uma pesquisa aturada evidencia que 10 de janeiro é uma data associada a grandes eventos. senão vejamos: encerramento oficial da primeira guerra mundial com a entrada em vigor do tratado de versalhes (1920); classificação da torre de belém como monumento nacional em portugal (1907); realização da primeira assembleia geral das nações unidas, com 51 nações representadas (1946); entra em vigor a declaração de tashkent, um acordo de paz assinado entre a índia e o paquistão que termina com a guerra indo-paquistanesa de 1965 (1966); ou a criação da união económica e monetária do oeste africano (1994).
mas naquela terça-feira, 10 de janeiro de 2006, exactamente às 16h19, aconteceu algo muito mais contundente e simbólico do que a declaração oficial do final de duas guerras ou aquela treta da onu: nascia o primeiro post deste blogue, um bocadinho antes da hora do lanche. nuvens da alma viu a luz do dia pela primeira vez e a reacção foi semelhante à de antónio
guterres quando lhe pediram para quantificar o valor do pib nacional,
mas rapidamente aprendeu o "abc"das lides blogosféricas e, seis meses
depois, já ia na letra "p". o primeiro comentário, anónimo, por sinal, surgiu no dia seguinte e rezava assim: "esperemos, então, que não sejam nuvens passageiras". portanto, a pressão começou logo ao segundo dia...
domingo, 10 de janeiro de 2021. cerca de 2210 posts e 2170 comentários depois, chegou o momento de assinalar o 15º aniversário destas nuvens, às quais nunca fui indiferente. os primeiros cinco anos foram intensos, em todos os aspectos (visualizações, comentários, interacções), com uma média de 30 publicações por mês, atingindo a expressão máxima em março de 2011, com 101 posts. depois, o blogue foi perdendo protagonismo para as redes sociais, nomeadamente o facebook.
com maior ou menor intensidade, as nuvens já estavam cá dentro e faziam parte de mim, daquilo que sou, penso e gosto/não gosto. estão aqui representados 15 anos da minha vida, o que cresci (ou não), as minhas aventuras como pai, profissional, amigo, os filmes e séries televisivas de que mais gostei, os discos pelos quais me apaixonei, as bandas, as letras, os vídeos, os concertos (e, felizmente, foram muitos). mas também relatos de viagens, bem documentadas fotograficamente (outra paixão que ficou aqui bem reflectida em vários posts), desabafos de vária ordem (social, política, futebolística - ainda não ter festejado um título do sporting aqui é um dos meus maiores desgostos), considerações e opiniões diversas. um pouco de tudo e um pouco de nada, depois de bem espremido (para algumas pessoas).
em todo o caso, são 15 anos que ficam arquivados, devidamente arrumadinhos por mês e ano. e esta é uma grande vantagem para quem decide criar um blogue, saber que a qualquer momento pode ir buscar uma determinada memória, reler um texto, desfazer uma dúvida, reviver momentos, como aqueles passados com os meus filhos, que eu vertia aqui de forma recorrente. o meu filho tinha 5 anos quando criei o blogue, a minha filha tinha 10 meses. ficaram aqui registadas muitas situações que vivi, de forma intensa, como pai babado que sempre fui. eles têm agora 21 e 15 anos, ambos sabem da existência do blogue e gostam, por vezes (mais ela do que ele), de lhe dar uma espreitadela, porque ficaram nele plasmados centenas de momentos que recordam com prazer e nostalgia. tomara eu ter um registo da minha infância e adolescência como eles têm, à sua disposição, nos dias de hoje.
portanto, e resumindo, valeu a pena ter chegado aqui! não obstante tudo o que já ficou dito, este blogue também teve um papel preponderante na grande viragem da minha vida e em tudo o que me tornei depois dela. também esse momento aqui ficou gravado, embora esteja cristalizado na minha mente, provando que as pessoas podem, efectivamente, alterar os desígnios das suas vidas se tiverem o aconchego emocional necessário e a coragem para iniciarem tudo de novo. tanto escrevi sobre isto, ao longo destes 15 anos, que um dia alguém leu e sentiu alguma cumplicidade. cumplicidade que hoje se reveste de harmonia, tranquilidade, amizade, companheirismo, confiança e infinita ternura. em suma, e como canta josé cid, "um grande, grande amor".
tenho por estas nuvens da alma um carinho especial. por todas elas. é
gratificante olhar para trás e ainda conseguir esboçar um sorriso quando
leio textos antigos ou ficar emocionado com outros mais
sérios. acima de tudo, é muito boa esta sensação de não ter vergonha de
nada que aqui publiquei, de assumir cada palavra, cada vírgula, cada
ponto de exclamação, cada imagem, cada música que aqui gravei. é como
ter acesso ao meu passado e vir visitá-lo de vez em quando.
obrigado por estes 15 anos e pela vossa infinita paciência! vão aparecendo por cá quando quiserem, vou tentar diversificar mais os temas, entrando por outros domínios,
como a indústria de cabedais na noruega, a caça à baleia em alto mar e a
jardinagem. vou ainda tentar, ainda não sei bem como, oferecer um café a
todas as pessoas acedam ao blogue. se ficarem mais de
trinta minutos a ler, ofereço também um queque de laranja da dan cake...