terça-feira, outubro 30, 2012

desgastes

o amor nem sempre é o ingrediente fundamental numa relação. se faltar tudo o resto, as bases caem por terra, sobretudo quando uma das partes tenta colar desesperadamente os pedaços de forma a mantê-los unidos e a outra já assumiu que se trata apenas de lixo. tudo pode falhar numa relação, existindo caminhos mais rápidos para se chegar a essa conclusão e outras vias mais demoradas. apesar do que se sente, do bater mais acelerado do coração, da sensação de posse, da garantia eterna dos sentimentos, quando a outra parte mergulha num lago de depressão e resignação, do qual não encontra saída, a respiração torna-se muito mais complicada à medida que o tempo passa. quando as bases que sustentam uma relação são frágeis, surge o natural desgaste psicológico, a dificuldade de comunicação e o consequente desinteresse emocional e físico. nem sempre corre bem a tentativa de "salvar" quem entende que não precisa de ajuda. por vezes, há caminhos na vida que não valem a pena percorrer e será melhor desistirmos deles logo no início do que nos apercebermos disso quando já vamos a meio. não nos podemos enganar a nós próprios: tudo se desgasta. quanto mais cedo interiorizarmos isto, mais depressa começamos a pensar numa solução.

she sings to forget you - the apartments

confortavelmente instalada no meu córtex cerebral...

terça-feira, outubro 23, 2012

o que se ouve por aqui



uma feliz coincidência apontou outubro como o mês de lançamento dos discos de dois nomes muito apreciados e conceituados neste cantinho: mark eitzel (american music club) e jason lytle (grandaddy). nos próximos tempos, estes dois álbuns serão a banda sonora obrigatória dos meus dias, pelo respeito e admiração que nutro por ambos, fruto de muitos e bons anos a ouvir american music club e grandaddy e os anteriores registos a solo dos senhores eitzel e lytle.

somewhere there's a someone - jason lytle

your waiting - mark eitzel

quarta-feira, outubro 10, 2012

mark kozelek no "late night with jimmy fallon"

quem costuma visitar este blogue depara amiúde com o nome de mark kozelek. nunca escondi que é uma das maiores referências musicais nos últimos 20 anos. a sua primeira banda, red house painters, ainda hoje encima o topo de preferências deste estaminé, com os seus inesquecíveis discos. a banda, depois de sete álbuns de estúdio, "morreu" cedo demais, em 2001, com a edição de "old ramon", mas mark kozelek continuou a sua missão de trovador moderno, cantando de coração nas mãos as desilusões amorosas, as relações falhadas, os amores impossíveis, a amargura da distância, a saudade dos pais, as vivências familiares, os amigos do passado. depois de alguns discos a solo, a maior parte deles ao vivo, kozelek apresentou novo projecto em 2003: sun kil moon. o disco de estreia, "ghosts of the great highway" demonstrou que os indefectíveis de kozelek podiam estar descansados, porque o talento e o virtuosismo continuavam inalteráveis. os sun kil moon lançaram mais quatro discos, o último deles este ano ("among the leaves"). mais de vinte anos depois do início da carreira, mark kozelek teve finalmente a sua oportunidade de actuar na televisão americana, para uma audiência de massas, neste caso na nbc, um dos mais importantes canais televisivos norte-americanos. foi no programa "late night with jimmy fallon", onde o cantor interpretou duas músicas ("the moderately talented young woman", do novo disco dos sun kil moon, e "mistress", do brilhante disco "rollercoaster", dos red house painters), com a ajuda da banda residente do programa, os the roots. como curiosidade, refira-se que jimmy fallon actuou ao lado de mark kozelek no filme de cameron crowe "almost famous". este admirador, aqui neste rectângulo à beira mar, num país à beira de um ataque de nervos, trucidado pela crise e pela sucessão inesgotável de pessoas incompetentes à frente dos seus destinos, não pode deixar de ficar satisfeito por este facto, por entender que era mais do que justa esta pequena homenagem, chamemos-lhe assim, a um vulto incontornável do registo "sadcore" (ou "slowcore"). desde 1989 que mark kozelek merecia uma audiência deste tamanho...