segunda-feira, novembro 12, 2007

telecabeleireiro

que neura, tenho que cortar o cabelo. irrita-me esta confusão em cima de algo que eu tanto prezo, o meu cérebro. parece o quarto dos meus filhos depois de eles lá terem estado a brincar durante uma hora. é que não há penteado possível, por muita ginástica mental que faça. o meu cabelo não obedece. podem vir ventos ciclónicos, katrinas and the waves, que ele fica exactamente na mesma, sem oscilar uns centímetros que sejam. a neura que esta anarquia capilar me provoca arrasta-se para o nível psicológico. por estas alturas ando irritadiço, depressivo, sorumbático, tal como fico, curiosamente, quando não faço a barba. costumo fazê-la todos os dias e quando isso não sucede, no fim de semana e sempre por preguiça, evito ver-me ao espelho, porque um hedonista só gosta de ver e de fazer coisas que provoquem prazer.
o cabelo curto, à ricardo araújo pereira, faz-me sentir novo, fresco, dentro do prazo. sinto-me um actimel, um espírito selvagem no auge da adolescência, apetece-me pegar numa fisga, saltar ao eixo, apalpar as miúdas e fugir, tocar às campainhas... até as borbulhas parecem surgir novamente. um tipo acorda, toma banho, lava os dentes, faz a barba e... mais nada! nem vale a pena olhar para a parte de cima da cabeça. para quê? o cabelo lá está, sossegadinho, no seu canto, sem levantar quaisquer ondas, o mais low profile possível. com o cabelo curto poupo cinco minutos de manhã, que até me poderão fazer falta à tarde ou à noite, nunca se sabe quando vamos precisar de cinco minutos. com o cabelo comprido, demoro uns largos minutos até me considerar apresentável para sair de casa e mostrar esta obra de arte capilar ao resto do mundo, que é como quem diz, viseu. sortudos dos habitantes de outras cidades...
é mais ou menos por esta altura que a pessoa que está a ler isto pergunta "mas por que raio é que não vais cortar o cabelo e pões termo a essa aflição?". antes de mais, muitos parabéns pela pertinência da pergunta. de facto, este blog pode ter poucos leitores mas a nível de inteligência não ficam atrás de um "abrupto" ou de um "há vida em markl". a resposta está no tempo que eu preciso de "angariar" para esse desiderato. no fim de semana é impossível: o meu cabeleireiro, onde já vou há quase sete anos, está sempre apinhado. nos dias de semana, saindo às 18h para ir buscar os filhos ao atl, também se torna complicado. já comprei uma daquelas máquinas para cortar o cabelo em casa, mas não durou muito tempo, tal o vigor e a robustez do meu cabelo. agora nem para cortar as sobrancelhas serve. desistiu mesmo, tirei a alegria de viver àquela máquina. a hora de almoço poderia ser uma boa solução, poderia, não fosse esse pequenino pormenor de o cabeleireiro também ter as suas necessidades alimentares. a verdadeira solução seria esta: telecabeleireiro. caramba, um tipo chegava ao telefone e solicitava um cabeleireiro. dizia a morada e trinta minutos depois estava à porta de casa um profissional do ramo, com os competentes acessórios. não sei como é que ainda ninguém se lembrou disto... vão lá tantas testemunhas de jeová bater à porta, tantos vendedores da tv cabo, tantos adventistas do sétimo céu, etc., e nenhum deles sabe efectivamente cortar o cabelo a quem necessita. daí a minha ideia ser tão simples e prática: chegar ao telefone e solicitar a deslocação de uma cátia vanessa ou de um marco antónio, escolher o tópico de conversa (futebol, política ou a indústria de cabedais na noruega), o preço, o modo de pagamento e se queremos ou não pão de alho a acompanhar...

Sem comentários:

Enviar um comentário