um bispo com convicções

"a pessoa que não prescinde de uma relação sexual é moralmente obrigada a não transmitir a doença, com preservativo, meio que evita essa propagação. o papa, quando fala da sida ou de outros aspectos da vida humana, não pode fazer doutrina para situações individuais e casos concretos".
finalmente há alguém com coragem suficiente para não concordar cegamente no sumo pontífice, que foi ao continente africano "cuspir" nas inúmeras campanhas de prevenção da sida levadas a cabo em todo o mundo. o bispo de viseu, que foi igualmente bastante prestável na mediação do conflito canas/sampaio e que afirmou, aquando do referendo, que era a favor do aborto, voltou a provar, com as suas recentes declarações, que é um homem coerente, que pensa pela sua cabeça e não deixa que a sua filosofia de vida e convicções sejam "moldadas" por um senhor vestido de branco, que calça sapatos prada, tem um carro exclusivo e vive no meio da maior riqueza num dos estados mais ricos do planeta, embora seja o menor estado independente do mundo. fechar os olhos, de forma fundamentalista e medieval, à propagação da sida, proibindo o uso do preservativo, é algo surreal no século XXI. o facto de o papa bento XVI ter ido ao continente africano proferir estas "directivas" chega a ser quas e terrorista, num continente que continua a apresentar números alarmantes de casos de sida. a áfrica sub-sahariana é mais fortemente afectadas pela sida do que qualquer outra região do mundo. estima-se que 22 milhões de pessoas, no final de 2007, estivessem contaminadas com o vírus da sida, sendo que 1.9 milhões foram infectadas durante esse mesmo ano. perante esta realidade, ir a áfrica advogar a não utilização do preservativo é, no mínimo, ridículo.
as palavras do bispo de viseu já chegaram ao vaticano, que prepara uma reacção. eu, como viseense, coloco-me ao lado de d. ilídio leandro e das suas convicções, que são também as minhas. como tal, e por me sentir orgulhoso do bispo da minha terra, aqui deixo ficar a minha vénia e esta singela homenagem.