quarta-feira, junho 24, 2009
"rachel getting married"
a perfeita antítese de filme do género "the day the earth stood still". aqui prevalecem as emoções, os sentimentos e, acima de tudo, as pessoas. os diálogos não são pueris ou vazios de conteúdo e a uma densa carga dramática paira constantemente sobre o filme. anne hathaway, popularizada em filmes como infanto-juvenis como "the princess diaries", "ella enchanted" e "the princess diaries: royal engagement", tem vindo nos últimos quatro anos a tentar demarcar-se dessa imagem. primeiro com "brokeback mountain", depois com "the devil wears prada", "becoming jane" e "get smart". neste "rachel getting married" consegue muito mais do que mudar a sua imagem, a sua interpretação de kym valeu-lhe uma merecida nomeação para o óscar de melhor actriz principal e catapultou-a, aos 26 anos, para a lista "a" das actrizes de hollywood. reflexo disso mesmo é a sua participação no próximo projecto de tim burton, "alice in wonderland", ao lado de johnny depp, helena bonham carter, alan rickman e michael sheen, que estreará em março de 2010.
voltando a "rachel getting married", o filme narra as dificuldades de kym, uma toxicodependente que, depois de ter passado os últimos dez anos da sua vida em clínicas de desintoxicação e em tratamento, regressa a casa para assistir ao casamento da irmã, rachel. habituada a ser o centro das atenções, nomeadamente por parte do pai, kym passa por algumas dificuldades quando se vê relegada para segundo plano, em detrimento da sua irmã e de todos os exaustivos preparativos para o casamento. as várias tensões criadas ao longo do filme, entre kym e a sua família, que vive numa falsa sensação de segurança e alguma hipocrisia, levam a um perscrutar de um passado não muito distante, recalcando-se situações que ficaram por resolver e que estão a corroer interiormente o núcleo familiar. a dificuldade de integração de kym na vida da sua família é evidente ao longo do filme. os anos perdidos em clínicas transformaram-na num corpo estranho e kym vai acumulando frustrações, especialmente quando tenta aproximar-se da sua mãe.
a argumentista, jenny lumet, não escreveu o papel de kym para o espectador simpatizar imediatamente com ela, antes pelo contrário, chega a ser um desafio interessante ver de que lado é que nos vamos colocar: se do lado dela ou da sua família. o filme nunca chega a ser piegas, embora tendo todos os ingredientes para tal, não vai pelo caminho mais fácil, antes preferindo mostrar as complexidades de uma relação familiar e a forma como cada um dos elementos lida com as dificuldades e os dramas que vão surgindo. "rachel getting married", para além da magnífica interpretação de anne hathaway, conta ainda com grandes prestações de rosemarie de witt, debra winger e bill irwin.
recomendo vivamente!
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