sexta-feira, maio 14, 2010
"It's love, it's not Santa Claus"
"it's official. i'm in love with summer. i love her smile. I love her hair. i love her knees. i love how she licks her lips before she talks. i love her heart-shaped birthmark on her neck. i love it when she sleeps". - tom hansen (joseph gordon-levitt), em "(500) days of summer.
a tradicional história "rapaz conhece rapariga, apaixona-se por ela, que relutantemente se apaixona igualmente por ele e acabam juntos e felizes" é neste filme totalmente desmistificada. como se pode depreender pela citação da personagem masculina, no início deste post, aqui temos um personagem masculino típico das comédias românticas: os mesmos problemas para encontrar a mulher perfeita, as confidências com os amigos, a falta de realização profissional, desgostos amorosos atrás de desgostos amorosos, etc., até encontrar aquela pessoa que ele julga ser "the one" e por quem se apaixona, ao ponto de até se declarar apaixonado pelos seus joelhos. até a "presença" do narrador acompanha a vida e as atribulações de tom hansen, segredando-nos os seus estados de espírito ao longo do filme. depois, no outro lado do ringue, temos summer finn (zooey deschanel), que surge do nada e cai de pára-quedas na empresa onde tom trabalha. refira-se que summer somente aparece no filme ao lado de tom, nunca a vemos como uma pessoa contemplativa, introspectiva ou a desabafar com os seus amigos. por este prisma, digamos que o filme, até pelo título (que em português recebeu uma tradução péssima - 500 dias com verão - como se fosse uma previsão meteorológica), acaba por ser um pouco tendencioso, sempre a fazer valer os argumentos de tom e menosprezando os de summer. o espectador acaba por sentir uma clara empatia por tom, tal como sente por summer no início, mas depois, quando as coisas azedam, é claramente compelido a ficar do lado de tom. isto porque apenas o vemos a ele em profunda depressão e a carpir mágoas sempre que os seus caminhos seguem rumos diferentes. aqui a fragilidade emocional está totalmente na personagem masculina, em contraponto com o aparente distanciamento e alguma frieza da parte dela.
a frescura de summer, totalmente desprovida dos estereótipos das típicas personagens femininas de comédias românticas, pode eventualmente até ser confundida com o que estamos geralmente habituados a ver nas personagens masculinas. ela não procura namorado, não quer ter um apenas por ter, sente-se bem a viver sozinha, e quando tom a questiona, nos primeiros dias, "what happens when you fall in love?", ela responde, "you believe in that?", ao que tom contrapõe com o título deste post: "it´s love, it's not santa claus".
portanto, estamos perante uma comédia romântica unilateral, em que temos uma relação que nasce de pressupostos totalmente antagónicos: ele acha que ela é, definitivamente, "the one"; ela coloca sempre um travão nas intenções dele, dizendo-lhe que não quer assumir qualquer tipo de compromisso, para além do da amizade ("tom, don't go! you're still my best friend") , e que não procura um namorado ou uma relação séria.
tom: "look, we don't have to put a label on it. that's fine. i get it. but, you know, i just... i need some consistency".
summer: "i know".
tom: "i need to know that you're not gonna wake up in the morning and feel differently".
summer: "and i can't give you that. nobody can".
os 500 dias com summer são designados pelo narrador, logo no início do filme, como "this is not a love story, but it is a story about love". efectivamente, é uma história sobre uma paixão de um homem por uma mulher, que, naquele lapso de tempo, passa por variadas fases. fases essas que o vão aproximando cada vez mais da ideia "she's the one", da sensação de ter encontrado a alma gémea e a pessoa que durante anos procurou. e sabemos tudo isto porque, de facto, vemos tudo isso no ecrã, com a ajuda, como se fosse necessária, do narrador, enquanto que, do lado dela, pouco ficamos a saber do que realmente sente. há uma cena chave no filme, que resulta de uma frase que a irmã de tom (chloe moretz), bem mais nova que ele, profere: "look, i know you think she was the one, but i don't. now, i think you're just remembering the good stuff. next time you look back... i really think you should look again". quando ele olha para trás, para o que viveu com summer, assistimos a várias cenas que atestam o nível de empenho de ambos na "relação". e aqui pode sempre surgir a eterna questão: podem duas pessoas ser excelentes amigos mas péssimos namorados? ou então podemos resumir tudo a uma questão de timing emocional e abertura sentimental, em que duas pessoas, atraídas uma pela outra, estão em "sítios" totalmente diferentes no que concerne às suas prioridades imediatas. no caso de summer, isso fica bem provado neste diálogo:
summer: "i woke up one morning and I just knew".
tom. "knew what?"
summer: "what I was never sure of with you".
no final, para tom, fica a certeza de que, a seguir ao verão, vem sempre o outono:
girl at interview: "have i seen you before?"
tom - "me? i don't think so".
girl at interview: "do you ever go to angela's plaza?"
tom: "yes... that's like my favorite spot in the city".
girl at interview: "yeah, i think i've seen you there".
tom: "really? i haven't see you".
girl at interview: "you must not have been looking..."
pois, por vezes, quando estamos realmente absorvidos com uma coisa perdemos dezenas de outras que se passam à nossa volta.
tom: "nice to meet you. my name's tom".
girl at interview: "i'm autumn".
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