são 4:18 da manhã. sei que tinha escrito que voltaria a este espaço apenas na segunda-feira, mas não resisto a "despejar" a alma depois das emoções vividas há poucas horas no coliseu dos recreios, em lisboa. sala cheia de público ávido e conhecedor, que esgotou as bilheteiras. pudera, com duas bandas fenomenais no cartaz, não seria de esperar outra coisa. abriram o concerto os blonde redhead. os meus receios de que as suas músicas pudessem soar muito diferentes do que ouvimos nos seus discos dissiparam-se completamente. tocaram 4 músicas de "23", entre as quais a belíssima "the dress", e outras tantas do disco anterior, "misery is a butterfly". o único senão foi terem tocado apenas 45 minutos. soube a pouco. a doce kazu makino, dona de uma sensualidade latente, e os irmãos gémeos simone e amedeo pace foram irrepreensíveis em termos profissionais, mas deixaram-me, tal como ao resto do público, com "água na boca", à espera de mais. quem sabe se eles não regressam a portugal como cabeças de cartaz?...
depois, os interpol. era muito grande a expectativa de ver ao vivo uma banda com três discos editados verdadeiramente fabulosos, e eles não defraudaram ninguém. nas cerca de 20 músicas tocadas a entrega da banda e do público foi total, registando-se uma electrizante empatia logo ao primeiro acorde. "pioneer to the falls" abriu o concerto. seguiram-se "obstacle 1", "no i in threesome", "next exit", "pda", "the scale", "rest my chemistry", "narc", "lighthouse", "evil", "c'mere", "slow hands", "heinrich manouver", "mammoth", "take you on a cruise", "not even jail", "public pervert", "stella was a diver and she was always down" e "roland". foi vibrante, contagiante e superiormente interpretado, com paul banks a provar ser o vocalista com mais pinta do panorama musical actual, igualmente exímio na guitarra eléctrica, sam fogarino brilhou intensamente na bateria, carlos d. (de dengler), o baixista, foi, como costuma ser, o menos expansivo fisicamente, embora de uma eficácia tremenda. mas, para mim, quem mais brilhou, tal como tinha acontecido no concerto que vi deles na semana passada na sic radical, foi o guitarrista daniel kessler. é ele que marca o ritmo da banda, sempre enérgico e com uma postura desconcertante em palco. impecavelmente vestido com um smoking cinzento, kessler foi o centro das atenções, com os seus solos de guitarra magistralmente executados. o som dos interpol ao vivo não difere muito, e ainda bem, do que se ouve nos seus discos. por isso foi fácil, para os apreciadores da banda, acompanhar as músicas, alternando entre uma bateria imaginária e as guitarradas com os dedos a roçar na camisola. no final, o sentimento era de satisfação total. tinham sido preenchidas todas as expectativas que haviam sido criadas nestes longos meses de espera pelo concerto. até mesmo em termos das músicas apresentadas (da minha lista de preferências, só faltou mesmo a "pace is the trick", do último disco).
eu e o ricardo, que até fazia anos nesse dia (ontem, portanto), saímos do coliseu e, depois de "gambrinos" e "maria caxuxa", acabamos por ir parar ao lux. ambiente morno, música jazz ao vivo, poucas pessoas. pedimos algo para beber e sentámo-nos num sofá. quando olhamos para o lado direito, vemos que, a passar por trás do palco, vêm duas mulheres e um homem. ambos ficámos com a impressão de que o tipo era parecido com o guitarrista dos interpol. conforme o trio se foi aproximando, porque tinham que passar por nós para aceder às escadas, essa impressão passou a constituir uma realidade inquestionável. era ele, o daniel kessler, ali, à nossa frente. levantámo-nos imediatamente e fomos cumprimentar o homem (deus? guru? supra sumo? de laranja, se faz favor). ele foi muito simpático e aturou a nossa reverênica pacientemente, embora parecesse estar de saída. "great show man", foram estas as palavras que lhe disse, enquanto lhe apertava a mão. há dois anos, quando vi american music club, no santiago alquimista, fiz o mesmo com mark eitzel no final do concerto. momentos como estes agradecem-se e guardam-se na memória.
são agora 5:02. vou-me deitar. na minha cabeça continua a ecoar o "rest my chemistry". "but you'se so young, so young to look in my eyes".
isso foi uma noite em cheio!
ResponderEliminaruma colega minha também foi e delirou... ainda bem que gostaste!
ResponderEliminarbeijocas