quinta-feira, maio 29, 2014

jeff buckley




17 de novembro de 1966 - 29 de maio de 1997
passam hoje 17 anos desde o desaparecimento deste enorme talento.
com 30 anos apenas, jeff buckley deixou-nos um dos melhores discos da década de 90, "grace", editado em 1994, e uma enorme legião de admiradores que não se cansam de o citar como grande influência musical. "jeff buckley é uma gota cristalina num oceano de ruídos", referiu bono vox. david bowie chegou mesmo a eleger o disco como "the best album ever made". o que é cert...o é que "grace" vendeu muito menos do que o esperado, tal a qualidade do disco. tal como nick drake, que também faleceu muito novo (26 anos), buckley teve muito mais sucesso depois da sua morte do que em vida. jeff era filho do músico e cantor tim buckley, que faleceu igualmente novo (28 anos), mas numa altura em que já tinha editado nove discos.
tirando as datas e os números, ficam as músicas. essas ninguém as pode levar...

quinta-feira, maio 22, 2014

o que não se diz

falha-se o momento, perde-se a oportunidade... e o mundo avança, sem piedade, sem contemplações. mais uma ruga, mais 134 cabelos brancos, mais uma colecção de frases que deveriam ter sido proferidas em determinado momento mas que só nos surgem horas depois. a vida é construída de pequenos nadas, em que até uma mera palavra, dita no momento exacto e com a respectiva eloquência, pode fazer toda a diferença, seja no emprego, na vida pessoal, familiar ou numa colectividade recreativa e social. até pode ser uma palavra tão simples como "sim", "não" ou "trombocitopenia". a questão é dizê-la quando realmente interessa, quando ela pode fazer toda a diferença. acumular sentimentos, remoer amarguras sem as extravasar, reviver momentos passados ao segundo, analisando todas as palavrinhas, vírgulas e pontos finais, é tão saudável como andar de bicicleta em fukushima.

o tempo que se gasta

o tempo que passamos longe das pessoas de quem gostamos é interminável. por outro lado, o tempo que gastamos, ou perdemos, com pessoas que não nos dizem nada é uma monstruosa amargura. há certamente pessoas com quem queremos estar, que querem estar connosco. mas quando olhamos à volta, vemos que não são aquelas que nos rodeiam. é praticamente um genocídio sentimental...

o meu filme

já muita gente me perguntou, ou fui eu que pensei, tanto faz, como seria um filme baseado na minha vida. depois de muita ponderação, cheguei à conclusão de que seria uma espécie de "groundhog day" (o filme em que bill murray é obrigado a reviver o mesmo dia... todos os dias, encontrando sempre as mesmas pessoas e passando constantemente pelas mesmas situações), mas com muito menos piada, obviamente. resultaria um "groundhog day" como se fosse realizado por manoel de oliveira, o que, ainda por cima, significaria que eu teria que arranjar papéis para o luís miguel cintra, a leonor silveira e o ricardo trêpa (como se já não existissem suficientes personagens aborrecidas no "meu" filme).

amizades convenientes

há quem acredite que a partir de uma certa idade se perde o luxo de ter amigos só por amizade. inventam-se novas categorias: "amigos de amigos", "amigos de familiares", "amigo que dá jeito porque eu não faço ideia de como se compõe uma persiana", "amigo que um dia me pode ser muito útil quando quiser abrir uma loja de peças para torradeiras", "amigo que me leva o carro à inspecção todos os anos se eu lhe pedir", etc.. a vida obriga muito boa gente a alargar os seus horizontes em termos sociais, dando especial relevo à via profissionalizante. eu limito-me a ficar contente quando sou atendido nos cafés...

a pergunta

quando conhecemos alguém, como por exemplo um novo colega de trabalho, qual é a pergunta mais frequentemente colocada? de onde és? que idade tens? já namoras? sabes a tabuada dos 9? há uma quantidade infinita de questões a colocar, no sentido de ficarmos a saber algo mais sobre essa pessoa nova e de, no futuro, podermos utilizar algumas das suas respostas em conversas mais demoradas. no entanto, existe uma pergunta cuja resposta, a meu ver, é bem definidora da pessoa que temos à nossa frente (ou ao lado, caso estejamos a conduzir): "o que é que te faz rir?". é suficiente e poupa-nos imensas horas de análise.

resignações

sou uma pessoa muito bem sucedida a nível social...

engraçado, já tinha ouvido falar em pessoas que não conseguiam acabar uma frase porque se começavam a rir.

nunca tinha constatado que acontece o mesmo quando se escreve...

provérbios pouco populares

eis as minhas falhadas tentativas de inventar um provérbio:
- as pessoas são sobrevalorizadas, mas os animais, apesar de bons ouvintes, raramente dão bons conselhos;
- sempre que tiveres fome, atira um homem de sorte ao mar e ele regressará com um peixe na boca; se não tiveres fome, atira-o ao mar na mesma, apenas pelo gozo;
- nunca invejes aqueles que têm um coração grande, porque mais tarde ou ...mais cedo eles vão ter sérios problemas coronários;
- se quiseres alimentar alguém, dá-lhe um dos teus peixes; mas se o ensinares a pescar podes ter a certeza de que essa pessoa vai ter uma vida social bastante enfadonha;
- calças vermelhas em abril, sinal de que estás a ficar senil;
- uma maçã por dia mantém o médico longe de tua casa, mas as contas na mercearia vão ser cada vez maiores;
- nunca duvides da palavra do senhor, especialmente se ele tiver um canivete suiço na mão;
- o pensamento positivo pode afastar-te de muitos tormentos, mas nunca será suficiente quando a tua mulher te mandar às compras.