segunda-feira, julho 13, 2009

a minha praia não é esta!


domingo, dia de praia na tocha. no carro, durante a viagem, dois miúdos impacientes e entusiasmados no banco de trás. afinal, este ano, era a primeira vez que iam à praia. os constantes fins de semana com mau tempo, compromissos familiares e outros afazeres foram adiando a viagem que hoje foi feita. chegados à tocha, e depois do almoço e de um pequeno passeio retemperador, lá fomos nós para a praia, propriamente dita. como toda a gente que tem filhos sabe, ir para a praia implica sempre uma grande dose de paciência, tolerância e uma enorme capacidade para... carregar com a tralha toda. guarda-sol, balde, pás, bolas, lanche, saco das toalhas, protectores... por sorte, hoje até nem tivemos dificuldades em arranjar um lugar de estacionamento perto da praia (e era domingo...).
a mariana, ao contrário do pedro, não ficou imediatamente radiante perante a perspectiva do areal e do mar, estava muito mais preocupada com a areia que, ainda nas tábuas de acesso à praia, lhe começavam a entrar para as sandálias. mal acabou o acesso das tábuas, começou o "drama": a mariana não queria caminhar com as sandálias calçadas, porque ficavam cheias de areia, e também não queria ir descalça, porque a areia estava muito quente. solução: levá-la ao colo. para os mais desatentos, relembro que já íamos bastante carregados com a "tralha" toda que referi.
depois veio o meu "drama": sempre detestei caminhar na praia, é das coisas mais cansativas que há. agora, caminhar na praia, carregado e com a filha ao colo, é um autêntico jackpot neurótico. depois de arranjarmos um sítio e de montarmos o guarda-sol, o pedro começou imediatamente a brincar com as pás e o balde, ao mesmo tempo que ia ficando cheio de areia pelo corpo todo. a mariana, essa, enfrentava graves problemas com a areia. mesmo descalça e na toalha, queria reduzir ao mínimo o seu contacto com a areia.
chegada a hora de ir para a água, que o pedro já mendigava há largos minutos, tentamos convencer a mariana a ir connosco. em vão. água gelada, ondas, areia fria, nem pensar. pior ainda é que, com a imagem e o barulho da água vem a... vontade de fazer chichi. as casas de banho ficavam à entrada do areal... e a mariana não queria caminhar na areia quente, nem calçar as sandálias... sim, acertaram. colo até às casas de banho, para cima e para baixo. o pedro, com a mãe, exultava na água.
uma hora mais tarde, a cena repetiu-se. nova vontade de fazer chichi, nova viagem à casa de banho. desta vez coube a "sorte" à paula, que ainda foi com ela à biblioteca da praia, enquanto eu e o pedro ficamos na água (gelada, por sinal). quando chegaram, a paula disse-me que a mariana queria alugar um livro na biblioteca, mas, como não tinha levado a carteira e tinha de se deixar caução para o efeito, era necessário voltar lá, com ela, porque ela é que sabia qual era o livro. já adivinharam o que é que aconteceu? lá fui eu, novamente. nova viagem. mais uma caminhada insuportável no areal.
quando já estávamos a lanchar, ainda na praia, o pedro, eufórico com a água, as ondas, a areia, os brinquedos, desabafou que adorava aquela praia, utilizando os seguintes termos: "esta é a minha praia!". a mariana, nada convencida com este comentário do pedro, ripostou imediatamente: "a minha não. a minha praia não tem areia, nem água"... !?!?!? gargalhada geral, em mais uma tirada fenomenal da minha filha. quem tivesse olhado para nós, naquele momento, veria dois adultos e um menino de 10 anos a rirem-se que nem uns perdidos e uma menina, de quatro anos, impávida e serena, sem perder a pose, continuando a comer como se nada tivesse acontecido, acreditando piamente no que tinha acabado de dizer.
resumindo: dois filhos, duas visões completamente diferentes da praia.
ah, e já me esquecia, a mariana ainda fez chichi uma terceira vez...

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