sábado, outubro 30, 2010

irritações sazonais

juro que não entendo como é que surgiu, em portugal, esta febre pelo "halloween". por que raio se festeja no nosso país o "dia das bruxas"? para quê fazer uma homenagem anual a manuela moura guedes e teresa guilherme? não haverá costumes e tradições suficientes em portugal para termos que ir buscar ideias aos países que implementaram este feriado? será que o contrário também será possível e vamos ver, daqui a uns anos, os estados unidos da américa a festejar o 25 de abril? por este andar, qualquer dia também começamos a instituir cá o dia de acção de graças.

a sic mulher transmite actualmente um programa chamado "the biggest loser", um concurso / reality show em que os concorrentes competem entre si para ver quem perde mais peso. eu nem sequer vejo o programa em questão, mas quando faço zapping e passo pela sic mulher, aparece o nome do programa que está no ar. a minha irritação começa logo aí. apesar de o referido programa ter um logotipo e os concorrentes usarem sempre t'shirts com o nome correctamente escrito, aparece sempre "the biggest LOOSER". nas revistas, nos jornais, na net, sempre que há alguém que se refere a este programa, lá surge novamente "the biggest looser". provavelmente, as pessoas que acham que o programa se chama assim, também acham que um dos sucessos de beck, nos anos 90, se chamava "looser". "i´m a looser baby, so why don't you kill me". deve ser isso...
olhem lá, por favor, para as t'shirts dos concorrentes e comecem a escrever correctamente o nome do programa. seria menos uma irritação.

outra irritação solene é a quase unanimidade em dotar a jornalista judite sousa com um "de" no meio do seu nome. jornais e revistas chamam-lhe judite de sousa; na internet, fala-se de judite de sousa. mas quem será a mulher? que eu saiba, a jornalista da rtp1, há 30 anos, chama-se judite sousa.
na irritação anterior, as pessoas acrescentam um "o"; aqui acrescentam um "de". e eu a pensar que o que estava a dar, por estes dias, era encurtar as palavras ("competividade", "tive em paris no fim de semana", "independente" em vez de "independentemente", etc).

quinta-feira, outubro 28, 2010

the second part - the dears



Two days have passed
And all I want is to feel better
They won't be back
And a long weekend is coming up
I left the house
It was just to see you
For an hour
Hoping for two

I was short of breath
As I passed the doorman for a second time
And it rained all day
I don't have a raincoat of my own
I then arrived
Ten minutes early with no smokes
And I was broke
Without a smoke

All of the time
I thought I was crazy 'cos you told me so
It was profound
Like the piano I was humbled by
Our tongues may have touched
But all I remember was your nose
And I suppose
Our eyes were closed

Two days have passed
And all I want is gone
For good this time

decididamente, uma das minhas músicas preferidas. top ten, sem dúvida!

jon stewart é o homem mais influente dos estados unidos


O apresentador ficou à frente do milionário Bill Gates e do criador do Facebook.

Jon Stewart é o homem mais influente de 2010 nos Estados Unidos da América. Aos 48 anos, o apresentador de televisão liderou, assim, uma lista de 50 personalidades, anunciada na terça-feira e organizada pelo site AskMen, e que contou com os votos de cerca de 500 mil leitores.

Em segundo lugar no ranking das pessoas com mais influência na terra do Tio Sam ficou Bill Gates, o dono da Microsoft; em terceiro ficou posicionado Mark Zuckerberg, o fundador da rede social Facebook; Steve Jobs, o co-fundador e chefe executivo da Apple, colocou-se este ano em quarto; e o polémico artista rapper Kanye West ficou-se pela quinta posição.

A lista revelada esta semana confirma o estatuto de Jon Stewart nos EUA. As pessoas que integram a votação foram descritas como indivíduos que conseguiram superar-se, de alguma forma, em tempos de crise como os que vivemos. "Notamos a tendência da superação em tempo de crise, porque ela estende-se por muitas indústrias", afirmou James Bassil, o editor-chefe do site AskMen. "Na lista deste ano, observamos a presença de pessoas que foram importantes na indústria, ou que foram reconhecidas como importantes", acrescentou o mesmo.

"A influência de Stewart deriva da ideia de que declarar líderes ou política como engraçados é uma forma de os criticar, de apontar as suas irracionalidades e incongruências", afirmou Jacob Bronsther, outro dos editores do AskMen.

Na lista de vencedores, Stewart sucede a Don Draper, a personagem principal da popular série Mad Men, interpretada pelo actor Jon Hamm, que ficou em primeiro lugar na lista dos mais influentes dos Estados Unidos em 2009.

Já este ano, o nome do apresentador do Daily Show surge à frente de ilustres personalidades, numa lista com ausências de peso. O golfista Tiger Woods, por exemplo, que constitui presença quase garantida neste tipo de votações nos últimos anos, não figura no ranking revelado pelo AskMen. A ausência de Woods poderá ser explicada, como afirmam os media americanos, pelas histórias de infidelidade e escândalos sexuais dos quais o golfista foi acusado, ao longo do ano passado.

O mesmo não aconteceu a David Letterman, que, também ele, revelou ter tido casos extraconjugais. Mesmo assim, Letterman, que, à semelhança de Jon Stewart, conduz diariamente um late night show de sucesso na televisão norte-americana, conseguiu assegurar o 39.º lugar nos mais influentes deste ano.

Outra curiosidade reside em Barack Obama, que foi ontem convidado de Stewart no seu talk show. O Presidente dos EUA ficou-se pela 21.ª posição, quando na mesma lista do ano passado figurava entre os cinco primeiros lugares.

O popular apresentador de televisão, que conduz o programa de late night The Daily Show with Jon Stewart há mais de dez anos, é um catalisador de audiências para o canal por cabo Comedy Central. Stewart, que está no ar de segunda a sexta-feira, tem uma média de quase dois milhões de telespectadores por noite. Um número significativo, quer para o canal quer para a televisão norte-americana por cabo.

Para além da sua carreira na televisão, Jon Stewart é também actor e escritor, facetas menos visíveis, pelos menos em Portugal.

O actual homem mais influente dos EUA já participou em filmes como Big Daddy, The Faculty ou Death to Smoochy.

Na escrita, já editou três livros: Naked Pictures of Famous People, de 1998, America: A Citizen's Guide to Democracy in-action, de 2004, e Earth: A Visitor's Guide to Human Race, deste ano. A versão em áudio do segundo livro acabou mesmo por ganhar um Grammy.

O norte-americano, que nasceu em Nova Iorque no seio de uma família judaica, já chegou a apresentar duas edições dos Óscares, em 2006 e 2008.

(in Diário de Notícias, de 28/10/2010)

domingo, outubro 17, 2010

greenberg


este é, certamente, um dos melhores filmes que vi recentemente. habituado a ver ben stiller a fazer papéis cómicos, alguns em filmes bastante medíocres ("the heartbreak kid", "dodgeball", "envy", etc.), fiquei espantado com a sua actuação neste "greenberg", filme realizado e escrito a meias (com a actriz jennifer jason leigh) por noah baumbach. aqui, ele é roger greenberg, um homem amargo de 40 anos, recém saído de um hospital psiquiátrico, que vai de nova iorque para los angeles, para casa do irmão, simplesmente para tentar não fazer nada... com uma casa inteira só para ele, porque o irmão saiu em trabalho para o vietname e levou a família, só tem de cuidar do cão da família.
o filme é de uma simplicidade desarmante, ora cómico, ora comovente, nunca resvalando para o lado piegas e lamechas de cada situação, mantendo em paralelo, do início ao final do filme, as vertentes dramáticas e cómicas. tem igualmente diálogos bem construídos, com tiradas brilhantes como esta, proferida por greenberg, em resposta à frase "youth is wasted on the young" de ivan (rhys ifans): "life is wasted on people"; ou ainda esta: "a shrink said to me once that I have trouble living in the present, so I linger on the past because I felt like I never really lived it in the first place, you know?". os pontos que tenho em comum entre a personagem principal deste filme (tirando a vida sentimental), nomeadamente a nível social, a frustração profissional (a escolha, entre dois caminhos, pelo pior deles), a incapacidade de resolver, frente a frente, os problemas que lhe são criados (greenberg escreve imensas cartas durante o filme, sempre a queixar-se de algo, à starbucks, a uma companhia aérea, a um serviço de transporte de animais, etc.. no meu caso, utilizo o blogue como "escape"), a relação com o seu melhor amigo, os desabafos que ficaram anos em stand by à espera de sair, a inépcia para conviver socialmente com desconhecidos, a ânsia pela solidão e, ao mesmo tempo, a procura incessante de alguém para conversar, a paixão pela música e a segurança que sente quando a ouve (a referência aos duran duran, no momento em que é proferida, é particularmente deliciosa), a tendência auto-destrutiva para terminar relacionamentos, para depois os tentar reatar... está tudo lá. em termos cinematográficos, nunca vi uma personagem tão parecida comigo como este roger greenberg. mas não foi apenas por isso que eu gostei do filme. rhys ifans e greta gerwig são absolutamente notáveis, acompanhando a interpretação notável de ben stiller.
recomendo vivamente!

quinta-feira, outubro 14, 2010

o maior sorriso do mundo



1:08: o sorriso mais genuíno, mais sincero e de maior felicidade que vi até hoje. um momento que nos faz arrepiar de emoção. no comportamento daquela criança de 7 anos estão espelhadas as preocupações e o alívio do mundo inteiro, que seguiu apaixonadamente o drama dos 33 mineiros no chile. primeiro, a angústia da incerteza de que tudo iria correr bem; depois, a alegria incontida manifestada na corrida para os braços do pai, com o maior sorriso do mundo. intenso, sem dúvida.

castaways - shearwater



By shadowing
all the darkened fields
of forgotten words
and civilian lives

Through violence
through the changing guards
through the grinding away
and the furious marching

By gathering
the holy light
and weathering
a cast away life

and the rising fear...

The hollowness
of the flags and gods
that are raised in the air
in the wake of their raging...

Your skinny arms
hold a lantern up
on the brightest array
of the stars in their moorings

and summoning
the holy light
on their citadels
the blackening sky

The collapsing sun
the burning wall
that approaches our eyes...

you live again
in the shuddering light
of these images
this valediction:

you are running from a rising tide
you are castaways

"the golden archipelago", o novo disco dos shearwater, permanece nas minhas escolhas diárias. "castaways" é um forte exemplo das muitas virtudes desta banda.

sábado, outubro 09, 2010

o ano dos grandes discos



"laredo", tema dos band of horses, tocado ao vivo no talk show de david letterman, pertence ao disco "infinite arms", o terceiro trabalho discográfico da banda. o ano de 2010 continua a surpreender em termos de qualidade musical, com excelentes discos como "high violet", dos the national, "queen of denmark", de john grant, "the golden archipelago", dos shearwater, "the courage of others", dos midlake, "admiral fell promises", dos sun kil moon, "interpol", dos interpol, e "penny sparkle", dos blonde redhead. e ainda falta "swanlights", de antony and the johnsons, que vai ser lançado a 12 de outubro.

sexta-feira, outubro 01, 2010

spain - blonde redhead




My notebook says
I can't take it anymore
The dancer says
He's the one to share my bed

I only know
When I look at you
Aren't many men I feel I love
I don't mean to flatter you

My sister says
No more calling you
It's out of my hand
No more missing you

I only know
When I look at you
Aren't many men I feel I love
I don't mean to flatter you

I don't care for making more
I just want the glazing eyes
I want us to share the wine
Let us share our blood and hearts
Let us share our blood and hearts

I stole your golden key
Tiptoed around and closed the door
I only want the love
Could give me back my modesty

I only know
When I look at you
There isn't much I feel I need
I don't mean to flatter you

I don't care for having more
I just want the glazing eyes
I want us to share the wine
Let us share our blood and hearts
I just want the glazing eyes
Let us share our blood and hearts
Let us share our blood and hearts

desculpem-me, mas não consigo tirar esta música da cabeça. tinha que a partilhar com vocês. "penny sparkle" não é daqueles discos que "entra" à primeira, mas garanto-vos que, quando isso acontece, é muito gratificante. é um disco para o resto da vida, com tudo que já tem "agrafado" em termos de conjuntura. sinceramente, acho que os blonde redhead são incapazes de fazer uma música má. a prova são os últimos quatro discos da banda, "melody of certain damaged lemons", "misery is a butterfly", "23" e este "penny sparkle". a voz de anjo redentor de kazu makino consegue apaziguar a mais turbulenta das almas. "spain" é a última música do disco e, não sei se já referi isto, não me sai da cabeça... também é gratificante verificar que em 2007, aquando da saída de "23", estava igualmente entusiasmado com a qualidade e o virtuosismo dos blonde redhead. três anos depois, continuo a pensar exactamente o mesmo...