domingo, dezembro 13, 2009

contrastes cinematográficos



dois filmes, duas opiniões radicalmente opostas.
na sexta-feira vi "bruno", mais um alter-ego de sacha baron cohen, depois de ali g e borat. confesso que não esperava muito do filme, porque mesmo sem o ver já sabia minimamente o que se iria passar, em virtude das características da personagem principal. esperava, contudo, que o filme me surpreendesse e não fosse o tal desfile de clichés que eu estava à espera. tirando duas ou três cenas em que os meus músculos faciais tentaram fazer um esforço para esboçar um sorriso, o filme desapontou em toda a linha, usando e abusando de cenas que roçam a mais pura vulgaridade em termos cómicos, misturando-as com outras de muito mau gosto, em que se pisca claramente o olho à pornografia. sem querer parecer muito conservador, achei sinceramente que sacha baron cohen leva longe de mais a sua caricatura de bruno (porventura até será essa a ideia), apresentando-o desprovido de conteúdo e como veículo para poder mandar umas indirectas a várias personalidades, como por exemplo madonna e angelina jolie (com a cena da adopção de uma criança africana). até poderia resultar num sketch no "saturday night live", mas prolongar um sketch até uma hora e meia é esticar demasiado a corda. e foram, certamente, 90 minutos que eu nunca mais vou conseguir recuperar...

por outro lado, "inglourious basterds", que vi hoje, domingo, reconciliou-me com o quentin tarantino que eu aprendi a gostar depois de ver "reservoir dogs", "pulp fiction" e "jackie brown". os seus últimos trabalhos ("kill bill 1 e 2" e "death proof") não me impressionaram e marcaram uma "ruptura" com o tarantino argumentista e criador de diálogos memoráveis, como os de vincent vega e jules winnfield em "pulp fiction" ou a discussão sobre a letra de "like a virgin" no início de "reservoir dogs". com este "basterds" nem se dá pelo tempo a passar. o filme prende-nos do início ao fim, com diálogos estimulantes e muito bem urdidos, momentos hilariantes, especialmente a cargo de brad pitt, que está simplesmente notável neste filme, e um leque fabuloso de grandes actores, tão bom que quase nem se pode falar em actores principais e em actores secundários neste filme. neste referido leque destaca-se christoph waltz, actor austríaco, vencedor do prémio de melhor actor no festival de cannes 2009, que interpreta o sinistro coronel hans landa. os seus momentos no ecrã são os mais intensos do filme, confrontando sempre com inteligência e mestria as suas "vítimas". para além disso, waltz consegue com distinção e brilhantismo representar em quatro línguas diferentes: alemão, inglês, francês e italiano (a cena em que fala em italiano é das mais hilariantes do filme, frente a frente com brad pitt e o pior sotaque italiano da história do cinema). tal como em pulp fiction, "inglourious basterds" vai encaixando gradualmente na perfeição várias fragmentos do enredo, desembocando a acção, neste caso, num cinema parisiense, onde, a assistir à estreia de um filme, está o fuhrer himself, adolf hitler, e os seus mais directos colaboradores.

um fim de semana cinematográfico com dois travos distintos.

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