domingo, novembro 28, 2010

sporting - fc porto

não sei o que ainda me move quando vejo jogos do sporting. depois de, há quinze dias, ter praticamente jurado que não via mais nenhum jogo do clube, de tão frustrado que fiquei a seguir à derrota em alvalade frente ao vitória de guimarães, hoje, qual peregrino, lá fui cheio de ilusões ver a recepção do sporting ao fc porto. começo por dizer que fiquei de alguma forma espantado com a exibição da equipa de paulo sérgio na primeira parte. inicialmente, desconfiei um pouco daquele meio-campo, com andré santos, maniche e pedro mendes, e da sua articulação perante o muito mais rotinado meio-campo portista, com fernando, joão moutinho e belluschi. para minha surpresa, resultou, porque o fc porto não conseguiu, na primeira parte, fazer as habituais transições atacantes, nem pelo meio, nem pelas alas, onde hulk e varela esbarravam na defensiva leonina. no entanto, o lance de falcao, isolado frente a rui patrício, aos 10 minutos, poderia ter alterado, e de que forma, o sentido do jogo na primeira parte. o sporting apareceu a fazer pressão alta, com todas as suas unidades muito concentradas e disponíveis para defender. evaldo e joão pereira estiveram bem a travar hulk e varela. carriço e polga controlaram falcao (excepto no referido lance aos 10m). o meio-campo "carburava" bem, com pedro mendes a ocupar os espaços com mestria e inteligência, bem secundado pelo aguerrido andré santos (um elemento cada vez mais imprescindível no meio campo leonino) e por um maniche empenhado (pelo menos na primeira parte; na segunda fez apenas "caça às pernas" - moutinho que o diga!). valdés, cada vez mais a "estrela da companhia", apoiou sempre os homens mais avançados: postiga (muito rematador) e liedson (ainda e sempre, para mim, o melhor jogador do clube). o momento alto dos primeiros 45m, para além do golo, um pouco fortuito, diga-se, foi o estrondoso remate à barra de pedro mendes. seria um golo fantástico, de um jogador a que este adjectivo encaixa na perfeição. não foi golo nessa situação, foi-o numa outra, muito caricata. rui patrício coloca a bola em jogo, num remate forte, e esta, depois de sobrevoar rolando e de fugir a maicon, acaba nos pés de valdés, que, isolado frente a helton, não desperdiçou. até ao intervalo, postiga ainda poderia ter marcado, de cabeça, naquele que seria um castigo demasiado severo para o fc porto.
a segunda parte... foi totalmente diferente. o fc porto foi muito mais incisivo e começou os segundos 45 minutos a "empurrar" o sporting para trás, notando-se desde logo a muito maior disponibilidade física dos portistas, em virtude do enorme esforço leonino, na referida pressão alta, durante a primeira parte. o meio-campo do sporting começou, então, a vacilar. maniche passou a ser claramente uma unidade a menos, pouco preocupado em jogar futebol e mais interessado em procurar quezílias com os jogadores adversários. custa a crer que, depois da famigerada expulsão contra o vitória de guimarães, que muitos consideraram ter sido fulcral para a perda dos três pontos (o sporting vencia por 2-0 quando maniche foi expulso e acabou o jogo com uma derrota por 2-3), um dos jogadores mais experientes e mais internacional do clube incorra neste tipo de comportamente, jogo após jogo, sem que se questione sequer a sua titularidade. hoje só por muita sorte não voltou a ser expulso, depois de uma entrada sobre moutinho. no banco, paulo sérgio, impávido, assistia ao maior domínio do fc porto, cada vez mais perto do empate, sem conseguir vislumbrar o que toda a gente estava a ver: a "falência" do meio-campo do sporting e o consequente recuo da defesa. mesmo assim, não mexeu na equipa (paulo sérgio sempre revelou uma incapacidade gritante para "ler" o jogo, portanto, fez o mesmo que costuma fazer, ou seja, nada). ficou, portanto, a assistir ao mais do que natural golo do fc porto, por falcao. se repararem bem no lance do golo, evaldo, em vez de marcar hulk, vai, juntamente com andré santos, se não estou em erro, fazer pressão a moutinho, deixando o brasileiro sozinho nas costas. moutinho faz um passe fácil para hulk, que entra na área sozinho, forçando carriço a sair da sua posição para corrigir evaldo. quando hulk centra, apenas polga e joão pereira estão no seu lugar. mesmo assim, deixaram falcao sozinho. para mim, e parece incrível que se esteja sempre a bater na mesma tecla, sem que a direcção faça algo para mudar este estado de coisas, polga já não tem lugar na equipa há duas épocas. por muito que insistam, polga compromete sempre, treme mais do que qualquer outro jogador, mesmo os mais inexperientes, como andré santos. este ano contratou-se torsiglieri e veio nuno andré coelho. no entanto, joga polga ao lado de carriço. confesso que não entendo...
para piorar ainda mais a situação, poucos minutos depois do golo de falcao, valdés lesionou-se, deixando liedson e postiga sem "abono de família". não havendo, no "banco", nem izmailov, nem matias fernandez, nem diogo salomão, nem tales de souza (alguém sabe quem ele é?), entrou djaló. aos 68 minutos, o sporting recebeu uma "benesse dos deuses", com a expulsão de maicon, num lance onde ficou, mais uma vez, bem evidente a raça e a entrega de liedson, que nunca desiste de um lance. a 22 minutos do fim, aqui estava uma boa oportunidade para paulo sérgio "ler" correctamente o jogo, até porque villas-boas se viu obrigado a tirar falcao para equilibrar o sector defensivo com otamendi. como já tinha tirado, antes, varela, para meter guarin, o fc porto tinha apenas hulk na frente nos últimos 22 minutos do jogo. mesmo assim, obrigado a vencer o jogo, para encurtar para dez (10!!) os pontos que o separam do líder, paulo sérgio manteve o quarteto defensivo e os dois médios mais defensivos (andré santos e pedro mendes). ou seja, seis jogadores (sete, com o guarda-redes) defensivos em campo, a jogar com mais uma unidade. optou por tirar maniche e introduzir vukcevic, que deve ter metido na cabeça antes de entrar que não iria passar a bola a ninguém, tal o excesso de individualismo que exibiu.
o sporting bem tentou "furar" a estratégia de recurso montada por villas-boas, mas faltava uma unidade desequilibradora (diogo salomão?), capaz de romper pelas alas. o que se viu nos últimos minutos foi uma concentração de jogadores verdes e brancos no miolo do terreno, situação que ficou ainda mais insustentável com a entrada de saleiro. juro que quando vi entrar saleiro me apeteceu levantar e não ver o resto do jogo. paulo sérgio deve ter olhado para o banco, onde estavam tiago, torsiglieri, nuno andré coelho e saleiro, e imaginou que o iriam crucificar se não metesse os avançados todos. desta forma, o ataque leonino parecia uma espécie de "mac drive", com os avançados a fazerem fila à frente da baliza de helton: postiga, liedson, saleiro, mais djaló e vukcevic, sempre a derivarem para o centro do terreno. nas alas, era um deserto. joão pereira não subiu, evaldo também não, e o principal municiador do ataque era... rui patrício, que procurava sempre colocar a bola na frente do ataque quando a recuperava, tentando apanhar desprevenida a defesa do fc porto. os últimos minutos do jogo foram, portanto, um enorme bocejo. paulo sérgio bem poderia ter tentado ligar a manuel machado, para este lhe ensinar como se joga contra equipas com dez unidades.
o sporting foi inconsequente, inofensivo e impotente para alterar a fatalidade do seu destino, muito por culpa do seu treinador, que preferiu introduzir mais uma unidade na frente de ataque, para atrapalhar, basicamente, do que colocar alguém, como zapater, que pudesse levar mais jogo aos avançados. mas, lá está, é a tradicional táctica saloia dos treinadores medíocres, como é paulo sérgio: quando se querem ganhar jogos, metem-se avançados. até apetece dizer que paulo sérgio começou logo a perder pontos quando fez a convocatória, ao deixar diogo salomão de fora. preferiu levar para o banco dois centrais (??), três avançados e apenas um jogador de meio campo (que não jogou).
com este resultado, o sporting manteve os 13 pontos de atraso em relação ao fc porto (e ainda terá que ir ao dragão...). o campeonato, se é que havia ainda alguma ilusão, acabou aqui em termos de título. resta a luta pelo segundo lugar, que não se adivinha muito fácil. se o benfica vencer em aveiro (onde o sporting perdeu dois pontos), aumenta para cinco os pontos de vantagem sobre os leões. e ainda há o vitória de guimarães, o nacional e o sp. braga. vendo bem as coisas, o segundo lugar talvez seja um objectivo demasiado alto...

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