo o parque. sabia que uma volta desse circuito equivaleria a uns 2,5 km, portanto apostei nas três voltas, que fiz com determinação. sempre a ouvir música. essa, é e será sempre indispensável!
já tinha corrido no parque de santiago, no fontelo voltei a correr, nas zonas planas, e o prazer foi o mesmo. depois de três meses de dores constantes nos rins, depois de uma ida ao bloco operatório para me instalarem um duplo jota bilateral nos rins, depois da convalescença, depois de seis meses com o referido duplo jota, que me provocava outro tipo de dores, peso constante na bexiga, mau estar contínuo e um terrível desconforto (além de tudo aquilo que me provocava em termos psicológicos - irritabilidade, mau humor e disposições mentais flutuantes), e depois da brutalidade que foi a retirada do duplo jota do meu corpo (para a qual não estava minimamente preparado), e igualmente da sua convalescença, sinto-me finalmente preparado para voltar à normalidade.
sei que já não tenho 30 ou 40 anos, estou muito próximo dos 50 mesmo, mas esta semana tenho sentido um vigor diferente, um outro ânimo físico e espiritual. assim se compreende os registos obtidos pelo google fit. a minha média, nos últimos meses, é de 25/30 km de caminhadas semanais, o que já não é mau, convenhamos, sobretudo porque estive condicionado fisicamente. mas esta semana, os números já chegaram aos 44 km. e ainda faltam dois dias..
curioso como estou a ouvir o disco que referi, de uma banda que já adoro há muitos anos, e vou descobrindo nas letras das músicas, sempre bem humoradas e plenas de trocadilhos, muitos frases que se poderiam aplicar ao momento que estou a viver, especialmente no tema "in the hard times". mas o ponto alto de hoje foi outra música, "in need of repair". bem, eu estava mesmo a precisar de uma reparação, pelos vistos. no refrão, benjamim bridwell, canta "It's not enough, it's not enough, every single day I hide from hurt". acompanhei sempre, em alta voz, os "it's not enough" (podia fazê-lo à vontade, dada a reduzidíssima quantidade de pessoas em ambos os locais), como se fosse um grito de guerra.
de facto, nunca nada é suficiente. nunca! habituei-me, enquanto estudante, a aceitar os "suficientes" que ia tirando e a passar por entre as gotas da chuva. se calhar, tenho andado a limitar-me aos suficientes desde essa altura. se calhar, nunca fiz o suficiente, a todos os níveis, para merecer um "muito bom" ou um "excelente". bridwell, na mesma música, também canta "you only hurt the ones you love". é isso mesmo. embrulhei-me no conforto dos "suficientes" e fui deixando andar as coisas. e sim, magoei, certamente, aqueles que amo. se tenho a noção que eu próprio não estava a ir além do suficiente, o que hão-de achar as pessoas que "levaram" com o meu suficiente? quis voar bem alto, mas sem ter as asas correctas para o fazer e o resultado só poderia ter sido aquele que se verificou.
"it's not enough"! é algo que, no futuro, terei de abraçar como uma lição, um mantra. não que me tenha instalado ou aburguesado, dando tudo como garantido, porque nunca o fiz nem nunca o faria, mas para me compenetrar que é sempre necessário ir mais além, fazer mais uma volta, dar mais uma palavra, mais um carinho, mais um beijo, mais uma carícia. no fundo, dar mais de mim, mais amor!
a música acaba com vários "It's not enough, the ones you love, it's not enough". sim, é verdade, para aqueles que amamos, nada pode ser suficiente!