segunda-feira, dezembro 07, 2009

de "chicotada psicológica" a "derrocada psicológica"

vitória de setúbal - sporting, 0-2

ao longo da minha vida, já tive ocasião de ver milhares de jogos de futebol. este, seguramente, foi um dos piores. jogo insuportavelmente chato, a roçar o entediante, com uma quantidade record de passes falhados, de parte a parte, mais parecendo um jogo dos distritais, que teve, como cereja no topo do bolo, um golo anedótico, incaracterístico da primeira liga do futebol português. se o sporting joga apenas isto com a pior equipa do campeonato, reduzida a 10 jogadores durante meia hora, não sei o que jogará quando enfrentar equipas mais fortes. o que o sporting fez hoje foi mau demais, foi uma insignificância total. chega a ser constrangedor ver esta equipa jogar, os passes falhados, a falta de fio de jogo, a incapacidade criar algum perigo em pontapés de canto, etc.. muito mau, tudo muito mau. isto, volto a dizer, contra a pior equipa da liga nacional. este vitória de setúbal é muito fraquinho, mesmo muito, mas, em dados momentos do jogo, o sporting atingiu e até ultrapassou os índices de mediocridade do seu opositor. quem estivesse a ver este jogo, desconhecendo em absoluto a realidade do futebol português, rapidamente chegaria à conclusão de que se estavam a defrontar os dois últimos classificados da liga. é que nem a jogar com mais um jogador o sporting foi claramente superior a um vitória de setúbal que "encaixou" oito (8!) golos do benfica.
tal como a direcção da sad quis, carlos carvalhal está a orientar actualmente o sporting. este seria o jogo ideal para o técnico mostrar alguma audácia, um lampejo que fosse. teve tudo: um golo madrugador (aos 5 minutos) para os jogadores ganharem confiança, um opositor completamente inofensivo, uma expulsão de um jogador adversário a 30 minutos do final do jogo e o tal lance do segundo golo, oferecido a meias pelo árbitro e pelo guarda-redes do vitória de setúbal. mesmo assim, tirando a substituição de izmailov ao intervalo, o técnico fez o mais básico possível, trocando jogador por jogador, não alterando nada em termos de sistema táctico. de que tinha medo carvalhal? a ganhar apenas por 1-0 e com mais um jogador, retirou fernandez de campo para introduzir hélder postiga. ou seja, colocou alguém ao lado de liedson, mas retirou o seu principal municiador. e adrien silva continuou em campo, sempre a aumentar o score de passes errados. note-se que miguel veloso se notabilizou no sporting a jogar precisamente na posição de adrien silva. e, curiosamente, miguel veloso até estava em campo. um treinador competente, atento, exigente e, acima de tudo, ambicioso, tinha tirado adrien silva, colocando miguel veloso no seu lugar, moutinho na esquerda, pereirinha na direita, e fernandez atrás de liedson e postiga. o que fez carvalhal? recuou moutinho, colocando-o ao lado de adrien, com veloso à esquerda e pereirinha à direita, com os dois avançados na frente. passou a jogar, contra dez jogadores, num 4x4x2. o que é que aconteceu? os avançados ficaram simplesmente sozinhos na frente, numa luta inglória contra quatro defesas do vitória de setúbal. carvalhal ainda não se compenetrou de que já não está a orientar o marítimo ou o beira mar. num jogo destes, com todos os factores a favor que já referi, carvalhal mostrou-se receoso e inseguro, denotando desconfiança na qualidade do plantel que orienta. o que se viu nos últimos trinta minutos, em que, repito, o sporting jogava com mais um jogador, foi isto: os laterais não foram uma única vez à linha do fundo, nenhum jogador do meio-campo criou desequilíbrios no um-para-um, pereirinha na direita e veloso na esquerda não criaram um único lance nem serviram os avançados, moutinho e adrien atropelavam-se mutuamente, postiga continuou a passear toda a sua inconsequência, aliada a uma azelhice tremenda na altura de rematar à baliza, e liedson lá andava, meio perdido, sem ninguém com quem jogar, sobretudo depois da saída de fernandez. penosos trinta minutos, para quem pensava que estavam reunidas todas as condições para os jogadores se libertarem, "abrirem o livro" e partirem para um resultado mais desnivelado, motivador e gerador de confiança, que anda arredada da equipa há muito tempo. afinal, se os jogadores também não ajudam (veja-se o que jogou abel, polga, caneira, adrien, pereirinha, postiga, moutinho, veloso. a propósito, joão moutinho e miguel veloso não podem ser substituídos? por que raio é que, mesmo não exibindo qualquer rendimento, nunca são substituídos? já são vacas sagradas, com vinte e poucos anos?), o treinador também não ajuda, com os sinais de receio e insegurança que vêm do banco. nota-se que os jogadores estão ainda pior psicologicamente do que no tempo de paulo bento. a contratação de um técnico medíocre como carlos carvalhal, que na presente temporada tinha sido despedido do marítimo (tão medíocre que, com mitchel van der gaag, um treinador inexperiente, os madeirenses estão em quinto lugar, à frente do sporting), foi como que uma facada nas costas dos jogadores, que viram nessa contratação um forte sinal de desconfiança nas reais capacidades do plantel leonino. dessa forma, a chamada "chicotada psicológica" foi transformada em "derrocada psicológica". agora, com o campeonato perdido, resta à equipa lutar pela taça de portugal, taça da liga e tentar dar uma boa imagem na liga europa. ah, e contar os dias até carlos carvalhal ir embora... se era para escolherem um treinador de transição, poderiam ter escolhido bem melhor entre os nomes que estavam disponíveis. enfim...

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