domingo, setembro 10, 2023

certezas intrínsecas




há certezas intrínsecas na nossa existência, garantias que apanhamos e guardamos cuidadosamente na nossa mala existencial. é certo que não as levaremos connosco quando ficarmos reduzidos a pó, essa inexorável pena a que estamos condenados a partir do momento em que nascemos, mas, até lá, é nosso dever saciar-nos e sugar delas todo o encantamento e deslumbre que nos provocam. o dia de hoje, apesar de ir a meio, é disso exemplo. o poder de decisão, à medida que a idade avança, é cada vez mais importante, assim como a percepção de que o tempo começa a escassear, sendo fundamental, quando temos essa prerrogativa, escolher tudo aquilo que nos faz bem, nos estimula e nos coloca um enorme e constante sorriso no rosto. 

o dia vai a meio, mas já está mais cheio do que muitos outros, porque também há metades de dias, e até terços de dias, que são mais satisfatórios que dias e semanas inteiras. hoje é um deles. caminhada saudável, revigorante, twilight (por momentos, embora deliciosos também) e empenhada pela manhã, em três horas de puro deleite, e slowdive a servir de banda sonora ao almoço. há certezas já devidamente cristalizadas e que jamais deixarão de fazer parte daquilo que somos, porque devemos aquilo que somos a essas mesmas certezas.

nem sei por onde começar a minha enumeração de momentos indeléveis passados ao teu lado nos últimos dois meses. há tantos à escolha: praia da barra, passadiços de vale de gaios (tábua), praia do furadouro, passadiços da barrinha de esmoriz, ler no parque aquilino ribeiro, ecopista do dão, feira do vinho do dão, jantares em tua casa, no home, no monte (no meu aniversário)... tudo é superlativo e tem entrada directa para a galeria das memórias permanentes que gostamos de revisitar amiúde. ainda hoje, em três horas juntos, afloramos algumas delas, porque, por serem tão boas, gostamos de as recordar, reavivar e revisitar, atribuindo-lhes a enorme importância que realmente têm, porque foi com elas que consolidamos isto que somos, juntos.

soube muito bem recordar o nosso primeiro beijo, o que dissemos antes, o que se passou depois, tudo aquilo que o envolveu, nos últimos dias daquele novembro de 2015 que nunca iremos esquecer, relembrar a forma como aparecemos na vida um do outro, aquele comentário no blogue, a resposta que se seguiu, algo que replicaríamos quatro anos mais tarde em forma de música. tu, com a "the look of love", da diana krall, e eu com a "somewhere not here", dos alpha.

sempre fomos fiéis a nós mesmos, ao que somos, nunca fingimos ou embelezámos algo para agradar, para ser mais fácil ou para metermos por um atalho por onde fosse mais simples chegar onde queríamos. não, nada disso. fomos nós mesmos, com todas as nossas virtudes, mas também com os nossos defeitos. nunca nos apressámos, nunca tivemos essa urgência de partir para algo que ainda desconhecíamos, sem estudar, como ainda fazemos hoje, o percurso, a distância, as estradas, os melhores acessos. fomos pacientes, deixámos andar, porque sabíamos que, inconscientemente, talvez, estávamos a construir algo. e para construir algo são necessárias bases sólidas, traves mestras e profundo conhecimento. mas fomos cimentando, lentamente, os acessos, os muros e a envolvente, antes de começarmos a erigir a casa. de certa forma, sabíamos ambos que chegaria a altura de começarmos a construir a casa, mas só o faríamos quando houvesse realmente condições para levar a obra até ao final. e ainda hoje passámos por uma que ficou a meio...

e, hoje, aqui estamos... depois de muitas tempestades, ventos fortes, trovoadas e forte precipitação, ainda estamos vivos. mas em vez de parecermos cada vez mais débeis e enfraquecidos, evidenciamos um salutar vigor físico e mental, de quem está disposto a continuar o caminho iniciado em 2015, não alterando a rota um milímetro que seja. continuamos vivos, fortes, determinados e ainda mais empenhados em levar este barco a bom porto. sabemos que, quando lá chegarmos, vamos ter tudo aquilo com que sempre sonhamos: viver juntos, a nossa guest house, tempo... tudo o resto, nós já temos, até de sobra. tudo aquilo que nos une é a tal matéria que muitos passam vidas inteiras sem conhecer ou sem ter um mínimo vislumbre. nós temo-la e nunca a iremos perder.

se nunca to disse, pelo menos directamente, neste espaço, digo-to hoje: amo-te até ao infinito, Ana Bela Cabral! não concebo nenhum futuro sem ti. sei onde está a minha felicidade, essa é uma das tais certezas intrínsecas de que falava no início desta publicação, e que, por mais incrível que pareça, ao fim de quase oito anos, parece cada vez mais forte e mais consolidada há medida que o tempo passa!

sou teu para sempre!

Sem comentários:

Enviar um comentário