sexta-feira, novembro 16, 2007

a morte

sinto o caminhar da morte ao meu lado.
o peso da sua presença esmaga-me,
dilacerando-me lentamente a alma.

será este o teu propósito,
o de esvaziar emocionalmente as tuas presas,
tornando-as indefesas e suplicantes
por uma rápida e indolor despedida?

creio não ter forças para lutar contigo.
invadiste de tal forma a minha mente,
que não consigo deixar de pensar em ti
e no que acontecerá a seguir.

tenho medo, sabes,
medo de te estar a provocar.
medo de partir sem levar quem amo.
medo de não conseguir ver crescer
aqueles que ajudei a criar.
medo de partir antes do tempo.

sinto que não tenho forças
para lutar contigo, morte.
sinto cada fôlego como o último,
o derradeiro som do meu respirar.
o coração parece apertar as minhas veias,
não quer bater, quer sossego e paz.

que fazer então, morte?
levas-me contigo para o fogo eterno?
arrancas-me do meu pequeno mundo,
onde me sentia amado e acarinhado?
e o que me dás em troca?

não, não definharei assim, sem dar luta.
posso sentir-me fraco e frágil,
mas não me entrego assim.
no final, até poderás ganhar,
despedaçar aquilo que fui,
estilhaçar e rasgar o meu corpo,
mas eu ficarei sempre com a sensação
de que fiz tudo para evitar ir contigo...

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